1. Spirit Fanfics >
  2. Secrets >
  3. Sempre há uma luz no fim do túnel

História Secrets - Sempre há uma luz no fim do túnel


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Oii, como vocês estão?
Mil perdões por demorar de novo. Estou tendo que escrever pelo celular já que fiquei sem computador, portanto os capítulos vão demorar mais pra sair.
Masss, aqui estou com mais um pouquinho da história dessa doida pra vocês, espero que gostem.
Ps: se algo desagradar, por favor falem. Críticas construtivas são sempre bem vindas!
Ps2: leitores anônimos, gostaria muito de saber o que estão achando! Por favor, se não for pedir muito, dêem suas opiniões. Isso me servirá de incentivo para saber se devo continuar ou não.
Obrigada e boa leitura ♡

Capítulo 4 - Sempre há uma luz no fim do túnel


Fanfic / Fanfiction Secrets - Sempre há uma luz no fim do túnel

30 horas depois

Sabe quando você, sem saber porque, se compromete a fazer uma coisa e sem perceber vai se envolvendo nela até não poder mais voltar atrás, como se sua mente se condicionasse a prosseguir com o erro? É exatamente o que tem acontecido comigo desde o dia que, precipitadamente, resolvi me prontificar para ser a personal helper de Bucky.

Se você não está entendendo, eu explico o que quero dizer: mesmo eu tendo todos os motivos — lê-se vontade de voar em seu pescoço por seu gênio de cão — para jogar a ajuda que lhe prometi para os ares e me afastar dele, eu simplesmente não consigo fazer isso, e cada vez mais eu me envolvo em todos os seus problemas mesmo que meu inconsciente me diga para fazer o contrário.

A verdade é que, por alguma causa, motivo, razão ou circunstância que não faço ideia do qual seja, eu me importo mais do que devia com aquele desmemoriado ingrato e não consigo deixar de me preocupar com ele, independente de nós brigarmos feito cão e gato. Sendo assim, dessa vez eu não poderia agir de outro modo.

Quando Steve e Tony deram a maravilhosa notícia de que o ex-Hidra teria que colocar uma aliança no dedo para poder permanecer na Terra do Tio Sam — e o Capitão teve a pachorra de cogitar que eu me casasse com ele para facilitar as coisas —, eu não consegui pensar direito e acabei me comprometendo a, mais uma vez, ajudar o amigo de Steve Rogers de alguma forma, mesmo sem saber como diabos eu ajudaria e sem ter nenhuma razão plausível para me comprometer a tal coisa.

Maldita hora que eles escolheram para entrar nesse assunto. Eu tenho quase certeza que ambos fizeram tudo de caso pensado, por saber que eu não estava com minha total lucidez naquele momento e que me deixaria levar por minha impulsividade. Bom, se foi esse o plano tenho que tirar meu chapéu para eles, pois conseguiram direitinho que eu me envolvesse de cabeça nessa situação conturbada mesmo sem querer.

Quer dizer, na verdade eu acho que não foi totalmente sem querer. Como eu sempre digo: já que eu já estou com um pé na fogueira, por que não me queimar de uma vez? Ou seja, já que eu, de um jeito ou de outro, me dispus a ajudar Bucky e por um milagre consegui me aproximar e ganhar sua confiança, por que não aproveitar e tentar achar uma luz no fim do túnel para ele? — Eu não pretendo propor de me casar com ele, que fique bem claro, e não engoli a história de casamento sem pé nem cabeça que Stark chamou de "única solução". Vou insistir do jeito que for até achar uma outra saída para a permanência do ex-Hidra nesse país.

Pra começo de conversa, o que eu fiz foi assinar minha própria alta e deixar o quarto da enfermaria assim que tive uma oportunidade — que aconteceu somente há umas 2 horas atrás, quando não tinha nenhum enfermeiro ou companhia no quarto para me vigiar. Não me perguntem como, mas eu consegui deixar a ala médica da Torre sem ser impedida por nenhum dos funcionários que passaram por mim, mesmo eu estando enfiada dentro da camisola super estilosa — e indiscreta — que os pacientes usam e me arrastando pelos corredores como uma zombie, por conta das dores e da fraqueza que estava sentindo.

