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História Secrets - Quando tudo acaba bem


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Oi, sweets.
Cá estou com o capítulo mais romanticamente dramático até agora. Tive uma mistura de sentimentos enquanto estava escrevendo, e depois de ler ele prontinho até me arrepiei um pouco hahahah
Me inspirei numa música do Nickelback pra fazer esse cap, o link está nas notas finais pra quem quiser ouvir ;)
Well, chega de tagarelar por aqui. Boa leitura e espero vocês lá em baixo (leiam as notinhas, please) ♥
Ps: fantasminhas, deem suas opiniões. Eu gostaria muito de interagir com vocês e saber o que estão achando.

Capítulo 16 - Quando tudo acaba bem


No matter what gets in my way

As long as there's still life in me 

No matter what, remember 

you know i'll always come for you.


Enquanto nos leva a toda velocidade rumo ao Brooklyn, Sam e os outros resolveram usar o tempo de viagem para fazerem todas as perguntas que não tiveram oportunidade de fazer antes. Perguntaram sobre o meu "acidente" e a recuperação, sobre meu afastamento da SHIELD e mais um monte de outras coisas que aconteceram comigo no pouco mais de um mês que fiquei em Washington. Eu não me neguei a responder nada apesar do meu nervosismo, confesso que foi uma boa maneira de me acalmar um pouco, e de quebra também aproveitei para me atualizar sobre o que aconteceu no período em que estive fora e perguntar algumas coisas que eu não lembrava. Depois de perguntar sobre uma infinidade de assuntos posso dizer que consegui distrair um pouco minha mente e que estou quase 80% de volta ao normal, tirando o fato de a amnésia ainda estar presente e continuando a me deixar confusa.

Nesse exato momento estamos no fim da travessia a ponte do Brooklyn, já entrando no bairro. Segundo a informação da tal Sharon — que fiquei sabendo ser namorada de Steve até semana passada —, Bucky e os agentes da Hidra foram vistos passando pela Bedford Street há pouco mais de uma hora, por isso eu estou pedindo a todos os deuses para que eles ainda estejam no condado. Juro que se não encontrar James hoje eu vou pirar, não estou suportando a ideia de que ele está sendo controlado de novo por todos esses dias.

— Agora que você já falou sobre tudo de ruim que aconteceu e já se acalmou um pouco, eu quero saber como foi esse tempo que você e o Barnes passaram em Washington. — Natasha diz discretamente me tirando dos meus pensamentos. Ela está sentada entre Clint e eu no banco traseiro, e como os rapazes estão conversando sobre outra coisa creio que nenhum deles escutou.

Batuco meus dedos sobre as coxas, lhe lanço um olhar cético e respondo também num tom quase inaudível:

— Foi bom, ele é uma ótima companhia e nós nos demos muito bem.

A russa revira os olhos e solta um suspiro pesado, numa clara demonstração de desapontamento pelo meu modo evasivo de falar.

— Ah, qual é, você nunca foi tão reservada assim. Eu quero saber sobre o namoro de vocês, nós não tivemos oportunidade de conversar sobre isso desde que vocês começaram.

Namoro. Não consigo gostar dessa palavra, nunca consegui na verdade, e parece que com ele o termo soa muito mais forte e ridículo ao mesmo tempo. Talvez porque nenhum de nós é fã de sentimentalismo e formalidades, quem sabe? 

— O que exatamente você quer saber? — questiono entre um suspiro.

— O que vocês faziam nas horas livres? — ela devolve em tom de perversão.

Cerro meus olhos e abro a boca para respondê-la com a frase "Eu acho que não preciso dar essa resposta", porém não digo nenhuma palavra ao ver que Clint e Steve estão atentos a nossa conversa.

— O que foi? — é o que pergunto, com uma expressão séria cruzando os braços. O loiro ri pelo nariz, nega com a cabeça e vira para a frente; o Gavião solta um suspiro de desapontamento, bate as mãos nas coxas e diz:

— Nós queríamos saber disso também, só que ninguém estava com coragem de perguntar. Valeu, Nat.— Não precisa me agradecer.

Alterno meu olhar entre dois com uma careta de indignação.

— Vocês não eram desse jeito, muito menos você, Steve! Quando foi que ficaram tão curiosos assim?

— Eles, o Tony, o Thor e até o Bruce ficaram fofocando sobre vocês quase todos os dias desde que foram pra Washington. — Wilson entrega com visível azedume sem desgrudar os olhos da rodovia. Ele não deve ser alguém muito bem humorado, só pode.

