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História Secrets - Revelações X Acerto de contas


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Oi, amoras do meu coração ♥ sentiram minha falta?
Falei que ia demorar, né? So sorry, tá bem corrido pra mim ultimamente, não estou tendo tempo pra quase nada e também estou com mais dificuldade pra fazer esses últimos capítulos - nada que uns filmes e umas HQs de inspiração não resolvam hahah
Gente e e e, o cap ficou ginorme, eu tive que fazer tudo num só porque não podia deixar a parte do Bucky pro próximo kkkk dois spoilers: a parte da Wanessa já tá de cair os queixos, tem uma puta revelação sobre ela e sobre o Aurora, mas a do Bucky eu acredito que vai fazer vocês vibrarem de emoção (pelo menos eu vibrei quando escrevi hahaha).
Ah, antes de acabar por aqui quero que imaginem a Ligia como a Isabelle Drummond, recomendação da minha própria amiga Ligia que eu carinhosamente coloquei na fic ♥
Ah#2, vocês viram que o Fucking Tom Holland esteve em solo brasileiro essa semana com o bonde todo? Gente, eu tô ainda mais in love por ele! Além de vir pra cá pra promover o filme (coisa que espero acontecer com o elenco de IW também) ainda mostrou que tem um coração maravilhoso visitando um hospital infantil, quem segue ele no Instagram vai saber do que estou falando. Tem como não amar? É raro ver um artista internacional fazendo essas coisas no Brasil, pois a verdade é que nós somos muito mal vistos lá fora 😿
Bom, chega kkkk era isso que eu precisava dizer aqui. Vamos à leitura? Espero que gostem 😘😉

Ps: leiam as notas finais.

Capítulo 25 - Revelações X Acerto de contas


Fanfic / Fanfiction Secrets - Revelações X Acerto de contas

Quando eu aceitei a ideia de vir com Thomas até o apartamento de Ligia eu não sabia que ele iria ser chamado urgentemente na SHIELD no exato segundo em que saímos do carro, já no estacionamento do prédio da moça. Pois é, ele recebeu uma ligação de Hill e obviamente não pode nem pensar duas vezes antes de respondê-la com o típico "Ok, estou a caminho" que nós agentes costumamos usar nesse tipo de ocasião. Como eu não seria burra de desperdiçar a única oportunidade que teria de ver com meus próprios olhos o que tem nesse pen drive — enquanto ele ainda é meu — eu decidí ir sozinha ao encontro da quase ex-namorada de Mitchel mesmo não a conhecendo pessoalmente. Confesso que estou um pouco desconcertada em chegar lá sozinha, afinal essas não são as circunstâncias ideais de se visitar a casa de alguém pela primeira vez, mas pelo menos eu sei que ela já está me esperando de um jeito ou de outro e acredito que não vá se incomodar com o fato de Thomas não poder vir comigo.

Logo depois de me despedir do meu amigo eu entrei no elevador e me recostei na barra do fundo para aguardar a chegada ao 14° andar do edifício. Em determinado momento dois adolescentes de aparentemente 18 anos entraram no elevador com destino ao mesmo andar, ambos loiros de olhos castanhos e magricelas como a maioria dos garotos nessa idade. Desde o momento em que ficamos confinados no mesmo ambiente os dois não paravam de me lançar olhares sugestivos e nem de cochichar um com o outro, atitudes que apesar de terem me irritado também me deram a oportunidade de tirar um pouco com a cara deles.

Após alguns instantes de viagem eu comecei a sorrir maliciosamente para eles e pisquei algumas vezes para o mais alto, que deu um sorrisinho pervertido e passou a me olhar de forma mais descarada do que seu amigo. Ele até que era bonito e mais fortinho que o outro, se fosse uns 3 anos mais velho e tivesse barba eu até poderia flertar pra valer, mas como não era a coisa ia ser apenas por diversão mesmo.

Logo que o elevador chegou ao meu destino e as portas abriram eu me desencostei do fundo e passei por eles, porém antes de seguir ao apartamento de Ligia eu olhei para suas caras cheias de acne e falei descaradamente:

— Vocês até que são bem bonitos, se a gente se encontrar de novo por aí quem sabe eu não dê algo bem melhor do que uma piscada? Espero que vocês tenham camisinha no dia...

E então eu lhes dei as costas e segui andando à lá Gisele Bundchen pelo corredor, sentindo os olhares dos dois jovens embasbacados queimando sobre mim até eu virar à esquerda. Somente quando sumi da vista deles foi que eu comecei a rir da situação e do fato de eles terem achado que eu estava falando sério. Porra, eu não sou nenhuma vadia pervertida pra propor uma coisa dessas pra valer, mas o mais hilário foi que eles nem me reconheceram enquanto me comiam com os olhos, dá pra acreditar? Não que eu faça muita questão que as pessoas me reconheçam como se eu fosse uma celebridade, mas também acho estranho que dois adolescentes não reconheçam uma das mulheres dos Vingadores, ainda mais a que a mídia mais ama detonar e criticar que sou eu.

Bem, enfim, vamos deixar essa história pra outra ocasião e focar no que realmente importa, que é eu achar de uma vez o apartamento 34C nesse imenso corredor. Caminhei por todo o longo e largo espaço olhando cada uma das portas de ambos os lados; 32A, 33B... 34C! Bingo, achei, o último no final do corredor, sua porta é em um tom de azul roial com a maçaneta vermelha em formato redondo, bem diferente das portas de madeira amarronzadas e com trincos normais dos outros apartamentos. Uau, quanta originaldade, se é assim por fora deve ser incrível por dentro também. — pensei tomando coragem e pressionando a campainha.

Só um pouquinho... — ela gritou do outro lado, e cerca de cinco segundos depois abriu a porta e ficou cara a cara comigo. Dei um mínimo sorriso e a olhei por um milésimo de segundo, assimilando bem seus traços faciais e físicos e os associando com sua possível personalidade; ela tem a mesma estatura de gnomo que eu — mais ou menos 1,55m —, seus olhos são grandes e castanhos amendoados, e ganham ainda mais destaque pelos longos e grossos cílios que os rodeiam; seu cabelo é longo e liso, num tom de loiro escuro, e seus grandes e brancos dentes estão todos à mostra enquanto ela sorri largamente para mim. Resumindo: ela parece ser exatamente como Mitchel descreveu, extrovertida e receptiva como uma boa garota de 22 anos.