Por falar em fraqueza, tenho uma ressalva a fazer sobre hospitais antes de prosseguir: se você ficar muito tempo numa internação, com certeza morre de fome. Nessas poucas horas que eu me deixei permanecer em observação e seguir as ordens de Helen, sabem o que eu recebi para comer? Nada além de uma maçã, uma sopa rala de cenoura, dois copinhos de gelatina e água, muita água.

Dá pra imaginar o por que de eu estar fraca, não é? Que ser humano consegue se recuperar com apenas isso no estômago por 30 horas? E como eu ia pensar em alguma solução para o caso de Bucky se continuasse passando fome como as modelos da Victoria Secrets?

Depois que realizei minha fuga de mestre e cheguei aos meus aposentos — sem encontrar Helen ou nenhum dos Vingadores no caminho, hoje deve ser meu dia de sorte —, tomei um bom banho, troquei meus curativos, tomei um analgésico e me arrumei decentemente, voltando a aparência de uma pessoa normal.

Feito tudo isso, desci direto até a cozinha — ainda sem encontrar nenhum dos meus amigos —, e é onde estou neste momento, preparando uma refeição de verdade para, então, ter disposição para pensar em alguma coisa além da minha fome.Bem, nutricionalmente falando não é uma refeição de verdade, pois hambúrguer e batatas fritas não podem ser considerados saudáveis, quiçá para alguém em recuperação, certo? Sim, certo, mas é o que quero, preciso e vou comer — mesmo sabendo que posso ter uma reação adversa por ingerir tanta gordura.

— Eu tinha certeza que você estaria aqui.

Me viro para trás no susto quando ouço a voz sensual de Natasha, que se encontra sentada sobre o balcão de um armário próximo a entrada da cozinha.

De tão distraída que estava com o preparo das minhas guloseimas, juro que nem percebi quando ela entrou e se sentou ali, mas pelo tanto que a conheço tenho certeza que ela se aproveitou da minha distração e está me observando há um bom tempo. Deus do céu, deve ter me ouvido cantando...

— O que achou do meu show de rock? — questiono, voltando minha atenção às batatas fritando.

Após um riso abafado, a russa responde num tom zombeteiro:

— Você dá uns agudos bem afinados, já pensou em cantar nas festas do Tony? Tenho certeza que faria muito mais sucesso do que os DJs da terceira idade que ele chama.

— Vou anotar isso na lista de pedidos que quero fazer a ele. — zombo de volta.

— Achei que tinha desistido da culinária na última vez que se meteu a fazer nosso jantar de ação de graças e queimou o macarrão com queijo.

A olhei com uma careta de indignação.

— Aquilo foi culpa do Thomas, ele aumentou a temperatura do forno ao invés de diminuir. Eu nunca deixaria o macarrão queimar, sou uma ótima cozinheira.

Isso não foi nem um pouco modesto da minha parte, eu sei, mas não é mentira. De fato me tornei uma boa cozinheira já que tive que me virar nos 30 desde criança para não morrer de fome, e acabou que cozinhar virou um hobby — mesmo que eu não tenha tempo pra fazê-lo.

— É, você é boa nisso mesmo. — saltou da bancada e se aproximou — Tem certeza que vai comer isso? Você ainda nem tirou os pontos.

Reviro os olhos em insatisfação com o comentário. Natasha é maravilhosa, mas não quando resolve falar como uma mãezona.

— Eu não tenho certeza de nada — sorrio de canto —, mas mesmo assim eu faço tudo que quero. Nem sempre dá muito certo, mas pelo menos eu faço.

Ergui os ombros, vendo um sorriso cínico surgir nos lábios da russa. Poucos segundos depois, o sorriso desaparece e ela faz uma pergunta:

— Como ajudar o Barnes?

Por que eu tinha certeza que você ia entrar nesse assunto?

— É... Também. — assumi após um suspiro, retirando as batatas do óleo e colocando num prato.

— Steve me contou o que aconteceu, é sério que você está disposta a casar com ele se for preciso? — indagou com tom de deboche me fazendo arregalar os olhos.

