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História Secrets - Não adianta querer voltar atrás


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Olá, minha gente, demorei mas cheguei! Como estão?
Tive alguns imprevistos essa semana e eles tiraram boa parte da minha inspiração, portanto me perdoem se o capítulo não ficou bom e não desistam de mim. Dei o meu melhor para escrevê-lo da maneira que eu tinha pensado, mas sabe quando você fica com medo de decepcionar? É isso que estou sentindo, mas ainda assim decidi postá-lo e aguardar o veredito de vocês.
Enfim, não vou prolongar mais por aqui, então boa leitura e espero que curtam ♥♥

Capítulo 10 - Não adianta querer voltar atrás


Fanfic / Fanfiction Secrets - Não adianta querer voltar atrás

Uma das diversas coisas que eu mais gosto no mundo é o frio, configuro o ar condicionado dos lugares onde eu fico para uns 2° ou menos nos dias quentes. Porém, apesar de ter uma alma de pinguim e um coração de esquimó, eu sempre detestei todas as missões em países glaciais única e exclusivamente por conta de ter que usar o uniforme da SHIELD. 

Não tem como gostar do frio usando só um macacão de couro fino — que dizem ser térmico, mas que não é porra nenhuma — que nunca vai ser capaz de manter ninguém aquecido, e o pior é que não dá nem pra usar um moletom sobre ele já que qualquer vestimenta mais pesada atrapalharia a minha agilidade.

Como eu aceitei vir à essa missão na Sibéria e não tinha como voltar atrás, aqui estou há mais de 10 minutos caminhando pela neve ao lado da equipe da STRIKE — e tentando entender como nenhum deles está tremendo de frio como eu — em direção ao galpão onde George Batroc e seu grupo de mercenarios estão escondidos, planejando fazer sabe Deus o que com o armamento de alto calibre que roubou da SHIELD.

Segundo Rumlow informou, o galpão é uma antiga fábrica de vodka e tem quatro portas de acesso ao interior, então nós nos dividimos em quatro equipes e cada uma entra por uma porta para, lá dentro, pegarmos todos sem que nenhum engraçadinho fuja. Eu, obviamente, fiquei na equipe dele e dos agentes mais bem preparados, e o nosso grupo ficou responsável por capturar Batroc — que, não sei se já comentei, mas é mais escorregadio do que pedra de riacho — e recuperar o que pertence a SHIELD. Para mim é uma missão simples considerando que estamos em maior número e temos o elemento surpresa, mas para Brock é uma operação de alto nível e que requer muita cautela de todos.

— Chegamos.

Ergui o rosto no susto — tentando conter minha mandíbula que tremia freneticamente por conta do ar congelado — e me deparei com a fachada gigantesca do barracão, totalmente desprotegido e sem nenhuma janela.

— Ué, não tem nenhum soldado aqui fora e nem sequer uma cerca eletrica ou um muro pra dificultar um pouco as coisas? — eu perguntei com estranhamento.

É mais que esquisito que o local escolhido para ser usado como esconderijo de um arsenal capaz de destruir um país inteiro seja um barracão velho sem nenhum tipo de segurança externa, não concordam?

— Não é preciso, os empecilhos estão lá dentro. — retrucou Rumlow mexendo em seu tablet.

Abracei meu corpo com força e lutei para não gemer pela dor que estava sentindo nos meus músculos enquanto aguardava, junto aos outros, o líder da STRIKE autorizar nossa entrada. 

— Desativei as câmeras internas. Temos exatos seis minutos até que tudo volte ao normal e eles percebam nossa invasão.  — ele disse depois de breves minutos, olhando de mim para os outros agentes — Tomem muito cuidado com Batroc, ele é extremamente perigoso e evasivo como todos sabem, um deslize e toda a missão pode ir por água abaixo. — Puxa vida, valeu pelo aviso e pelo incentivo, hein! — Boa sorte a todos, separem-se e reportem qualquer problema.

