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História Secrets - De volta ao lar


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Oi, puddings! 
Cheguei aqui com um capítulo morninho mas que eu estava doida pra escrever, acredito que vocês já devem ter sacado o porquê só pelo título. Bom, tem uma coisinha apenas que pode deixar vocês com (ainda mais, depois dos últimos acontecimentos) raiva de mim, então preparem seus corações...
Spoiler alert: tem uma pequena homenagem a personagem Arlequina no começo. Estava assistindo Esquadrão Suicida enquanto escrevia e quando vi já tinha colocado algo relacionado a ela, foi mais forte do que eu porque simplesmente amo aquela maluca >.<
No more spoilers! Boa leitura e espero que curtam! ♡
Ps: Fantasminhas, dêem suas opiniões. Quero muito saber o que estão achando e também interagir com vocês ;)

Capítulo 15 - De volta ao lar


Fanfic / Fanfiction Secrets - De volta ao lar

Cinco dias depois - Triskelion

Cinco dias. Fazem cinco longos dias que eu estou enjaulada nessa cela de paredes cinzentas, tudo porque continuo firme na decisão de manter minha boca fechada. Nessas 120 horas que estou aqui fui chamada para seis interrogatórios, todos realizados com agentes diferentes e métodos diferentes, mas por sorte nada de tortura apesar da minha negação em cooperar. Acreditam que Pierce teve a pachorra de chamar até Thomas para me interrogar? Pois é, teve, e segundo o que meu ex contou ele fez isso "por causa da nossa relação de amor do passado e da nossa amizade forte do presente".

É lógico que Thom não realizou nenhum interrogatório formal como os outros agentes. Como, estranhamente, a sala de interrogatórios não possui saídas de áudio, o que Mitchel fez foi utilizar os 30 minutos em que estava me "interrogando" para contar tim tim por tim tim de como foi o atentado que matou Fury — sobre o que prefiro não falar no momento — e também tudo que aconteceu na agência nas horas que antecederam nosso encontro.

Sabem quem é o mais novo diretor da SHIELD após o assassinato de Nick? Ninguém mais, ninguém menos que o próprio Alexander Pierce, nomeado na manhã seguinte a minha prisão. Quando essas palavras saíram pela boca do Rambo e chegaram aos meus ouvidos eu fiquei ainda mais surtada e incrédula com a cara de pau desse homem. Eu sempre soube que ele não é e nunca foi flor que se cheire, mas se aproveitar da morte de Fury — que até então era seu amigo — para expor as "provas" que reuniu contra ele para os membros do conselho e convencê-los a nomeá-lo diretor foi demais, até pra mim que sou escaldada com esse tipo de gente.

Isso não vai ficar assim! — É o que venho repetindo a mim mesma como se fosse um mantra desde que soube da novidade, entretanto o único problema é que eu não posso fazer nada se continuar presa aqui. Aliás, por falar nisso, se eu continuar por mais uma semana sozinha, sem ninguém para conversar — visto que o querido diretor proibiu que eu receba visitas, talvez como mais uma maneira de me castigar — e sem nada pra fazer nessa cela vou acabar ficando como a Arlequina: amargurada, pirada e ouvindo vozes além das dos carcereiros do outro lado da cela. 

— Será que o Bucky aceitaria que eu o chamasse de Pudinzinho caso isso acontecesse? — zombei após uma risada sem humor, me virando de barriga pra cima na cama e fechando os olhos com força — Droga, não devia ter pensado nisso. Que saudade de você, Soldado.

Realmente, lembrar dele nesse momento foi ruim. No dia da morte de Fury, além do baque que sofri, eu estava com a estranha sensação de que o que Nat e Steve tinham para falar comigo era algo sobre o ex-Hidra, mas graças a toda essa merda que aconteceu eu não pude tirar esse peso dos meus ombros, e agora tenho perdido o sono quase todas as noites devido a curiosidade em saber o que eles tinham para mim e se de fato era algo sobre Barnes.

— É, eu acho que estou mesmo enlouquecendo. Devo matar todo mundo e fugir?

Não seria preciso chegar a tanto. Logo que pronunciei tais palavras, a porta foi aberta num movimento só e me causou um pequeno susto, que me fez pular da cama e olhar para a direção no mesmo instante. O susto foi embora e deu lugar a um misto de felicidade e alívio no momento em que eu vi quem estava do outro lado da porta, com as mãos enfiadas dentro dos bolsos do terno preto e sua típica inexpressividade.

