1. Spirit Fanfics >
  2. Secrets >
  3. Casamento?

História Secrets - Casamento?


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Oii, como vocês estão?
Então, antes de mais nada gostaria de me desculpar imensamente pela demora de mais de uma semana. Eu estava com o capítulo prontinho na quinta, mas meu computador resolveu dar problema e eu perdi tudo que tinha escrito.
Felizmente, consegui refazê-lo da melhor maneira possível — após um pouco de trabalho, confesso, já que perdi várias ideias legais que tive.
Boa leitura e espero que gostem.
Ps: se algo desagradar por favor me falem. Críticas construtivas são sempre bem vindas.
Ps2: me perdoem por meus capítulos serem tão longos, eu juro que tento escrever menos, mas quando vejo já passei de 5k e não consigo retirar nada.

Capítulo 3 - Casamento?


Fanfic / Fanfiction Secrets - Casamento?

Semanas depois

É um fato mais que óbvio que os Vingadores são heróis e sempre farão de tudo para acabar com eventos de nível catastrófico, mas também é um fato que, às vezes, nem com todo o poder que temos nas mãos somos capazes de impedir que coisas ruins aconteçam, como desmantelar um "simples" grupo de terroristas, por exemplo.

Há algum tempo, um grupo terrorista vem causando ataques em diferentes países quase que semanalmente, e mesmo com nossos esforços e intervenções não estamos podendo contê-los e evitar tragédias. Um simples grupo terrorista é demais para os Vingadores!, vem dizendo o Secretário de Estado Thunderbolt Ross, que não se cansa de dar essa e outras alfinetadas por não termos conseguido acabar com o grupo ainda. Ainda. "Certo, sr. Excelentíssimo, faça as honras e mostre-nos como fazer para resolver esse 'pequeno' problema de uma vez, já que é algo tão simples para o senhor.", foi a resposta que eu cuspi na cara dele — com toda a minha gentileza de ogra — quando tive o desprazer de ouvir pessoalmente as críticas à equipe. Quase fui presa por desacato à autoridade, mas pelo menos limpei minha alma.

Hoje, pela segunda vez nesse mês, recebemos a informação de que nosso esquadrão predileto agiria novamente — para nossa alegria. Dessa vez eles estão na Sérvia, com o objetivo de invadir um Complexo de Armazenamento de Substâncias Patogênicas e roubar algumas amostras de Anthrax, um tipo de vírus que, se exposto, pode levar centenas de pessoas à morte em poucos minutos.

Já estamos na Quinjet com energia total quase chegando ao nosso destino, mas não com a mesma equipe de sempre. Thor, Tony, Clint e Bruce não vieram por motivos de força maior para cada um, e para auxiliar Steve, Nat e eu vieram Bucky e Sam, que estão em sua primeira missão oficial como Vingadores. Wilson foi recrutado por Steve e Nat há 2 semanas, graças à sua fantasia de pássaro de última geração e suas habilidades de ex-militar, que mesmo estando um pouco enferrujadas o tornam uma grande aquisição.

Eu ajudei pessoalmente em todos treinamentos de preparação que ele e Bucky tiveram que passar obrigatoriamente, e modéstia parte me saí uma ótima — e rígida — professora. Claro que com Sam os treinamentos de combate mano a mano foram mamão com açúcar já que é alguém no mesmo nível de luta que eu, já com o ex-Hidra eu levei a pior do começo ao fim, mas também não deixei meu aluno na mão só por ter alguns ossos fraturados e hematomas pelo corpo.

Ah, aliás, eu preciso dizer que Bucky foi a pessoa com quem eu mais convivi ultimamente. Desde que me comprometi a ser sua personal helper — depois daquele pequeno arranca rabos no meu quarto —, temos nos aproximado cada dia mais devido aos vários lugares legais que eu o levei nas últimas semanas, na esperança de ele recuperar suas boas lembranças e também criar novas. Infelizmente, ele ainda não lembrou de nada dos anos 40 além do que Steve contou ou do que viu no museu, mas em compensação arrisco dizer que ele está uns 2% mais sociável e gentil do que antes, mesmo que ainda tenha uma alma de cavalo xucro e uma bipolaridade que o faz se auto julgar inferior e incapaz de qualquer coisa quase sempre.

Por conta desse auto julgamento, Bucky estava completamente inseguro sobre si quando saímos para a missão, e coube a mim a tarefa de acalmá-lo e o convencer de que nada sairia do roteiro ao mesmo tempo em que precisei me manter calma para não perder as estribeiras com o pessimismo e mau humor dele. Por sorte ele me ouviu e resolveu socializar com os demais Vingadores ao invés de ficar sentado de cara amarrada pelo resto do vôo.