Todos, exceto eu que estava intrigada com a atitude dele, riram brevemente das suas palavras e o assunto morreu ali — graças a todos os Deuses, seria constrangedor falar da minha vida pessoal agora. Passado quase um minuto, Steve articulou alguma palavra para quebrar o silêncio que se instalou entre nós, mas foi impedido de dizê-la devido ao forte solavanco que se deu em cima do carro no mesmo instante.

— O que foi isso? — eu pergunto olhando para cima.

Não foi preciso nem um segundo para que a resposta viesse. Assim que pronunciei as palavras acima, a janela ao meu lado foi quebrada com um só golpe, e tanto eu como os outros reconhecemos de imediato quem estava nos atacando. Senti meu coração gelar e todo meu corpo ficar tenso de novo, a ansiedade estava voltando a me dominar.

— Bucky! — Rogers proferiu ao ver a mão metálica quebrando o vidro. — Sharon estava certa na informação que deu.

Natasha comentou e passou rapidamente para o colo dele no banco do carona — o deixando com uma cara de tacho indescritível — e eu sentei ao lado de Clint, tudo porque o Soldado estava prestes a pegar meu pescoço pelo vidro quebrado e me puxar para fora do veículo.

— Mas que merda, Barnes. Por que você tá fazendo isso? — gritei a plenos pulmões, não que ele fosse responder ou entender. Eu sabia muito bem que não era o meu Bucky e sim a máquina da Hidra ali.

Logo que eu disse isso, ele sacou uma arma e a apontou para mim, fazendo meu corpo todo gelar ainda mais do que já estava. Para minha sorte, antes que ele atirasse, Wilson fez uma manobra com o carro e o jogou vários metros a frente na rodovia. Para o espanto de todos nós, ele deu uma pirueta em pleno ar e deslizou pela pista, arranhando os dedos metálicos no concreto até parar e se colocando em pé no instante seguinte. Assim que o vi de corpo inteiro, abri minha boca em um O perfeito e arregalei os olhos.

— Jesus! Ele tá muito sexy com essa roupa. O uniforme de Vingador não deixa as pernas dele tão atraentes e nem o braço metálico a mostra, tenho que reclamar disso com o Tony. — eu soltei o que era pra ser apenas um pensamento. Todos me fitaram com caretas de espanto, me fazendo ter vontade de atirar na minha própria testa ou me jogar pela janela quebrada, o que fosse mais fácil. Droga, droga, droga!

— Wanessa, isso não é hora pra dizer esse tipo de cois... — Barton me repreendia e se calou quando um solavanco se deu na traseira do carro.

Todos olhamos para trás com caretas de estranhamento por ser um blindado muito parecido com os da SHIELD, que começou empurrar o carro de Sam para a frente como se fosse feito de plástico. Barnes, que ainda estava estacado no mesmo lugar, deu um salto incrivelmente alto antes de ser atingido e voltou a ficar sobre nós.

— Quando foi que você virou ginasta olímpico, infeliz? — perguntei aos berros. Por Deus, preciso pôr na minha cabeça que esse Bucky só fala em russo e que não me vai responder, isso já está ficando ridículo. 

Quase que no mesmo segundo ele voltou a atirar, dessa vez contra o teto do carro, disparos tão certeiros que não nos atingiram por pouco. Wilson só não levou um tiro porque Nat o empurrou com os pés, já eu e Barton tivemos que contar apenas com a sorte já que estávamos no lugar onde ele mais estava atirando.

— Se segurem! — o motorista avisou, e antes que pudéssemos pensar em fazê-lo ele já estava batendo de lado em outro carro que passava.

Olhei para trás a tempo de ver James pulando como um felino e pousando sobre o para-choque do blindado, que acelerou e tornou a nos impulsionar para a frente. Mesmo com a tensão e o medo do que aconteceria eu permaneci com meu olhar fixo ao dele, vendo que não continha a emoção e nem brilho que eu me acostumei a ver em seus olhos. Esse, de fato, não é o meu Bucky, e eu tenho que dar um jeito de trazê-lo de volta.

— Nós temos que sair daqui, esse carro não vai aguentar por muito tempo. — Steve falou aos gritos já com o escudo no braço direito.

— Você, Nat e Sam saem por aí. — Clint orientou, me deixando com receio do que viria a seguir — Wanessa e eu saímos por aqui.

O fitei de olhos arregalados e sem saber o que dizer. Qual é a probabilidade disso dar certo? Ser esmagada por um caminhão no meio de uma rodovia movimentada não é o jeito que eu sonhei pra morrer, meu Deus do céu.

