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História Secrets - Almoço em "família"


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Oiii amados!
Estou muito feliz com vocês, mais de 3.000 exibições! É pra agradecer de joelhos, nunca esperava que tantas pessoas leriam minha primeira história! MUITO OBRIGADA 😍😍💕
Bom, era isso que eu precisava dizer por aqui. Boa leitura e espero que gostem ❤
Ps: fantasminhas, dêem suas opiniões. Quero muito saber o que estão achando da história e também interagir com vocês 😉
Vamos lá?

Capítulo 18 - Almoço em "família"


Fanfic / Fanfiction Secrets - Almoço em "família"

Acordei num lugar escuro, e ao olhar em volta vi apenas uma luz vinda através de uma porta a vários metros de distância de onde eu estava. Pisquei repetidas vezes afim de afastar a tontura que estava sentindo e fiz jeito de levantar da cadeira de ferro onde me colocaram, mas foi inútil visto que haviam amarras prendendo meus punhos e tornozelos.

— Merda! Que diabo de lugar é esse? — gritei, porém minha voz saiu fraca e rouca — Eu sei que você está aí, Kraus! O que você vai fazer comigo? Por que não me mata logo e acaba com essa palhaçada?

Não obtive resposta imediata, e enquanto esperava alguma alma viva aparecer ali e acabar logo com meu martírio tentava a todo custo me livrar da prisão da cadeira. Foi inútil, eu estava fraca demais, meu corpo doía devido aos vários machucados presentes nele e as amarras estavam muito bem apertadas, se tem uma coisa que os capangas do meu mentor fazem como ninguém é amarrar muito bem as vítimas.

— Ora, ora, você ainda está viva. — a voz carregada de sotaque do alemão se fez ouvir no momento em que ele apareceu na porta — Depois do que passou ontem imaginei que você não tinha resistido.

Logo que ele terminou de dizer isso as luzes do lugar onde eu estava se acenderam, me obrigando a fechar meus olhos pela forte claridade. 

— Você me subestimando? — perguntei ainda de olhos fechados, ouvindo suas passadas firmes no chão de concreto cru — Essa é nova pra mim. Achei que já tinha percebido que eu sou mais forte do que muitos de seus Soldados.

Fui surpreendida quando senti meu cabelo sendo puxado para cima sem nenhuma delicadeza e automaticamente abri os olhos, a claridade não me incomodava mais. De fato, esse era um lugar diferente do que eu estava ontem, mas não que isso importasse. 

— É disso que eu mais gosto em você — falou num sussurro com o rosto bem próximo ao meu —, desses seus olhos azuis de lince. Foram esses olhos que me cativaram desde o dia em que te conheci.

Ignorei o fato de ele estar segurando meu cabelo e forcei para virar a cabeça pro lado, porém o infeliz puxou meu rosto novamente de modo a ficar de frente ao seu.

— O que você quer de mim? — perguntei entredentes.

Suas orbes verdes e frias percorreram todo o meu rosto até pararem na minha boca, onde ele depositou um selinho longo que me fez ter vontade de vomitar. Assim que o fez ele empurrou minha cabeça com força e se afastou, e eu comecei a cuspir freneticamente tamanho era o nojo que estava sentindo.

— SEU MALDITO! EU VOU SAIR DAQUI E JURO QUE VOU TE MATAR!

— E como é que você vai sair daí? — perguntou com sarcasmo. — Você voltou a ser minha, agora não há nada que você possa fazer pra escapar. 

Dito isso, ele se pôs a caminhar lentamente para a porta e saiu. Bufei repetidas vezes e comecei a me debater na cadeira, eu tinha que dar um jeito de sair dali o quanto antes ou algo pior do que aquele beijo nojento ia acontecer.

— Wanessa?!

Parei de me mover no exato instante em que ouvi a voz familiar me chamando, mas por alguma razão não consegui responder por mais que quisesse. Minha voz havia sumido totalmente, de uma hora para outra.

Wanessa?! Acorda! — repetiu de novo, dessa vez com mais vigor, então tudo a minha volta ficou escuro e eu finalmente me livrei das amarras.

— Wanessa!