O motivo de eu ter que bancar a psicóloga desse marmanjo de 100 anos? Como eu disse, nós convivemos bastante nas últimas semanas, depois que iniciei o meu plano de ajuda ao desmemoriado sofredor. Pois bem, acreditem ou não, mas quando viu que Barnes estava se dando bem comigo, Steve praticamente o largou nas minhas mãos e eu estou tendo que ficar quase que direto com ele e lidar com as suas crises de humor bem dizer sozinha. Não que o Capitão tenha deixado o amigo totalmente para escanteio, apenas está tendo menos tempo para ficar com ele por conta de seus vários compromissos como ícone nacional, e como James não se sente totalmente confortável com os demais Vingadores, em quem ele se agarrou? Em mim, mas no bom sentido da palavra!

Ele se aproximou mais de mim e agora sou a única, além de Steve, com quem ele age mais abertamente e confia para contar algumas coisas — como parte do sofrimento que passou na Hidra —, e isso no fundo me deixa muito feliz já que ele não é do tipo que confia em alguém com tanta facilidade — ainda mais em alguem que não tem alguns parafusos, ele deve mesmo estar com a cabeça ruim.

Por falar no meu mais novo amigo esquisitão, eis que ele irrompe a passos de ogro na pequena sala de armas da nave, onde estou juntando os meus equipamentos, e se senta no único banco do local com uma cara não muito feliz. Me viro em sua direção com as sobrancelhas levemente unidas e questiono:

— Tudo certo?

— Sim. — responde curto e grosso.

— Então por que essa cara?  — insisto.

James suspira pesadamente e nega com a cabeça por alguns segundos, baixando o olhar. Com certeza se irritou com algo inútil e veio até aqui para se acalmar, mas não vai dizer nem sob tortura o que está se passando na sua mente conflituosa.

— Nada.

Eu não disse?

— Tá bom. — dou de ombros e me viro novamente para a prateleira de armas, na tentativa de não encher a pouca paciência que parece lhe restar.

Pelo canto do olho vejo quando ele levanta o olhar e me dá um confere indiscreto de cima a baixo, observando em tudo que meu macacão de couro extremamente colado está marcando. Juro que ainda vou conseguir outro uniforme, pois esse, apesar de confortável e resistente, já me rendeu vários inconvenientes nas missões — lê-se: homens jogando cantadas impróprias para cima de mim ou me fazendo propostas indecentes.

Pego uma mini metralhadora e enquanto a coloco no coldre, indago sem vergonha para o desmemoriado tarado:

— Algum problema com a minha bunda ou  minhas pernas, Soldado?

Me viro de frente para ele com uma cara nada feliz e cruzo os braços, vendo o ex-Hidra ficar ligeiramente vermelho e sem saber para onde olhar. Mantenho a postura firme e aguardo uma resposta, que só vem após eu pigarrear e obrigá-lo a olhar para mim já que eu não estou para brincadeiras:

— N-não. Me... me desculpe, eu não queria... Vou voltar pra... pra... junto dos outros.

Essa é uma cena impagável! Um ex assassino da Hidra gaguejando de vergonha!

Não resisto ao constrangimento dele e caio na gargalhada mesmo estando um pouco brava, enquanto Bucky permanece estacado próximo a saída e parece estar suando de nervoso. Balanço a cabeça de um lado para o outro e pego meu bastão de combate, o prendendo ao meu cinto.

— Eu estava brincando, Barnes. — sorrio de lado, o ex-Hidra encara o chão — Só não me olhe assim de novo sem a minha permissão ou eu arranco seus olhos com uma pinça.

No mesmo instante em que termino a frase, algo acerta a nave e tudo começa a balançar violentamente, me fazendo perder o equilíbrio e cair de cara no chão sem ter tempo de pensar em nada.

— O que está acontecendo? — James questiona ao cair de joelhos.

— Nossa recepção. Fomos atingidos de raspão por um míssil e perdemos os propulsores. Terei que fazer um pouso de emergência, então segurem-se. — Romanoff anuncia da cabine, ao mesmo tempo que a sirene e as luzes de emergência são ativadas.

— Que amor. Adoro quando nos recebem tão bem. — zombo fazendo jeito de levantar, mas antes de eu conseguir ficar em pé, a nave começa a dar vários solavancos seguidos que me fazem perder o equilíbrio de novo e bater as costas contra a prateleira de armamentos. — Mas que merda! — esbravejo quando alguns pentes de munição começam cair sobre mim.