Enquanto eu pensava em todas as coisas boas e ruins que fiz na vida já me preparando para o meu trágico fim, Rogers deu três impulsos contra a porta usando seu escudo, e quando ela se desprendeu ele segurou Natasha pela cintura, tirou Sam do volante e ambos saíram deslizando pela pista sobre a estrutura metálica que há segundos era a porta do carro.

— Wanessa, vamos! — Barton gritou, e só então eu percebi que ele tinha aberto a porta ao seu lado.

— Ok... — respirei fundo, ele me abraçou e uma batida mais forte se deu atrás de nós, dessa vez fazendo o carro seguir em direção a mureta central da rodovia — Eu quero que saiba que você foi um ótimo amigo e que vai ser um prazer morr...

Não concluí minha despedida já que enquanto eu falava o Gavião simplesmente se jogou porta fora comigo nos braços, o carro batendo de frente contra a tal mureta e se estraçalhando ao capotar repetidas vezes. Assim que nossos corpos se colidiram contra o chão, ele não conseguiu mais me segurar e cada um foi para um lado. Eu saí rolando como um cilíndro por vários metros no concreto nada macio, sentindo os meus ossos e minha pele doerem miseravelmente — queimarem, melhor dizendo —, e só quando a sensação de estar dentro de uma betoneira ligada passou eu me dei conta de que ainda estava viva e sem nenhuma parte do meu pobre corpo faltando.

Gemi de dor e me coloquei em pé com um pouco de dificuldade enquanto sussurrava comigo mesma:

— Isso foi ótimo, obrigada Senhor. Eu não podia morrer agora, não antes de salvar o meu Soldado daquele espírito de porco que se apossou do corpo dele.

Tive menos de um segundo para recuperar meu fôlego e me recompor totalmente devido ao que aconteceu quase que no mesmo instante em que levantei. O blindado parou há poucos metros de onde eu estava, Barnes desceu num pulo e pegou um lança-granadas de um dos vários mercenários que saíram do veículo.

— Боже мой! (Meu Deus!)

Minhas pernas travaram e fechei os olhos no momento em que ele apontou a arma na minha direção e disparou sem ao menos pensar duas vezes, e por não estar vendo nada fui pega de surpresa quando alguém praticamente voou para cima de mim e nos jogou para longe antes de eu ser atingida. Abri os olhos quando senti o impacto dos nossos corpos caindo contra o chão duro e encontrei as orbes escuras de Sam, que estava ofegante e com uma expressão reprovadora sobre mim.

— Eu não sei se você se lembra como é estar num fogo cruzado — falou com a voz carregada de ironia, se levantando e me estendendo a mão —, mas você não pode ficar parada esperando o inimigo te atingir. Não é sempre que terá alguém por perto pra te salvar.

Ri sem humor, revirei os olhos e me escondi atrás de um carro ao lado dele, sacando uma das minhas armas enquanto retrucava:

— Obrigada por isso, e ele não é meu inimigo, só está possuído por um espírito ruim que eu pretendo exorcizar na primeira oportunidade.

O moreno bufou, meneiou a cabeça em negação, sacou suas armas e assim como eu disparou algumas vezes contra o grupo que vinha na nossa direção, tudo com uma cara fechada e sem dizer nenhuma palavra sobre o meu comentário. É a segunda vez que ele demonstra insatisfação ao me ouvir falando do Barnes, já estou estranhando isso.

 Sam? Wanessa? — a voz de Steve ecoou pelo meu comunicador — Clint, Nat e eu acabamos de descer do viaduto, alguns dos mercenários estão vindo atrás de nós. Conseguem dar conta de tudo aí sozinhos?

Uma risada em tom de deboche escapou pela garganta do homem ao meu lado, me fazendo encará-lo de cenho franzido.

— Se o seu amigo com o lança-granadas não nos matar daqui a pouco...

— Sim, Steve, nós damos conta. — sibilei convicta lançando um olhar cruzado para Wilson.

— Ok. Se cuidem.

Ao fim dessa breve conversa Sam e eu não tivemos oportunidade de dizer mais nem um A graças a granada que James lançou contra o carro a nossa frente. Antes que a explosão nos pegasse eu corri a todo vapor para o lado esquerdo e pulei a mureta central enquanto o outro Vingador foi para o lado oposto e despistou os mercenários, que assim como o ex-Hidra direcionaram suas atenções — e metralhadoras — somente para a minha pessoa.

Sem outra alternativa, atravessei a pista em poucos segundos e fui obrigada a pular do viaduto quando cheguei a beira, usando meu gancho de escalada para não me esborrachar ao fim dos 10 metros de queda. Tinha até me esquecido como eu gosto de me jogar dos lugares desse jeito, agora sei sobre o que Wilson falava lá na Torre. 