— Coulson! — bradei alegremente abrindo um sorriso.

Ele adentrou a cela a passos de tartaruga e parou a alguns centímetros de distância de onde eu estava, me encarando dos pés a cabeça com as sobrancelhas erguidas.

— Você já esteve melhor. Pelo jeito essa oportunidade de descanso não te fez muito bem.

Ri pelo nariz e revire os olhos. Tinha até me esquecido que por trás dessa seriedade toda tem um homem irônico que desdenha de mim sempre que tem uma oportunidade.

— Você sabe que eu detesto descansar, ainda mais num lugar pequeno e sem graça como esse. E quanto a minha aparência, eu não tenho como e nem por quê ficar melhor do que isso.

— Eu entendo. — retorquiu, o típico sorriso de canto enfeitando seus lábios — Mas eu não vim até aqui pra ver como você está ou pra caçoar de você. Vim pra te tirar daqui.

— Que gentil — falei com sarcasmo e sem muito ânimo, porém arregalei os olhos até o limite ao me dar conta do que ele tinha dito — Espera aí, o que foi que você disse?

— Você está livre, Lewis. Pierce desistiu de mantê-la aqui, ele achou desnecessário tudo isso e assumiu o próprio equívoco.

Comemorei internamente e sorri de orelha a orelha com a notícia, apesar da minha vontade ser sair daqui agora mesmo e ir xingar aquele traste — e lhe dar uns tabefes também, por que não? Me manteve aqui por quase uma semana e só agora vem com essa de que "achou desnecessário" me prender?

— Isso quer dizer que eu posso voltar ao trabalho agora mesmo que ele não vai mais me encher de perguntas? — questionei com uma carranca de desconfiança, Coulson balançou a cabeça para os lados.

— Sim e não. Ele não vai mais te encher de perguntas, mas você agora está oficialmente afastada de todas as suas funções na SHIELD por conta do seu mau comportamento.

Minha expressão de alegria murchou no exato momento em que ouvi tais palavras. Ótimo, muito bom mesmo. Agora sim é que eu não volto a ser agente nunca mais.

Bufei, tanto de irritação quanto de frustração, porém me contive e demonstrei calma para ele. Não é a melhor hora de dar xilique e levar sermão, ou é capaz de ele desistir do que está fazendo e me deixar aqui.

— Bom, de qualquer forma eu já estava afastada mesmo. Pelo menos agora vou poder voltar pra Nova Iorque e me dedicar aos Vingadores. — dizer isso acendeu um alerta na minha cabeça, e com isso eu automaticamente perguntei: — Aliás, como estão as coisas por lá? Você sabe se o Bucky está na Torre? Steve e Natasha tinham alguma coisa pra falar comigo lá no hospital, só que eu nã...

— Eu não sei como estão as coisas por lá e muito menos onde seu namorado está. — me interrompeu com impaciência, o que indicava que era mentira. O conheço bem para saber que ele está mentindo e querendo desviar minha atenção. — Toma, Hill mandou isso pra você. Ela disse que se você vai sair daqui que seja vestida como uma pessoa normal, e eu concordo com ela.

Com uma careta de insatisfação por sua atitude, peguei as sacolas que ele me entregou — que eu nem tinha visto em suas mãos até então — e o olhei ao reclamar:

— Eu estou vestida como uma pessoa normal!

Coulson não respondeu, apenas arqueou uma sobrancelha e me fitou sugestivamente. Tá bom, eu não estou vestida como uma pessoa normal considerando que aqui é a SHIELD, mas em minha defesa tenho que lembrar que, quando todo esse pesadelo começou, eu estava empenhada única e exclusivamente em procurar o pen drive, e como disse no momento em que cheguei ao hospital a última coisa que eu iria pensar era em escolher um look apropriado para a ocasião.

— Vista-se rápido, estou com pressa e acredito que você também. — ele disse me tirando dos meus pensamentos e saiu do quarto, o agente fechando a porta em seguida.

Soltei o ar pelo nariz, me virei na direção da cama, joguei as coisas de dentro das sacolas sobre ela e olhei para tudo com uma expressão de surpresa. Calça jeans e blazer pretos, camisa de mangas 3/4 branca, um par de botas com cano curto e salto grosso e uma necessaire azul clara — que não fiz questão de abrir por já imaginar o que teria dentro — era tudo que Hill havia me mandado, e pelos tamanhos e cores das peças e dos sapatos posso afirmar com todas as letras que eram dela. Juro que achei que seria um dos conjuntinhos sociais que ela tem aos montes no closet.