Sem avisos, Bucky se aproxima e me segura pelo braço com a mão de metal, me fazendo ficar de pé enquanto o encaro confusa.

— Pra baixo do banco. — diz e me puxa até o pequeno espaço.

Resolvi não titubear e me enfiei embaixo do assento com ele, pois ali não ficariamos nos batendo para todos os lados até que Natasha consiguisse pousar. Permaneci deitada sobre ele e o segurando com toda minha força, me sentindo protegida em seus braços enquanto a nave chacoalhava sem parar e as armas da prateleira caíam no chão, fazendo um barulho infernal ao deslizarem para todos os lados.

Após longos minutos da sensação de estar dentro de um liquidificador ligado, a nave finalmente pousou — de um jeito nada suave — e James soltou minha cintura, respirando profundamente. Rolei com cuidado para fora do pequeno espaço e não consegui evitar de esboçar uma careta de dor ao sentir minhas costelas reclamando pelo aperto excessivo que recebi.

— Eu te machuquei? — questiona ao ver meu desconforto.

— Não... Só estou com as costas doendo um pouco, mas está tudo bem.

— Me desculpa, eu só queria evitar que se machucasse durante a queda. — diz se colocando em pé.

— E você fez isso. Obrigada, Soldado. — levanto e jogo os braços ao redor do pescoço do homem que, mais uma vez, me ajudou numa situação difícil.

Eu tenho que parar com essa mania de abraçar todo mundo! — penso e faço jeito de o soltar, mas sou surpreendida quando ele passa os braços ao redor da minha cintura e encaixa o rosto no meu pescoço. Hoje, justo hoje, eu resolvi vir de cabelos presos, então assim que senti sua respiração quente contra a minha pele não pude evitar de soltar um pequeno suspiro e fechar os olhos, com um arrepio surgindo na espinha. 

Nos separamos segundos depois, quando — graças a Deus — Steve irrompeu como um furacão pela entrada da pequena sala, um pouco esbaforido e com uma expressão tensa no rosto. O loiro nos encarou com a testa levemente franzida quando viu o que estávamos fazendo, porém nenhum de nós se importou com o que ele poderia estar pensando. Depois de um tempinho nos olhando com cara de bobo, o Capitão finalmente se recompõe e desembucha algo:

— Vocês estão bem?

— Sim. — Barnes toma a frente, pegando um fuzil HK416 do chão.

— Onde nós caímos? — questiono e ajeito meu cinto.

— No pátio do Complexo. Por sorte Nat conseguiu guiar até aqui, mas o grupo já chegou e está atacando. Vamos, não podemos deixá-los chegar ao prédio principal.

Corremos até o lado de fora e assim que saímos, fomos recebidos pelo esquadrão do mal da melhor maneira possível: com uma chuva de balas. Steve, Sam e Bucky tomaram a frente e se encarregaram dos que estavam com armas de grosso calibre, enquanto Romanoff e eu nos separamos e ficamos com os mais despreparados.

Não sei de onde estavam saindo tantos terroristas, mas só sei que quanto mais morriam, mais apareciam. Fiquei um bom tempo atirando e lutando contra os infelizes que surgiam como formigas, até que fiquei sem munição e precisei me jogar atrás de um carro para ter cobertura. Enquanto recarregava minha arma, olhei em direção ao prédio principal do Complexo e percebi que estava sendo invadido pelos fundos, e vários funcionários estavam sendo alvejados sem dó pelos bandidos que entravam.

— Sam? Preciso de cobertura até o prédio principal.

— Tô chegando, espera aí... — responde segundos depois, guardo minha arma e permaneço escondida enquanto o pobre carro é metralhado sem pausas.

Saí do meu esconderijo no momento em que o Falcão desceu sobre o carro e corri com gás total pelo longo caminho em direção ao prédio, deixando meu amigo com fantasia de pássaro a cargo dos malucos que atiravam à doidado em mim.

Já estava com o pé nas escadas de entrada do edifício quando senti minha minha coxa direita sendo perfurada por um tiro, que fez minha perna bambear e eu cair sobre os degraus como uma fruta madura.

— Merda! — gritei e pressionei o buraco feito pela bala de onde o sangue já escorria.

Wanessa! — Sam berrou, fazendo meus ouvidos doerem.

— Não grita, Wilson! Estou bem, foi de raspão.

Mentira, não foi de raspão e isso tá doendo como o inferno. Acho que pegou uma veia, mas eu tenho uma missão e não quero ninguém preocupado comigo, então tô bem! Eu tô bem. — levantei e voltei a correr cambaleante.

Você foi atingida? — foi a vez de Bucky questionar em meio a tiros quando eu já me encontrava dentro do prédio.