Logo que saí debaixo do viaduto, cessei minha corrida olímpica por um segundo e olhei para cima a tempo de ver Bucky pular atrás de mim como um felino, sem corda nem nada, pousando em pé sobre um carro que estava abandonado exatamente abaixo dele.

— Caramba, como é que ele e o Steve conseguem pular dessas alturas sem acabar com os joelhos? — comentei de olhos arregalados, ele levantou o rosto e se colocou em movimento na minha direção — Oh, oh...

Lhe dei as costas e voltei a correr com a mesma velocidade de antes, só que dessa vez em meio a inúmeras pessoas que também corriam de um lado para o outro totalmente em pânico pelo que estava acontecendo. Coitadas, mais um trauma depois do inferno que Loki causou. — pensei tentando não trombar em ninguém.

Depois de quase um minuto correndo na velocidade máxima que minhas pernas permitiam eu comecei a sentir que meu coração ia sair pela boca, e como Barnes estava a certa distância decidi me esconder atrás de uma SUV abandonada no meio da rua. Eu realmente estou fora de forma, preciso voltar pra academia o quanto antes.

— Вы думали, что это скрыть от меня? (Você achou que ia se esconder de mim?) — o Soldado do mal disse instantes depois de eu me esconder.

Levei um baita susto e ergui imediatamente meu olhar na direção de sua voz — que soou super sensual aos meus ouvidos, confesso. Ele se encontrava em pé sobre o capô do carro — provavelmente usou sua incrível habilidade de surgir como uma sombra, por isso não o percebi —, empunhando uma pistola e a apontando para o meu rosto incrédulo.

Engoli em seco quando ele engatilhou a arma e colocou o dedo no gatilho, entretanto diferentemente da primeira vez eu não fiquei esperando que ele atirasse. Dessa vez, num movimento mais rápido do que ele pode ver, eu tirei uma das bombas de fumaça do meu cinto e joguei em seus pés, aproveitando que ele ficou meio zonzo e desnorteado para me levantar e dar o fora dali — mas não pra muito longe, só tive tempo de me esconder atrás de um arbusto do outro lado da rua.

O efeito do explosivo durou pouco menos de um minuto e antes mesmo de a fumaça se dissipar Barnes já estava recuperado e bem dizer soltando fogo pelas ventas. Ele tomou sua bear commander do suporte das costas e caminhou a passos firmes e largos justo na direção onde eu estava escondida, como se estivesse me farejando ou se guiando pela minha respiração ofegante. Eu não duvido que ele seja capaz de me encontrar dessa maneira, seus sentidos parecem estar muito mais aguçados do que os de um ser humano normal.

Ao se aproximar dos arbustos ele parou de caminhar, olhou todo o perímetro ao meu redor por alguns segundos e empunhou a arma, mirando exatamente no local em que eu estava e disparando uma rajada de tiros em seguida. De novo eu precisei ser tão rápida quanto o flash e correr antes que fosse atingida, mas em vez de fugir e me esconder em outro lugar eu joguei outra bomba de fumaça aos seus pés assim que saí de trás do arbusto e corri até ele, me aproveitando da nuvem que estava impedindo sua visão para atacá-lo furtivamente.

Graças as inumeras e exaustivas aulas que Natasha me deu sobre como escalar rapidamente um brutamontes de quase dois metros que está tentando te matar — aulas essas nas quais Clint foi minha cobaia — eu consegui fazer James se livrar da arma e subi em seus ombros com a maior facilidade, sem que ele percebesse a minha aproximação ou pudesse me impedir antes de eu concluir o golpe.

Prendi minhas pernas com toda força abaixo dos braços dele e usei meu bastão de combate para "enforcá-lo", mas claro que não com força suficiente para lhe matar. A minha intenção era apenas o asfixiar até ele perder a consciência, depois eu ainda lhe aplicaria um sedativo, o levaríamos de volta para a Torre numa boa e estaria tudo resolvido, mas como esse Bucky parece realmente um robô de tão ágil é claro que eu não consegui permanecer no controle da situação por nem dois segundos sequer.

Logo que eu subi em seus ombros e o imobilizei ele começou a andar para trás e se debater como se estivesse com tique nervoso, o que me fez perder o equilíbrio e diminuir o aperto da perna que estava segurando o braço metálico. Com isso, dei a deixa perfeita para ele agarrar meu tornozelo com a mão não humana e se livrar de mim como se eu fosse uma boneca de pano.

— Ai! — gritei quando minhas costas se chocaram contra o meio fio metros a frente.