Após suas palavras, as outras equipes foram para as demais entradas e a nossa ficou com a porta da frente, feita de aço embutido e com duas duas trancas reforçadas.

— Deixa comigo. — eu disse quando os olhares se direcionaram para mim.

Meu histórico de arrombadora profissional de portas é talvez uma das coisas que mais me orgulha nessa minha vida maluca de personagem de filme de ação. Depois que eu me tornei mercenária e posteriormente entrei para a SHIELD eu desenvolvi ainda mais essa habilidade, e graças a pequena ajuda de uma haste de aço com a ponta fina que eu mesma fiz para as minhas façanhas já consegui destrancar os mais diversos e difíceis tipos de fechaduras que possam imaginar.

Catei meu broken locks — nome fofo do meu pequeno instrumento — e o encaixei na primeira tranca, que levou cerca de 1 minuto para ser aberta. A segunda foi um pouquinho mais complicada já que o ponto de destravamento estava mais difícil de ser sentido, mas depois de exatas três tentativas e uns bons 2 minutos eis que ouvimos o click do alívio.

— Ainda bem que você aceitou vir a essa missão, ou ninguém teria conseguido abrir uma porta desse tipo tão rápido.

Franzi um pouco as sobrancelhas e lancei um olhar de estranhamento para o líder da STRIKE enquanto guardava o objeto novamente no meu cinto e o seguia até o interior do galpão.

— Obrigada, se isso foi um elogio.

Realmente foi um elogio, tive certeza disso quando sua resposta para minha frase foi uma piscada e um sorriso mais que inapropriado para um colega de trabalho. É sério que ele vai ficar fazendo caras e bocas pra mim mesmo depois do fora espetacular que eu lhe dei? Pelo visto ele faz o tipo insistente.

Ah, como eu queria que Thomas estivesse aqui. Ele sempre veio a todas as missões as quais eu fui com a STRIKE e sempre trabalhávamos só nós dois, separados da equipe tática da SHIELD. Será que é por isso que Brock está se soltando comigo agora, por eu não estar mais grudada com o Rambo como costumava ficar em NY?

Pelo sim ou pelo não, o fato é que ele pode ir tirando o cavalinho da chuva se acha que vai me impressionar sendo gentil comigo e fingindo que é o mais carinhoso dos homens. Se eu gostasse de homens gentis e carinhosos não tinha me enroscado justo com o mais bruto deles. 

Aliás, não consigo parar de pensar em como está o ex-Hidra sozinho no nosso apartamento e com aquela vizinha maluca por perto. Tenho que comentar que, depois que nos conheceu anteontem, a sirigaita foi umas cinco vezes bater na nossa porta pelos motivos mais imbecis, como, por exemplo, emprestar uma xícara de açúcar, de farinha, de café, entregar uma correspondência que foi deixada "por engano" na porta dela, pedir a ajuda de James para matar uma barata/aranha que surgiu em seu quarto no meio da noite e mais algumas coisas que me fizeram a odiar ainda mais e bater a porta na cara dela vez ou outra — antes que eu batesse com a minha mão na cara dela, melhor dizendo.

Juro que está sendo difícil controlar a raiva e o ciúme que estou sentindo ao pensar que Barnes — que tem um histórico de abanar o rabinho para tudo que anda de salto, usa mini saia e tem um belo par de pernas e peitos — está a mercê daquela tentação ambulante por tanto tempo.

Caralho, eu tô em missão e não posso ficar de neura agora! Eu não sou nenhuma garotinha insegura, e o Bucky não faz mais o tipo galinha passador de rodo pra eu me preocupar. Tá tudo bem, tá tudo certo...

Pensando nisso e afastando as paranoias da minha mente, eu me separei da equipe como combinado e segui pelo pavilhão do lado leste, neutralizando silenciosamente os três soldados que estavam de guarda na metade caminho. 