— Oi, que bom que você veio! Não sabe como fiquei feliz quando o Thom me ligou e disse que vocês viriam pra cá.. — diminuiu o sorriso e olhou discretamente por cima do meu ombro — É... ele não veio?

Fiquei ligeiramente sem jeito. Eu sabia que seria deselegante chegar na casa de uma das melhores amigas dele sem ele, devia ter pensado melhor antes de subir.

— Não, não. Ele foi chamado na SHIELD assim que nós chegamos aqui, me desculpe por ter vindo sozinha...

— Ah, tá tudo bem, não tem nenhum problema, se você é amiga dele também é bem vinda aqui. — falou de forma apaziguadora e me abraçou rapidamente — É um prazer te conhecer pessoalmente e ainda por cima te ajudar em algo tão importante. Entra, só não repara na bagunça, eu estava separando alguns aparelhos estragados pra jogar fora e fiquei com preguiça de arrumar.

Ah, eu bem sei como é ter preguiça de arrumar esse tipo de coisa. — pensei lembrando da bagunça que ficou no meu apê, porém o que eu disse foi:

— O prazer é meu de conhecer uma das melhores hackers do país, fiquei muito impressionada com o que o Mitchel falou sobre você. Suas habilidades em espionagem do meio digital são incríveis, nunca pensou em entrar pra SHIELD?

Logo que passei pela porta fiz uma breve observação do interior de seu apartamento. É um conjugado com três pisos, não muito grande mas também não muito pequeno; sala, cozinha e copa ficam em um único ambiente, com apenas a ilha da cozinha para separá-los; há uma porta na parede ao lado do pé da escadaria de acesso ao segundo piso e outra na parede dos armários da cozinha, ambas em um tom de vermelho vivo que contrasta lindamente com as paredes brancas e os móveis escuros. No segundo piso eu localizei a área de trabalho de Ligia, que mais se assemelhava a uma lan house pelos vários tipos de monitores e outros aparelhos tecnológicos de última geração presentes por todo o espaço. No fim do último lance da pequena escada estava seu "quarto", sei disso porque vi a cabeceira da cama recostada no beiral de vidro e ferro do último piso.

— Pra falar a verdade eu ainda sonho em entrar pra SHIELD e me tornar mais do que uma hacker — ela diz se aproximando, o que me obriga a parar com a verificação —, mas pretendo continuar trabalhando por trás dos panos no FBI até os meus treinamentos de aptidão e pontaria terminarem, o que ainda vai demorar um bom tempo. Eu nunca fui boa na parte prática, por isso tô tendo um pouco de dificuldade pra fazer esses treinamentos.

Ah, que saudade da época em que eu também me deslumbrava com essa vida... só que em vez de ser pro lado certo foi pro lado errado.

— Entendo. — assenti e sorri fraco — E em qual módulo de treinamento você tá agora?

— Armamentista, mas por enquanto aprendi a manusear só armas de baixo calibre. — respondeu com certo desânimo, e então uma ideia me veio a mente.

— Sabe, eu podia te ajudar com isso, se você quiser é claro. Eu posso te levar até a academia da Torre dos Vingadores e te instruir nos seus treinamentos, os simuladores de lá são ótimos pra quem está começando.

— Isso é sério? — indagou com empolgação, seus olhos arregalados. Concordei com um manejo de cabeça — Nossa, seria um sonho pra mim estar na Torre, sempre quis saber como ela é por dentro e ver de perto a tecnologia Stark, sou muito fã dele e do trabalho dele. Fui em algumas Expo Stark mas nunca consegui conhecê-lo de perto.

— Ele ficaria ainda mais convencido se te ouvisse falando assim, e te jogaria alguma cantada se duvidar. — comentei em tom de brincadeira, ela riu — Bom, o convite é pra valer, se você precisar de uma ajudinha extra com o treinamento ou quiser só conhecer a Torre de cima a baixo pode contar comigo. Te levarei lá com o maior prazer.

Um grande sorriso deixa, novamente, todos os dentes branquinhos de Ligia à mostra, e ela acena algumas vezes com a cabeça antes de se pronunciar.

— É claro que eu quero a sua ajuda, te agradeço muito por isso. Vai ser maravilhoso treinar com alguém que não fique só me observando em silêncio e me olhando feio cada vez que eu "errar". — falou, murmurei um "de nada" sorrindo, sabendo exatamente do que ela está falando. No QG meus treinamentos eram bem piores, mas como eu era uma adolescente frustrada com a vida não sentia diferença em ser tratada como uma máquina, por isso me tornei tão boa em tirar vidas e ganhar dinheiro com isso. — Mas, voltando ao seu problema, no que exatamente eu posso ajudar? O Thom só disse que tinha algo a ver com quebra de incriptação de um pen drive, mas não disse qual o nível de segurança ou o que tem nele.

E então eu saí do pequeno desvio que a lembrança do meu passado causou e a fitei com cara de paisagem, afastando os pensamentos coloridos de vermelho da minha mente.

— Esse é o pen drive — tirei o objeto do bolso da jaqueta e entreguei a ela —, segurança nível 9, com marcador rastreável que se ativa depois de 2 minutos conectado. — ela ergueu as sobrancelhas como quem pergunta: "e o que tem de tão importante aqui?" — O diretor Fury... falecido diretor Fury armazenou um projeto inteiro aí, chama-se Aurora e segundo o que ele me contou seria algo parecido com o Soldado Invernal, já ouviu falar?

