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História Secrets - Encontro com Obama


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Oii, como vocês estão?
Nem demorei tanto dessa vez né? Graças a todos os deuses tive uma onda de inspiração — que espero não ser passageira  — e consegui escrever sem dificuldade.
Boa leitura e espero que gostem ♡
Ps: se algo desagradar, por favor falem. Críticas construtivas são sempre bem vindas.
Ps2: leitores anônimos, gostaria muito de saber o que estão achando! Por favor, se possível dêem suas opiniões. Isso me serve de incentivo para saber se devo melhorar algo na história ;)

Capítulo 5 - Encontro com Obama


Fanfic / Fanfiction Secrets - Encontro com Obama

Já ficou por um longo período de tempo com algo te incomodando miseravelmente sem poder demonstrar ou fazer nada para acabar com tal incômodo? Se sim, vai entender perfeitamente o que estou vivendo nesse momento — e se não, vai entender depois que eu explicar.

Já fazem umas boas três horas que Natasha e eu chegamos à Casa Branca — com meia hora de adiantamento para a bendita reunião com Obama — e fomos trazidas para uma das salas de espera até que o presidente termine uma vídeo conferência de última hora, que está se prolongando a cada 20 minutos. Como é de praxe na Casa que tenham seguranças até dentro dos banheiros, quatro brutamontes estão nos vigiando como sentinelas desde que entramos nessa sala, prestando total atenção em cada movimento ou palavra que trocamos.

Até aí tudo bem, pois já estou mais que acostumada com esse tipo de protocolo de segurança, o problema é o sufoco que estou passando por, além de estar sendo mais vigiada do que participante de BBB, estou usando um maldito par de sapatos — que Tony me deu especialmente para essa ocasião, só pra constar — apertados e com um salto mais alto que o comum, que estão castigando meus pés sem que eu possa fazer nada para aliviar a dor. 

Eu poderia ter vindo com qualquer outro scarpin dos vários que eu tenho e que combinariam perfeitamente com o vestido social preto que estou usando, ou quem sabe ter os experimentado e verificado o número, que era o óbvio a se fazer, mas não. Eu fui cair na lábia de Stark — que se gabou de ter pago uma fortuna neles e praticamente implorou para eu usá-los — e resolvi não provar os sapatos já que o infeliz sempre acerta quando me dá esse tipo de presente. Bem, como eu sou a distração em pessoa e pra piorar ainda saí da Torre na correria, só fui perceber o incômodo em meus pés e ver a numeração errada quando Happy já estava nos trazendo para a Casa Branca, então creio eu que já era tarde para voltar e colocar um dos meus sapatos mais simples e confortáveis, não é?

Entendem o que eu quis dizer com a pergunta inicial? Pois é, meus amigos, o sapato está, literalmente, apertado pra mim, e há três horas eu estou tendo que que fingir que está tudo às mil maravilhas para não atrair as atenções dos seguranças.

— Eu vou matar o Tony por ter me dado esses sapatos. — ralhei discretamente enquanto mexia os tornozelos, a ruiva me olhou de solsaio.

— Os meus também estão apertados, se isso serve de consolo. Temos que parar com essa mania de confiar no que ele diz e não conferir o número antes. — respondeu num sussurro.

Continuei com minha cara de paisagem, porém por dentro eu estava me controlando para não perder a compostura e ficar descalça ali mesmo. Eu juro que jogo essa porcaria na primeira lata de lixo que encontrar quando sair daqui!

— A reunião acabou. O sr. Obama vai recebê-las agora. — foi a informação que um dos seguranças repassou de repente, me fazendo sentir um certo alívio de saber que me livraria dessa vigilância ininterrupta.

Ai, não, agora eu vou ter que andar. Deus me ajude!