— E não é que ela sabe do que eu gosto? Só espero que me sirvam. A Maria tão é magra e alta que parece mais uma modelo da Victoria Secrets.

Essa é uma das coisas que eu nunca, nunca mesmo posso dizer pessoalmente para ela, ou corro sérios riscos de acabar com uma bala de 3.8 cravada bem no meio da minha linda testa.

****

Por sorte, as roupas e os sapatos de Hill serviram perfeitamente em mim — agora sim eu acredito que estou mais magra, louvados sejam os dias que fiquei em coma tomando soro. Após me vestir, arrumar meu cabelo, passar um pouco da maquiagem e do perfume que estavam na necessaire eu deixei o quarto e fui até onde Coulson estava, conversando com alguns agentes quase no final do corredor.

Fiquei esperando por alguns segundos, e quando ele finalmente terminou o papo com os carcereiros, deixamos o prédio do Conselho — pois é, o centro de detenção não fica no prédio principal como deveria ser, sabe-se Deus porquê — e avistamos o novo diretor da SHIELD nos aguardando estacado em frente a um dos vários carros presentes no estacionamento do pátio.

Enquanto descíamos as escadas, Coulson curvou o rosto na minha direção e sussurrou com a voz firme:

— Vê se não faz nenhuma besteira, eu não vou te tirar daqui se você der algum dos seus xiliques desnecessários e for presa de novo.

O olhei de solsaio e retruquei num tom baixo e convencido:

— Meus xiliques nunca são desnecessários, e você iria sim me tirar daqui. Eu sei que lá no fundinho do seu coração de pedra você tem um pouco de consideração por mim, e não precisa confessar.

— Vocês iam embora sem falar comigo? 

A voz carregada de sarcasmo do capeta entoou nos meus ouvidos assim que eu pronunciei a resposta acima, me causando uma vontade imensa de revirar os olhos. Abri a boca e articulei uma das minhas respostas nada educadas, porém o agente ao meu lado foi mais rápido e evasivo ao dizer:

— Peço desculpas, diretor. Eu estou com pressa, tenho vários assuntos a resolver em Nova Iorque e o Capitão Rogers me informou que os Vingadores estão precisando da Wanessa o quanto antes.

E eu estou precisando o quanto antes deixar essa cidade. Washington já deu pra mim, o que mais quero agora é voltar para Manhattan, me certificar de que James está bem junto com os outros e depois disso começar a investigar a morte de Fury por conta própria.

— Eu entendo — retorquiu, direcionando um olhar falso para mim — Ah, a propósito, quando chegar à Torre diga ao Capitão que eu admirei muito a atitude dele em dar uma chance para o Soldado Invernal e inseri-lo na equipe. Foi um gesto muito nobre de todos, aliás, aceitar um assassino na equipe de heróis que o mundo tanto ama.

Meu sangue ferveu nas veias e todo o controle que eu estava lutando tanto para manter apenas em respeito a Coulson foi para bem longe. Esse maldito disse isso de propósito para me provocar, só pode ser, tanto por saber que eu também sou uma ex-assassina quanto pelo fato de já estar sabendo da minha relação com Barnes. 

— Ele não é mais um assassino! — ralhei entredentes, ele franziu as sobrancelhas e Coulson me olhou feio.

— Oh, eu tenho certeza disso, ou o Tony não ia querê-lo nos Vingadores de jeito nenhum.

Travei meu maxilar e olhei para a cara dele como se fosse estrangulá-lo por conta dessa piada sem nem um pingo de graça. Bem, eu não estava muito longe de fazer isso, porém Phill mais uma vez interveio e colocou panos quentes na situação antes que uma desgraça acontecesse.

— Bom, diretor, infelizmente nós temos que ir. Não quero correr o risco de ficar preso no trânsito, a essa hora tudo fica mais complicado. — anunciou educadamente, desviei o olhar e cruzei os braços. 

— Eu entendo, também tenho um compromisso daqui a pouco. Foi um prazer, Coulson, e agente Lewis... — Pierce virou na nossa direção e me olhou — Me desculpe ter agido de maneira tão errada com você. Eu estava muito triste e inconformado com o assassinato do meu amigo, não consegui conter minha ira e acabei descontando tudo em você. Sinto muito.