A hacker franziu a testa e concordou vagarosamente com a cabeça, parecendo surpresa com o que eu disse. Porém, antes de ela fazer alguma constatação errada ou falar algo que eu já estava prevendo que falaria, eu decidí explicar tudo melhor:

— A SHIELD precisava de um plano de resposta à ameaça que a HIDRA ainda causava depois que o Capitão América foi dado como morto, por isso criaram esse projeto na pressa, sem pensar direito em todos os prós e contras. Pelo pouco que eu sei, pra esse projeto dar certo seria necessário encontrar uma pessoa disposta a fazer diversos tipos de testes físicos e psicológicos, e se essa... cobaia passasse em todos os testes sem maiores problemas iria pra fase final, que seria a aplicação de um soro semelhante ao do Capitão que foi desenvolvido pelo dr. Arnin Zola anos depois do fim da Segunda Guerra. — fiz uma pausa passando a língua pelos lábios, vendo o quanto ela estava atenta a minha explicação e também curiosa. — Infelizmente eu não sei nada além disso, a explicação que Fury me deu só foi até aí. Ele não era o tipo de pessoa que contava tudo que escondia, por isso eu preferi buscar o resto desse segredo sozinha.

— Uau — ela disse erguendo as sobrancelhas — , e eu achando que os segredos que eu descubro pro FBI eram os mais surpreendentes. Nunca imaginei que a SHIELD entraria nesse ramo de criar um super soldado como o Capitão pra combater a ameaça da HIDRA, achei que o lance deles era apenas no ramo da espionagem.

— Eu também não, muito menos que o objetivo desse super soldado seria eliminar o Bucky sendo que ele era apenas uma vítima da HIDRA, mas a SHIELD possui tantos segredos que nada mais me surpreende. — soltei impensadamente, ela me fitou com um olhar terno pela menção a Barnes.

— Bom, eu tenho um software que quebra esse tipo de marcador em 1 minuto, só preciso de um tempinho pra ativá-lo. — mudou de assunto, para minha sorte. Acho que vamos ser ótimas amigas. — Vamos lá pra cima? Acho que você já viu um pouco do meu local de trabalho, né?

Dizendo isso ela passou por mim e caminhou na direção das escadas, e eu a segui enquanto respondia:

— Sim, e achei incrível. Bem que o Thom disse que você tinha um aparato tecnológico muito melhor do que o de muitas lan houses.

— Pois é, o FBI me disponibilizou esse apartamento e tudo que eu precisaria pra fazer o meu trabalho. — respondeu ao mesmo tempo em que se posicionou na frente do primeiro computador do lado esquerdo, numa fileira com outros três. Colocou o pen drive num modem ao lado do teclado e algumas telas surgiram no monitor de vidro, uma delas indicando a contagem regressiva para a ativação do rastreador. — Ok, agora só preciso inserir alguns códigos... — digitou rapidamente uma sequência numérica em uma barra da outra tela — e quebrar a incriptação depois que o marcador for desativado. Isso vai ser um pouquinho mais difícil pra mim, eu nunca quebrei uma incriptação de nível alfa. Vou levar um tempinho maior pra fazer isso.

— Quanto a isso relaxa porque eu já decriptei muitos pen drives como esse, por sorte não esqueci como fazer isso. — informei com uma pontinha de auto confiança.

Puxei uma cadeira de rodinhas de outra mesa e sentei ao lado dela, que já havia terminado de digitar os números e aguardava o carregamento chegar a 100%. Cerca de trinta segundos depois a barra chegou ao fim e o cronômetro sumiu, o que fez nós duas respirarmos aliviadas.

— Meio caminho andado. — Ligia comemorou, clicando na janela "liberar arquivos" e em seguida "desativar segurança". — Ok, agora é com você.

Concordei com a cabeça e troquei de lugar com ela, que foi para o meu lado e ficou atenta a tudo que eu fazia. Abri a aba do administrador dos arquivos — que no caso era Fury, que Deus o tenha — e usei um IP específico que Tony me passou uma vez e que seria o ideal para esse serviço. Fui digitando freneticamente todos os algoritmos até completar a invasão, coisa que aconteceu cerca de um minuto e meio depois, quando a tela escura cheia de letrinhas e números verdes deu lugar a uma tela branca com várias pastas e arquivos soltos.

— Yay! Agora vamos ver o que tanto você esconde...

Suspirei profundamente e cliquei na primeira de seis pastas, entitulada como: Informações básicas e primeiras constatações. Era um único documento, maior do que TCC de estudante de medicina; 65 páginas contendo parágrafos e mais parágrafos de informações, fórmulas indecifráveis, listas com nomes e palavras estranhas e afins, e é claro que eu não teria tempo e nem paciência de ler tudo aquilo. Me ajeitei na cadeira e, assim como Ligia, fui passando os olhos pelo longo texto atrás de informações que fossem relevantes, até que cheguei em uma parte específica que chamou minha atenção.

"Depois de doze anos tentando reproduzir a fórmula do soro criado por Arnin Zola eis que finalmente nossos cientistas conseguiram tal feito com êxito. A fórmula é basicamente a mesma do soro criado por Abraham Erskine, porém com especificidades que a tornam instável e muito difícil de se aplicar em uma cobaia.

Para receber o soro Aurora a cobaia precisaria ter um sistema imunológico mais resistente, não apresentar problemas de saúde e possuir força física e psicológica capaz de resistir a todos os testes, além de estar ciente de que sua vida mudaria totalmente depois do experimento."

Franzi o cenho e senti um pequeno nó se formar na minha garganta quando um pensamento involuntário passou pela minha cabeça, entretanto disfarcei tal incômodo e continuei a ler o que vinha bem mais abaixo.

"Hoje, dia 19/02/2005, após várias investigações em diversos países finalmente encontramos a pessoa perfeita. Walkyria Lintner, uma mercenária de 17 anos, eslovena, que foi exposta a diversas drogas medicamentosas a fim de aumentar sua resistência imunológica e física foi descoberta pela SHIELD após assassinar mais de cinco pessoas em uma única semana. Levantamos a ficha dela e descobrimos que ficou orfã aos 14 anos, depois de os pais serem assassinados na sua frente por um grupo..."

— MALDITOS! NÃO ACREDITO NISSO! — eu gritei saindo da frente do computador sem nenhuma intenção de voltar a ler, já com lágrimas rolando descontroladamente pelo meu rosto. Ligia se assustou com a minha reação, mas não perguntou o porque de eu ter ficado daquele jeito. Ela obviamente entendeu quem era a garota mencionada no arquivo, entretanto o que ela estava pensando ou como agiria daqui pra frente não me importava nem um pouco. Me afastei consideravelmente e fiquei de costas para ela, deixando todo o ódio que estava sentindo sair por meio do choro.

