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História Secrets - (18) Mudanças de humor


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Oi oi, galera! Cheguei mais cedo u.u
Poxa, que pena que vocês não aprovaram a ideia do grupo :/ mas tudo bem, estou muito feliz com as exibições que a fic está tendo e com os comments de vocês.
Já adiantando: começo e meio de capítulo bem animado hahaha
Espero que gostem!
Fantasminhas, adoraria que deixassem suas opiniões. Não sou movida a comentários, mas ficaria muito feliz em interagir com vocês! Venham falar comigo, eu não mordo e sou legal :3

Capítulo 12 - (18) Mudanças de humor


Fanfic / Fanfiction Secrets - (18) Mudanças de humor

Nada como um dia após o outro. Talvez essa tenha sido a frase que eu mais me lembro de ter ouvido na minha vida. Sempre que uma coisa dava errado, ou alguém me dizia isso como forma de consolo ou eu mesma colocava na cabeça que o dia seguinte seria melhor.

Acho que foi de tanto pensar dessa forma que eu consegui o que Natasha chama de mente colorida, ou seja: enxergar tudo pelo lado bom, não pensar no lado negro de alguma situação, não deixar que o pessimismo tome conta de mim e... Bom, acho que vocês entenderam, né? Pois é, amigos, apesar de ter a energia parecida com a de saci pererê, lá no fundo, num fundinho bem escondido, Wanessa Lewis é uma pessoa zen e otimista.

Entretanto, como ontem foi o pior dia para mim — que eu me lembro, pelo menos —, não imaginei que justo hoje fosse acordar totalmente de bem com a vida. Pode parecer impossível, ou talvez tenha sido outro estrago da bagunça que as pancadas causaram na minha cabeça, mas mesmo sabendo que as coisas estão totalmente fora dos eixos eu não estou nem um pouco preocupada com isso.

Desde que me levantei da cama, depois de dormir novamente como a princesa enfeitiçada da Disney — com um Bucky super atencioso, dormindo de conchinha comigo a noite toda —, não senti nenhuma dor, enjôo, tontura e nem nada do que tive ontem. Claro que os lapsos de memória me causaram alguns poucos momentos de stress, como por exemplo na hora em que eu quis sair para correr no parque perto do prédio e esqueci que esse parque fica em Nova Iorque, mas não deixei que isso influenciasse no meu bom estado de espírito por muito tempo e foquei para me manter calma.

Deu certo, super certo. De tanto eu argumentar comigo mesma que 12h era cedo demais para surtar eu consegui controlar a raiva que estava sentindo, afinal eu tenho uma conversa com Fury daqui a duas horas e preciso guardar minha paciência para esse momento.

Com certeza eu vou descobrir todas as coisas importantes que eu esqueci durante essa conversa... — pensei e suspirei enquanto ajeitava a alça do meu sutiã rosa pink.

Logo que fiz isso, Barnes — que até então estava tomando banho — irrompeu para dentro do quarto abruptamente com nada além de uma toalha pendendo na cintura, e eu vi através do espelho como ele se assustou ao me ver só de lingerie.

— M-me desculpa, eu achei que você já tinha se vestido. — ele disse atropelado e desviou o olhar.

Bem, como eu disse, nada como um dia após o outro. Além de mentalmente calma, hoje eu acordei com todas as minhas energias renovadas, se é que me entendem, só não tive oportunidade de dizer ou demonstrar isso visto que nós só acordamos há 1 hora.

— Eu não quis me vestir, achei melhor esperar pra saber o que você acha desse conjunto.

Sorri de uma maneira sugestiva e virei de frente para ele, que engoliu em seco e negou com a cabeça. Eu adoro provocar, ainda mais quando ele está desse jeito preocupado e receoso. É muito bom ser a perdição dele.

— Não faz isso. Você ainda não...

— Não o que? — o interrompi e caminhei em sua direção — Fala, Soldado.