Nem tive tempo de me acostumar com a dor e muito menos de levantar sozinha, pois o brutamontes Invernal veio até mim como um raio e pegou meu pescoço com a mão metálica, me puxando para cima num movimento. Fui suspendida por ele e comecei a sentir o ar deixando de entrar nos meus pulmões tamanho era a pressão ao redor da minha garganta. Deus, se eu não fizer alguma coisa agora sim eu morro.

Comecei a apertar seu punho metálico com minhas duas mãos ao mesmo tempo em que chutava seu abdômen, porém nada adiantou, ele realmente não sente dor. Sem pensar em mais nada, olhei fixamente em seus olhos frios e sem emoção na esperança de que ele me reconhecesse pela proximidade dos nossos rostos e pela intensidade do meu olhar, entretanto nada de diferente aconteceu.

— Вы не... это не дольше... Солдат шюaeнл (Você... não é mais o... Soldado Invernal) — balbuciei com dificuldade, numa última tentativa de fazê-lo voltar apesar de o meu russo não ser lá grande coisa — Вы не.. Вы можете сделать это... они контролируют, Баки! (Você não... pode fazer isso... estão te controlando, Bucky!) 

Vi o brilho sombrio e assustador de seus olhos se dissipar e o semblante dele se tornar confuso no exato instante em que ouviu o próprio nome, mas apesar de ficar visivelmente desconcertado ele continuou a me segurar pelo pescoço com força, e se continuasse assim eu morreria em poucos segundos.

— Я не знаю, кто этот Баки! (Eu não sei quem é esse Bucky!) — ralhou entredentes depois de um curto instante. 

Mesmo com a firmeza em sua voz e o brilho assassino ainda presente em seus olhos eu sabia que ele estava numa luta interna consigo mesmo, o seu jeito de me olhar e o que fez a seguir comprovaram isso.

O que ele fez, no caso, foi impulsionar o braço para cima e me jogar — de novo como se eu fosse uma boneca, daqui a pouco não terei mais nenhum osso intacto pelo corpo — vários metros a frente, fazendo com que eu me chocasse de costas contra o muro de uma casa.

Tossi escandalosamente ao cair de joelhos no gramado e senti minha garganta e todo o resto do meu corpo doerem miseravelmente ao fazer isso, tanto que precisei me encolher numa tentativa vã de diminuir tal incômodo. Enquanto recuperava o fôlego e comemorava por Barnes não ter me matado ergui meu olhar a tempo de vê-lo retirar a arma do coldre e mirar em mim, o laser marcando bem no meio da minha testa.

Quando eu havia fechado meus olhos e me preparado para o tiro, um grito me assustou e fez com que eu os abrisse novamente.

— Bucky, não! 

Tanto eu quanto ele olhamos para a direita de onde a voz de Steve veio, e no segundo seguinte o Capitão já estava voando para cima do amigo na intenção de impedi-lo de atirar em mim. Minha nossa, hoje é o dia de me salvarem da morte.

Os dois super Soldados iniciaram uma intensa e aparentemente dolorosa luta corpo a corpo, com direito a socos, chutes, cabeçadas e escudadas que derrubariam qualquer homem comum de primeira. 

Droga, Rogers, agora que ele estava voltando você faz isso?  Ele não ia atirar em mim, eu sei que não ia! Ou será que ia?

Pensando pelo lado positivo — que o ex-Hidra não ia atirar em mim — eu bufei, me pus em pé, sentindo algumas costelas reclamando dos movimentos, e voltei a acompanhar a cena, dessa vez mais de perto. Barnes havia sacado uma faca e tentava a todo custo acertar o Capitão, que por estar sem escudo — que estava pregado na lataria de uma van — desviava de seus golpes com maestria e também tentava fazê-lo voltar a si através das palavras, atitudes inúteis considerando que ambos estão quase se matando.

Decidi que não ficaria mais nem um segundo parada esperando que uma tragédia acontecesse diante dos meus olhos. No momento em que o Soldado derrubou Rogers e se preparou para atacá-lo com a faca eu corri em sua direção e o chutei pelas costas, o tirando de cima do Capitão — que só então vi que havia sido esfaqueado no ombro — e fazendo com a arma branca caísse bem longe.

A partir daí fomos nós dois passamos a lutar mano a mano, o que não foi nada bom considerando Steve estava ferido e não pode me ajudar. Eu já tinha lutado sozinha com ele antes, quando o ajudei no treinamento básico dos Vingadores, mas preciso dizer que o método de luta desse Bucky é muito melhor e mais mortal. O outro, o meu, é um pouco mais lento e também cauteloso quanto a sua força — pelo menos quando estava lutando comigo ou com Nat; já esse é mil vezes mais ágil e usa toda a força que tem sem dó, além de parecer não sentir dor.