— Wanessa... — a hacker disse se aproximando e colocando as mãos nos meus ombros, atitude que eu não estava esperando — Calma, eu não vou te julgar por nada daquilo que li, mas acho que deve ter uma explicação...

— Tem, tem sim uma explicação! — bradei entre soluços — O maldito do Fury mentiu pra mim e me usou esse tempo todo! Ele nunca quis realmente me ajudar pra eu ser uma pessoa melhor como disse no dia em que nos conhecemos! Ele só queria a cobaia perfeita pra porra do projeto da SHIELD, como eu fui burra, ele queria criar uma Aurora e não uma Wanessa! Eu comprei a mentira dele, aceitei a "ajuda" que ele me ofereceu e ainda o considerei um pai, dá pra acreditar? Era tudo uma mentira, ele e todos os outros da SHIELD só queriam me usar...

Não consegui prosseguir devido ao nó gigantesco que trancou minha garganta e as lágrimas vieram com ainda mais força, o que fez Ligia me puxar para um abraço como forma de consolação. Era como se o mundo que eu demorei tanto para construir tivesse desabado sobre mim mesma, a sensação de ter sido enganada era algo que nunca tinha sentido, não nessas proporções. Eu esperava que qualquer um me apunhalasse pelas costas, menos Nick Fury. Me lembro como se fosse ontem do dia em que nos conhecemos, depois de Nat e Barton me resgatarem do beco onde eu quase fui assassinada e me levarem para o hospital da SHIELD. Ele estava no meu quarto quando acordei, sentado numa maca como um robô de sobretudo preto e tapa-olho, sem demonstrar nenhuma emoção e com sua clássica frieza que no dia me fizeram ter vontade de matá-lo.


— Quem diabos é você e onde eu estou? — questionei entre os dentes, porém minha voz saiu mais fraca do que eu podia prever. Senti meu lado esquerdo todo reclamar pelo simples fato de estar forçando a voz, mas não deixei que o desconhecido percebesse. Ele não me assustava por mais estranho e sombrio que fosse, somente me fazia sentir uma raiva imensa por seu jeito superior e frio, além daquele tapa-olho que o deixava infernalmente bizarro.

— Eu sou a única pessoa que pode te ajudar, Walkyria. — respondeu num tom brando, levantando da poltrona e cruzando as mãos atrás do corpo — Meu nome é Nick Fury, sou diretor da SHIELD e fui quem mandou os dois agentes que salvaram a sua vida.

Soltei uma gargalhada em sinal de deboche e fiz jeito de levantar da maca, no entanto não concluí tal feito por conta da dor infernal que senti no local onde recebi a facada.

— E quem disse que eu quero a sua ajuda ou de quem quer que seja? O que quer de mim pra ter mandado seus capachos pra me "salvarem"?

— Na verdade eu os mandei para te prenderem. — retrucou rodeando a maca, fechei o semblante e as mãos em punho. Se não estivesse tão debilitada já teria pulado em cima dele e arrancado esse único olho na unha. — Mas depois que eles me disseram o que aconteceu com você desisti dessa ideia.

— Pro inferno esses dois, você e todas as suas ideias. Eu vou sair daqui agora mesmo, e se quiserem me matar pra me impedir de fugir fiquem a vontade. Se não fosse por vocês eu já estaria morta mesmo, pra mim não faz diferença. O que eu não quero é ficar no mesmo lugar que você e seus ratos!

Dizendo isso eu ignorei todas as dores do meu corpo e coloquei os pés para fora da cama, mas fui impedida de descer ao chão graças a maldita sombra de tapa-olho que se materializou na minha frente e me segurou pelos ombros.

— Walkyria, ninguém vai matar você. — afirmou vigorosamente, puxei o corpo para trás afim de evitar seu toque — Eu já disse que quero te ajudar, quero te dar a chance de usar suas habilidades para algo melhor do que você vem usando até agora.

— Eu não sou uma pessoa que faz o bem. Minhas habilidades não podem ser usadas pra algo "melhor", seu imbecil. Eu sou uma assassina e não tenho vocação pra ser nada além disso! — informei dura e friamente, sem sinal de dúvida em minhas palavras.

— Você pode até achar que está dizendo uma verdade absoluta sobre si mesma ao afirmar isso, mas como conhecedor das pessoas eu te digo só uma coisa: todo mundo é capaz de mudar, tanto pro bem quanto pro mal, é apenas uma questão de força de vontade e escolha. — girou nos calcanhares e caminhou na direção da porta, mas antes de sair me olhou novamente e finalizou: — Você pode ir embora se quiser, ninguém vai tentar te impedir ou matar. Mas eu aconselho a fazer isso depois que estiver recuperada, você não vai resistir lá fora estando ferida desse jeito.

E saiu porta afora, me deixando sozinha naquele quarto branco com suas palavras martelando na minha cabeça e me causando uma fúria imensa. É claro que eu iria embora dali o mais rápido possível, afinal não suporto hospitais e muito menos confiaria de ficar em um local pertencente à SHIELD, mas não posso negar que uma voz lá no fundo do meu ser estava sussurrando que eu deveria me agarrar na pontinha do fio de esperança que Nick Fury havia me estendido mesmo sem saber para onde esse fio me levaria.


Eu achei que tinha descoberto o rumo que esse fio de esperança havia me dado, mas estava enganada. E iria tirar essa história toda a limpo agora mesmo, nem que para isso tivesse que ameaçar a vida de alguém, afinal eu fui criada para ser uma assassina não é mesmo? No fim eu ainda era Walkyria Lintner, mesmo achando que já havia me livrado desse maldito nome e do significado contido nele.