— Você ainda precisa de tempo... — de novo ele engoliu em seco, dessa vez porque eu discordei de sua resposta e comecei a arranhar seu peitoral exposto — Você sabe que eu não vou conseguir pegar leve.

Gargalhei brevemente, fiquei na ponta dos pés e mordi seu queixo para provocá-lo, o que fez ele fechar os olhos e soltar um suspiro leve.

— Eu não quero que você pegue leve. Eu tô com muita energia hoje, e preciso gastar essa energia de alguma maneira.

Juntamente com as minhas palavras, me pendurei no pescoço dele e distribuí mordidas em sua orelha e pescoço para atiça-lo. Essa tática sempre dá certo, tem que funcionar agora também. 

— Não diga que eu não avisei. — falou ao mesmo tempo em que me ergueu do chão, grudando nossos lábios e caminhando as cegas comigo pelo quarto.

Não falei que dava certo?

Ergui as pernas ao redor de sua cintura e ele automaticamente direcionou as mãos pro meu traseiro, onde apertou tão forte com os dedos metálicos que sem dúvida deixaria uma marca na minha pele branca. Arfei em meio ao beijo e mordi sua boca quando senti minhas costas se chocando contra a parede gelada, que contrastava totalmente com o calor do corpo dele no meu. 

No segundo seguinte, ele afastou nossos lábios, usou a mão normal para jogar no chão todas as coisas que estavam sobre a cômoda ao nosso lado e me pôs sentada nela, se colocando entre minhas pernas e puxando meu sutiã de modo a estraçalhá-lo com apenas um movimento.

— Esse era o meu último sut...

Não tive tempo de concluir a reclamação pois sua boca se chocou mais uma vez contra a minha e suas mãos começaram a massagear meus seios sem um pingo de pudor. Tomei impulso pra encaixar mingaa coxas ao redor de seu quadril e isso fez com que a toalha que ele ainda usava caísse — finalmente —, o deixando completamente nu.

Esqueci como se respirava no momento em que ele intensificou ainda mais o beijo — comendo a minha boca, bem dizer—, ao mesmo tempo que suas mãos apertavam o meu traseiro de uma maneira miseravelmente boa e ao seu membro cada vez mais rígido me cutucava no meio das minhas pernas, o que me fez rebolar para estimulá-lo ainda mais e gemer pela excitação que também me causou.

Ficamos cerca de um minuto nessas preliminares para que seu membro se enrigecesse e eu ficasse lubrificada o suficiente, e com isso o ex-Hidra parou de chupar meu pescoço, afastou minhas pernas e direcionou as mãos para as laterais da minha calcinha.

Assim como fez anteriormente, ele puxou o frágil tecido apenas uma vez e o rasgou sem que eu nem sentisse, só me dando conta de que minha pobre peça de renda estava destruída quando o vi jogar os pedaços no chão.

— Agora eu vou nua até a SHIELD. Você me paga, Barnes! — exclamei num murmúrio ofegante, ele sorriu de lado e agarrou nos meus quadris.

— E como você quer que eu te pague? 

— Me fodendo do mesmo jeito de sempre.

Não esperei que ele respondesse e alcancei a boca dele num beijo rápido, o puxando lentamente contra mim, tremendo por completo quando a ereção dele começou a me invadir. Paramos de nos beijar e ele me ergueu um pouco de cima da cômoda, apenas pra se ajeitar entre as minhas pernas e ter mais profundidade para meter, o que me fez soltar alguns gritos finos que ele calou chupando meu lábio inferior algumas vezes.

— Você é tão apertada... — ele murmurou entre os meus lábios, seguido de um arquejo rouco — Parece até virgem.

— Olha o meu tamanho. Você queria que eu fosse como? — retruquei sarcasticamente.

Bucky riu de leve e continuou mantendo as minhas coxas erguidas e se movimentando em vai e vem com força e rapidez, já acostumado ao meu aperto, a cômoda emitindo um rangido contínuo a cada estocada que ele investia contra mim.