Despertei num sobressalto ao sentir Barnes me chacoalhando na cama e o encontrei sentado ao meu lado com os olhos fixos em mim, contendo uma centelha de preocupação e medo ao mesmo tempo.

Puxei o ar com força, meu peito subia e descia de forma ligeira de tão ofegante e assustada que eu estava. Levei vários segundos para conseguir normalizar minha respiração, o pesadelo pareceu tão real que eu até estava sentindo o mesmo que senti na época.

— Obrigada por me acordar. — balbucei com a voz um pouco aflita.

Um curto silêncio se instalou entre nós antes de ele questionar mansamente:

— Quer falar sobre o que você sonhou?

Respirei fundo uma ultima vez, sentei no colchão e passei as mãos na testa afim de tirar o suor que escorria por ela. Eu não vou me sentir pior se falar sobre isso agora, o pior foi reviver aquele momento, e além do mais já está na hora de ele saber um pouco mais sobre o meu passado.

— Não era um simples sonho, é um dos fantasmas da minha antiga vida que veio me atormentar. Eu estava lembrando de um momento que havia esquecido por conta da amnésia, do dia em que matei o meu mentor. — esclareci, sua expressão era de surpresa. Ok, agora tenho que prosseguir... — O nome dele era Manuel Kraus, ele foi o homem que fez de mim uma assassina e por isso achava que eu era propriedade dele. Quando completei dois anos no QG eu já tinha sete assassinatos e era a única garota do lugar, então decidi fugir com o dinheiro que tinha ganho. — parei por um segundo e suspirei, Bucky estava super atento as minhas palavras — O Kraus me assediava todos os dias, e ainda pegava mais da metade do pagamento que eu e os outros mercenários ganhávamos pelos nossos serviços, com a desculpa de que era mais do que justo ficar com a maior parte já que foi graças a ele que nós chegamos onde chegamos. Eu não queria mais ser assediada e nem roubada por ele, não achava justo eu sujar minhas mãos pra no fim só ele sair no lucro, por isso consegui convencer um dos mercenários, o único que eu achava ser meu "amigo" naquele lugar, a fugir comigo depois de uma missão onde fomos juntos. Eu achei que estava fugindo, mas o desgraçado me traiu e me entregou de bandeja pro Kraus, aí você já deve imaginar o que aconteceu depois...

Ri sem humor e senti minha voz falhar, um nó ácido surgiu na minha garganta e me impediu de proseguir. O ex-Hidra colocou o braço metálico ao redor dos meus ombros e me puxou contra si, acariciando minha cabeça com a mão humana enquanto dizia:

— Não precisa falar mais. Tá tudo bem agora, não pensa mais nisso.

Fechei os olhos e não respondi de imediato, apenas aproveitando a imensa sensação de paz que seu toque me transmitia. Passados alguns instantes, saí de seus braços e o fitei nos olhos, vendo o quão terno era seu olhar sobre mim.

— Eu detesto quando você me trata assim, isso é muito melancólico. — comentei em tom de brincadeira, ele franziu levemente as sobrancelhas.

— Quando eu tinha pesadelos com as coisas que passei na Hidra era exatamente assim que você me tratava, e eu nunca reclamei. — retrucou — Só estou tentando retribuir da mesma forma, não posso?

Revirei os olhos e bati com a mão na testa.

— Caramba, Soldado, você consegue ser pior do que eu quando resolve ser carinhoso.

Não que eu não goste de ser acarinhada por ele, muito pelo contrário, eu só gosto de me divertir com a cara de bobo que ele faz quando dou uma de ranzinza.

— Tudo bem — falou meio murcho e ergueu as mãos —, se você não gosta que eu faça isso então não vou mais fazer.

Exatamente como eu previa!

— Eu não quero que você pare com nada, seu bobo. — pronunciei inclinando meu corpo sobre o dele — Foi só um comentário, não fica com essa cara fechada. Sabe que eu gosto de tudo que você faz comigo...