Me desvencilhei do abraço acolhedor de Ligia, limpei as lágrimas com as costas das mãos e retirei o pen drive do modem, descendo as escadinhas rapidamente enquanto me pronunciava:

— Muito obrigada pela sua ajuda, Ligia, e me desculpe por tudo isso. Quando você quiser ir até a Torre e treinar comigo me liga que eu venho te buscar, mas agora tenho que ir. Preciso tirar satisfações com algumas pessoas.

— Espera, Wanessa, você tá muito nervosa... — ela disse preocupada vindo atrás de mim, entretanto a ignorei e deixei seu apartamento como um tornado. Voltaria outra hora para uma visita formal e amigável.

Desci em poucos minutos e deixei o prédio apressadamente, sem me importar em trombar com algumas pessoas que estavam no meu caminho. Chamei um uber pelo aplicativo enquanto ainda estava no elevador e quando tomei a rua o carro já estava me aguardando.

Enquanto o motorista dirigia a uma velocidade média rumo a SHIELD eu recebi uma ligação de Thomas, então tratei de conter algumas lágrimas que insistiam em escapar para atendê-lo.

— Hey, onde você tá? A Ligia me ligou e contou um pouco do que aconteceu...

— Tô indo pra SHIELD, e é bom que o Coulson esteja por aí porque ele vai ter que me contar toda a verdade, ou eu juro que coloco essa agência abaixo se isso não acontecer. — sibilei enraivecida, recebendo um olhar torto do motorista pelo retrovisor. — Algum problema?

— N-não, me desculpe. — respondeu voltando a atenção ao trânsito bem quando Mitchel se pronunciou do outro lado da linha:

Não vai adiantar nada você vir pra cá agora, nem o Coulson nem a Hill estão aqui. Foram pro Triskelion agora a pouco, tá acontecendo uma coisa lá que vai prejudicar muito a SHIELD.

Enruguei a testa e por um segundo deixei meu problema de lado para pensar no que poderia ser essa tal coisa capaz de prejudicar a agência, mas aí lembrei que não tenho mais motivos para me preocupar com a organização que me acolheu em uma mentira por anos e que no fim só buscava benefício próprio.

— Merda. — murmurei — Mas não tem problema, eu vou atrás de outra pessoa agora. Tenho certeza que ele também compactuou com toda essa mentira ou pelo menos com boa parte dela.

Ouvi Thom suspirar ruidosamente do outro lado, em meio a uma mistura de vozes alteradas que diziam coisas incompreensíveis. A situação devia mesmo estar tensa na SHIELD, mas não que isso me importasse.

Barton? — perguntou por fim.

— Sim. Ou a Natasha, tenho certeza que os dois sabem.

Ela também foi pra Washington, mas acho que o Clint não foi chamado.

Mas o que raios está acontecendo naquela droga de lugar? Será que Pierce resolveu dar uma festa pra comemorar todas as mentiras da SHIELD e chamou os mentirosos pra fazerem um brinde?

— Ótimo, então vai ser o Clint mesmo. Ele deve estar na Torre, e se não estiver eu vou atrás dele onde quer que esteja. — sibilei convicta e antes de ele responder desliguei a chamada, ligando para o Gavião no segundo seguinte. Ele demorou quase um minuto para atender, demora essa que me deixou ainda mais irritada.

Oi, Nessa. Tudo bem?

— Você tá na Torre? — questionei sem rodeios, sem me importar em soar grossa também.

S-sim, eu... — gaguejou com estranhamento —, tô sozinho aqui. Todos os outros precisaram sair...

— Não saia, eu quero conversar com você e é bom mesmo que não tenha ninguém aí. Chego em alguns minutos, me espere na sala principal. — o cortei, ouvindo sua respiração se descompassar.

Aconteceu alguma coisa? Você tá chorando, o que foi?

Ah, é, infelizmente eu ainda estou chorando. De raiva, mas estou.

— Você vai saber quando eu chegar aí.

Novamente desliguei antes de obter uma resposta, e novamente percebi que o motorista me olhava assustado pelo retrovisor. Revirei os olhos e guardei o celular no bolso da jaqueta, fazendo o senhor de cabelos acinzentados e meia idade se sobressaltar no banco e voltar a olhar para a pista.

— Me leve pra Torre dos Vingadores, por favor. — pedi forçando uma educação que eu não tinha mais, ele franziu a testa mas concordou, mudando a rota do veículo na direção de Manhattan. É uma pena que não terei platéia para minha conversa com Barton, mas não tem problema, pelo menos tenho certeza que ele me dará todas as respostas as quais tenho direito.

****

Bucky

Desde que saí pela segunda vez do controle da HIDRA nunca passou pela minha cabeça que eu teria a oportunidade de ajudar a acabar com a organização. Muito menos ao lado da SHIELD — da parte boa dela —, que é tão suja quanto a HIDRA mesmo não compactuando diretamente com seus mesmos ideais e planos de destruição. Não é segredo para ninguém que eu não gosto e não confio na SHIELD e em ninguém que comanda a agência, mas nesse momento tenho que dar o braço a torcer e confessar que estou até gostando de agir como um agente da SHIELD, não só por estar prestes a fazer algo que sempre quis mas também pela sensação de estar, novamente, agindo como espião, algo que de um jeito ou de outro ainda estava no meu sangue.

Não está entendendo sobre o que estou falando e quer saber o que está acontecendo? Muito bem, para que possam compreender precisarei explicar tudo o que aconteceu desde a manhã de hoje, começando pela visita inesperada que recebi na Torre.

Eu havia acabado de tomar um banho e me preparava para ir pra academia quando JARVIS me contatou, ainda no meu quarto, e informou que a agente Sharon Carter estava a minha procura. Obviamente não me recusei a falar com ela e fui a seu encontro na sala de recepções, mesmo achando estranho ela querer falar justo comigo que, aparentemente, não tinha nada que pudesse interessá-la, certo? Errado. Ela foi muito direta e já disse a que tinha vindo logo que cheguei; explicou que Alexander Pierce, pessoa que eu conheço muito bem e não sabia estar na diretoria da SHIELD, havia reativado um projeto antigo de espionagem através de satélites chamado Insight. Esse projeto, no entanto, não apenas visa a espionagem como também uma grande destruição em massa graças a um algoritmo criado pelo maldito Arnin Zola, capaz de identificar todas as pessoas que possam ser uma ameaça à HIDRA tanto agora como no futuro.