Minhas unhas arranhavam freneticamente as costas dele, meus dentes se fincaram em seu ombro normal e eu apertei meus olhos ao máximo, sentindo certa nostalgia pelo modo urgente que estávamos buscando um pelo outro. Estava quase igual na nossa primeira vez, que por sorte eu não esqueci.

Mesmo com a avidez com a qual o ex-Hidra me penetrava, cada vez mais eu desejava e até pedia para ele fazer um pouquinho mais de esforço, mas não que ele não estivesse me satisfazendo, é claro. É só porque o meu lado exigente e insaciável voltou com tudo e não vai dar sossego pra ele — graças a todos os deuses, eu não suporto ficar sem energia por muito tempo.

— É sério? — ele indagou ofegante após meu terceiro pedido.

Afastei meus dentes de seu ombro e respondi em meio a respiração descompassada:

— Sim, vai! 

— A cômoda vai... quebrar desse jeito!

— Eu não tô... — fui interrompida por outro gemido, outra vez ele socou sem dó — nem aí pra isso!

Ao final desse curto diálogo, James soltou um grunhido, me tirou de cima da cômoda e me encostou contra a parede, mantendo minhas pernas abertas ao redor de seus quadris e aumentando o ritmo das estocadas.

Impulsionada por uma sensação de prazer infinito, agarrei o cabelo dele com força e puxei para trás afim de ver qual era a expressão que ele tinha no rosto. Posso descrever que o semblante dele continha um misto de prazer, felicidade, uma pontinha de cansaço e um brilho selvagem nos olhos. A típica expressão que costuma me excitar e que também me deixa mais atraída por ele.

Diante da minha atitude inusitada, Bucky deu um sorriso de canto e esticou os lábios até alcançar os meus, mas em vez de me beijar — como imaginei que faria, até fiz um biquinho — ele afastou meus lábios e deu uma mordida tão forte no inferior que fez sangrar, sei disso porque senti o gosto metálico do sangue na minha língua e vi um pouco na boca dele.

— Maldito! Quer beber até o meu sangue? — ralhei e puxei seu cabelo com mais força.

Como resposta, ele riu vitorioso, aumentou  ainda mais a intensidade com que metia e também começou a puxar meu quadril pra baixo, me fazendo sentir como se eu fosse desmontar em mil pedaços a qualquer momento. Eu amo essa posição, mas ela se tornou ainda melhor depois que eu descobri como ele também gosta dela e é tão bom nela.

— Se eu pudesse te quebrava no meio agora mesmo. — pronunciou num fôlego só, eu gargalhei e encostei meus lábios em sua orelha.

— Não sei se você conseguiria, mas... — gemi em meio a frase, pois ele deu uma estocada que provavelmente cutucou o meu útero. Acho que ele não brincou no que disse. — AH!

Gritei e parei de falar, pois minha voz sumiu totalmente logo que disse aquelas palavras e tudo que eu passei a emitir foram gemidos e arquejos cada vez mais constantes. Por Deus, toda vez que eu transar com ele vai ser assim? Essa coisa insana que me faz querer ser arregaçada por ele de tanto prazer que me proporciona? Assim não dá, meu pai.

Aguentei seu pique por mais uns bons minutos e então senti meu corpo todo sendo percorrido por uma corrente elétrica, que trouxe o meu orgasmo e levou as minhas energias. Após soltar um último — e agudo — ganido, eu senti como se todo o meu corpo estivesse se desintegrando e debrucei minha cabeça sobre seu ombro normal, mas para o meu desespero ele ainda não estava satisfeito e continuou a meter em mim com a mesma força e profundidade.

— Wanessa? — perguntou ao ver meu estado, porém não consegui pronunciar nada além de um gemido incompreensível — Lewis?

Respirei com dificuldade, juntei minhas forças e o respondi, a voz saindo praticamente num sussurro:

— Eu aguento, Soldado. Vai...

— Só mais um pouco... — grunhiu em meio as investidas, entretanto senti quando diminuiu um pouquinho o ritmo.