Como o local é mal iluminado, me obriguei a ligar minha lanterna enquanto caminhava a passos inaudíveis até virar para a direita, dando de cara com um corredor um pouco menor e sem saída. 

— Mas que merda! — eu sibilei frustrada, mas em seguida uma ideia me veio a mente — Só pode ser isso. Vamos ver.

Prendi a lanterna no meu cinto e comecei a dedilhar cuidadosamente cada centimetro do concreto frio e amarelado em busca de alguma oscilação que indicasse uma passagem ou porta secreta atrás dessa parede — não vou mentir, pensei em filmes quando cogitei essa possibilidade.

Levei bons minutos até que, para minha alegria e surpresa, encontrei uma mínima fresta no canto esquerdo do concreto, que indicava ter algo por trás da parede.

— Ok, agora só preciso achar um jeito de abrir isso...

Coloquei meus dedos na fresta e os deslizei de cima a baixo com todo o cuidado até encontrar um pequeno botão, que eu pressionei sem pensar duas vezes. Encolhi minha mão no mesmo instante em que a parede começou a se mover para o lado direito, revelando nada mais, nada menos que um elevador antigo.

— Bingo, agora vamos ver o que você esconde.  — sorri de canto e entrei no pequeno cubículo que tinha um cheiro forte de mofo, e enquanto eu descia até o nível inferior, preparei minha arma no coldre e contatei o líder da equipe: — Rumlow? Eu encontrei um elevador atrás de uma parede falsa e  estou descendo até o nível inferior do galpão. Provavelmente Batroc e o arsenal da SHIELD estão lá em baixo.

Silêncio por vários segundos antes de ele responder, num tom de voz preocupado e reprovador:
 

— Não faça isso! A sua missão é apenas auxiliar a equipe aqui em cima, deixe que eu e os outros descemos assim que terminarmos de limpar aqui.

Mas é o quê?

— Eu não recebo ordens suas — retruquei duramente —, e além do mais você não disse nada disso que acabou de dizer quando passou as tarefas, então sinto muito mas eu decido quais são minhas missões.
 

— Wanessa, me escuta, não foi isso que eu quis dizer, é que não é aconselhável você fazer isso soz...

Não esperei ele concluir a frase e desliguei o comunicador. Desde quando ele acha que pode decidir o que eu posso ou não fazer? Ele me chamou para a missão, e eu não sou parte da STRIKE pra ser controlada como os outros e muito menos preciso da preocupação de ninguém. Meus anos de prática nessa vida falam por si só.

Com esse pensamento, eu saí da caixa metálica quando esta chegou ao seu destino e me coloquei em movimento pelo enorme e bem iluminado corredor, com os ouvidos bem abertos e olhando para todos os lados.

Essa área é bem diferente da parte de cima, e não pude deixar de me surpreender um pouco com a aparência do local. Além de bem iluminado e com uma pintura branca perfeitamente intacta, o corredor possui várias portas com travas eletrônicas e scanner de digitais, câmeras de segurança de ultima geração, sistema de supressão de incêndio e pasmem: um ar condicionado quente! Tudo isso despertou minha desconfiança de que esse lugar não está sendo usado apenas como um esconderijo.

Pensem comigo: por que um galpão abandonado no meio do nada que era para ser usado só para esconder um monte de armas roubadas tem uma passagem secreta para uma área com ar condicionado e tecnologia de ponta, área essa que mais se assemelha a um laboratório ou centro de estudos?

Com a curiosidade me consumindo internamente e sem nenhum soldado para me servir de pedra no sapato, apressei um pouco o passo e virei para a esquerda, me deparando com um pavilhão ainda mais longo que dava acesso a uma porta dupla no final.

Porém, antes de seguir em direção as portas, fui surpreendida quando um homem — um ogro, melhor dizendo — me segurou por trás numa chave de braço e começou a apertar meu pescoço com uma força descomunal.