Localizei os ladrões em meio ao caos de funcionários desesperados pelo saguão, indo em direção as escadas e atirando em quem tentava os impedir. Corri cambaleante atrás deles, enquanto desviava das pessoas histéricas e tranquilizava o ex-Hidra:

— Foi de raspão, Soldado. Se concentre no que está fazendo!

James reclamou alguma coisa que não dei muita importância, devido aos inúmeros tiros e gritos de pavor que estavam se fazendo ouvir nos andares superiores que atraíram toda a minha atenção e preocupação. Comecei a subir as escadas atrás dos árabes do mal que já deviam estar no setor de contenção de armas biológicas, localizado no quinto andar segundo meus conhecimentos — que aliás, é o último andar do prédio.

Com alguns minutos de sofrimento ao subir cada degrau finalmente cheguei ao bendito andar, mas infelizmente a situação já estava crítica.

Eu podia ter vindo de elevador!

Passei lentamente pelos vários funcionários que jaziam baleados no chão, sentindo um nó na garganta por saber que eu não teria tempo de checar um por um para ver se havia alguém vivo já que precisava impedir os ladrões de escaparem e fazerem outras vítimas.

Continuei caminhando  aos tropeços pelo enorme corredor, olhando cada uma das salas, e ao chegar no fim virei para a esquerda e imediatamente localizei os terroristas saindo apressados de uma sala envidraçada um pouco a frente, um deles segurando uma maleta preta e outro com um Ak47 em mão que começou a atirar contra mim logo que me viu.

Rolei para o lado e me encostei na parede bem quando quando os tiros cessaram e um deles começou a falar, arranhando num inglês terrível:

— Renda-se e nos ajude a fugir, ou ele solta o Anthrax e você e seus amiguinhos irão morrer infectados.

Olhei rapidamente na direção deles e constatei que, de fato, o que segurava a maleta estava com algumas ampolas do vírus na mão disposto a jogá-las contra o piso por qualquer erro meu.

Merda! Eles não estão blefando.

Forcei minha mente para pensar em alguma maneira rápida de contornar essa situação, enquanto os malucos continuavam a mandar eu me render e ajudá-los, mas a única coisa na qual eu conseguia me atentar era a dor na minha perna e a poça de sangue se formando no chão.

Droga! Eu não devia ter vindo sozinha! E não posso deixá-los fugirem.

Depois de fechar os olhos e esquecer meu estado por alguns instantes, consegui enfim bolar um plano que, se não desse certo, seria meu atestado de óbito — e o de todos nesse complexo também — , mas que eu faria mesmo assim por ser a única solução.

— Sam... preciso de ajuda. Aguarde meu sinal e mande... o Asa Vermelha ao quinto andar. — sussurrei com a voz embargada pela dor.

Você tá bem? Você parece mal. — questionou com som de tiros ao fundo, revirei os olhos.

— Não se preocupe comigo. Só faz o que eu te pedi.

Tá...— respirou pesadamente — Mas cuidado, estão todos ocupados aqui e não podemos ir te ajudar.

Não respondi, apenas reuni minhas forças e soltei o ar devagar para colocar em prática a primeira parte do meu plano: barganhar com os malucos e ganhar algum tempo.

— Ok. Eu ajudo vocês a fugirem... — saí de trás da parede com as mãos erguidas e sem demonstar medo — Mas guarde as ampolas na maleta primeiro.

Gargalhadas. Os infelizes tripudiaram da minha seriedade e gargalharam, como se eu tivesse dito a piada do ano, o que quase me fez mandar todo meu plano pro inferno e matá-los enquanto riam, mesmo que isso fosse uma prova de covarida da minha parte. Apenas para preservar a felicidade de todos e o bem geral da nação me controlei e continuei com a expressão calma, enquanto os dois árabes do mal continuavam rindo e balbuciando ladainhas.

Nem parecem dois terroristas agindo desse jeito.

Somente depois de um bom tempo o maluco com o fuzil cessou o riso e indagou debochadamente, com seu inglês castigando meus ouvidos de novo:

— Acha mesmo que vamos acreditar em você e fazer isso?

Sim, vocês vão, ou já teriam me matado.

— Vocês querem a minha ajuda ou não? Se vocês não aceitarem e quiserem me matar, vão em frente e façam, mas vocês vêm pro inferno comigo! — os dois me olharam surpresos, continuei com meu discurso — Vocês sabem que não sairão vivos daqui sozinhos, estou oferecendo uma chance de mudar isso. Guardem as malditas ampolas e fechem a maleta, e eu garanto a fuga de vocês.