E eu aguentei, mesmo estando mole feito uma boneca de Olinda. Por quanto tempo? Não faço ideia. Só soube que Barnes tinha atingido seu orgasmo quando senti a ejaculação quente dele me invadindo e ele me apertando ainda mais quando seu corpo enrijeceu contra o meu. Quando ele me levou pra cama eu não reparei, só sei que fui colocada de costas no colchão e recebi um beijo na testa, seguido de mais dois que me fizeram sorrir fraco.

— Eu... falei que não ia... pedir pra você parar. — balbucei com humor, minha voz saindo fraca.

Ele riu baixo, me colocou sobre a cama e deitou ao meu lado, também de barriga para cima, soltando um longo suspiro.

— Eu sabia que não.

Não respondi de imediato. Só voltei a me pronunciar minutos depois, quando meu corpo e minha voz começaram a voltar ao normal:

— Só preciso de mais um tempinho pra me recuperar.

— Se recuperar? Então você ainda quer mais? — perguntou com incredulidade, e mesmo sem fitá-lo sabia que seus belos olhos azuis estavam arregalados.

— Você achou que eu ia parar por aqui só porque cansei primeiro?

Levantei um pouco o tronco — ainda sentindo meus músculos dormentes — e comprovei minha suposição: ele estava mesmo de olhos arregalados.

— Sim. — retrucou como se fosse óbvio — Achei que você estava com pressa de ir pra SHIELD e que não ia querer de novo...

Não consegui me conter e gargalhei, uma gargalhada fraca e curta.

— O Fury pode esperar. Depois eu digo que esqueci o caminho da base... — dei de ombros e sorri cínicamente, até que me dei conta do óbvio e mudei de expressão — Ai, merda, eu esqueci mesmo o caminho da base. E também não me lembro como se dirige! Droga!

Bati na minha testa e neguei freneticamente com a cabeça. A localização da base é o de menos, eu uso um gps e está tudo certo. A grande questão é: como diabos eu vou me locomover por aí se não sei mais dirigir? Contratar um motorista particular não está nos meus planos, pra mim isso é coisa de socialite mimada; andar de taxi pra baixo e pra cima também não, vou a falência se optar por isso; pedir pro Bucky me levar aos lugares que preciso ir? Pode até ser, mas não é uma opção a se considerar já que ele, volta e meia, tem que ir a Nova Iorque por conta dos compromissos com os Vingadores.

Sendo assim, das duas, uma: ou eu aprendo a pegar no volante/pilotar uma moto novamente ou compro uma bicicleta e aprendo a usá-la, o que vai ser mais rápido e menos complicado do que as opções acima considerando meu atual estado de confusão mental. 

Não, bicicleta não, nunca gostei de bicicletas e nunca me dei bem com elas. — lembrei e tornei a negar com a cabeça, uma conversa interna comigo mesma. A solução vai ser eu pedir umas aulas de direção ao Barnes mesmo. Agora mesmo.

— Eu preciso da sua ajuda, Soldado. Levanta, mais tarde a gente continua com isso. — anunciei repentinamente já me pondo em pé mesmo com as pernas bambas.

Em vez de fazer o que eu pedi, todavia, o ex-Hidra continuou deitado e me encarou como se eu estivesse cometendo uma loucura das grandes.

— O quê? Por que?

— Eu preciso que você me ensine a dirigir! — exclamei já em frente ao guarda roupa, procurando por alguma peça decente para ir a SHIELD — Levanta daí logo e se vista.

— Agora? — questionou com estranhamento.

Mas será possível que ele não está vendo a minha pressa?

— É, criatura! — catei de um cabide um conjunto de camisa e saia social, azul bebê e preta respectivamente, as quais eu vestiria depois de tomar outro banho — Eu preciso aprender a dirigir de novo. O quanto antes. E se você ficar deitado aí isso não vai ser possível, eu não vou conseguir sozinha.

— Sinto muito, mas eu não vou te ensinar.