Senti o ar começando a faltar e também a sensação de que meu pescoço seria quebrado a qualquer segundo, o que me obrigou a fazer a primeira coisa que me veio a mente: peguei a faca do meu coldre num movimento rápido e a finquei sem dó em sua coxa direita, fazendo com que ele soltasse um urro de dor e me libertasse enfim.

Puxei o ar com força e tossi secamente antes de me recompor e ver quem quase foi o meu algoz.
George Batroc. O reconheci logo que virei de frente para ele, que parecia nem estar sentindo dor pela facada que levou a menos de 10 segundos.

— Quelle mauvaise façon de traiter une dame (Que jeito ruim de se tratar uma dama) — ironizei com meu bom francês, limpando a faca e a guardando novamente —, encore plus quand vous avez volé quelque chose qui appartient et dire cette dame. (ainda mais quando você roubou algo que pertence bem dizer a essa dama)

Em resposta, ele cerrou os olhos e veio na minha direção com as mãos fechadas em punho, o maxilar travado e uma cara nada feliz, como se fosse um touro diante de um pano vermelho.

Agora as coisas ficam interessantes.

Para minha sorte ele não é tão mais rápido que eu, então desviei e parei facilmente alguns de seus golpes com os antebraços e investi vários chutes e socos contra seu tronco, rosto e coxas, mas o maldito é muito resistente e parece ser feito de aço já que não se abalou com nenhum dos meus golpes — e olha que esses golpes derrubaram até James na época em que eu o ajudava no treinamento.

Depois de vários segundos trocando porradas e pontapés eu estava começando a sentir meu corpo reclamar, mas não me deixei abalar pelas dores e resolvi usar um golpe que quase nunca falha: aproveitei o milésimo de segundo em que ele baixou a guarda e, o segurando pelos ombros, apoiei um pé em sua coxa — a que eu dei a facada — e com o joelho da perna oposta acertei em cheio seu queixo, o fazendo cambalear para trás assim que o soltei.

Corri até ele, que ainda estava meio grogue enquanto limpava o sangue de seus lábios, e preparei meus bastões de choque para apagá-lo, mas para o meu azar ele se recuperou de imediato e usou meu próprio golpe contra mim ao puxar meu braço e me jogar contra a parede como se eu fosse uma boneca de plástico.

Com o susto, joguei os bastões para qualquer lado e ouvi um estalo no momento em que minhas costas se chocaram contra a quina da parede, seguida de uma dor infernal que me fez soltar um gemido abafado. Ótimo. Uma costela quebrada justo agora.

— Pensez-vous vraiment que tu vas faire battre moi? (Acha mesmo que vai conseguir me vencer?) — ele indagou num tom de voz vitorioso, me coloquei em pé com dificuldade e, ignorando a maldita dor nas minhas costas, o respondi com um sorriso de canto de boca e meu clássico jeito desafiador:

— Pensez-vous vraiment que cela arrêter de me frapper comme une petite femme? (Acha mesmo que vai me parar batendo como uma mulherzinha?)

Enquanto ele vinha caminhando a passos de ogro e com um ódio visível pela minha provocação, vasculhei meu cinto em busca do último bastão de choque que eu tinha — um pouco menor que os outros mas em compensação bem mais potente — e quando ele se preparou para me golpear na cabeça eu tive a deixa perfeita para lhe dar a descarga elétrica suficiente para apagá-lo e o deixar babando como um neném aos meus pés.

— Tenho que admitir que você é realmente bom, mas tem muita auto confiança. Isso sempre ferra com tudo. — comentei num tom de voz baixo, limpando os filetes de sangue do meu rosto.

Olhei para a porta no final do corredor e catei meus bastões antes de me encaminhar até ela, rezando para não surgir mais nenhum empecilho faixa preta em artes marciais pelo caminho.