Não sei de onde tirei forças para falar tudo isso com tanta convicção já que eu estava um caco por ter com uma bala enfiada na minha perna ardendo como ferro em brasa, mas o importante é que consegui ser bem convincente com minhas palavras e os dois pareceram ficar tentados a aceitar a proposta.

— E como você garante isso? — indagou o da maleta, com curiosidade.

Fiz minha melhor cara de menina pura e sincera ao responder:

— Palavra de Vingadora. Somos obrigados a cumprir tudo que prometemos.

Mentira. Eu não sou obrigada a cumprir nada, imbecis.

Novamente, precisei esperar por um bom tempo enquanto os "bonitos" cochichavam um com o outro e me analisavam minunciosamente, com certeza procurando algo na minha expressão que indicasse que eu estava mentindo, coisa que eu jamais demonstraria.

Mas que enrolação! Será que eles não estão vendo que eu não me aguento mais em pé?

— Livre-se das suas armas. — o maluco com a metralhadora quebra o longo silêncio, me controloei para não cair na gargalhada. Não acredito que acham que eu preciso de armas pra representar perigo!

— Ok. — tirei meu cinto com todos os meus equipamentos e o joguei por uma janela atrás de mim, mas só o fiz depois que, discretamente, ativei o modo sinalizador do meu bastão. Esse era o sinal que Sam tinha que ver, caso contrário eu estava completamente lascada.

Logo que viu que me livrei das minhas armas e fiquei "indefesa", o infeliz guardou o Anthrax de volta na maleta e a travou, enquanto o outro veio até mim e me arrastou, com uma delicadeza de cavalo,  na direção das escadas do lado oposto com uma pistola encostada na minha cabeça.

Estou te cobrindo. — informou o Falcão, para minha alegria — Wanessa! Você precisa sair daí agora! O da maleta está com uma bomba ativada, 1 minuto para detonação!

Sabem a alegria que eu disse sentir? Ela se foi e deu lugar a um nervosismo gigantesco no exato milésimo em que ouvi essa bomba. — trocadilho desnecessário, eu sei.

Mesmo após a notícia de que eu viraria mingau se não saísse logo, mantive o personagem e continuei me deixando arrastar por mais alguns passos, até que olhei discretamente para trás só para me certificar se o Asa Vermelha estava me cobrindo. De fato, o Drone fofinho estava a postos, parado do lado de fora da janela onde joguei meu cinto, portanto essa era a hora certa para a segunda parte do meu plano: revelar minha traição e acabar com essa palhaçada — antes que tudo fosse pros ares.

Eu não disse que eles eram imbecis demais para serem terroristas? Mesmo eu estando fraca e zonza por ter perdido tanto sangue, me livrei do controle do infeliz e roubei sua arma com a maior facilidade, a apontando para o que segurava a maleta.

— É sério que vocês acharam que eu ia mesmo ajudar vocês? — sibilei com a voz fraca e engatilhei a arma, mas fui surpreendida quando o outro se aproveitou da minha mínima distração e fincou uma faca sem dó no meu braço esquerdo, fazendo eu largar a arma por conta do susto. — Seu maldito! Eu odeio facadas! — berrei a plenos pulmões, os dois riram — Sam? Se importa? — questionei olhando para o drone.

A cena que se seguiu não poderia ser mais satisfatória para mim: os imbecis sendo atingidos por vários disparos ao mesmo tempo, se chacoalhando como se estivessem fazendo alguma dança maluca enquanto eu assistia tudo de camarote, mesmo tendo uma bomba prestes a explodir.

Quando os corpos se esparramaram um sobre o outro, catei apressadamente a maleta do chão e encarei o fim do corredor.

— Vai ser uma saída triunfal! Mais uma pra minha biografia.

Dizendo isso, corri o mais rápido que minhas pernas bambas permitiram rumo à parede de vidro e me lancei sobre a fina vidraça usando a maleta como escudo. A bomba explodiu bem quando meu corpo se chocou contra a parede e a estilhaçou, o impacto me lançando a vários metros de altura e me fazendo largar a maleta e soltar um grito esganiçado ao pensar que eu me esborracharia no chão como uma panqueca ao final da minha cena de filme de ação.

Fechei os olhos e apenas fiquei me preparando para o que viria logo que a terrível sensação de queda livre acabasse, mas para minha sorte fui salva antes de chegar ao chão por um pássaro que voava pelas redondezas e impediu meu trágico fim.

— Você é louca? Por que não saiu quando eu avisei sobre a bomba? — Wilson indagou no momento em que me tomou nos braços.