Parei imediatamente de fuçar a gaveta em busca de alguma calcinha intacta e cerrei os olhos em sua direção. 

— Como é que é?

— Eu não vou te ensinar. — repetiu no mesmo tom de voz e sentou no colchão — Você não vai aprender nada estando ansiosa desse jeito, Wanessa. Eu te levo até a SHIELD e outra hora te ensino a dirigir, mas hoje não.

Crispei os lábios e pensei por alguns segundos. É, ele está certo, eu não vou assimilar nada com essa afobação toda. Droga! Por que é que eu estou ficando neurotica por qualquer coisa tosca? Eu estava de bom humor até agora a pouco, será que estou ficando bipolar também?

— Você tem razão, eu... — desviei o olhar para a camisa em minhas mãos —, não sei porque fiquei tão nervosa com isso. Me desculpa.

Bucky suspirou pesadamente e levantou, se aproximando de mim em dois passos. Apoiou as mãos nos meus ombros e com isso eu ergui o rosto para fitá-lo, me vendo mais uma vez imersa em seus orbes azuis.

— Você não acha que essas mudanças de humor podem estar relacionadas com o que houve com você?

— Não sei, talvez. Mas o que importa isso agora? Não vai fazer nenhuma diferença mesmo. — dei de ombros como uma criança chateada.

— Pra mim faz diferença. — ele afirmou cruzando os braços. Franzi o cenho e o esperei esclarecer, porém o que ele fez foi mudar de assunto — Eu acho que você devia voltar no hospital e conversar de novo com o médico, pra ver se isso é normal.

Ah, que maravilha. Agora ele vai ficar me tratando como se eu estivesse com a pior das doenças? Mas que coisa.

— Eu não vou mais pro hospital, Bucky, muito menos conversar com aquele médico esquisito. Eu tô bem, muito bem, e tenho certeza que essas mudanças de humor vão acabar logo que eu me acostumar com a amnésia.

Bom, pelo menos eu espero que seja assim.

— Tá bom, tudo bem. — o ex-Hidra sibilou manejando com a cabeça.

Decidi tentar sair desse assunto chato que eu mesma trouxe a tona. Larguei as roupas que havia pego de volta no armário e fui mais para perto dele, meus lábios se curvando num sorriso malandro enquanto eu sugeria:

— Já que você não vai me ensinar a dirigir e a reunião com o Fury é só daqui a... — olhei de solsaio para o relógio do criado mudo: 13:45 — uma hora, que tal a gente continuar de onde parou? Eu já me recuperei, e ainda tô com muita energia...

Na mesma hora, aquele brilho pervertido surgiu de novo em seus olhos e uma de suas sobrancelhas se curvou, expressão essa que eu gosto muito nele.

— E onde foi que nós paramos mesmo? — ele questionou irônico, o chamei com um dedo.

— Vem cá que eu te mostro.

E lá fomos nós, fazer o apartamento tremer e alardar nosso rala e rola para todos os vizinhos.

****

Sabe quando você chega atrasada a algum compromisso importante, daqueles que você precisa ser pontual e por alguma besteira não é? Dá um frio na barriga, uma vontade de dar meia volta e sair correndo pra qualquer lugar, não dá? Pois bem, é isso que estou sentindo agora que estou prestes a entrar no escritório do Fury.

Eu acabei de ser deixada por Bucky no Triskelion — 45 minutos atrasada, só pra constar — e estou há quase um minuto parada na frente das portas duplas  de enorme sala do diretor, ensaiando o que eu vou dizer para justificar meu atraso.

Me desculpe pelo atraso, senhor. Sabe o que é, eu não resisti ao meu namorado super tentador com quem eu não transava há mais de uma semana e acabei perdendo a noção do tempo durante a maratona de sem-vergonhice que fizemos essa tarde. Juro que se eu pudesse controlar o meu fogo e o dele isso não teria acontecido, mas acho que o senhor me entende, né? O senhor já foi jovem, com certeza deve ter tido várias namoradas e...