O pouco alívio que senti se foi no momento em que Natasha e eu nos pusemos em pé e começamos a caminhar elegantemente até a sala do excelentíssimo, com os olhares dos vários brutamontes pelos quais passamos pesando sobre nós. Já que tanto eu quanto Romanoff somos treinadas para todos os tipos de situação, não foi difícil manter a classe e fingir que estava tudo certo, porém o incômodo ainda estava presente a cada passo que dávamos de uma maneira que se fosse em outra ocasião nenhuma de nós suportaria, mas que hoje teriamos que aguentar até a hora que entrássemos no carro para ir embora.

— Entrem. — disse o segurança que nos acompanhou até a sala de Obama, abrindo as portas para passarmos.

Nat e eu respondemos um "obrigada" e adentramos o enorme escritório, localizando o ilustre — e grisalho — Barack Obama em pé próximo à sua mesa do outro lado do cômodo. Nos direcionamos lentamente até ele enquanto o segurança entrava e fechava as portas, se pondo em posição de guarda em frente a elas.

— Peço que me perdoem pela enorme demora. Tive alguns imprevistos durante a vídeo conferência. — o excelentíssimo falou primeiro, nos cumprimentando com apertos de mãos.

— Nós entendemos, Vossa Excelência. É uma honra ter aceito nos receber. — Nat respondeu cordialmente, Obama sorriu.

— A honra é minha em receber duas Vingadoras. Michelle e minhas filhas são grandes fãs de vocês e dos outros, e confesso que também sou. — sussurrou a última parte.

Sorrimos e nos sentamos num dos vários sofás da sala que o Presidente educadamente indicou, e ele se sentou numa poltrona de frente para nós enquanto eu finalmente me pronunciava:

— Ficamos muito felizes em saber que nos admiram, e seria um prazer conhecer a sra. Obama e suas filhas.

— Seria muito inconveniente pedir para tirarem algumas fotos com elas depois que terminarmos? Elas insistiram pra que eu pedisse isso desde que souberam que vocês viriam.

— Absolutamente, ficaremos muito felizes em tirar fotos com elas. — a ruiva responde sorrindo de um jeito amigável. Nem parece a Natasha que eu conheço.

— Ok. Bom, vamos começar com a reunião? — concordamos com a cabeça. Até que enfim! — Jesse? Pode se retirar, não será necessário continuar aqui. Muito obrigado. — disse para o segurança, que concordou e se retirou segundos depois.

Ao ficarmos sozinhos, Obama cruzou as pernas e se recostou na poltrona, olhando para Natasha e eu para que começássemos os trabalhos. Troquei um breve olhar com a Viúva e decidi me pronunciar primeiro, já que de nós duas sou eu quem tenho um pouco mais de interesse em resolver a situação de Bucky logo.

— Acreditamos que o senhor já está a par do motivo de Stark ter marcado essa reunião. Nós estamos com um impasse burocrático a respeito da permanência do novo membro da equipe, James Buchanan Barnes, no país, e precisamos de ajuda para resolvê-lo. — contei, ele deu um pequeno aceno de cabeça.

— Sim, eu estou ciente de tudo que vem acontecendo. Fui informado pelo governador sobre a situação do sr. Barnes e sobre o pedido de legalização feito para ele. — cruzou as mãos sobre os joelhos. — Não há a possibilidade de se fazer cumprir a condição estipulada em juízo? É a maneira mais fácil de ele ter a cidadania novamente.

— Não. — Natasha tomou a palavra quase de imediato — Não será possível, pois segundo o que nos foi informado há uma falha grave nessa condição, e creio que não tenham se atentado a essa falha quando a estipularam. — ele uniu as sobrancelhas em sinal de incompreensão — Mesmo que queira, ele não pode se casar sem ter sua documentação de volta, e ele só conseguirá a documentação quando for legalizado. Não há como resolver sua situação dessa maneira, por isso estamos aqui.

Juro que te beijava se pudesse, Natasha! Eu nunca lembraria de dizer isso. — comemoro internamente, porém continuo com a mesma cara de indiferença.