— E perder a diversão final? — arqueei uma sobrancelha, ele riu rapidamente, mas mudou para uma expressão preocupada ao dizer:

— Você está péssima. Está perdendo muito sangue, precisa ir pra um hospital.

Em resposta revirei os olhos e ri pelo nariz, mesmo sabendo que de fato o moreno estava coberto de razão. Sam desceu comigo em questão de segundos na frente do complexo, onde a situação já tinha se normalizado por completo — normalizado= os terroristas estavam todos no colo de Lúcifer e meus amigos continuavam lindos e inteiros.

O primeiro que vi foi Bucky, próximo ao carro onde me escondi, que correu na nossa direção ao me ver nos braços de Sam.

— Tem uma ambulância à caminho. — disse parando a poucos passos de nós.

Insisti para Wilson me colocar no chão e pedi para ele localizar a maleta, mas claro, só depois que o agradeci por ter me salvado. O ex-Hidra continuou no mesmo lugar me fitando com uma expressão não muito feliz, respirei fundo e caminhei manca até ele quando o Falcão se retirou.

— Como você está? — indaguei estacando em sua frente. Ele me analisou da cabeça aos pés e travou o maxilar ao ver meu estado.

— Você mentiu. Por que não disse que foi um tiro certeiro? Podia ter morrido lá dentro!

Oi?

Fiquei com uma interrogação enorme no rosto diante de tamanha preocupação dele comigo, preocupação essa que ele nunca demonstrou, e que, milagrosamente, não me incomodou como geralmente acontece. A preocupação dele me fez sentir como se eu fosse importante para ele, como se ele tivesse medo de me perder, mas por alguma razão resolvi descartar imediatamente essas possibilidades tão logo elas surgiram em minha mente. Talvez para não criar falsas expectativas ou um sentimento impróprio em relação a ele? Não faço ideia, só sei que meu inconsciente me mandou continuar com a minha firmeza usual, sendo assim respondi dando de ombros:

— Eu não gosto que se preocupem comigo, Soldado.

— Eu não estou preocupado com você. Só acho que poderia ter arruinado a missão. — retrucou duramente quase que de imediato, com o semblante inexpressivo.

Lembram do que eu falei? Bipolar! Muda mais rápido de humor do que a Mística muda de forma.

Fiquei sem entender o porque, mas senti como se tivessem apertado meu coração com um alicate até ele se desmanchar, e a dor dos meus ferimentos pareceu insignificante diante da que senti ao ver sua frieza e indiferença repentina em relação a mim.

Espera aí, o que é que eu tô pensando? Eu lá sou mulher de ficar sofrendo pelas patadas dele? Afastei a melancolia e adotei a postura Maria Hill de ser, respondendo-o com escárnio:

— Eu tenho anos de prática nessa vida, Barnes. Não me subestime por algo tão pequeno.

Dito isso, lhe dei as costas e caminhei pisando duro sem olhar para trás, sentindo o olhar dele pesar sobre mim a medida que me afastava. Avistei Natasha e Steve conversando com alguns policiais, então segui até eles para saber o status da missão.

— Nat? Steve? — falei um pouco mais alto recebendo seus olhares. — Como voc...

Parei a frase quando minha visão escureceu e uma tontura forte me atingiu, me fazendo despencar inconsciente e levando toda a resistência que lutei para manter.

******

— Ela está acordando... — uma voz masculina invade meus ouvidos, me trazendo uma sensação de Dejá Vú.

— De novo essa cena, meu Deus?— questiono ao abrir os olhos e ver que estou no mesmo quarto em que acordei quase um mês atrás, após meu ataque de claustrofobia.

Após uma breve análise do ambiente, localizei Bucky, Steve, Tony e Helen espalhados pelo quarto, sendo o ex-Hidra o único estacado ao lado da minha cama com um olhar sereno sobre mim. Franzi o cenho e estranhei por ele estar ali, já que, pelo que eu me lembro, na nossa última conversa ele jogou na minha cara que não está nem aí pra mim.

— Você passou por uma cirurgia de retirada da bala ainda na Sérvia, e foi trazida pra cá a mando do sr. Stark. — a oriental informou, atraindo meu olhar e me deixando mais confusa ainda. Desde quando Tony se preocupa comigo, minha Nossa Senhora?

— Vem cá, qual é a de vocês mulheres de me chamarem de senhor? Eu sou mais novo que eles! — reclama, se referindo a Steve e James.

Revirei os olhos e afastei o lençol branco de cima das minhas pernas, mas fui impedida de fazer qualquer movimento quando o ser parado ao meu lado apoiou ambas as mãos nos meus ombros, me fazendo lançar um olhar nada gentil para ele.