Ai, minha santa Scarlett Johansson! Definitivamente não, é óbvio que eu não vou dizer nada disso e não foi legal o rumo que esse pensamento tomou. Como é que eu vou olhar para aquele tapa-olho depois de imaginar uma coisa dessas?

Respirei brevemente, balancei minha cabeça de um lado pro outro mentalizando um céu estrelado, ajeitei a camisa e a saia lápis que estavam um tanto quanto largas no meu corpo — acho que o Bucky tinha razão quando disse que eu emagreci, essa roupa ficava mais justa em mim — e enfim bati na porta, quatro vezes por conta da ansiedade.

— Entre.

Puxei o ar pelo nariz e soltei pela boca antes de empurrar uma das portas, que parecia bem mais pesada que o normal e exigiu uma parcela maior da minha força. O Barnes realmente acabou comigo, nem força pra empurrar uma porta eu tenho.

— Desculpe o atraso, diretor. — é só o que eu digo assim que passo pela porta.

Fury se afasta da parede envidraçada do fundo da sala e vira na minha direção, me fitando de uma maneira analisadora a medida em que caminho pelo longo espaço entre a porta e a mesa dele. Somente quando paro a sua frente ele se pronuncia, contrariando totalmente minhas expectativas e me deixando com certa incredulidade:

— Você parece cansada e fraca.

Ué? Cadê o sermão sobre o meu atraso? 

— Eu estou bem. — informo convicta.

— É bom saber disso. — ele fala com certo alívio implícito e indica a cadeira ao meu lado — Não quer se sentar? Creio que nossa conversa vai ser meio longa.

Ainda estou esperando pelo sermão, mas esperar sentada não vai me fazer mal nenhum. Puxo a cadeira — que mais parece uma poltrona — e me sento sobre ela, ele imita minha ação ao se sentar na cadeira de encosto alto atrás de sua mesa e torna a soltar a voz:

— Todos ficaram muito preocupados com o que houve com você.

Engraçado, o único que estava no hospital e demonstrando preocupação comigo era o ex-Hidra. Não que isso seja mágoa dos meus amigos por não terem vindo me visitar depois de eu ter quase morrido, claro que não, só não acho que eles tenham ficado tão preocupados assim.

— Eu não me sinto muito bem quando os outros se preocupam comigo.  — respondo educadamente.

O tapa-olho assente com um meneio de cabeça e cruza as mãos sobre os joelhos.

— Sendo assim eu não vou mais enrolar. Já vi que você está mais do que bem. — Até que enfim. — Te chamei aqui para fazer algumas perguntas.

Me recosto na mini poltrona e cruzo as pernas enquando indago:

— Pois não?

— Eu preciso saber se você se lembra de algumas coisas. Coisas importantes. — esclarece cautelosamente.

Eu não disse que esse seria o momento em que eu descobriria as coisas importantes que eu esqueci? 

— Que coisas? — pergunto com toda minha curiosidade, ele solta um suspiro pesado.

— Primeiro sobre a missão da Sibéria.

Ah, essa missão. Não sei bulhufas sobre ela e já a detesto pacas.

— Sinto muito, mas eu não lembro de nada sobre esse assunto. — o interrompo comprimindo os lábios.

— Eu já fui informado disso, Lewis! — ele informa firmemente. É, eu não devia tê-lo cortado. — Mas eu precisava saber se estava falando a verdade, e agora eu vi que sim.

O encaro de cenho franzido e olhos semicerrados.

— Então o senhor achou que  eu menti a respeito da minha amnésia?

Nick não respondeu, mas seu silêncio juntamente com a mudança de assunto foram um sim a minha pergunta.

— A segunda coisa que eu preciso saber é se você se lembra da outra missão que eu lhe dei há um tempo atrás. 

Agora sim começo a me sentir desesperada de verdade. Pela urgência e expectativa com a qual ele está esperando por uma resposta positiva eu tenho certeza que essa missão devia ser algo confidencial.