Não respondi com nada além de um levantar de sobrancelhas, e um segundo depois me coloquei em movimento junto com Coulson até seu carro. Mesmo sem olhar para trás senti o olhar de cobra do novo diretor da SHIELD queimando sobre mim, como se fosse o lazer de uma arma prestes a disparar nas minhas costas. Sim, é essa a sensação que eu tenho quando alguém — ainda mais esse alguém sendo uma cobra peçonhenta como ele —  me olha pelas costas.

Depois que finalmente saimos da base, pedi para Coulson me levar até o meu apartamento para eu pegar minhas roupas e outras coisas pessoais. Levei cerca de meia hora para fazer duas malas, uma com as minhas coisas e outra com as de Bucky, que estavam do mesmo jeito que ele as deixou antes de ir para a missão. Sabem o que isso significa? Que ele não deu as caras no nosso apê depois que fui presa, o que é estranho considerando que ele deveria ter feito isso visto que todas as roupas dele e também o escudo que eu lhe dei — que ele não deixaria para trás se tivesse voltado para a Torre — estavam aqui.

Bem, pelo sim ou pelo não, preferi não pensar em coisas ruins, afinal ele pode ter se esquecido ou não teve oportunidade de vir buscar nada. Depois de arrumar tudo, peguei as malas e o escudo dele, desliguei as luzes e deixei o apartamento sem vida para trás, sentindo uma pontinha de saudade dos momentos bons que vivemos nele.

****

As quase quatro horas de viagem até Nova Iorque estão sendo as mais longas e intendiantes de toda minha vida, mesmo que eu tenha passado todo esse tempo conversando com Phill sobre os mais variados assuntos. Não vejo a hora de chegar à Torre e ver com meus próprios olhos que Bucky está lá, bem e que meu medo de algo ter acontecido foi em vão. Ah, claro que eu também estou ansiosa para ver e conversar com os outros também, afinal eles são o mais perto que tenho de uma família e eu estou sentindo saudade da companhia deles.

— Não dá pra você ir mais rápido? Eu quero chegar à Torre ainda hoje!

Essa é a terceira vez que digo isso desde que entramos na ilha de Manhattan — há quase uma hora, só pra constar —, tudo porque o trânsito está mais lento do que eu gostaria e esperava que estivesse. Coulson me lança um olhar semicerrado depois de alguns segundos e retruca:

— Se você disser isso de novo eu te jogo pra fora do carro. Não está vendo que está tudo parado porque a rua está em obras?

— É claro que eu tô vendo, mas você sempre deu seus jeitos de escapar do trânsito quando ele está assim. Por que não está fazendo isso hoje? — indago com uma sobrancelha arqueada, o vendo desviar o olhar e batucar os dedos no volante.

De fato, Phill Coulson nunca foi de ficar parado em meio a congestionamento como esse por mais de 5 minutos, é estranho ele estar fazendo isso justo quando sabe que eu estou com tanta pressa.

— Hoje eu não estou afim de burlar as leis de trânsito. — deu de ombros.

Revirei os olhos e decidi que não ia ficar mais esperando a droga do trânsito desengarrafar, ou eu chegaria só amanhã ao meu destino — que nem estava tao longe assim. Sem avisos, tirei o cinto, catei o escudo do banco traseiro, abri a porta e saí do carro, atraindo a atenção e a insatisfação do motorista respeitador de leis.

— O que é que você está fazendo?— Indo a pé, caminhar por doze quadras não é nada comparado a isso. — apontei para a infinita fila de veículos a frente — Leva as minhas malas lá na Torre quando conseguir sair daqui? Obrigada.

Em vez de responder ou tentar me fazer desistir, ele ficou me olhando com a testa franzida sem dizer nem um A, então eu bati a porta e deixei seu veículo para trás. Se estava achando que era brincadeira e que eu não teria coragem de ir a pé, ele se enganou feio.

Levei quase meia hora para finalmente chegar a minha tão amada Torre dos Vingadores, e adivinhem? Cheguei antes de Coulson. Assim que me aproximei da cancela de entrada ela se abriu automaticamente e fui recepcionada pela voz mecânica da inteligência artificial:

— Seja bem vinda de volta, srta. Lewis. É um prazer recebê-la.