Ele continuou sério, mas eu sabia que não era pra valer, então o que me fez revirar os olhos e apelar para o meu último recurso. Segurei seu rosto com as duas mãos, o obrigando a olhar nos meus olhos, e depositei cinco selinhos seguidos em seus lábios, tanto para me retratar pelo que falei quanto para agradecer por ele ter me feito esquecer do pesadelo. Confesso que não foi tão ruim quanto eu imaginava, na verdade não foi nada ruim, e como eu esperava deu super certo, tão certo que ele até estava se animando no último beijo.

— Muito bem, agora vamos voltar a dormir — voltei para o meu lado da cama assim que finalizamos o enlace das nossas línguas. 4:30 da manhã não é hora para outro round de sexo, não depois de ontem —, obrigada por ter me ajudado a esquecer do pesadelo.

Sem mais delongas, deitei de lado e ajeitei meu travesseiro, sentindo o olhar de Bucky pesando sobre mim.

— Tudo bem. — acatou meio a contragosto e desligou seu abajur, deitando e se aconchegando nas minhas costas. Sorri vitoriosa e coloquei meu braço sobre o dele que estava abraçando minha cintura, e graças a proteção que ele me transmitia caí no sono instantes depois de ter fechado os olhos.

****

11:40 era a hora que eu despertei novamente, sei disso pois a primeira coisa que vi foi o relógio digital no criado mudo marcando essa hora.

Me espreguicei, cocei meus olhos e soltei um bocejo longo, jogando meu braço do outro lado da cama afim de abraçar quem devia estar deitado ali. Devia, mas não estava.

— Seria estranho se ele ficasse na cama até essa hora. — comentei soltando uma curta risada e afastei o edredon azul-escuro para levantar. 

Antes que vocês pensem que eu sou preguiçosa vou esclarecer: eu não sou. Só me dei ao luxo de dormir tudo isso por conta daquele pesadelo e do imenso cansaço com qual eu estava, e inclusive foi graças a esse cansaço que consegui dormir novamente depois do pesadelo.

Depois de levantar e fazer um rapido alongamento — numa tentativa falha de diminuir as dores do meu corpo e não precisar ir até o consultório de Cho —, tomei um excelente banho de 20 minutos, me vesti com a primeira roupa que catei da mala que trouxe de Washington e que "milagrosamente" se teletransportou do meu quarto até o de Bucky, arrumei a cama dele e só então deixei o cômodo em direção a cozinha, meu estômago estava dançando frevo dentro de mim e eu precisava urgentemente comer alguma coisa.

Quando saí do elevador e coloquei o pé para dentro do paraíso — todo lugar que tem comida para mim é o paraíso, só pra esclarecer — vi uma cena que jamais, nem nos meus sonhos mais malucos, imaginei que veria na vida: Steve, o sentinela da liberdade, o herói da nação e queridinho da América, estava fazendo adivinhem o quê? Pilotando o fogão, mas ele não se encontrava sozinho. Natasha, a Viúva Negra, o perigo em forma de mulher, a espiã mais impetuosa do mundo, estava parada ao lado dele, a mão direita sobre seu ombro e o queixo apoiado no mesmo. 

Fiz uma careta maliciosa e pigarreei para chamar suas atenções, eles não haviam percebido a minha chegada tanto por eu ter sido sorrateira quanto por estarem distraídos conversando ao pé do ouvido um do outro.

— Wanessa. — o loiro falou logo que eles viraram na minha direção, suas bochechas estavam começando a ficar coradas.

Segurei firmemente a vontade de rir da cara de tacho dos dois e caminhei até a geladeira fingindo não saber o que estava acontecendo ali, mas por dentro eu estava comemorando por ver que eles finalmente saíram da moita. Eu espero que tenham saído, se não eu chuto o traseiro dos dois.

— Me desculpem, eu não queria interromper — falei —, só vou pegar alguma coisa pra comer e já tô saindo, portanto finjam que eu sou um mosquito.

— Você não interrompeu nada — a ruiva retorquiu com sua típica indiferença —, nós só estávamos conversando.

Parei de fuçar a geladeira e estreitei meu olhar na direção deles. Eu disse que se viessem com desculpa iria chutar o traseiro dos dois, mas por enquanto só um puxão de orelha basta.