— Não. Eu não me lembro. Sinto muito. — revelo quase num sussurro e baixo o olhar.

A reação do diretor diante das minhas palavras confirmou o que eu temia: era realmente uma coisa importante e confidencial. O homem socou a mesa de leve, bufou e depois riu sem um pingo de humor, me deixando ainda mais desencorajada a olhá-lo ou questionar que raio de missão era essa.

— Se eu soubesse que fariam isso com você eu nunca teria te mandado para aquela maldita operação. — ele diz de repente com culpa na voz, me fazendo armar uma careta de incompreensão e erguer o rosto.

— Fariam? Como assim? Não tinha como prever o que ia acontecer, foi um deslize meu.

Ou será que não foi isso? 

— Isso não importa agora. — desviou, como sempre. Ah, mas eu faço ele não vai abrir o bico. 

— E qual era a missão que o senhor tinha me dado? — eu perguntei no instante seguinte.

— Guardar e proteger um pen drive com informações sigilosas que eu não poderia mais manter em segurança.

Minhas sobrancelhas se uniram numa careta de confusão e algumas dúvidas vieram a minha mente, dúvidas essas que eu expus sem pestanejar:

— Que informações? Por que o senhor deu esse pen drive pra mim? Por que acha que não pode mantê-lo em segurança? Alguém mais sabe disso?

— Se acalme, Wanessa! — exclamou com rispidez — Como eu disse, são informações sigilosas. Sua missão era apenas cuidar do pen drive, o que ele guarda não lhe diz resp...

— Ah, então pra cuidar do seu pen drive eu sirvo, mas pra saber o que ele carrega não? — exbravejei aumentando a voz. Fury me lançou um olhar nada amigável e devolveu no mesmo tom:

— Como você se atreve a gritar comigo? 

Esse seria o momento em que eu deveria dizer: "Me desculpe, senhor. Eu não devia ter gritado, foi um impulso". Seria, mas não foi. Graças a imensa frustração que estou sentindo de mim mesma e de tudo o que aconteceu comigo não consegui segurar tudo que estava entalado na minha garganta:

— Como se atreve o senhor! Eu acabei de ter a minha cabeça e a minha vida viradas numa perfeita bagunça graças a bela operação pra qual você me mandou! Eu não me lembro de nada sobre essa missão, nem desse bendito pen drive ou de nenhuma outra coisa importante que eu estivesse sabendo antes do que aconteceu, então a última coisa que eu tenho é paciência pra ouvir o senhor dizendo que esses "assuntos sigilosos" — fiz aspas com os dedos — não são da minha conta!

Eu ainda pretendia continuar falando — quer dizer, gritando —, mas me calei no exato momento em que o diretor se pronunciou com uma calma inacreditável para alguém que acabou de levar um esporro daqueles:

— Eu devia mandar te prenderem agora mesmo, agente Lewis, ou eu mesmo devia fazer isso. Ninguém nunca falou desse jeito comigo sem ter consequências depois.

Rio pelo nariz, minhas narinas devem estar dilatadas e eu devo estar vermelha. Pelo menos é o que acontece quando fico exaltada.

— Quer um agradecimento por não fazer isso ou tá esperando que eu peça desculpas pelo que disse? Porque se for isso sinto muito, mas não farei.

Tá, tudo bem, eu assumo que estou me sentindo arrependida de tudo que falei e de como falei, mas realmente não vou pedir desculpas. Ele nem ficou soltando fogo pelas ventas como achei que faria, isso é sinal de que não está irritado e que, o conhecendo como conheço, ficou positivamente surpreso com a minha atitude.

— Quando foi que você ficou tão insolente assim? — ele indagou de maneira repreensiva, mas ainda sem demonstrar raiva de mim.

— Eu não fiquei insolente, não mais que o normal. O Bucky acha que essas mudanças de humor estão relacionadas com o que houve. — comentei seguido de um suspiro, minha calma voltando aos poucos.