— Realmente, a condição é falha e o coloca num impasse — Obama assume com uma careta de insatisfação — Porém, antes de discutirmos alguma outra solução, eu tenho algumas perguntas estritamente necessarias a fazer sobre ele.

Ai meu Deus, tava bom demais pra ser verdade...

— É claro. — digo, cruzando as pernas.

— Como a maior autoridade desse país — Que carteiraço! — Primeiramente eu gostaria de saber o que levou o Capitão Rogers, vocês e os demais Vingadores a aceitarem a entrada do Soldado Invernal na equipe? — revelou com certo desdém do ex-Hidra, fazendo uma pequena irritação surgir em mim.

— Ele não age mais como o Soldado Invernal, Vossa Excelência — a Viúva esclareceu educadamente — Decidimos dar uma chance a ele por conta de suas habilidades e por ele ser amigo de Steve, mas só o fizemos depois de ter a certeza de que ele havia se libertado do controle da HIDRA e não representaria ameaça.

Após um riso nasalado, o excelentíssimo retruca, um tanto duvidoso da palavra de Nat:

— Ainda assim, não acham contraditório ter o homem que há pouco tempo atrás era o assassino mais procurado do mundo com o fardo de super herói? Pelo que fui informado, ele tem sérios problemas psicológicos por conta das lavagens cerebrais que sofreu. E se esses problemas o fizerem perder o controle e voltar a agir como o Soldado Invernal, colocando novamente em risco a segurança da população?

Armei uma carranca nada feliz após essa frase e não consegui evitar de demonstrar minha indignação quanto à atitude do Presidente ao respondê-lo sem papas na língua:

— Sim, é verdade que ele tem problemas psicológicos e que foi um assassino durante décadas, mas o senhor também já deve saber que ele só fez o que fez por estar sob o controle da HIDRA e que não teve como lutar contra isso. Ele não é mais um assassino, nunca quis ser, e depois que me tornei sua amiga eu posso afirmar com todas as letras que ele foi a maior vítima de toda essa história. - tomei fôlego para poder continuar - Não acha que ele merece uma chance de recomeçar, de ser reconhecido como James Buchanan Barnes ao invés de Soldado Invernal? É só isso que ele quer, sr. Obama: uma chance de recuperar a vida que lhe foi tirada.

Meu Deus, acho que eu exagerei na melancolia. Alguém tem um lencinho?

Silêncio por vários segundos. Obama ficou me encarando com certa surpresa, certamente considerando minha atitude como inaceitável. Bem, de fato o que fiz não foi nada inteligente já que eu estava falando com a "maior autoridade do país", mas eu sempre digo o que penso independente de quem seja e não seria agora que eu ia me preocupar em usar os termos certos apenas para agradá-lo. Para mim o que importa nesse momento é ajudar Bucky, e defendê-lo de críticas injustas também está no pacote.

— Bem... — se pronunciou finalmente, atraindo minha atenção — Você tem toda a razão. Me desculpe pelo modo que falei do sr. Barnes, não foi minha intenção tê-lo julgado.

Glória a Odin! O homem tem senso de justiça.

Enquanto eu comemorava internamente, Romanoff me fitou com uma discreta reprovação, como se dissesse: Você é louca de falar daquele jeito? Conserta essa situação agora mesmo! —, então tratei de fazer a minha parte e me desculpar com o excelentíssimo — mesmo não vendo necessidade para isso já que eu só disse a verdade.

— Sou eu quem tem que se desculpar, Vossa Excelência. Eu não quis falar daquele jeito com o senhor, me desculpe.

Não vou dizer mais do que isso, não.

— Está tudo bem, eu gosto de pessoas que falam o que pensam sem medo por eu ser o Presidente, coisa que pouca gente costuma fazer. — riu abafado, repeti a ação — Além do mais, você provou ser leal ao seu amigo e o defendeu da maneira que achou correta, atitudes que eu também prezo muito.

Sério? Eu chamo isso de falta de respeito e desacato à autoridade, mas já que o senhor pensa assim tá ótimo!