Depois de ter sido jogada contra a parede e com certeza fraturado algumas costelas, lutar não é a melhor coisa que eu poderei fazer agora, e como eu sei que o restante da equipe também está ocupado no andar de cima vou ter que continuar sozinha por enquanto. Não vou deixar de sanar minha curiosidade só por estar sozinha e ferida numa zona de perigo.

— Logo eles vêm atrás de mim, até lá eu mantenho tudo sob controle e aproveito pra fazer o que o Fury me pediu.

Dizendo isso, cheguei até a porta e localizei um painel numérico ao lado da mesma. Como eu não sou adivinha e muito menos tenho paciência pra quebrar esse tipo de senha manualmente, o que fiz foi pegar meu dispositivo de decriptação e o aproximar do painel, vendo os números surgirem na tela do pequeno tablet segundos depois.

85763201.

Digitei os algarismos rapidamente e um som metálico se fez ouvir no momento em que a porta começou a se abrir e revelar um imenso e estranho laboratório. Assim que coloquei o pé para dentro do local não pude deixar de me sentir horrorisada com a cena que vi.

Vários corpos jaziam espalhados pelo chão, alguns de cientistas e outros de soldados, todos mortos da mesma forma: com tiros na cabeça, provavelmente pegos de surpresa.
Caminhei por entre os cadáveres — que aparentavam estar frescos —  imaginando o que diabos tinha acontecido ali e me perguntando que raio de laboratório é esse. Eu nunca me senti bem laboratórios, muito menos quando tem várias pessoas mortas e pra piorar ainda mais, quando o local é úmido, escuro e cheio de equipamentos/objetos que me causaram ainda mais pavor por parecerem máquinas de tortura.

Pra vocês terem uma ideia, há duas câmaras cilindricas anexadas numa parede — daquelas usadas pra colocar pessoas em sono criogênico —, uma cadeira recurvada no centro da sala com uma espécie de capacete na cabeceira e várias amarras reforçadas, duas macas de aço também com amarras perto das câmaras e diversos monitores e painéis eletrônicos de última geração pouco a frente de uma porta menor ao fundo da sala.

— Que porra faziam aqui? — questionei me aproximando dos equipamentos tecnológicos — Ok, vamos descobrir tudo.

Vasculhei os papéis espalhados pelas mesas em busca de algum entendimento sobre o que era esse lugar e quem trabalhava aqui, verifiquei atentamente alguns arquivos num dos computadores, e após uns 5 minutos traduzindo documentos em russo quase caí pra trás com o que descobri.

— Então era isso que o Fury tanto queria, por isso me indicou pra essa missão. — comentei com meus botões, caçando um pen drive pelos bolsos e o conectando ao computador.

— Então você já sabe de tudo.

Me virei para a entrada no mesmo instante em que ouvi essa frase, um pequeno calafrio surgindo na minha espinha ao ver o homem alto, mau encarado e musculoso recostado na porta me olhando com um brilho cruel nos olhos.
 

Ok, mantenha a calma. Eu acho que ele não viu o pen drive, então ainda tenho um tempo pra distrai-lo...

Depois de alguns segundos observando constatei que, ou ele estava fingindo, ou não havia percebido o que eu estava fazendo, mas independente do que fosse mantive meu olhar indiferente em sua direção e o retruquei sem demonstrar medo:

— Você esperava o quê? Que uma das melhores agentes da SHIELD ia sair daqui sem descobrir essa sujeira toda? Achei que você fosse mais esperto, achei que vocês todos fossem mais espertos.

Uma longa gargalhada de deboche escapou pela sua garganta e ele baixou o olhar, me dando a deixa perfeita para terminar a cópia dos arquivos e retirar o pen drive sem chamar sua atenção.

— E você acha que vai poder contar a alguém o que descobriu?

Ele disse e cruzou a entrada, se aproximando de mim em poucos segundos.

— Provavelmente não, mas eu sei que você não vai me matar. — provoquei, cruzando os braços e fechando a cara — Ou será que vai, já que aparentemente foi você quem matou todos eles?