— Ah, gente, parem com isso. Não precisam negar nem esconder nada de mim, eu não sou o Tony que zomba de todo mundo nessa Torre. — tudo bem, talvez eu seja um pouquinho igual a ele e zombe uma vez ou outra de alguém, mas são casos diferentes. — E então, posso dizer o "eu avisei que vocês iam sair da friendzone"?

Fiz essa pergunta com uma sobrancelha arqueada e um olhar curioso sobre ambos, Steve sorriu minimamente e Romanoff revirou os olhos.

— Eu te jogo um ferrão se você disser isso. — ela ralhou confirmando minha expectativa. 

Bati uma mão na outra e sorri animadamente, eu sabia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde — bem tarde, no caso —, e sabia que seria exatamente desse jeito. Os dois na maciota, sem demonstrar nada, sem assumir nada, mas com os olhinhos brilhando e demonstrando tudo tudo.

Bem, como eu não gosto de ser invasiva e muito menos sem-noção, voltei a fazer cara de indiferença e me dignei ao simples comentário:

— Estou feliz por vocês.

O novo casal respondeu um "obrigado" em uníssono, meio sem jeito, e eu voltei a direcionar minha atenção a geladeira a minha frente, de onde tirei uma caixa de achocolatado antes de fechar a porta. Estava me preparando para me deliciar com a bebida, até senti o gosto doce antes mesmo de tomá-la, porém fui impedida de saciar minha vontade graças a chegada repentina de Bruce, que adentrou a cozinha já se dirigindo a mim:

— Ah, Wanessa, que bom vê-la de volta. — baixei a caixa e forcei um sorriso, feliz por vê-lo mas frustrada com a interrupção. — Hill está aqui, quer falar com você.

Ergui uma sobrancelha e olhei para Nat, esperando que ela soubesse o motivo da visita visto que está mais próxima de Maria do que eu ultimamente.

— Eu não sei o que ela quer. 

— Ok... — suspirei e me voltei ao verdão — E onde ela está? 

— Na sala de visitas, conversando com o Sam.

Suspirei outra vez e enfim tomei um gole do achocolatado enquanto me dirigia até a saída. Estava ótimo, mas não bastaria para saciar nem 1% da minha fome.

— Obrigada, Bruce. Ah, Steve — girei nos calcanhares e me voltei a eles —, guarda um pouco disso que você está fazendo pra mim? O cheiro tá ótimo, seja lá o que for.

O loiro esboçou um sorriso de canto e assentiu.

— É frango à paprikash, e eu guardo sim, não se preocupe.

Ai, meu Deus, eu amo isso. Juro que se comerem e não deixarem nada para mim mato um por um. — pensei, porém obviamente não disse. Apenas sorri de volta em resposta e deixei o local, chegando a sala de visitas em questão de minutos.

Como Banner — que deve estar fazendo papel de vela nesse momento — informou Maria estava acompanhada de Wilson, ambos sentados no sofá de costas para a entrada e super entretidos em uma conversa que parecia boa. Franzi o cenho e desacelerei o passo, minha mente maliciosa já estava imaginando os dois como um casal, acreditam? Se bem que não seria nada mal, a Hill sempre reclama que nenhum homem presta e o Sam é um cara legal... 

— Wanessa. — o moreno pronunciou ao perceber minha presença, sorri amarelo e me aproximei deles.

— Oi, eu não queria interromper. — essa, pelo jeito, será a frase da minha vida hoje — O Bruce disse que você veio falar comigo, algum problema?

Hill levantou no mesmo instante que terminei de falar, pegou uma pasta que estava sobre a mesinha de centro e informou sem rodeios:

— Vim trazer esses documentos pra você assinar, oficialização do seu afastamento. 3 anos.

Abri minha boca até o limite e esbugalhei os olhos. Maldito seja Alexander Pierce, que ele bata os dedinhos na quina de algum móvel todo o santo dia.

— 3 anos? Mas que porra, isso é bem dizer uma demissão. Eu não vou assinar nada!

— Bom, eu... — Sam disse seguido de um pigarro — vou deixá-las a sós. Até mais, Hill. Te vejo depois, Wanessa.