— O que você pensa que está fazendo?

— Te impedindo de levantar. — respondeu somente, com a voz baixa e firme.

— Desde quando você se preocupa comigo? — retruquei entredentes fazendo ele me soltar.

— Quem disse que eu estou preocupado?

— Quem sabe a sua atitude e essa cara de cachorro pidão? — respondi como se fosse óbvio. Bucky bufou e se afastou de mim, visivelmente irritado. Pode virar o Hulk se quiser, mas enquanto me provocar eu vou retribuir.

— Tá realmente muito interessante essa DR, mas eu vou ter que concordar com o Robocop velhote. Você ainda está com defeito, Miss Morte. — Stark, como sempre, metendo o bedelho na DR dos outros.

— Ah, que coisa mais linda! Agora todos resolveram me tratar como uma garotinha frágil? — esbravejei, batendo as mãos no colchão duro.

— É por pouco tempo, Wanessa. O pior já passou, pois já faz mais de 24 horas que você passou pela cirurgia... — Cho começou a explicar, porém a interrompi depois de ouvir 24 horas:

— 24 horas? Tudo isso por causa de uma mísera bala? — indaguei incrédula.

— Wanessa, se acalma. — finalmente Steve se pronunciou, parando ao lado de Tony. O fitei com uma careta que dizia: Eu tô calma, caramba!

— Bom, como eu dizia, já passou de 24 horas da sua cirurgia, mas você não pode fazer movimentos bruscos, então terei que te manter aqui já que eu sei que você não obedecerá essa regra se sair por aquela porta.

Revirei os olhos e puxei o ar com força, mas me controlei e decidi concordar com ela — por enquanto.

— Tudo bem, Helen. Vou ficar aqui, quieta.

Só que não.

Cho deu mais algumas recomendações que não prestei muita atenção e deixou o quarto. Logo que fiquei sozinha com os rapazes, indaguei curiosa para o Homem de Ferro:

— Muito bem,  agora chega de fingimento. Por que mandou que me trouxessem pra cá tão rápido?

Tony e Steve se entreolharam por vários segundos, eu e Bucky fizemos o mesmo ao estranhar a atitude dos dois. O que é que tá acontecendo agora?

— Bom... — o Capitão tomou a palavra instantes depois — Como vocês sabem, Tony não foi para a Sérvia conosco por ficar resolvendo a situação burocrática do Bucky... — parou e olhou para o amigo, que estava tão por fora do assunto quanto eu. Tony e eu reviramos os olhos. Já vi que vai ser meia hora de discurso...

— Como eu sei que o Dorito vai demorar um século pra dizer o que tem que dizer, vou resumir tudo pra não ocupar o tempo e a paciencia de vocês. — obrigada, Stark, obrigada! — O lance é que eu tentei de todas as maneiras conseguir que você — apontou para o ex-Hidra —  fosse aceito novamente como cidadão americano por estar com os Vingadores, até subornei alguns peixes grandes, coisa e tal, mas foi impossível de conseguir já que você foi dado como morto há décadas atrás e voltou como um... É... ahn...— gaguejou, olhando Bucky com certo receio.

Pelo amor de Deus, não complete essa frase ou você vai sair voando por alguma janela!

— Espera... — me intrometi antes que Tony soltasse a pérola final — Mas o Steve também foi dado como morto. Como ele conseguiu a cidadania de volta?

— O Rogers sempre foi o herói nacional, acha que negariam algo a ele? — retrucou sem papas na língua, recebendo um olhar reprovador meu e do Capitão. Cala essa boca pelo amor que você tem as suas armaduras!

Mordi o lábio inferior e olhei para James, que estava sentado numa poltrona próxima a porta com um olhar vazio e parecendo totalmente alheio a conversa que era sobre ele. Soltei o ar pela boca e fiz uma pergunta que me veio à mente:

— Sempre há uma brecha nessas coisas, certo? Qual é a desse impasse?Novamente, Rogers e Stark se entreolharam por diversos segundos antes de responderem ao meu simples anseio.

— Há uma brecha... mas não sei se será muito útil. — disse Steve, ponderando as palavras.

— Qual seria? — finalmente Bucky se pronunciou, atraindo minha atenção.

— Você só poderia viver aqui se tivesse algum parente de primeiro grau vivo. — Rogers explicou, Barnes murchou novamente. — Ou se...

— Se? — me pronunciei, levantando um pouco o tronco.

— Como ele, obviamente, não tem nenhum parente vivo — Stark disse, recebendo um olhar feroz de James — O único jeito de conseguir a cidadania de volta é se ele se casar com alguém.