— Obrigada... —  tentei lembrar do nome que Stark deu a ele, porém não consegui —, como é que você se chama mesmo? Josh? Jasper...

— Jarvis. — esclareceu, murmurei um "ah" e passei pela cancela.

Caminhei pelo gigantesco saguão por vários segundos sem rumo, até que me dei conta de que não sabia onde ficava o elevador — outro lapso proveniente da amnésia, só agora foram dois. Como não havia nenhuma alma viva pelo local, a única saída foi recorrer ao meu amigo virtual.

— Ham... Jarvis, pra que lado é o elevador?

 Seis metros à sua esquerda, na metade do corredor, senhorita. 

— Valeu. — sorri amarelo e voltei a andar, agora na direção correta.Cheguei ao corredor em questão de segundos e encontrei o bendito elevador. Ao entrar nele, pedi mais algumas informações ao pobre Jarvis: perguntei onde estavam os outros, como eu chegava no lugar em que eles estavam — me dei conta de que não conheço mais o interior da Torre, é o fim —, se Bucky estava com eles e também pedi para me anunciar já que ninguém estava sabendo da minha chegada.

Depois de chegar ao 43° andar, irrompi para fora da caixa metálica e segui praticamente correndo rumo a sala de lazer, onde alguns dos Vingadores estavam no meio de uma conversa importante segundo meu amigo virtual informou.

Adentrei o local a passos largos, atraindo a atenção de todos, e tratei de ir direto ao assunto antes mesmo de me aproximar deles:

— Onde é que tá o Bucky? Nem adianta me dizerem que ele saiu pra dar uma volta ou que está em outro lugar da Torre porque o Jarvis já me disse que ele não veio pra cá desde o dia que fomos pra Washington. O que foi que aconteceu com ele?

Steve, que estava sentado entre Natasha e Sam num dos sofás, suspirou pesado e apoiou a cabeça nas mãos, enquanto Clint e Tony se entreolharam por alguns segundos com expressões sérias. Só pela reação deles eu já tive certeza que meus pressentimentos não foram em vão. Algo aconteceu com ele, e o Coulson já estava sabendo disso.

— Tenho que reprogramar o Jarv pra ele não ser tão fofoqueiro. — o Lata Velha sussurrou com Barton, de modo claro o suficiente para eu ouvir.

Armei uma carranca desgostosa, fui até o centro da sala e parei em meio a eles, colocando o escudo numa poltrona com certa brutalidade.

— Será que alguém pode responder a minha pergunta?

— Eu não estava na missão. — o Homem de Ferro devolveu levantando as mãos, abri a boca para retrucá-lo porém desisti. Não chegaria a lugar nenhum se o xingasse por ele ser ele.

— Nós caímos numa emboscada. — foi Romanoff quem contou cerca de um segundo mais tarde, atraindo a atenção de todos — A missão para qual Steve, Sam, James e eu fomos em Nova Jersey era uma emboscada. Nós encontramos o depósito, neutralizamos os mercenários, libertamos os reféns e estávamos prontos pra voltar, mas aí todas as saídas do lugar foram trancadas e alguém começou a falar pelo sistema de auto-falante da sala onde estávamos...

— Era um homem, ele começou a dizer umas palavras em russo e o Barnes... — Sam prosseguiu após Nat se calar —, começou a gritar pra parar, até tapou os ouvidos, mas nenhum de nós entendeu o que estava acontecendo. Quando o cara parou de falar ele ficou agressivo, começou a nos atacar sem mais nem menos e até quebrou uma das asas do meu traje com a mão metálica. Nós não conseguimos contê-lo e ele saiu escoltando alguns dos mercenários e o líder do grupo até a cobertura do prédio, depois eles fugiram num helicóptero e não pudemos ir atrás.

Fiquei literalmente de queixo caído, em choque, sem conseguir pronunciar nada e nem me mover. Por isso eles estavam todos machucados aquele dia no hospital.

Olhei de Wilson para Natasha e dela para Steve esperando que alguém dissesse mais alguma coisa, porém só o Capitão levantou o rosto e me fitou de volta. Ao fitá-lo nos olhos pude ver que ele estava tão preocupado quanto eu ao imaginar que James deve estar nas mãos erradas de novo.

— Foi a Hidra. — falou, a voz baixa e séria — Aqueles mercenários eram agentes da Hidra, sequestraram os funcionários do Pentágono só para nos atrair até aquele lugar e recuperarem o controle sobre o Bucky.