Pra não dizer que só fiquei apanhando eu tive algumas poucas oportunidades de lhe dar uns socos e chutes bem fortes até, só que como vocês devem imaginar tais golpes não fizeram nem cócegas nele. Quando eu já estava sentindo que ia desmoronar e sem ter mais o que fazer para controlá-lo, voltei a tentar falar com o Bucky de verdade:

— Eu não sei porque é que você tá querendo me matar — desviei de um soco que com certeza esmagaria meu nariz, ele me fitou incrédulo pela minha esquiva inesperada — mas eu não vou ter medo e nem desistir de você! EU VIM ATÉ AQUI POR VOCÊ, BUCKY, ENTÃO VOLTA PRA MIM SEU FILHO DA MÃE!

Gritei as últimas palavras a plenos pulmões e parei de desviar e me defender de seus golpes, eu não aguentava mais lutar; para minha surpresa e tambem esperança James parou também e fitou o chão por alguns segundos, de novo com o olhar raivoso oscilando para um de confusão. Tão rápida foi minha alegria por achar que havia conseguido trazê-lo de volta ele tornou fechar a cara e me surpreendeu ao acertar um tapa com a mão metálica em cheio na minha orelha esquerda.

Perdi o equilíbrio na mesma hora e caí como uma fruta podre no concreto maciço, soltando um ganido de dor e vendo algumas estrelas e passarinhos passeando juntos diante dos meus olhos.

— Wan... Wanessa? — ele pronunciou instantes depois, porém eu não tive forças para levantar e ver se era real ou uma alucinação. — Eu não queria... me perdoa...

O que aconteceu depois disso foi justamente o que eu não queria: eu desmaiei. Minha cabeça estava girando mais do que a roleta do Silvio Santos e o lugar onde recebi o pé-de-ouvido doía como o inferno, por isso no momento em que tentei levantar minha visão escureceu, uma dor muito mais forte surgiu na minha cabeça e eu simplesmente apaguei diante de Barnes, sem nem ao menos ver se ele havia voltado ou não.

****

 A culpa não foi sua, Bucky. A culpa foi minha, eu devia ter desconfiado daquele lugar.

A voz de Steve atinge meus ouvidos e me desperta de imediato, porém antes de eu poder levantar ou apenas mostrar que estou acordada outra voz se faz ouvir:

— Você não tinha como saber, ninguém tinha. Se existe um culpado nisso tudo sou eu. Eu devia ter falado sobre o gatilho que a Hidra colocou em mim.

— Bucky? — eu digo com a voz fraca e ao mesmo tempo animada atraindo a atenção imediata de ambos.

Estou deitada num gramado, percebo isso no momento em que começo a fazer jeito de levantar. Levo alguns segundos para poder fazê-lo, meu corpo todo dói como se um caminhão tivesse passado sobre ele e minha cabeça parece estar perdida em outra dimensão. Ao ficar em pé, caminho a passos de tartaruga na direção dos rapazes — que estão em pé a alguns metros apenas me olhando apreensivos. Paro diante de James e o encaro por vários segundos, constatando que graças a Deus ele não contém mais nenhum traço do outro cara. Bem, em compensação a expressão dele está triste e murcha de um jeito que eu nunca tinha visto, e seu olhar não permanece fixo ao meu por muito tempo. Ótimo, ele vai voltar a se martirizar como fazia quando nos conhecemos! 

— Steve! — Romanoff grita bem quando eu abro a boca para iniciar uma conversa. Ela está em frente a uma loja junto com Sam e Clint, manejando a cabeça de modo a chamar o Capitão. Ele nao demorou nem um segundo para entender o recado, assim como Barnes e eu. 

Preciso agradecer a Nat por isso depois, o Steve nunca nos deixaria sozinhos por conta própria.

— Eu... preciso falar com o Tony e pedir a Quinjet para nos levar de volta. Você está bem, Wanessa?

— Sim. Obrigada, Steve. — respondo, ele assente e se põe em movimento rumo ao local onde os outros três estão.

O acompanhei com os olhos durante o trajeto, e somente quando o loiro chega em frente a loja Bucky vira para mim e se pronuncia, porém não da maneira que eu esperava:

— Eu te machuquei.