Sorri minimamente e proferi um "ok" ao mesmo tempo que Hill, inexpressiva como sempre, respondeu um simples "até" e contraditoriamente acompanhou o moreno com os olhos até ele sair do alcance de sua visão. Fiquei a encarando com uma sobrancelha erguida até ela voltar a atenção para mim novamente, o que aconteceu segundos depois. 

— O que foi?

— Se secasse mais um pouco ele tropeçava. — retorqui indo até o sofá.

Sentei, cruzei as pernas e tomei a pasta de documentos de cima da mesinha, folheando algumas páginas enquanto ela se explicava com a voz escarnecida:

— Eu secando o Wilson? Não seja ridícula, eu não sou tonta como você que faz essas besteiras.

Como eu gosto de conversar com Hill. Tinha até me esquecido de como ela é esse amor de pessoa.

— Nossa, fico muito feliz pela parte que me toca.

Falei revirando os olhos e comecei a ler de verdade a primeira página dos documentos.

— Me diz uma coisa — articulou segundos depois num tom mais baixo, só pode ser pergunta indecente —, o Barnes é melhor do que o Mitchel na cama?

Não falei? Conheço essa criatura como a palma da minha mão, por baixo dessa pose de fria e intransigente têm uma mulher tão fogosa quanto eu.

— Eu não vou dizer isso.

Tradução: sim, ele é, mas não que meu ex seja ruim, que fique bem claro. 

— Nem precisa, a sua cara de apaixonada e essa pele boa já deixam isso claro. — senti minhas bochechas esquentando e desviei o olhar, se tem uma pessoa que consegue me deixar envergonhada por ser tão direta é Maria Hill — Sabe, agora que estamos só nós duas aqui... — Ai, minha nossa, lá vem outra bomba. —, se você não tivesse dado pra ele na noite de Natal eu juro que teria feito isso no seu lugar. Você enrolou demais, se fosse eu teria atacado ele no dia em que ficaram presos no elevador.

Me engasguei com a minha própria saliva e olhei com total perplexidade para ela. Viram do que eu estava falando? 

— Hill! — gritei em meio a tosse — Isso é coisa que se diga?

— Ué, qual a surpresa? Eu odeio enrolações e sempre deixo clara minha opinião, você sabe disso.

Engoli a tosse em seco e bebi o último gole de achocolatado para ajudar, com essa distração toda até esqueci que ainda estava com a caixa.

— Se você não fosse minha amiga eu te dava um tiro. — praguejei, só que na brincadeira — Tinha me esquecido de como você é vadia e costuma ficar de olho nos caras que eu pego.

Ela franziu o cenho e me lançou um olhar cruzado, que eu fiz questão de sustentar de maneira provocativa. 

— Eu sou a vadia? Você é quem seduz todos os caras gostosos antes de mim com essa carinha de boa moça. Não sei como não fez isso com o Steve e o Thor ainda.

— Af, chega disso. — revirei os olhos, se não pararmos por aqui a baixaria só vai aumentar, acreditem — Vamos voltar ao que te trouxe aqui?

Dizendo isso, catei a pasta que estava sobre minhas pernas e ergui no ar. Maria soltou um suspiro em rendição e sentou ao meu lado.  

— Você precisa assinar, o diretor Pierce não vai te deixar em paz se não fizer isso.

E quando eu acho que me livrei desse infeliz eis que, indiretamente, ele surge para me importunar novamente. 

— Tudo bem — bufei em sinal de frustração. Eu não queria assinar droga nenhuma, mas era melhor do que aguentar aquela mala-sem-alça — Tem uma caneta?

Estendi a mão direita e esperei enquanto Hill procurava o que pedi dentro de sua bolsa, me entregando uma caneta preta de ferro mais pesada do que o normal segundos depois. Ergui as sobrancelhas estranhando o peso do objeto porém não disse nada, apenas coloquei os documentos na mesinha a frente do sofá e me inclinei sobre a mesma, encostando a ponta da caneta na linha onde eu deveria deixar meu autógrafo.