— O quê? É claro que não, eu não disse isso!— ri nervosamente — O que eu disse é que eu vou tentar ajudar, mas não que... que eu me casaria com ele. Eu vou procurar outro jeito ajudá-lo, pois isso de ele ter que se casar não tem o menor cabimento.

— E se ele te pedisse esse favor? — retrucou com uma sobrancelha curvada.

— Pelo que eu já conheço do James — deixei o prato sobre uma bancada e me afastei do fogão — Ele nunca fará isso, nunca vai aceitar essa condição ridícula. Mesmo que fosse pra tirar o Steve da forca ele não faria.

— Segundo o que eu fiquei sabendo, ele tem só três meses pra aceitar ou não essa "condição ridícula" — fez aspas com os dedos —, que é a única saída pra ele ser legitimado como americano.

— E é isso que está me assustando. Tem que haver outra solução, eu não quero que ele seja mandado pra sabe Deus onde quando o prazo acabar. — confessei sem pensar enquanto fuçava a geladeira atrás de alguma bebida.

Natasha permaneceu em silêncio, e só quando peguei um refrigerante e fechei a geladeira vi que ela me encarava de uma maneira analisadora.

— O que foi? — perguntei com as sobrancelhas franzidas.

— Desde que você o conheceu e se aproximou dele eu tô percebendo que você está diferente.

Caminhei até onde deixei meu lanche e coloquei tudo numa bandeja enquanto respondia a insinuação da russa:

— Diferente como?

É lógico que eu sei exatamente o que ela quer dizer e onde quer chegar, mas não vou abrir nenhum caminho para ela constatar nada — visto que não há nada para se constatar.

— Mais preocupada com ele do que devia. Vocês se tornaram amigos bem rápido, estão juntos quase que direto ultimamente... — manejou a cabeça sugestivamente.

— Como você e o Steve? — devolvi quase de imediato, juntando a bandeja com meu lanche e sentando com cuidado ao redor da pequena mesa da cozinha e vendo Natasha armar uma carranca desgostosa.

Bingo! Consegui virar o jogo!

— Eu e Steve? O que tem nós dois? — questionou com falsa indiferença, puxando uma cadeira de frente para mim.

Arqueei uma sobrancelha e servi o refrigerante em dois copos, enquanto Nat roubava algumas batatas do prato.

— Nada. Só achei que, sei lá, você podia parar de fazer jogo duro e assumir que sente algo por ele.

— Eu não sinto nada por ele, você está querendo escapar do assunto. — respondeu após beber um belo gole do refrigerante.

— Eu? Tem certeza? — estreitei o olhar para ela, que franziu o cenho — Qual é, Tasha. Você nunca teve vergonha de assumir nada, não vai ter agora, vai?

— Eu não tenho nada pra assumir — retrucou, seguido de um suspiro triste — Eu não sou mulher pra romance, não mais. Steve e eu somos apenas amigos, não seremos nada além disso.

Suspirei alto e neguei com a cabeça, mas não como uma maneira de julgar a atitude dela. Natasha nunca assumirá que vê o Capitão com outros olhos, e acho que se estivesse em seu lugar eu faria o mesmo. Mascarar os sentimentos para não se apaixonar sempre foi uma das características que mulheres como nós costumam ter, e por mais que a gente queira não é fácil mudá-la, mesmo se tratando de uma tentação ambulante como Steve Rogers.

— Bom, eu não posso te repreender, eu também não sou a mais fácil das criaturas quando o assunto são relacionamentos. — comprimi os lábios — Mas quer um conselho? Se você achar que sente algo a mais por ele, não deixe sua racionalidade te impedir de se arriscar. Eu sei que ele não te vê apenas como uma amiga, e tenho certeza que você já percebeu e se agradou com isso.

— Eu não acho que vai adiantar nada eu me arriscar agora, e não acho que vá acontecer nada entre nós. —  devolveu após rir sem humor.

Torci o nariz e tombei a cabeça para o lado em sinal de incompreensão.

— Por quê não?

— Ele está saindo com a Sharon. — disse meio murcha, armei uma careta de surpresa.

— É o quê? Desde quando?

— Faz alguns dias. Eu fiquei sabendo através do Sam.

A fitei por alguns segundos procurando alguma palavra amigável ou de consolo, porém comecei a rir com a constatação que fiz enquanto pensava.