Gesticulei com a mão, indicando os vários corpos jazentes no laboratório.

— Não está nos nossos planos te matar, você ainda vai ser muito útil pra nós. Eles... — imitou meu gesto — eles eram descartáveis e estavam comprometendo as coisas.

Revirei os olhos e ri com escárnio, mantendo a frieza mesmo que por dentro eu estivesse com um terrível pavor me corroendo.

— Não, obrigada, eu prefiro que me matem a ser útil pra vocês.

Realmente, eu prefiro morrer do que fazer parte de algum projeto maluco deles.

— Sinto muito, mas essa decisão não está nas suas mãos. — o maldito devolveu, olhando brevemente por cima do meu ombro  — Acho que você já conheceu nosso soldado, mas o modo como o tratou não o deixou muito feliz.

— O quê?

Me virei para trás e levei um grande susto quando me deparei com George Batroc, que antes que eu pensasse em qualquer coisa acertou um tapa violento no meu ouvido, que me fez ver estrelas e tirou minha consciência antes mesmo de eu desabar no chão.
 

****

Horas antes - Washington

— Bucky, para. Eu preciso ir pra SHIELD. Daqui a pouco a equipe sai e eu não vou pra missão!

Me desvencilhei de seus braços e fechei o zíper do meu macacão, que ele abriu com a boca até a metade do meu abdômen.

— Tá. Enquanto eles saem a gente termina aqui... — ele respondeu, me puxando novamente para si e colando os lábios no meu pescoço.

— Eu não posso... — eu disse com a respiração ofegante seguido de um gemido baixo — Não faz isso!

— Shhh.

E me prensou contra a parede, mordiscando minha orelha e apertando minhas nádegas com ambas as mãos.

Ainda não me acostumei com o fogo desse homem. Desde que começamos essa nossa relação ele quase não me dá sossego, e isso é um pouco assustador e estranho para mim — apesar de ser exatamente o tipo de coisa que eu gosto num namoro, confesso. Como é que eu vou ter cabeça pra pensar em uma missão com esse fetiche ambulante me tentando a transar com ele quase toda hora?

Merda, a missão!

— Para, Soldado. Eu não... — balbuciei logo que ele tornou a abrir meu macacão, distribuindo beijos e mordidas por toda a extensão do meu peito e abdômen — Bucky, é sério. Eu preciso trabalhar, não faz isso comigo.

Eu choraminguei esse pedido totalmente a contra gosto, afinal ele me provocou o suficiente e eu juro que não pararia agora se não fosse realmente necessário.

— Tudo bem. — sibilou após bufar, descolando nossos corpos e se afastando de mim.

Respirei fundo, fechei de novo o meu zíper, passei as mãos pelos cabelos — que estavam uma verdadeira bagunça — e depois de vários segundos parada no mesmo lugar consegui me recompor e mandar embora as ondas de calor que ele me causou.

— Sinto muito em te deixar na mão agora. — falei e me coloquei em movimento até a poltrona onde ele estava — Mas... o que você acha de a gente fazer algumas coisas novas depois que eu voltar?

Uma ruguinha de incompreensão surgiu entre suas sobrancelhas, seguida da pergunta totalmente inocente:

— Que tipo de coisa?

Me controlei para não rir. Não consigo assimilar que alguém tão insaciável é tão lerdo e inocente ao mesmo tempo.

— Nada de mais, eu só quero te mostrar algumas coisas que eu acho que você nunca experimentou. — esclareci, uma sobrancelha arqueada e um sorriso malicioso no canto dos lábios.

— Eu não gosto de suspense.

Revirei os olhos com seu azedume e sentei no braço da poltrona, segurando seu rosto com minhas duas mãos e o obrigando a olhar pra mim.

— Desse eu tenho certeza que você vai gostar. Só espera até eu voltar e vai ver o que é.

— Se você tá dizendo... — deu de ombros e me puxou para sentar em seu colo — Só me faz um favor?