Me afoguei com minha própria saliva quando uma crise de risos me dominou. Mesmo sabendo da seriedade do assunto não pude evitar de gargalhar como se tivesse ouvido uma boa piada, e para mim realmente foi uma piada. Bucky, casado? Acho que nem o antigo Bucky era homem pra casar, que dirá esse?

Os rapazes — inclusive Tony — me encararam de uma maneira nada divertida pela minha falta de respeito com o assunto, mas realmente não foi minha culpa ter uma reação como essa.

— Me desculpem... — cessei o riso e pigarreei, retomando a postura séria — Bom, vocês falaram tudo o que precisavam, agora tá na hora de você se pronunciar, Soldado — o fitei em seus olhos azuis e... tristes? —, o que você acha disso tudo?

Alguns segundos de silêncio até que ele responde, se levantando da poltrona:

— Eu não sei de mais nada.

E deixa o quarto, como um furacão, causando um pequeno tremor nas paredes ao bater a porta com toda a delicadeza provinda de sua mão metálica.

— Mas gente! — disse o Homem Lata com uma careta.

Respirei pesadamente e me dirigi aos dois que permaneceram comigo:

— Eu tenho mais uma pergunta. O que querem de mim, já que, obviamente, eu fui trazida antes por conta desse assunto?

— Diz você ou digo eu? — questiona Steve olhando para Tony.

— Dá pra pararem de agr como um casal conversando com o filho, por favor? Desembuchem logo! — pedi impaciente, ambos franziram a testa. Mas vocês realmente estão parecendo um casal que tem uma decisão difícil a tomar...

— Eu pensei que... já que você e Bucky estão tão próximos... — Rogers tomou as rédias, e só então o que eu já tinha em mente se concretizou.

— Não. Não, não, não... — ri e neguei balançando as mãos no ar — Você só pode estar brincando se... eu não... ficou louco? Stark fez lavagem cerebral em você pra cogitar um absurdo desses?

— Por que ficou tão nervosa, Miss Morte? Você e uma agente secreta e já fez coisas piores nas missões. Por acaso a ideia de juntar as escovas de dentes com o desmemoriado mexe com você? — Tony perguntou arqueando uma sobrancelha. Tanto eu como Steve olhamos feio para ele, antes do loiro se pronunciar:

— Eu só pensei que como você já está acostumada com o jeito de Bucky poderia aceitar ajudá-lo em mais essa. Me desculpe, não quis te ofender.

— Não... É só que... — neguei com a cabeça —, eu não acho que ele vai querer isso. Tenho quase certeza que ele preferiria a extradição para qualquer país a se casar com alguém, ainda mais comigo.

Minha frase saiu mais melancólica do que o esperado, e os dois perceberam a pontinha de desapontamento que eu transpareci ao dizer a última parte. Felizmente, nenhum deles fez alguma ressalva quanto a isso

— Bom, eu acho que a Miss Morte já viveu emoções demais por hoje. — Stark quebrou o curto silêncio — Vamos, Dorito?

Tá, agora sim foi uma cena de casal! — me segurei para não rir do modo fofo que ambos estavam se tratando. O que será que Natasha e Pepper acham disso?

— Ok. Me desculpe mais uma vez, Wanessa. Não foi minha intenção irritá-la com esse assunto. — falou Rogers colocando as mãos nos bolsos da calça.

— Tudo bem, Cap. Eu tentarei te ajudar assim que eu estiver 100%

— Não quero que se sinta obrigada a nada... tentarei achar outra solução.

— Não estou. Eu já me comprometi a ajudar o esquisitão de um jeito ou de outro, não custa nada me enrolar mais um pouquinho.

Mas que porra eu acabei de dizer, Santo Cristo?

— Nossa! Que... gentil da sua parte. — Tony rebateu com sarcasmo.

— Obrigado, então. Nós já vamos, ficará bem sozinha? — o Capitão indagou juntando-se ao Homem Lata.

— Eu sempre fico, Cap.

Dito isso, a dupla se retirou, deixando para trás uma Wanessa totalmente confusa e pensativa com todos os últimos acontecimentos.

E agora, meu Deus? E agora?

Deitei a cabeça no travesseiro e fechei meus olhos, perguntando a todos os Deuses por que James Buchanan Barnes tinha que entrar no meu caminho e virar minha vida de cabeça pra baixo em tão pouco tempo. 


Notas Finais


E então?
Bom, só um comentário sobre esse capítulo: me diverti muito escrevendo (mesmo depois do pequeno imprevisto). Espero que tenham se divertido ao ler também.
Beijinhos no ar e até breve ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...