— Ah, Natasha. — falei entre risos, ela cerrou os olhos — Você está falando como se eles já estivessem de casamento marcado. E até onde eu sei, ela se joga pra cima dele desde que o conheceu — tomei um pequeno gole de refrigerante — Que homem resistiria a uma mulher bonita daquelas dando mole? Nem um cara das antigas como o Rogers resiste, ainda mais quando você não facilita as coisas pro lado dele.

Desculpa, amiga, mas é a verdade.

No instante em que Romanoff abriu a boca para responder, eis que adentram a cozinha os próprios Steve Rogers e Bucky Barnes, ambos usando camisetas extremamente justas e levemente suados — cena que confesso ter me servido de colirio para os olhos.

Ai, Nat, como você pode consegue fazer jogo duro com um homem desses? — divaguei mentalmente dando uma grande mordida no meu sanduíche, com os olhos grudados no Capitão sarado e seu amigo mais sarado enquanto eles se aproximavam de nós, totalmente alheios a pauta da nossa conversa. Qual seria a reação de Steve se soubesse que estávamos falando de seu borogodó com as mulheres?

— Como foi o treino? — Romanoff questiona para o loiro.

— Longo, estávamos fazendo algumas simulações. — responde, indo até a geladeira.

Barnes se encosta num armário e me encara de testa franzida por vários segundos, me obrigando a encará-lo de volta com um olhar que dizia: O que foi, criatura?

— Não sabia que tinha recebido alta. — comenta enfim, no momento em que dou outra mordida no sanduíche.

— Não recebi — retruco de boca cheia, ele e Nat me fitam com caretas de nojo — Eu já estou bem, não vi motivo para continuar enfurnada naquele quarto sendo mal alimentada. — esclareço ainda mastigando.

— Ela sempre faz isso, vai se acostumando. — a russa ironiza.

Dou de ombros em resposta e largo o hambúrguer no prato, lançando uma piscadela ao ex-Hidra.

— Foi bom eu te encontrar aqui — o Capitão fala, entregando uma garrafa d'água para o amigo — Eu ia até a enfermaria assim que pudesse pra falar com você.

— Sobre?

— A situação de Bucky. Stark conseguiu um outro método de resolvê-la.

Entreabro os lábios e olho dele para James, percebendo uma centelha de esperança em seu olhar. Esperança essa que parecia estar sendo depositada em mim. Meu pai do céu... lá vem.

— Que método? — Natasha indaga antes, trocando um breve olhar comigo.

— Ele marcou uma reunião com o presidente, para tentar algum tipo de acordo diretamente com ele.

— O presidente? Como ele conseguiu essa proeza? — pergunto incrédula, com a voz fina e aguda.

— Stark tem vários contatos no alto escalão do governo, não é de se surpreender. — a Viúva Negra retruca com certa ironia.

— Ok. — solto o ar pesadamente — E onde é que eu entro nisso?

— Na verdade, o plano é que você e a Miss Tarântula entrem nisso.

Todos os olhares seguem para a entrada da cozinha, de onde Tony surge. Natasha e eu nos olhamos de testas franzidas, depois olhamos para os três rapazes esperando algum esclarecimento do que estava diabos Tony estava falando. Como tal esclarecimento não veio, decidi eu mesma sanar nossa dúvida:

— Que merda você tá planejando agora?

— Nada de mais. Eu só achei que seria melhor se as duas mulheres da equipe, que aliás são duas das mais bonitas do planeta segundo uns 85% dos homens mundo afora — fiz uma careta de estranhamento com o comentário —, fossem falar com o presidente. As chances de se chegar a um bom acordo com duas mulheres como vocês argumentando são bem maiores do que se eu ou Steve formos, não acham? Ah, ainda mais quando uma dessas mulheres já se tornou amiguinha do desmemoriado, né Miss Morte?

Por mais louca que pareceu, a ideia no fundo fez todo o sentido. Os rapazes ficaram quietos enquanto Romanoff e eu nos olhamos por quase um minuto sem dizer nada, nos comunicando apenas pelo olhar e por expressões. Nem preciso dizer que tal atitude deixou os marmanjos um tanto quanto inquietos, não é? Pois deixou, mas por sorte nenhum deles ousou quebrar nossa conversa silenciosa.