Respiro profundamente, e ao fazer isso um gemido escapa pela minha garganta tamanha foi a dor que senti nas costelas. Tal atitude deixa Barnes com uma expressão ainda mais desolada e arrasada, me fazendo ter vontade de abraçá-lo e dizer que tudo ficará bem. Entretanto eu nao faço isso, seria hipocrisia da minha parte, eu sei que as coisas não ficarão bem.

— Eu tô bem, Soldado. — é enfim a minha resposta.

— Não precisa mentir, eu sei que você está sentindo dor, sei de tudo que fiz aqui hoje. — suspira e passoa as mãos pelo rosto — Eu não queria, eles apagaram a minha memória de novo...

— Shhh. — me aproximo e encosto meu dedo indicador sobre seus lábios tensos — Não faz isso com você, por favor. Eu não quero te ver sofrendo por algo que não foi sua culpa, você voltou e é só isso que importa.

Silêncio é sua única resposta, acompanhado de alguns meneios de cabeça em negação e um desviar de olhos. Levanto seu queixo para fazê-lo me olhar nos olhos enquanto digo:

— Bucky, olha pra mim! Nada disso foi culpa sua, não foi culpa de ninguém além dos carrascos que fizeram isso com você! Você não pode e não vai se culpar por nada, eu não admito que faça isso.

— Eu não consigo! — retruca com a voz uma oitava mais alta — Eu não consigo não me culpar vendo essas marcas roxas no seu rosto, vendo você fingir que está bem só pra tirar essa culpa de mim. Eu quase te matei, esfaqueei o Steve e matei várias pessoas inocentes hoje. Eu seria ainda pior se ignorasse tudo isso, não dá, mesmo que todos digam que nada disso foi minha culpa fui eu quem fiz todas essas coisas!

Franzo minhas sobrancelhas e seguro em seus ombros com força, atraindo enfim sua atenção.

— Aquele não era você! — exclamo firmemente — Você de verdade, o cara que eu amo, jamais faria essas atrocidades por vontade própria. Eu iria até o inferno pra trazer esse cara de volta se fosse preciso, e vou continuar insistindo em dizer que nada do que aconteceu foi culpa sua até você se convencer disso! E nem adianta você querer me afastar por medo porque eu n...

Fui impedida de concluir minhas palavras graças ao beijo de tirar o fôlego que ele me deu de repente, beijo esse que, apesar de me pegar totalmente de surpresa, eu retribuí com a mesma vontade sem pensar duas vezes. Logo que nossos lábios se uniram direcionei minhas mãos para sua nuca e o trouxe mais pra perto, enrolando os dedos por seus cabelos já compridos e puxando os fios com certa força.

Senti uma dor aguda nas costas no momento em que ele abraçou minha cintura fortemente e me tirou do chão, mas é lógico que não deixei isso nos atrapalhar em nada — mesmo com seu braço metálico me torturando. Barnes continou a explorar minha boca avidamente por vários minutos, como se necessitasse apenas desse beijo para viver. Não que eu estivesse diferente dele, muito pelo contrário. O que eu mais queria nesse momento era continuar o beijando sem me preocupar com nada além da maravilhosa sensação de estar em seus braços depois das tormentas que enfrentamos, mas infelizmente um ser chamado Clint Barton surgiu de repente e acabou com todo o clima entre nós.

— Eu juro que não queria interromper — ele diz após um pigarro, Bucky e eu desgrudamos nossos lábios e bufamos ao mesmo tempo —, mas o Steve pediu pra chamar vocês. Temos que voltar agora mesmo pra Torre, o secretário Ross acabou de chegar lá e está querendo uma explicação sobre tudo que houve aqui.

Puxa vida, era só o que me faltava. Eu sabia que estava bom demais pra ser verdade, eu sabia que teria que aparecer alguma coisa para acabar com a minha alegria. No caso, essa coisa se chama Everett Ross e é um dos caras que eu mais detesto na face da Terra — depois do demônio do Pierce, é claro. 

— Ok, nós já estamos indo. — James responde num tom sério me colocando no chão, armo uma careta de dor e passo as mãos nas costelas.

Clint maneja a cabeça positivamente e gira nos calcanhares, se dirigindo até a quinjet que se encontra pousada em meio a praça a nossa frente. Quando ela pousou ali? Não faço ideia, me desliguei totalmente do resto do mundo enquanto estava tendo minha boca sugada pelo ex-Hidra, e olha que o barulho dessa coisa pousando é algo ensurdecedor.

Ah, ok, agora a pergunta que não quer calar:

— Bom, então... tá tudo bem entre nós?

Barnes me olha com a testa levemente enrugada, solta o ar pelo nariz e assente.

— Depois de tudo que houve a última coisa que eu esperava era ser você a fazer essa pergunta.