— Mas a Hidra foi desmantelada. Clint, Nat e eu prendemos os cientistas e agentes da última base secreta da organização. — informei com estranhamento, e tive a breve impressão de estar tendo um deja vú ao ouvir minhas palavras.

Tony soltou sua típica risada de deboche e negou com a cabeça, me obrigando a olhá-lo com raiva. Como é que ele consegue rir numa situação como essa, meu Santo Deus? É muita falta de amor à vida.

— "Corte uma cabeça e duas nascerão no lugar". Por que você acha que esse é o lema da tentaculosa?

Pronto, bastou ouvir isso para que eu tivesse certeza que já tinha tido uma conversa sobre esse mesmo assunto com alguém. Coloquei minha cabeça para pensar por longos segundos e alguns flashes começaram a surgir, de uma conversa com Barnes no apartamento de Washington.

Flashback on

— Pra onde é que vocês vão mesmo? — o ex-Hidra perguntou pela quarta vez desde anteontem. Às vezes me esqueço que ele é um senhor com alzheimer, coitadinho. 

— Sibéria.

Assim como aconteceu todas as vezes em que eu falei para onde estou indo, ele ficou com um olhar vago e em silêncio por vários segundos, só que dessa vez eu decidi deixar meu receio de lado e questioná-lo quanto a essa reação:

— Você tem alguma lembrança ruim desse lugar?

Barnes permaneceu em silêncio por mais alguns instantes, até que ergueu o olhar na minha direção e respondeu sem rodeios:

— Foi lá que eu fui criado. 

Logicamente não precisei de mais nenhuma explicação para entender o que ele estava sentindo e o porquê de, provavelmente, odiar a Sibéria. Eu sabia que foi na Rússia que fizeram tudo o que fizeram com ele, mas não fazia idéia que foi justo lá. 

— Você se lembra onde fica a base? — foi o que perguntei segundos depois, o vendo travar o maxilar e negar com a cabeça.

— Mesmo que eu lembrasse eu não diria!

Tombei a cabeça para o lado e me levantei de seu colo, colocando as mãos na cintura e retrucando com incredulidade:

— Por que não? Qual é, depois de tantos anos o lugar já deve estar desativado e entregue as traças.— Tenho certeza que não. — passou as mãos pelo rosto e levantou também — Eu não era o único projeto da Hidra, eles tinham várias outras cartas na manga caso o Soldado Invernal desse defeito algum dia.

Captei na mesma hora o que ele deixou nas entrelinhas e também o porquê de ele se auto julgar insignificante tantas vezes, porém decidi não comentar a respeito. O que menos quero agora é começar a discutir de novo.

— Você acha que estão em atividade mesmo depois de a SHIELD ter a derrubado? 

Um riso debochado e sem humor escapou de sua garganta, como se eu tivesse dito a maior das barbaridades.

— A SHIELD não derrubou a Hidra só por ter prendido alguns cientistas e agentes da organização. — afirmou como se fosse óbvio, me deixando levemente ultrajada já que eu ajudei a prender todos eles — Corte uma cabeça e...

— Duas nascerão no lugar. — interrompi revirando os olhos — Eu ouvi isso umas cinquenta vezes quando interroguei aqueles malucos, por isso minha cota de paciência com esse bordão se esgotou.

— E você entendeu o significado desse "bordão" pelo menos?

Flashback off

— Eu me lembro de ter falado sobre isso com o Bucky. — informei com uma leve frustração por não lembrar de nada além disso —, no dia em que eu estava indo pra missão na Sibéria.

Não disse que essa missão vai me perseguir até o fim dos meus dias? É a minha sina, não tem jeito.

— Você se lembrou da missão?

Pisquei algumas vezes e ergui meu olhar na direção de Barton, que me fitava de volta com visível expectativa.

— Não. — respondi num murmúrio, ele comprimiu os lábios ao dizer um "tudo bem".

— Ele te disse alguma coisa importante sobre a Hidra nessa conversa? — Rogers questionou com uma centelha de curiosidade na voz.

— Que tinha certeza que a organização não caiu, porque eles tinham várias cartas na manga e que com certeza deviam estar desenvolvendo secretamente algum outro projeto pra substituir o Soldado Invernal.

O Fury tinha razão em querer manter o tal Projeto Aurora guardado a sete chaves... — pensei, porém obviamente não disse.