— Bem... — Natasha finalmente pronuncia após eu consentir com a cabeça — Não é uma ideia absurda, e considerando que nós duas somos muito melhores do que vocês em argumentação...

— Nós vamos. — completo — Nós iremos falar com o sr. Obama.

— Ah, que maravilha! — Stark comemora erguendo as mãos pro céu. — Por isso eu adoro vocês. Sempre tive um fetiche por mulheres que não tem medo de nada. — arqueou as sobrancelhas se virando para Steve e Bucky — Já pensaram em chamá-las pra sair? Se forem fazer isso, aconselho a não levar pra um mot...

— Chega, Tony! — o cortei abruptamente após o comentário infame, que deixou os dois homens das antigas levemente corados.

Stark e Natasha apenas reviraram os olhos, e foi Steve quem resolveu mudar de assunto:

— Quando é a reunião?

— Amanhã, no final da tarde. Eu vou pra Toronto daqui a pouco com Pepper, viagem de negócios, coisa e tal... —  o Lata Velha suspirou exaurido, caminhando até a saída da cozinha — Ah, Happy irá levá-las até a Casa Branca, então apenas caprichem no look e na lábia.

Dito isso, ele se retirou, lançando uma piscada para a ruiva e eu antes de cruzar a porta. No mesmo instante em que pensei em perguntar se alguém tinha algo a mais para dizer, o celular de Steve começa a tocar e sua expressão não se torna das mais animadas quando comenta quem estava ligando.

— É a Sharon. Marcamos de ir num café próximo ao centro, alguém quer ir também?

Franzo as sobrancelhas e o encaro com estranhamento. Quanta vontade de ficar a sós com a sua garota, Cap...

— Eu não, tenho que visitar Clint e Laura. Aliás, já vou indo. Até mais pra vocês, e você, pensa no que conversamos. — Nat anuncia, piscando para mim e saindo após acenar com a cabeça para os rapazes.

Reviro os olhos e rio brevemente, então olho de solsaio para James e percebo que ele me fita de um jeito estranho, atitude que me faz encará-lo de volta com certa insatisfação. Ainda não esqueci nossa última "conversa", mocinho!

— Vocês vem?

Me viro na direção de Rogers e demoro alguns segundos para entender sua pergunta, graças a distração que o olhar 43 de seu amigo — novamente — me causou.

— N-não. Eu acho que vou ficar por aqui mesmo, estou com um pouco de dor no corpo.

— Que pena, mas eu entendo. Você precisa mesmo se recuperar para amanhã. — o loiro diz gentilmente — Bucky?

Mas ué... ele tá quase implorando pra que alguém vá junto. Estranho, mas a Nat tem que saber disso.

— Não. Não estou afim de sair. — responde Barnes, pondo as mãos nos bolsos da calça de moletom.

Rogers suspira pesadamente e balança a cabeça pra baixo e pra cima, se encaminhando à saída após dizer:

— Ok. Até mais, então.

— Até... — respondo, enfiando as últimas batatas na boca.

Continuei na cozinha até terminar meu lanche, e os minutos que se seguiram foram de um silêncio terrível. Bucky não saiu atrás de Steve como achei que faria. Ao invés disso, ele ficou como uma estátua, parado no mesmo lugar com um olhar vago em algum ponto qualquer do chão e sem falar nem um A, e até duvidei se ele estava respirando ou não por conta de sua quietude, porém resolvi ficar na minha e não mexer com ele. Vai saber o que estava se passando na sua mente maluca, né?

Depois de comer, lavar todas as louças que sujei e dar uma boa limpada no fogão, sequei as mãos num pano de prato e olhei rapidamente na direção da estátua viva, que para meu espanto estava com os olhos um tanto quanto vidrados em mim. Caminhei devagar até ele e parei a poucos passos de distância, fitando diretamente em seus olhos azuis ao indagar com humor:

— Como você consegue fingir de estátua tão bem?

Ele não respondeu, apenas franziu o cenho e travou o maxilar, como se eu tivesse dito a maior besteira de todas. Respirei fundo e neguei com a cabeça, dando as costas para o mau humorado e deixando a cozinha. Não adianta, sua tonta. Ele não tem senso de humor!