Sorrio de um jeito meigo e não resisto as suas palavras, ele fica ainda mais lindo quando fala desse jeito. Lhe dou um longo selinho, com direito a uma mordida no lábio inferior, antes de proferir:

— Depois de tudo que houve a última coisa que eu esperava era que você fosse me dar um beijo desses na frente de todo mundo.

— Foi mais forte do que eu. — retrucou dando de ombros.

Arqueei uma sobrancelha e então começamos a caminhar lado a lado em direção a nave, ele colocando o braço normal sobre meus ombros e entrelaçando nossos dedos. Ergui o rosto e não pude evitar de fitá-lo com uma careta, estranhando e muito sua atitude inusitada. Vendo minha reação, Bucky franziu as sobrancelhas e indagou:

— O que foi?

— Você nunca fez isso antes. — respondi sem rodeios, porém ele continuou sem entender — Me abraçar desse jeito enquanto nós andamos.

— Por quê? Isso é errado?

Neguei com a cabeça e passei meu braço esquerdo ao redor de sua cintura, curvando meus lábios num sorriso sapeca.

— Confesso que acho isso coisa de adolescente, mas até que é legal.

— Então nós podemos andar assim mais vezes? — perguntou de uma maneira fofa.

— Sim, e de preferência nos lugares onde as mulheres ficam te comendo com os olhos e te abordando pra perguntarem sobre o seu braço metálico. — falei demonstrando meu ciúme. 

Barnes riu brevemente e bagunçou meu cabelo com os dedos metálicos, em seguida soltou um suspiro exaurido e questionou:

— Você acha que alguém vai votar a meu favor no julgamento depois do que aconteceu aqui?

Minha santa Scarlett Johansson! O julgamento, eu tinha me esquecido completamente desse julgamento! Como é que eu pude esquecer disso, caramba? E nem foi por causa da amnésia, foi por pura distração mesmo.

— Eu não quero que você pense nisso, Soldado... — foi o que consegui responder, atraindo um olhar melancólico dele.

— Não tem como não pensar nisso, Wanessa.

É, por mais que eu não queira admitir é impossível não pensar nisso, ainda mais agora que estou sabendo quem nos aguarda na Torre. Se eu pudesse juro que o puxaria pela mão e fugiria pra qualquer lugar bem longe daqui, longe da nuvem negra que está pairando sobre as nossas vidas, mas infelizmente eu não posso fazer isso.

— Bom — pronunciei seguido de um suspiro pesado. A essa altura estávamos a poucos metros da nave, porém não havia nem sinal dos outros por perto —, eu tenho muita coisa pra te contar e também pra perguntar, então que tal a gente usar esse tempo que teremos até chegar a Torre pra botar o papo em dia? Assim não vai sobrar tempo pra você pensar em mais nada, pelo menos por enquanto.

Outra risada fraca e sem muito humor escapou de sua garganta, o que bastou para me fazer sentir um grande alívio por dentro. Vê-lo rir nem que seja por um segundo depois desse dia não tem preço.

— Eu não acho uma má ideia. — respondeu parando de caminhar e me abraçando pela cintura.

Sorri animadamente em resposta e direcionei minhas mãos até a parte de trás do pescoço dele, e como consequência nossos lábios se uniram outra vez. Tudo voltou ao normal, na medida do possível, agora só nos resta permanecer unidos para enfrentar o furacão que nos atingirá logo que chegarmos a Torre.


Notas Finais


E então?
Alguém suspirando de alívio e de amores com esse final? Compensou pelos três capítulos sem o nosso Soldado?
Será que Steve e Sharon terminaram mesmo? Façam suas apostas!
MINHA GENTE, O NEGÓCIO É O SEGUINTE: como eu disse, escrevi o capítulo todinho inspirado nessa música → https://youtu.be/5RtTFP2TNcM ← que uma amiga minha disse ter tudo a ver com Buckynessa. Eu achei ela perfeita pra ESSE CAPÍTULO, por isso coloquei algumas frases referentes a letra e etc, mas ainda não acho que ela seja perfeita pra eles. Então, como eu descobri que sou péssima em escolher músicas tema e acho que o casal merece uma... quero que vocês mandem sugestões de trilha sonora, tanto pros dois quanto pra fic em geral. Pretendo montar uma playlist e colocar trechos no início dos próximos capítulos, então por favor me dêem sugestões!
Bom, por hoje é só. Espero de coração que tenham curtido, escrevi cada palavra com muito carinho como sempre ♥
Deixem suas opiniões, sou legal e não mordo :3
Beijos e até o próximo! 


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