— Que favor?

— Volta logo, e inteira. — disse num tom de voz zombeteiro, armei uma careta de insatisfação.

— Tá insinuando que eu não sou uma agente cuidadosa, é isso?

— Não, é claro que não. — a ironia o contradizendo — Mas é sempre bom ter um pouco mais de cautela e ficar com os olhos bem abertos.

Será que ele andou conversando com o Fury pra falar isso?

— Eu já ouvi essa frase de outra pessoa milhões de vezes. E não precisa se preocupar, é uma missão simples e rápida.

Ah, se eu soubesse que esse "simples" era só pra enganar os tolos...

— Pra onde é que vocês vão mesmo? — ele perguntou pela quarta vez desde anteontem.

Às vezes me esqueço que ele é um senhor com alzheimer, coitadinho.

— Sibéria.

Assim como aconteceu todas as vezes em que eu falei para onde estou indo, ele ficou com um olhar vago e em silêncio por vários segundos, só que dessa vez eu decidi deixar meu receio de lado e questioná-lo quanto a essa reação:

— Você tem alguma lembrança ruim desse lugar?

Ele permaneceu calado por mais alguns instantes, até que ergueu o olhar na minha direção e respondeu sem rodeios:

— Foi lá que eu fui criado.

Logicamente eu não precisei de mais nenhuma explicação para entender o que ele estava sentindo e o porquê de, provavelmente, odiar a Sibéria. Eu sabia que foi na Rússia que fizeram tudo o que fizeram com ele, mas não fazia idéia que foi justo lá.

— Você se lembra onde fica a base? — foi o que perguntei segundos depois, o vendo travar o maxilar e negar com a cabeça.

— Mesmo que eu lembrasse eu não diria!

Tombei a cabeça para o lado e me levantei de seu colo, colocando as mãos na cintura e retrucando com incredulidade:

— Por que não? Qual é, depois de tantos anos o lugar já deve estar desativado e entregue as traças.

— Eu tenho certeza que não. — passou as mãos pelo rosto e levantou também — Eu não era o único projeto da Hidra, eles tinham várias outras cartas na manga caso o Soldado Invernal desse errado algum dia.

Captei na mesma hora o que ele deixou nas entrelinhas e também entendi o porquê de ele se auto julgar insignificante tantas vezes.

— Você acha que estão em atividade mesmo depois de a SHIELD ter a derrubado?

Um riso debochado e sem humor escapou de sua garganta, como se eu tivesse dito a maior das barbaridades.

— A SHIELD não acabou com a Hidra só por ter prendido alguns cientistas e soldados da organização. — afirmou como se fosse óbvio, me deixando levemente ultrajada já que eu ajudei a prender todos eles — Corte uma cabeça e...

— Duas nascerão no lugar. — interrompi revirando os olhos — Eu ouvi isso umas cinquenta vezes quando interroguei aqueles malucos,por isso minha cota de paciência com esse bordão se esgotou.

— E você entendeu o significado desse "bordão" pelo menos?

Será possível que ele está me tachando de burra ou é só tá prolongando o assunto pra me atrasar para a missão?

Fui interrompida de responde-lo quando senti meu celular vibrando dentro do bolso do macacão. Uma mensagem de Fury:

Quero que você investigue o lugar sem que a STRIKE saiba. Você é a única capaz de fazer isso sem chamar atenção, só tenha cuidado e mantenha seus olhos bem abertos.

Lembram que eu disse que essa era uma operação simples e rápida? Pois é, amigos, não é mais. Basicamente, o que eu preciso fazer é convencer Rumlow a mudar o plano e separar a equipe — o que não deve ser algo tão difícil considerando que ele é aberto a sugestões —, aí só vou ter o trabalho de colher informações em tempo recorde para ninguém desconfiar da minha ausência, voltar a missão original sem dar bandeira de nada do que eu fiz e ajudar o time da STRIKE a recuperar o arsenal e prender o bandido sabão — lê-se George Batroc.