Nick me fitou indecifravelmente por longos segundos, e quando eu já estava ficando constrangida ele se pronunciou, me surpreendendo mais uma vez ao mudar de assunto:

— Ele está te fazendo bem.

Não foi um comentário ou uma opinião sem importância, e sim uma afirmação mais que convicta. Será que eu fico tão transparente quando falo ou penso nele?

— Sim. — respondi.

É claro que ele está me fazendo feliz. Eu seria uma hipócrita se não admitisse isso depois do que nós temos vivido, depois de ele lutar contra si próprio e mostrar somente pra mim o verdadeiro Bucky por trás da máscara que a Hidra colocou nele.

— Sabe, quando eu soube que os Vingadores tinham aceitado ele na equipe, eu imaginei que você seria a única com quem ele não se daria bem. — Ah, então não fui só eu que achei isso? — Você sempre detestou pessoas mau humoradas e fechadas pro mundo como ele.

— Não dá pra prever esse tipo de coisa... — falo a primeira coisa que me vem a mente e dou de ombros. Esse assunto está começando a me constranger porque eu sei onde ele vai acabar, mas para o meu azar o tapa-olho não percebeu isso e ainda tem mais coisas a acrescentar:

— Vocês dois combinam, por mais que me custe aceitar isso.

Mas o que é isso agora? Será que ele entrou na moda das garotas fãs de romance e vai começar a shippar todos os casais que vir por aí?

— É... obrigada, eu acho. — foi o que eu consegui responder, lhe arrancando um curto e quase inaudível riso.

— Fique tranquila, Lewis, eu não vou mais te constranger com esse assunto. Foram só algumas ressalvas que eu queria fazer há algum tempo.

Após um curto período de silêncio, sorri amarelo e tornei a falar sobre o que me trouxe até aqui:

— Bom, e quanto ao seu pen drive? O que acontece agora que eu não me lembro onde o guardei? Ah, e o que de importante o senhor queria saber sobre a missão da Suíça?

— Era na Sibéria, Wanessa. — corrigiu, murmurei um "ah" e me controlei para não bater na minha própria testa — E não se preocupe, nada disso é importante agora. 

Mentira. Quando ele desvia o olhar e se curva pra frente desse jeito é por que está querendo colocar panos quentes na situação.

— Eu vou virar o meu apartamento de baixo pra cima atrás do seu pen drive. — pensei em voz alta, atraindo um olhar confuso de Fury — E se for preciso eu destruo ele, mas prometo que vou encontrar esse bendito pen drive.

Já que eu tive essa ideia, agora vou até o fim com ela.

— Isso não é necessário, Lewis, eu sei que voc...

— Ãh, ãh, ãh. — gesticulei numa forma de pará-lo —  O senhor me deu essa missão quando eu ainda estava batendo bem da cabeça, eu te desacatei aqui hoje por conta dela e agora não vou descansar enquanto não encontrar esse pen drive e continuar com a minha missão. — parei de falar por um instante, um timing surgiu de repente — Mas tem um porém.

Já sacando qual era o meu porém, Fury assente com um manejar de cabeça e diz:

— Tudo bem, Wanessa. Eu digo tudo o que quer saber sobre o pen drive e a missão da Sibéria.

Bati uma mão na outra, me encostei na cadeira, cruzei as pernas e sorri vitoriosa. Agora sim eu me reitero de todos os babados — ou quase todos — importantes que esqueci.

— Pois bem, sou toda ouvidos.


Notas Finais


E então?
Hum, esses dois são mesmo muito fogosos. Até o Fury tá shippando, gente!
O que será que ele vai revelar? Sinto muito, mas tive que parar por ali pra preservar o mistério muahahaha
Um aviso rápido: TALVEZ o próximo capítulo seja a partir da visão do nosso Soldat (se a minha criatividade ajudar, é claro), e SE eu conseguir escrevê-lo provavelmente não terá a Wanessa, ou seja, nada de piadas ou momentos comédia :/
Por hoje é isso, espero que tenham gostado.
Obrigada por lerem, beijos e até o próximo ♥


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