— Então, o senhor pode nos ajudar? — Natasha pergunta, atraindo o olhar de Obama.

— Sim, eu irei discutir a situação com alguns chefes de Estado, já que o sr. Barnes não cometeu crimes apenas em território nacional, mas is...

— Isso quer dizer que haverá um julgamento público? — interrompo, a russa me dá uma cotovelada de leve.

— É provavel. Mas não se preocupem, ele não será preso pois já foi promulgado um acordo de paz para ele. Se houver um julgamento será só para as autoridades votarem a favor ou contra sua legitimação como americano.

Merda! Agora ele está nas mãos de um bando de engravatados.

— E se houver esse julgamento, quais as chances de ele ser aceito? — quetiona Natasha.

— São grandes, já que ele não apresenta mais risco e está sob o manto dos Vingadores. As autoridades levarão tudo isso em conta antes do veredito.

Sorrio brevemente e sinto uma grande confiança com a afirmação dele, mas ainda tinha uma dúvida na minha cabeça que se eu não esclarecesse não me deixaria em paz:

— Ainda assim há um risco de ocorrer o contrário, certo? Se esse direito for negado, o que acontece com ele?

Quer dizer, eram duas dúvidas.

— Sim, há o risco disso acontecer —  deu um curto suspiro —, se acontecer, ele não poderá ser preso em território nacional por conta do acordo de paz, mas terá que ser extraditado para qualquer país que aceite recebê-lo e ficará a mercê das leis desse país, podendo ser condenado e preso pelos crimes que cometeu.

Não tô acreditando no que tô ouvindo!

Ao perceber que Natasha e eu ficamos com expressões de perplexidade, o excelentíssimo dá um jeito de — tentar — amenizar a situação:

— Não se preocupem, estamos lidando apenas com possibilidades por enquanto. Ele ainda terá tempo para permanecer aqui, e as chances de se chegar a um resultado favorável são maiores. O amigo de vocês será aceito, eu farei de tudo para isso acontecer.

— Isso tranquiliza a todos nós. — respondi após alguns segundos, mas internamente eu não estava nada tranquila e tinha um enorme medo de tudo dar errado.

Justo eu, que sempre fui de evitar pensar pelo lado ruim, me deixando levar pelo pessimismo. Culpa da convivência exagerada com você, Barnes.

— Agradecemos imensamente, sr. Obama, por ter nos compreendido e aceito nos ajudar. — Natasha complementa.

— Absolutamente. Não são esses tipos de coisas que um presidente tem que fazer? — ele diz com bom humor. E eu achando que era exagero dos tablóides que ele era a simpatia em pessoa.

No instante em que abri a boca para agradecer também, o presidente recebeu uma mensagem no celular.

— Me desculpem. É a minha filha mais velha, perguntando quando a reunião acaba. — sorriu carinhosamente enquanto respondia — Ela e a irmã estão um tanto quanto ansiosas pra saber se poderão conhecê-las.

A Viúva e eu nos olhamos e sorrimos de maneira amigável, concordando com acenos de cabeça.

— Por quê não? — a russa responde.

— Ótimo. Vamos até a área social da mansão?

— Claro.

E que comece nosso sofrimento de novo. — choraminguei em pensamento enquanto deixava a sala, agindo novamente como se não tivesse nada me incomodando enquanto, ao lado de Nat, seguia Obama pelos corredores que pareciam infinitos. 

******

— E aí? Ele ficou muito deslumbrado com vocês? — Happy indaga com sarcasmo assim que entramos no carro.

Reviro os olhos e dou um riso abafado enquanto, junto de Natasha, me livro finalmente dos malditos scarpins. Após ambas estarmos literalmente com os pés no chão de novo, respondo o motorista:

— A reunião foi um sucesso, conseguimos convencer o sr. Obama a ajudar o Bucky.