Existem coisas dos dias de Soldado Invernal que ainda não lembro completamente, mas que surgem como flashes passageiros na minha mente e depois nunca mais voltam. Essa era uma das coisas que eu precisava ter lembrado antes e alertado a todos: que a HIDRA sempre esteve por trás da SHIELD. Eu precisei ouvir tudo o que Nick Fury me contou quando Carter me levou ao seu esconderijo para me dar conta de que já sabia que tudo isso iria acontecer, e a culpa que senti foi tanta que não vi outra opção senão ajudá-lo em seu plano. Eu acho que talvez seja esse o caminho... um caminho para a redenção que estive procurando, e também uma forma de me vingar de uma vez por todas da HIDRA e de todo o mal que ela causou não só a mim, mas como a todos.

Ah, antes que eu me esqueça sim, Nick Fury está vivo, mas ele não forjou a própria morte se é o que estão pensando. Segundo sua versão da história ele realmente teve uma parada cardíaca e foi considerado morto por toda a equipe médica, porém na hora da preparação do corpo a agente Hill percebeu que ele ainda respirava e deu um jeito de trocar toda a equipe responsável por seu caso por Helen Cho e alguns médicos da extrema confiança dela, alegando que seria a última coisa que poderia fazer por Fury.

Depois dessa troca aconteceu tudo aquilo que vocês já devem imaginar: Cho aplicou uma substância que inibia todos os sinais vitais dele por algumas horas, um enterro formal foi realizado com a presença de muitos agentes da SHIELD e dos Vingadores — exceto Wanessa por estar presa — e depois que a poeira abaixou ele foi retirado do túmulo e levado para o esconderijo onde ficou por todo esse tempo.

E agora, depois de toda essa reviravolta e da longa conversa que eu e ele tivemos naquela caverna eis que estou chegando à sala da diretoria do Triskelion disfarçado de agente da STRIKE. O objetivo da minha "equipe" é simples: dar auxílio a Pierce para preservar sua segurança e impedir os membros do Conselho de saírem vivos daqui, coisas que realmente aconteceriam se ele não estivesse contando com a sorte antes da hora.

Já no último andar do prédio principal, após o anúncio que Steve fez sobre os planos da HIDRA, eu entro na sala da direção em meio a outros seis agentes — assim como eu usando capacetes táticos e roupas pretas, sem nenhum centímetro de pele à mostra — e paro um pouco atrás de Alexander ao mesmo tempo em que os porta-aviões começam a decolar. A vontade que eu tinha era de mandar para o inferno todo o plano e matá-lo ali mesmo, depois cada um daqueles agentes que eu reconhecia como sendo os que presenciavam minhas lavagens cerebrais, mas se fizesse isso tudo iria por água abaixo e eu só afundaria ainda mais em culpa. Tenho que esperar a hora certa.

— Prendam esse homem! — um dos conselheiros diz olhando para o único agente sem capacete, Pierce ri e nega com a cabeça enquanto seu subordinado aponta a arma para o homem.

— Nesse andar aqui mando eu.

Por um segundo eu pensei que o soldado da HIDRA fosse atirar no conselheiro, mas por sorte ele não o fez. Apenas continuou apontando a arma para a cabeça dele enquanto Pierce fazia um discurso sobre o verdadeiro objetivo do Insight, observando pela parede de vidro do fundo da sala os aeroporta-aviões ganharem cada vez mais altitude.

Eu não dei muita importância ao que ele dizia, estava mais concentrado em não ser descoberto e também prestando atenção nos mínimos movimentos dos agentes da HIDRA, para impedí-los de matar qualquer um dos membros do conselho caso recebessem essa ordem. Depois de uns dois minutos do lançamento das aeronaves Pierce se afastou da vidraça e caminhou até uma mesa com algumas taças de champanhe, pegando uma delas enquanto pronunciava:

— Eu tenho uma pergunta... Se você soubesse que iriam arrastar suas filhas até um estádio — entrega a taça para o mesmo homem que mandou prendê-lo —, para executa-las, e pudesse impedir com um estalar de dedos... Não o faria? E vocês não? — finalizou olhando para os outros, que estavam sem reação.

— Não se fossem os seus dedos.

O homem retorquiu jogando a taça no chão. Pierce deu uma risada nasalada e pegou uma arma do agente ao seu lado, a destravando e apontando para o que lhe desafiou. Olhei brevemente para Romanoff — que estava ali disfarçada, como todos já devem saber — e, com um meneio de cabeça, ela me deu a permissão para entrar em ação. A primeira coisa que fiz foi apagar com socos certeiros os dois agentes que estavam perto de mim, para distrair os demais enquanto Natasha tirava o homem da mira de Pierce e dava um jeito nos ratos próximos a ela. Golpeei com facilidade o restante de soldados que tentaram nos conter e quando todos estavam neutralizados Pierce olhou para Natasha e eu com uma careta confusa. Ela tirou a máscara e a peruca que usava para se passar pela Conselheira que devia estar ali e eu permaneci de capacete até parar a seu lado, e quando o tirei vi os olhos de Alexander se arregalarem ao encontrar com os meus.

— Me desculpe, senhor diretor. Será que nós interrompemos o seu discurso? — a russa questionou sarcasticamente bem quando eu apontei minha arma para Pierce, que apesar de saber sobre sua derrota iminente ainda mantinha a mesma postura vitoriosa.

— Tenho que admitir que estou surpreso com isso. Não esperava te ver trabalhando em favor da parte boa da SHIELD, Soldado, muito menos ao lado da única pessoa que conviveu de perto com sua outra versão. — comentou presunçosamente, nos deixando ligeiramente desconcertados — Me digam, como é pra vocês serem parceiros de trabalho depois de tudo que já viveram? Acredito que se lembram do passado tórrido que tiveram juntos, ou pelo menos de uma parte dele...