Como todos sabem a minha amnésia ainda está se manifestando aos poucos, e a cada dia descubro alguma coisa que não lembro mais como se faz. Pois bem, agora foi a vez de eu me dar conta de que não sei como fazer minha assinatura, e eu precisei ficar quase um minuto com a caneta encostada no papel para perceber isso.

— Assina logo essa porcaria, Wanessa, eu tenho muitas outras coisas pra fazer hoje e já enrolei bastante com você. — ela ralhou impacientemente, a encarei com um sorriso amarelo.

— Eu... não... lembro como é a minha assinatura.

Pela cara que fez eu tenho certeza que ela deve ter me xingado mentalmente de todos os palavrões em todos os idiomas que sabe, ou então estava pensando em algum jeito de me matar.

— Eu não acredito nisso. — pronunciou após respirar fundo — Eu não vim até aqui pra voltar sem esses documentos assinados, então é bom que você se lembre disso agora ou eu vou bater sua cabeça na parede até a sua memória voltar!

— Se isso fosse adiantar eu mesma já teria batido. — retruquei seriamente, mesmo com medo de ela cumprir o que disse — Sinto muito, mas não vai rolar. Não agora, eu preciso de tempo, ou minha cabeça vai ficar ainda mais confusa.

Com o tanto de coisas — problemas que ainda tenho para resolver, na suma maiorira — que tenho para pensar é capaz de eu acabar ficando louca e indo parar num hospício se me pressionarem para lembrar de algo. 

— Eu odeio você — ela proferiu acidamente segundos depois, tomando a pasta e me fitando com uma carranca raivosa —, não acredito que perdi tanto tempo pra nada. Quero os 50 dólares que gastei em combustível pra vir até aqui.

— Para de ser dramática — revirei os olhos e ri de forma debochada. —, sua vinda até aqui não foi perdida, você matou a saudade que estava de mim...

— Eu não estava com saudade de você! — me interrompeu rispidamente.

— Que seja — ergui os ombros —, pelo menos você conseguiu colocar o papo em dia com o Sam, então.

Um riso nervoso e incrédulo escapou de sua garganta, me fazendo ter certeza de que ela ficou mexida com meu comentário.

— Vou embora antes que eu dê um tiro no meio da sua testa, mas não esqueci do meu dinheiro. — enfiou a bolsa na bolsa e levantou do sofá, não falei que ela ficou mexida? 

— Te pago da próxima vez que você vier nos visitar. 

Pisquei um olho e sorri maliciosamente frisando a palavra "nos", que Maria não precisou ser nenhuma para entender o que significou. Com apenas um revirar de olhos como resposta, ela tomou o rumo da porta e saiu da sala como um furacão, sem ao menos se dar ao trabalho de ser um pouquinho educada e responder o "tchau, foi bom ver você" que eu falei tão carinhosamente.

— Bom, pelo menos não precisei assinar aqueles documentos. — comentei vitoriosa e rumei para a saída — Agora finalmente vou poder comer. Espero que os outros não estejam devorando todo o frango.

E fiz todo o trajeto sala-cozinha novamente, dessa vez em menos tempo visto que eu praticamente corri pelo imenso corredor. Cheguei a entrada da copa e estaquei antes mesmo de passar porta adentro. Os demais Vingadores — Clint, Sam, Bucky, Natasha, Steve, Bruce, Tony e até Thor — estavam sentados ao redor da mesa, todos já servidos e se empanturrando de comida em meio a muita conversa e gargalhadas. 

Crispei os lábios e cruzei os braços pronta para despejar toda minha indignação por não terem me esperado — e por, provavelmente, terem acabado com toda a comida — , mas antes que eu o fizesse um certo deus louro e infernalmente bonito percebeu minha chegada e exclamou com sua típica animação:

— Ah, vejam só quem chegou! — levantou de seu lugar e veio na minha direção, me fazendo arregalar os olhos ao imaginar o que faria a seguir  — Como é bom vê-la depois de tanto tempo, minha bela amiga Wanessa! Deixe-me lhe dar um abraço para felicitar-te por tua recuperação e pelo namoro com o nosso amigo Bucky!

E no segundo seguinte, mesmo que eu tenha balançado as mãos e dito as palavras "Não precisa, tá tudo bem!", o dono do Mjolnir já estava me esmagando com seus braços enormes e me tirando do chão.