— Você conseguiu, com aquele discurso de auto piedade que fez sobre ele. Acho que se o sr. Obama não fosse tão gentil como é você ia ser colocada pra fora depois do jeito atrevido com que falou.

Happy e eu encaramos Natasha de testas enrugadas, mas somente ele riu debochadamente.

— Eu sabia que você ia fazer algo desse tipo. Eu sabia. Você me deve 50 pratas, Romanoff.

— Vocês apostaram sobre como eu ia me portar? — retruco com indignação, olhando dele para a russa.

Nat dá de ombros.

— A ideia foi do Tony, Wilson e Barton também entraram.

Viram como até as super pessoas fazem coisas fúteis como essa? Já perdi as contas de quantas apostas ela, Happy, Clint e Tony fizeram em cima de mim, e agora Sam também entrou para o time. Realmente são os melhores amigos, não acham?

Graças a todos os deuses seguimos o resto do trajeto falando sobre a bendita aposta e várias outras coisas sem importância, e Romanoff não me importunou mais com frases de duplo sentido a respeito de Bucky.

Quando finalmente chegamos à Torre — já passando de 22h —, nos despedimos do "Feliz" e subimos juntas até a sala de reuniões, onde os demais Vingadores, com exceção de Tony e Thor, nos aguardavam para saber do desfecho do nosso encontro com o excelentíssimo sr. Presidente.

— Queridos, chegamos! — exclamo assim que abro as portas da sala, todos encaram a russa e eu com caretas de estranhamento.

— Vocês tiveram algum problema no meio do caminho? — questiona Clint.

Talvez a pergunta tenha sido pelo fato de estarmos descalças, com os cabelos meio despenteados, maquiagem borrada e eu estar com a meia calça destruida — o que aconteceu acidentalmente quando enrosquei meu anel nela.

— Não, por quê? Há algo errado conosco? — a Viúva pergunta com falsa incompreensão.

— Eu acho que vocês estão lindas assim.

Nos sentávamos ao redor da mesa de reuniões e me recostei na cadeira de couro, encarando o Falcão com uma sobrancelha erguida ao perguntar, com uma voz dura:

— Assim como?

— É... vestidas assim, como duas mulheres... de negócios.

Troquei um breve olhar com Natasha que dizia: vamos nos divertir mais um pouquinho.

— De que tipo de negócios? — ela devolve, fazendo Wilson engolir em seco.

— Mulheres sérias. É isso que eu quero dizer.

— Tá querendo dizer que nós não parecemos sérias no dia a dia?

Armo uma carranca nada feliz e desfaço o coque dos meus cabelos, sem desgrudar os olhos do moreno que parece estar usando frio. Bruce, Bucky e Steve também parecem estar tensos, com certeza acreditando no nosso teatro, e o único se divertindo da situação é Clint que já conhece bem nossas brincadeirinhas.

— N-não, eu... — Wilson se engasga nas palavras, me seguro para não rir.

 Ah, como é maravilhoso ver um marmanjo desses se comportando como um frango com medo.

— Pessoal, se não se importam podemos ir ao que realmente importa?

Steve, como sempre, pondo ordem na casa.

— Então você acha que os comentários infames do Wilson em relação a nossa aparência não importam? — questiona Natasha cerrando os olhos na direção de Rogers.

Clint faz uma careta e coloca a mão em frente a boca após sussurrar um "uou" para Sam, que parece ter se tranquilizado. O Capitão por sua vez fica constrangido com a brincadeira de Natasha e tenta se retratar, provavelmente acreditando que estamos irritadas.

— Não, não foi o que eu quis dizer. Eu só disse pra...

— Tá tudo bem, Dorito. — interrompo — Vocês não perceberam que era só uma brincadeira? Meu Deus.! — solto uma curta gargalhada, fazendo os rapazes demonstrarem um pequeno alívio.

Nat revira os olhos e indaga com impaciência:

— Agora que a brincadeira já acabou vocês vão querer saber o que o sr. Obama nos falou ou não?