Realmente é uma tarefa bem fácil pra super Lewis. Valeu pela confiança e pela moral, viu, chefinho?

— Wanessa? Algum problema? — James perguntou, me trazendo de volta a realidade.

— Não, não. — pigarreei — Era só uma mensagem do Fury me repreendendo pelo meu atraso. Eu tenho que ir agora pra lá, então me desculpa mas essa conversa vai ter que ficar pra depois.

Vi seu olhar murcho vagar por um ponto qualquer do chão enquanto ele manejava a cabeça em concordância, me causando um pequeno e incômodo nó na garganta.

Isso tudo porque eu vou ficar só um dia fora. Droga, Barnes, é muito drama pra pouco tempo de relação.

— Tudo bem, eu entendo.

Me aproximei dele e o puxei pela cintura na minha direção, depositando um selinho estalado em sua boca antes de de dizer em tom de brincadeira:

— Eu sei que vai ser torturante ficar longe de mim por tantas e tantas horas, mas prometo te recompensar por isso assim que eu chegar.

Isso bastou para que a expressão melancólica dele mudasse para uma mais assanhada, com o característico sorriso de canto de boca que eu tanto gosto.

— Ok, vou estar te esperando aqui.

— E sem dar trela pra nenhuma sirigaita cabeluda e mal vestida. Se ela bater aqui e você atender eu vou ficar sabendo! — soltei sem querer, lhe arrancando uma curta gargalhada.

— Entendido, agente. Mais alguma coisa?

Dito isso, ele pegou minhas mãos e as colocou atrás de seu pescoço, envolvendo minha cintura com os braços e me puxando para si.

— Humm... — estalei a língua no céu da boca — Sim, tem uma coisa sua que eu quero.

Não precisei nem dizer o que era já que meu olhar sugestivo e a mordida que dei no canto de sua boca bastaram pra ele colar os lábios nos meus e dar o beijo que eu queria: intenso, longo e entorpecente como todos os outros.

****

Ah, se eu pudesse voltar pra esse momento e me atrasar um pouquinho mais nessa despedida...
Se eu tivesse chegado uns 15 minutos mais tarde, a equipe teria saído sem mim e o máximo que ia acontecer era eu levar uma bronca de Fury por irresponsabilidade e ser obrigada a fazer todos os relatórios depois, o que não seria nenhuma novidade visto que isso — de eu me atrasar e perder o vôo pra uma operação — já aconteceu uma ou duas vezes. Mas não, eu tinha que ser cabeça dura e insistir justo nessa missão, mesmo que todos os meus sentidos dissessem pra eu fazer o contrário desde o momento em que aceitei.

Bom, o fato é que agora não adianta mais chorar sobre o leite derramado, fazer tempestade em copo d'água, tentar achar o caroço do angú ou seja lá o ditado que usam pra esse tipo de situação. O fato é que agora eu não posso mais fazer nada pra salvar minha própria pele e muito menos impedir o que irão fazer comigo.

Será que adianta eu rezar pra algum milagre acontecer ou chamar o Chapolin Colorado pra me salvar?


Notas Finais


E então?
Capítulo repleto de suspense e tensão, né?
Gentis, eu preciso consertar um pequeno equívoco meu. Como eu sou a distração em pessoa — uma das características que a Wanessa pegou de mim, hahahaha— não me lembrei de deletar aquele aviso que postei lá no Natal e que tecnicamente era o capítulo 6, mas agora já arrumei tudo e esse é, finalmente, o capítulo 10.
Sou ou não sou a mais desatenta e destrambelhada das autoras? Juro que não faço por mal hihihi ><
Bom, por hoje é só. Peço desculpas novamente se o capítulo não ficou lá aquelas coisas, prometo fazer de tudo para compensar no próximo.
Beijox e até breve ♡♡♡


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