Troquei um rápido olhar com Romanoff e identifiquei a mesma coisa que havia no meu: dúvida. Dúvida sobre o que exatamente nós vivemos, visto que as lembranças são apenas borrões; dúvida se deveríamos ou não nos sentir incomodados com isso e principalmente se deveríamos falar para alguém sobre isso. Eu pensei diversas vezes em contar para Wanessa sobre o que lembro de ter vivido com Natalia na KGB, mas nunca o fiz porque a nossa história ficou no passado e eu sabia que se a trouxesse à tona ela não morreria novamente. E agora cá estamos nós, tendo que encará-la na frente desse maldito como se fosse algo sem importância.

— É, nós lembramos, mas o que aconteceu lá não nos importa mais e não nos impede de trabalharmos juntos. — ela retrucou calmamente, como se estivesse lendo meus pensamentos.

Pierce deu uma risada escarnecida e olhou novamente para mim, entretanto não soltou nenhuma provocação como achei que faria. Ele estava me analisando, com certeza a procura de algum traço do outro eu, e ficou assim por um tempo que me deixou muito mais enfurecido.

— O que está fazendo? — um dos conselheiros disse de repente, fazendo com que Alexander olhasse para a direção de Natasha.

— Anulando os protocolos de segurança e despejando os segredos da SHIELD na Internet.

— Os da HIDRA também. — o lembrei, atraindo sua atenção outra vez.

— Você sabe, agente Romanoff, que se fizer isso seu passado não permanecerá escondido, assim como o seu e o da sua querida Walkyria, ou melhor dizendo Wanessa. — meu olhar vacilou na última frase e eu encarei a russa buscando uma explicação ou alguma pista de que ele estava blefando, mas ela estava com um olhar tão impassível que somente confirmou tudo. Walkyria? Então esse era mais um dos segredos dela? — Tem certeza que estão preparados para todas as consequências que virão quando o mundo souber tudo sobre vocês?

Vi Natasha parar de digitar os códigos por um segundo após essa pergunta, mas como era de se esperar ela logo voltou a agir friamente mesmo tendo um pouco de receio das consequências do que estava fazendo. Eu também voltei a mascarar todos os questionamentos internos que fazia sobre Wanessa e também o medo que sentia ao saber que em poucos minutos o mundo saberia todos os nossos piores e mais dolorosos segredos. Ela vai sofrer muito mais do que os outros, e vai me odiar ainda mais quando souber que eu ajudei nisso tudo.

— Você não vai conseguir desativar a incriptação, precisa de pelo menos dois membros alfa para executar essa ordem. — a voz debochada de Pierce me tira dos meus pensamentos, e quando dou por mim já estou lhe respondendo:

— Isso não será um problema, nós teremos companhia.

Segundos depois de eu finalizar essa frase eis que o helicóptero de Fury pousou no heliponto ao lado da sala, atraindo nossas atenções. Ele desceu da aeronave, cruzou o curto espaço entre a pista e a porta e adentrou o recinto causando espanto em todos os conselheiros, menos em Alexander. Nada do que estava acontecendo parecia surpreendê-lo ou deixá-lo com medo.

— Que bom que está aqui. Sabe que eu sempre desconfiei de que um atentado simples como aquele seria muito pouco pra te matar.

Revirei os olhos discretamente e bufei, esperando ansioso pelo fim de todo esse circo para eu poder fazer o que tanto quero.

— Só me diz uma coisa: por que fez de mim chefe da SHIELD? — Fury indagou parando frente a frente com o outro, que solta um riso nasalado e diz sem rodeios:

— Porque você era o mais implacável e calculista que conheci, capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer e capaz de ganhar a confiança das pessoas facilmente. Era a pessoa perfeita para comandar a HIDRA e a SHIELD ao mesmo tempo.

— Eu fiz o que fiz para proteger pessoas, e se você acha que não sabia sobre a HIDRA está muito enganado. Eu só não tinha provas e meios de derrubá-la antes, e por isso resolvi deixar vários projetos fora do alcance da SHIELD para que não se tornasse algo pior do que isso. — ele olha brevemente para a batalha que acontecia nos porta-aviões, Alexander dá uma breve gargalhada e balança a cabeça.

— Você realmente conseguiu esconder e dar fim a muitos projetos excelentes da SHIELD, mas tem um que infelizmente, mesmo com seus esforços, vai estar em poder da HIDRA logo logo. — retruca, deixando todos com caretas de confusão. Do que é que esse madito está falando? Será possível que eles ainda têm uma carta na manga?

— Eu não vou cair no seu jogo. Nenhum projeto vai cair nas mãos da HIDRA porque não vai mais haver HIDRA. — Nicky o puxa na direção de um scanner de retina, o sigo com o fuzil apontado para sua cabeça.

— Acha que não deletei a sua autorização? Foi a primeira coisa que fiz quando achei que você estava fora do caminho.

Perdi o pouco da paciência que me restava e bati com o bocal da arma na cabeça de Pierce de forma a machucar o local, recebendo um olhar enfurecido e surpreso em seguida, no entanto é lógico que ele não ousou me desafiar de nenhum jeito. Eu tinha certeza de que, no fundo, ele estava ciente do que aconteceria logo que o plano fosse finalizado e apenas tentava não transparecer seu medo.

— Eu sei que você apagou minha senha e também deletou minha análise de retina, mas se quiser realmente ser mais esperto do que eu, sr. Diretor — Fury falou levantando o tapa-olho —, tem que manter os dois olhos sempre bem abertos.

Puxei Pierce pelo braço e o obriguei a colocar o olho em frente ao scanner, e logo após ambos passarem pela análise Natasha desativou a incriptação e fez o upload dos arquivos à Internet em questão de segundos. Por mais que eu estivesse me sentindo vingado por estar ajudando na derrota da HIDRA ainda havia uma preocupação me impedindo de deixar a felicidade reinar. Não pelos segredos sobre o Soldado Invernal que o mundo ainda não sabe — e que provavelmente irão me prejudicar —, mas sim pelo passado de Wanessa que ela tanto quer esconder. Tenho certeza de que ela vai reagir muito mal e se afastar ainda mais de mim depois de hoje, mas infelizmente é o preço que resolvi pagar em troca de ter a minha vingança contra a HIDRA.