Todos ficaram em silêncio e pensativos por vários segundos, até que Sam fez uma careta e perguntou:

— E porque pegariam ele de novo se tem outros projeto?

Essa é uma boa pergunta.

— Vingança. — Rogers proferiu com pesar, engoli em seco e neguei freneticamente com a cabeça.

— Não, eles não se dariam ao trabalho de capturá-lo só pra... 

Não consegui terminar a frase graças ao nó ácido que surgiu na minha garganta. Não é possível que isso esteja acontecendo justo quando ele conseguiu recuperar um pouco da vida que a Hidra lhe tirou; justo quando ele passou a fazer parte da minha vida.

— Eu concordo com a Wanessa. — Wilson falou após o longo período de silêncio — Não podemos pensar no pior, não sabemos com o que estamos lidando.

O seu jeito otimista de falar serviu para que uma fagulha de ânimo se acendesse dentro de mim. Juro que estou me sentindo mal até agora por não me lembrar dele.

— Eu sei que pode parecer cruel o que vou dizer — Stark proferiu, fazendo meu semblante esperançoso murchar. Lá vem coisa... —, mas eu acho sim que eles seriam capazes de pegá-lo para se vingar. Ele se rebelou contra a Hidra e passou pro lado do maior inimigo da organização — olhou para o Capitão —, é óbvio que se ela ainda existe deve estar atrás do antigo brinquedinho há bastante tempo pra... como é que vocês agentes secretos chamam isso mesmo? Ah, é, queimar o arquivo.

O fitei com incredulidade e ódio ao mesmo tempo. Agora ele passou dos limites.

— Escuta aqui, eu cansei de ouvir você falando do James como se ele fosse um objeto! Qual é o seu problema com ele? — sibilei na base do grito e caminhei até ele com as mãos fechadas em punho, porém fui contida por alguém antes que pudesse socar seu rosto.

— Wanessa, se acalma! — Sam pediu me segurando pela cintura — Você tá de cabeça quente, não dê importância pro que esse idiota tá dizendo.

— Idiota? Eu só falei a verdade! — Tony exbravejou e veio na nossa direção, sendo segurado por Barton — Você chegou por último e ainda por cima tá na minha Torre, Falcão de araque, olha como fala comigo.

Agora ele estava comprando briga com mais um, esse infeliz realmente não tem limites e nem amor a vida mesmo.

— Que eu saiba essa Torre é dos Vingadores agora, e eu não prec...

— Mas será que vocês podem parar com essa discussão ridícula? — Nat gritou irritada levantando do sofá — Não dá pra chegar a lugar nenhum se continuarem agindo feito adolescentes esquentados!

Ela tinha razão, como sempre tem. Respirei fundo, lancei um último olhar intimidador ao Lata Velha e sentei ao lado de Steve, deixando Clint entre os dois que estavam soltando faíscas pelos olhos.

— Steve, a Sharon não deu nenhuma notícia ainda?

Virei meu rosto na direção do Gavião e armei uma careta, me perguntando quem diabos é Sharon. Já sei. Mais uma que eu devo ter esquecido, melhor nem comentar.

O loiro, que até então acompanhava o pequeno desentendimento entre eu e os rapazes em silêncio e com uma cara nada feliz, suspirou, negou com um manejo de cabeça e respondeu:

— Não. Ela estava seguindo algumas pistas, mas eram tod... — parou de falar no momento em que seu celular tocou, e depois de uma breve conversa com a pessoa do outro lado seu semblante mudar totalmente — Era ela, o Bucky foi localizado. Ele está com um grupo de mercenários armados indo em direção ao Brooklyn. 

Minha nossa, eu não sei quem é essa Sharon e nem o que ela tem com o Steve, mas tenho que me lembrar de agradecer a essa mulher no dia que a vir. Essa, definitivamente, foi a melhor notícia que eu poderia ter recebido hoje, melhor até do que a de ter sido solta e liberada para voltar pra cá. Tudo bem que ele está do lado errado e fora da casinha, mas pelo menos está vivo e inteiro.

— Ok, e o que estamos esperando pra ir até lá? — eu questionei apressada e me coloquei em pé.

— Infelizmente eu não poderei ir com vocês — informou Tony, não me surpreendendo — Prometi a Pepper que dessa vez eu vou ao ensaio do casamento, e se eu não for é capaz de ela desistir de tudo. 