Minhas pobres costelas? Estalaram como se estivessem sendo quebradas em mil pedaços, e a dor que senti foi tão insuportável que fez com que eu soltasse um grito fino e esganiçado, que assustou não só o deus que me segurava mas também todos que estavam no recinto.

— Thor, eu estou com as costelas fraturadas! — informei num murmúrio sôfrego, depois dessa eu devia estar mesmo com várias fraturas.

— Oh, eu peço desculpas! — me colocou no chão imediatamente, levei as mãos as costas e grunhi de dor — Em Asgard nós costumamos fazer isso para comemorar as coisas boas que acontecem. Vocês, midgardianos, não têm o costume de abraçar uns aos outros quando estão felizes?

Olhei para a mesa e não pude evitar de rir das caras embasbacadas com as quais meus amigos olhavam para o deus do Trovão. O único que parecia meio descontente com a cena era Barnes, como era de se esperar. Duvido muito que ele se acostume com o jeito do Thor.

— Nós não somos tão ogros quanto vocês. — Tony retrucou com sarcasmo, atraindo um olhar confuso do deus louro — Coitadinha da cientista na hora do pega-pra-capar...

Barton e Wilson, como o previsto, gargalharam escandalosamente da "piada" do Lata Velha, Steve e James riram contidamente e Thor continuou boiando, para a sorte de Stark. Ele não manja dos ditados desse reino, ainda bem.

— Olha, eu acho que você deveria ficar quieto. — Sam falou entre risos.

Caminhei, mais torta do que uma velhinha com reumatismo, até um armário e peguei um prato, ouvindo Thor questionar inocentemente:

— O que é pega-pra-capar? 

Dessa vez eu não me segurei e caí na gargalhada junto com os rapazes, o que foi péssimo considerando que a dor nas minhas costas gritou miseravelmente. Sem conseguir conter o maldito riso, larguei o prato na bancada do armário e me apoiei na mesa, atraindo a atenção de ambos com o meu jeito estranho de rir.

— Você devia ir até a Helen, pode estar com alguma lesão grave. — Bruce disse cautelosamente.

Neguei com a cabeça e me recompus, catando meu prato e também os talheres na gaveta antes de me dirigir até a mesa.

— O que é realmente grave é a minha fome, faz uma semana que eu não como alguma coisa decente e não vou a lugar nenhum antes de comer.

Com decente quero dizer comida de verdade, sem ser a gororoba que me serviam quando eu estava enjaulada no Triskelion. 

— O que davam pra você comer na SHIELD? — Romanoff indagou curiosa, abri as panelas que estavam sobre a mesa antes de respondê-la:

— Sopa, quase todos os dias. — arroz com bacon, purê de batata e salada de alface era tudo o que tinha ali, e nada do frango que eu tanto queria — Poxa, Cap, você disse que ia guardar um pouco de frango pra mim.

— Eu guardei, mas... 

O fitei de cenho franzido esperando que ele concluísse a informação, mas quem o fez foi Clint. 

— Eu vi o Thor comendo um pedaço que estava num prato dentro do microondas.

Terminei de me servir com o que havia sobrado e encarei o deus guloso como quem diz: esmaga meus ossos e ainda rouba minha comida? Você não é digno coisa nenhuma! 

— Tudo bem. — foi o que eu disse, não quero dar uma de pirada por besteira — Eu não queria mesmo.

Sentei na única cadeira disponível — entre Bucky e Sam, coincidentemente —, e comecei a devorar minha comida sem muito ânimo apesar da fome, vendo os demais ao meu redor fazerem o mesmo com seus pedaços de carne lambuzados de molho picante.

Estava prestes a levar a terceira garfada de arroz até minha boca quando percebi que Barnes estava com o olhar fixo em mim.

— O que? 

— Quer? — apontou para o pedaço de frango em seu prato, estava intacto e separado do resto da comida — Eu não gosto muito de frango, sem ofensas Steve.

— Sem problemas. — o Capitão respondeu dando de ombros.