Um minuto foi o tempo que levou para começarem a surgir comentários sobre o que acabara de cair na rede e também para que os três aeroporta-aviões fossem derrubados por Steve e Sam. Quando viu as duas primeiras aeronaves caindo Pierce ativou — sem que nenhum de nós percebesse — um dispositivo em seu celular que fez os crachás de identificação dos conselheiros dispararem uma espécie de lazer neles, os fazendo gritar e se contorcer de dor antes de caírem no chão sem vida. Arregalei os olhos e destravei a arma disposto a matá-lo no mesmo instante, assim como Fury e Natasha, entretanto nenhum de nós pôde atirar.

— Se não quiserem que ela morra com um buraco de cinco centímetros no esterno abaixem as armas. — falou para a russa, que olhava de Nick para mim com receio — Foi ativado no momento em que colocou, até me surpreendi por não ter desconfiado dele, Viúva Negra.

Merda! — pensei frustrado abaixando a arma, mas aí o olhar dela me deixou novamente em alerta. Ela tinha um plano para sair dessa situação, e o executaria em poucos instantes.

— Bom, foi uma lástima tudo o que aconteceu aqui, mas ainda não acabou. É uma pena que você não consiga manter todos sobre sua proteção, Fury. Devia saber que a HIDRA sempre tem uma carta na manga. — franzi o cenho. Ele não podia estar falando sério, era apenas um blefe de alguém que estava prestes a morrer. Mas e se não fosse, o que ele queria dizer? — Vamos, conselheira, você vai me tirar daqui e me levar direto pra sua amiguinha...

Sua frase foi interrompida quando Romanoff apertou um dos ferrões da Viúva Negra entre os dedos e foi ao chão com a descarga elétrica que percorreu seu corpo — e também desarmou o dispositivo do crachá. Alexander armou uma careta e tentou a todo custo ativá-lo de seu celular, no entanto não adiantou. Joguei o fuzil no chão e fechei as mãos em punho, finalmente havia chegado o momento de eu acertar minhas contas com o desgraçado e não havia mais nada para me impedir de fazer isso.

— Agora é entre você e eu! — sibilei entre dentes o pegando pelo colarinho da camisa. Fury não ousou me parar, afinal nós tínhamos um trato, por isso ele ficou assistindo calado enquanto eu erguia Pierce do chão e o lançava violentamente contra uma das paredes da sala. Quando seu corpo deslizou até o chão ele tossiu secamente e soltou um ganido de dor, que se misturou com uma gargalhada escarnecida enquanto ele dizia suas últimas palavras:

— Eu fico muito triste em ver que você abandonou a HIDRA e se tornou uma marionete pras pessoas erradas. — fui até ele e lhe impedi de levantar chutando seu tronco com força — Mas estou feliz... sabe por quê? Porque você vai se arrepender de ter feito isso. Assim como a HIDRA perdeu sua maior arma você também vai perder a coisa mais importante que possui... Aquela vadia que você tanto ama vai sofrer assim como você sofreu... e você não vai conseguir salvá-la.

— CALA A BOCA! — gritei com vigor, me abaixando sobre ele e desferindo, com a mão robótica, vários socos seguidos em seu rosto. — Você se lembra? Se lembra como me batia toda vez que eu não fazia o que você ordenava? Se lembra como mandava me torturarem quando eu falhava numa missão? Pois eu lembro muito bem disso e de muitas outras coisas, e espero que esteja sentindo a mesma dor que senti! — E assim eu o matei: gritando todo o meu odio e o golpeando até desfigurá-lo completamente, sem dar nenhuma chance para ele dizer o lema da HIDRA antes de sua vida se esvair.

— James! JAMES, PARA! — me obriguei a parar apenas quando Natasha me segurou por trás, sua voz era de preocupação e espanto ao mesmo tempo, talvez pela quantidade de sangue respingando pelo local — Você não é mais desse jeito. Ele já está morto e nós já acabamos com os planos da HIDRA, se acalma!

Respirei fundo, me levantei de cima do corpo irreconhecível e ensanguentado de Pierce e passei minha mão robótica manchada de vermelho pela nuca, sentindo um estranho aperto no peito ao lembrar das palavras do maldito. Quando abri a boca para comentar sobre isso com Fury e Romanoff, entretanto, ela recebeu uma ligação que fez seu semblante mudar radicalmente, de sério para assustado.

— O que foi, Natasha? — Nick indagou tomando a minha frente, a russa murmurou mais algumas palavras e desligou a chamada.

— Era o Clint. Aconteceu uma tragédia na Torre, nós precisamos voltar pra lá imediatamente.


Notas Finais


E então?
Alguém imaginava que a Wanessa não se chamava Wanessa, que ela era a escolhida pra ser quem deteria o Soldado Invernal/HIDRA e que toda a vida dela na SHIELD foi uma mentira? Só tô com pena do Clint que vai ter de enfrentar o furacão sozinho, mas o importante é que as verdades foram reveladas... #prayforBarton 🙏
Uma perguntinha simples e direta agora: alguém mais queria ver o Bucky trabalhando com a Natasha e de quebra matando o Pierce? Eu tava louca pras duas coisas, e como não aconteceram em CATWS resolvi fazer acontecer aqui porque sou dessas y.y agora só resta saber o que o demônio quis dizer com sua última frase e o que aconteceu na Torre, mas acho que já podemos ter uma noção né? #SaveWanessa 🙊
Ah, e preparem-se porque o próximo capítulo vai ser triste e tenso.
Enfim, por hoje é isso. Gostaram? Deixem suas opiniões :3
Obrigada por lerem, beijinhos no ar e até o próximo! ♥

Ps: quero indicar a fic que estou fazendo em parceria com a minha mishamiga ~Suhromanoff. É com os lindos Chris, Sebastian e uma personagem nossa que também é irmã do nosso eterno Dorito (além de vários outros famosos lindões) ♥ →https://spiritfanfics.com/historia/behind-the-spotlights-8871874 . Garanto que não vão se arrepender de dar uma olhadinha, vai ser uma história totalmente diferente das outras desse estilo, com várias referências ao mundo cinematográfico e a carreira deles como atores 😉


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