Escancarei meus lábios ao limite e esqueci da minha pressa por um segundo tamanho foi o espanto que essa informação me causou.

— Casamento? Como assim vocês vão se casar? Quando foi que vocês ficaram noivos?

O Lata Velha e todos os outros me fitaram como se eu estivesse maluca, não sei se por causa da minha voz ter saído mais fina do que o esperado ou por eu ter feito essas perguntas num momento tão inoportuno.

— É, Miss Morte, Pepper e eu vamos nos casar. Eu pedi a mão dela na noite de Natal, achei que você se lembrasse disso. Você até tirou fotos nossas.

Eu acho que nenhum deles vai gostar de saber quais são as poucas coisas que eu me lembro daquela noite, então deixemos isso quieto por enquanto.

— Não, eu não me lembro de nada daquela noite. — menti seguido de um pigarro, ele arqueou uma sobrancelha e me fitou desconfiado.

— Bom, pessoal, alguém mais vai querer ir comigo e a Wanessa? — Rogers disse.

Sam, Natasha e Clint responderam um "eu vou" em uníssono, porém somente o moreno alertou me lançando um olhar:

— Só que agora eu tô sem o meu equipamento, então tentem não pular de nenhuma ponte esperando por uma força.

Nem preciso dizer que não entendi patavinas do motivo de ele dizer isso e nem de que equipamento estava falando, não é? Pois bem, não entendi, mas me reitero disso outra hora.

Depois que o Capitão montou um plano e nos deu os devidos avisos sobre a situação, pegamos nossos equipamentos e nos encaminhamos para a garagem da Torre — escolhemos ir de carro para chamar menos atenção. Stark também estava lá, metido dentro de um terno cinza ao lado de seu belíssimo Audi R8 quando eu passei junto com o grupo em direção ao carro de Wilson.

— Miss Morte? — ele chamou, cessei o passo e girei nos calcanhares — Me desculpa por ter falado daquele jeito. Você sabe como eu sou, essas coisas são mais fortes do que eu.

É, eu sei bem como ele é, e acho que é por isso que nunca consigo ficar com ódio dessa criatura.

— Tudo bem, enferrujado. Eu te perdoo dessa vez. — lhe lancei um sorriso amigável.

— Espero que dê tudo certo, confesso que tô doido pra ver vocês agora que são o casal amnésia.

Franzi o cenho estranhando o comentário, mas não me controlei e caí na gargalhada. Tinha me esquecido da facilidade que ele tem pra inventar apelidos desse tipo.

— Casal amnésia? É sério isso?

— Não existe outro termo que combine mais com vocês, até o Barton e o Thor concordaram com isso. — deu de ombros.

Abri a boca para reclamar porém fui interrompida quando Nat me chamou:

— Lewis? Nós já estamos prontos.

Assenti com alguns meneios de cabeça e ela entrou no carro junto com os rapazes.

— Até mais, Latão. — falei dando um tapa de leve em seu ombro e me afastando em seguida.

— Até, e boa sorte pra recuperar o seu Bucky de dentro do outro.

É, vou precisar de muita sorte mesmo, toda a sorte que eu não tenho tido ultimamente. Aí vou eu, Soldado, me aguarde.


Notas Finais


E então? Ansiosas/os pra ver o desfecho do resgate do nosso Soldado? Já adianto que será bem tenso e, como sempre, com alguns momentos de humor, e até agora é o que eu tô tendo mais trabalho pra escrever.
Confesso que achei esse capítulo meio morno já que foi só pra colocar algumas coisas no lugar, mas gostei muito de escrevê-lo por ser o capítulo da volta dos Vingadores (até resolvi colocar uma treta ali, não sei se gostaram...)
Um comentário aleatório: vocês viram as fotos do Sebastian de bigode pro filme que ele está fazendo com a Margot? Gente, não sei vocês, mas eu tô doida pra ver esse filme e achei ele muito fofo daquele jeito (e com o figurino do personagem também), até fiquei imaginando como seria estranho se o Bucky aparecesse em IW com aquele bigodinho. O Tony ia adorar com certeza hahahaha
Enfim, chega de loucura. Espero que tenham gostado do capitulo, fiz com muito carinho como sempre ♡
Deixem suas opiniões! Eu não mordo e sou legal :3
Obrigada por lerem, chuchus, até o próximo! Beijos.


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