Sorri abertamente e acenei diversas vezes com a cabeça ao pegar a carne de seu prato, se estivéssemos a sós eu teria lhe dado um beijo em agradecimento.

— Obrigada! 

— De nada. — respondeu sorrindo de lado.

Nem preciso dizer que os outros ficaram nos olhando com aqueles olhares maliciosos e sugestivos, preciso? E como se fosse automático, Stark fez um de seus comentários inúteis:

— Ok, agora sim eu sei que ele te ama. Ninguém divide comida se não for por amor.

O olhei com uma sobrancelha arqueada e dei uma mordida na coxa de frango, sentindo minha língua arder com o molho apimentado.

— Você já dividiu comida com a sua noiva? — Bucky indagou antes de mim, será que ele está lendo pensamentos agora?

Stark pareceu se surpreender com a pergunta, até se engasgou com a comida, mas se recompôs rapidamente e respondeu evasivo:

— Nos restaurantes que nós frequentamos não precisamos dividir.

— Sinto muito por ela. — o ex-Hidra deu de ombros, arrancando risadas de todos com excessão do Homem-Lata.

— Tá querendo insinuar alguma coisa, Soldado? 

Ok, agora a coisa está começando a sair dos eixos.

— Gente, eu estava quase me esquecendo — Clint disse ao perceber o clima entre os dois, ótimo timing dele —, vamos fazer uma festinha de aniversário pra Lila na fazenda e o que ela pediu de presente foi pra eu levar os meus "amigos fantasiados" pra festa.

Ai, meu Deus, eu não me lembro dos filhos e nem da esposa dele! Será que fica deselegante se eu perguntar os nomes?

— Pode marcar a presença do Homem de Ferro na lista vip. — Tony falou cheio de si enquanto eu me desesperava em pensamento — Eu sei que deve ser duro pra você saber que a sua filha é mais uma fã minha.

O Gavião deu de ombros e comprimiu os lábios, olhando de Stark para mim.

— Na verdade ela é fã mesmo da Wanessa. — arregalei ainda mais meus olhos e por pouco não engasguei, eu nem me lembro dessa criaturinha, meu pai. — E ela quer porque quer te conhecer pessoalmente.

Ufa, menos mal, eu não a conheci.

— Diga a ela que estarei lá. — informei sem pestanejar — E que vou levar um belo presente também. 

Tudo bem, agora só preciso descobrir o que comprar pra agradar uma criança. Do que é que essas pestinhas gostam, afinal? 

Vi um sorriso animador surgir nos lábios do cosplay de Arrow juntamente com um brilho de felicidade em seus olhos azuis, porém minhas atenções foram direcionadas a Natasha graças ao suspiro impaciente que ela deu.

— Aquela mini-traidora. Eu não devia ir à festa dela.

— Acho que alguém está com ciúmes... — Steve comentou com humor segundos mais tarde, atraindo um olhar fechado da russa.

— Fica quieto Rogers, é claro que eu não estou com ciúmes. — ela retrucou sem seriedade na voz.

— Ok, me desculpe.

— Não me peça desculpas.

— Tudo bem, Natasha. — o loiro respondeu seguido de um suspiro, dando fim a curtíssima DR. 

Depois desse momento fofo do novo casal o nosso almoço seguiu normalmente; continuamos conversando sobre a festa da filha de Clint e sobre vários outros assuntos aleatórios, sempre com uma boa dose de risadas entre um assunto e outro. Ah, que saudade que eu estava sentindo desses momentos, da companhia de todos eles e dessa sensação de estar em família novamente.

 


Notas Finais


E então?
O que acharam dessa pequena revelação do passado incógnito da Wan? Alguém curioso pra saber o que mais ela viveu?
ROMANOGERS is happening! Finalmente eu parei de enrolar, me amem 😁
SamHill: alguém shippa?
Gente, e esse final? Morri de rir, o ar até faltou aqui!
Já viram minha nova história? Se chama Two different teenagers e é com o fofo do Peter. https://spiritfanfics.com/historia/two-different-teenagers-8234074
Por hoje é só. Gostaram? Deixem suas opiniões, eu sou legal e não mordo ☺☺
Beijos e até o próximo u.u


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