— Wanessa! Espera... — pediu, vindo atrás de mim.

Diminuí o passo até parar próxima ao elevador, porém não me dei ao luxo de virar para trás e encará-lo. Quando percebeu que eu não o faria, ele passou por mim e estacou na minha frente, com uma distância mínima entre nós.

— Veio reclamar da brincadeira, Soldado? — indaguei acidamente cruzando os braços.

— Não, eu só... Eu não devia... — soltou o ar com força e desviou o olhar.

— Não devia...? — incentivei, com certa impaciência. Se é um pedido de desculpas, pelo menos faça direito.

— Não devia ter te tratado tão mal. Eu não sei o que aconteceu comigo... quando eu te vi... — hesitou, desviando o olhar. — Eu estava irritado naquele momento e não consegui reagir de outra maneira. Me desculpa, eu nunca quis que ficasse brava comigo.

Fitei diretamente em suas orbes azuis e constatei o quão arrependido ele estava. Suas palavras ficaram se repetindo na minha cabeça e me causando o mesmo frio no estômago que volta e meia tenho sentido, e não pude evitar de sorrir de um jeito bobo ao perceber que, mesmo não assumindo ao pé da letra, ele se preocupa comigo de um jeito ou de outro. Entretanto, tratei de conter o sorriso tão rápido quanto o esbocei, e por sorte ele não percebeu — eu acho.

— Tudo bem. Eu acho que também agiria daquele jeito se te visse ferido. — foi a pérola que soltei após o curto silêncio, e me segurei para não me estapear após digerir minhas próprias palavras.

Bucky me encarou de testa enrugada, numa clara reação de surpresa pelo que ouviu, enquanto eu sorri amarelo e pensei em algo para contornar essa situação antes que ele distorcesse as coisas.

— Quer dizer... — pigarreei — Acho que eu agiria do mesmo jeito se qualquer um dos meus amigos estivesse ferido.

— Eu entendo. — respondeu quase num sussurro, comprimindo os lábios.

Em resposta, repeti a ação e coloquei as mãos nos bolsos do meu short jeans, vendo James ficar um pouco murcho com o meu silêncio. Não faz eu sentir pena de você com essa cara de menino abandonado de novo, pelo amor de Goku!

— Bom, eu vou tomar um banho. Até mais. — anunciou de repente, pressionando o botão do elevador.

Não, não precisa tomar banho agora... Você tá ótimo assim. — gritei em pensamento, porém o que disse foi totalmente diferente:

— Certo. Até.

Após um sorriso meio forçado e uma última troca de olhares, ele entrou cabisbaixo no elevador e eu segui para qualquer lugar, sem um rumo definido, na tentativa de dissipar a vontade inexplicável que senti de ficar perto dele por mais tempo.

— Bem, pelo menos nós não estamos mais brigados... — forcei um otimismo com a frase, porém a frustração que senti de mim mesma não permitiu que eu me alegrasse. — Droga, Wanessa! Por que você complica as coisas?

Balancei a cabeça para os lados repetidas vezes afim de afastar esses pensamentos, já que eu tinha algo mais importante para me preocupar: me recuperar para a bendita reunião com Barack Obama, que coincidentemente terá Bucky como assunto principal.

Cessei os passos e me encostei na parede, e novamente um sorriso bobo surgiu em meus lábios no instante em que constatei o óbvio:

— Definitivamente, mesmo que eu não queira, agora todos os caminhos da minha vida levam a você, Barnes.


Notas Finais


E então?
Como será que nossa moça vai se comportar diante da maior autoridade do país? Dúvidas de que ela vai aprontar alguma de suas peripécias?
Confesso que estou gostando de escrever a participação do Barack Obama, eu sinceramente adoro ele *-*
*Nada relacionado com a história, só quero comentar que terça foi meu aniversário, então se alguém quiser me mandar presentes ou lembrancinhas, eu super aceito! Hahaha
Por hoje é só. 
Espero que tenham gostado, e novamente peço que, se puderem, deixem suas opiniões. Eu realmente quero saber o que estão achando ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...