— Sim. Por isso nós estamos aqui.

Serio, Barton? Juro que achei que nos reunimos pra falar sobre a ceia de natal da semana que vem.

— Chegaram a um acordo? — Bucky finalmente se pronuncia, com uma centelha de preocupação na voz. Direciono meu olhar para ele.

— Sim, nós cons...

— Ah, Wanessa — Bruce me interrompe, me controlo para não perder a paciência —, Helen pediu para que você fosse a enfermaria assim que chegasse. Ela embarca para a Coréia do Sul ainda hoje e quer te examinar antes de ir.

Bato na minha própria testa e suspiro em sinal de frustração. Droga! Eu queria contar pessoalmente pro Barnes o que nós conseguimos.

— Oh meu Deus... Ok. Eu vou até o ambulatório então. Nat?

Lanço à russa um olhar que dizia: vê se não me ferra pelas minhas costas dizendo o que não deve. Em resposta, ela apenas sorri de lado e levanta as sobrancelhas como quem diz: relaxa, eu não vou fazer nada disso.

Após nossa curta conversa, me levanto e olho novamente na direção do ex-Hidra, que estava com suas orbes azuis fixas em mim como se não quisesse que eu fosse. Fica tranquilo, Soldado. Está tudo certo. — foi o que eu lhe disse através do olhar que por sorte pareceu o deixar mais relaxado, já que ele esboçou um mínimo sorriso — que com certeza os outros não perceberam — e voltou sua atenção ao que Romanoff começou a contar.

Deixei a sala no segundo seguinte e rumei para a enfermaria o mais rápido que pude, rezando para Helen tirar os pontos dos meus ferimentos e me liberar para voltar ao trabalho na SHIELD. Eu detesto ficar de molho por muito tempo, e esses três dias que fiquei enfurnada na Torre sem ao menos poder fazer algum exercício para me distrair foram um verdadeiro martírio para mim.

— Helen? Com licença. — empurro a porta da sala da oriental, que está sentada atrás de sua mesa.

— Oi, Wanessa. Como está se sentindo?

— Pronta pra tirar os pontos e voltar ao trabalho.

Me sento em uma das poltronas em frente a mesa de Cho.

— Que ótimo, mas eu preciso examinar seus machucados pra ter certeza disso. — informou se levantando, repeti a ação e tirei meu blazer.

Após verificar cuidadosamente meu braço e minha coxa Helen se pronuncia, porém não com a notícia que eu queria ouvir:

— Mesmo com sua cicatrização acelerada eu ainda não posso tirar os pontos. Os ferimentos foram profundos, se eu fizer isso eles abrirão a qualquer movimento mínimo que você fizer.

— Mas eu já posso voltar ao trabalho pelo menos? Estão precisando de mim na SHIELD e eu não posso mais continuar sem fazer nada. — digo com uma voz fina.

Ela suspira e em seguida ri por alguns segundos, voltando para sua mesa enquanto eu ajeito meu vestido e jogo a meia calça destruída na lixeira da sala.

— Sim, você poderá voltar à SHIELD — sorrio abertamente —, mas somente na parte interna. Nada de treinamentos físicos ou missões de campo. Informarei isso a Hill e Coulson.

— Ok.

Só quando vesti novamente o blazer me dei conta de que esqueci todas as minhas coisas na sala de reuniões.

— Bom, você está liberada, eu preciso ir pro aerop...

— O Bruce já me contou sobre a sua viagem. — a cortei, vendo um brilho surgir em seus olhos puxados ao ouvir o nome do Verdão.

Hm, tá rolando alguma coisa. Bem que eu disse pra Natasha que esses dois combinam!

— Ah, ele falou? Que bom. Ele tem me ajudado muito. — sorriu de um jeito tímido — Aliás, se quiser eu peço pra ele te examinar. Eu não sei quando volto, e creio que daqui a uns 3 dias poderá tirar os pontos.

— Por mim tudo bem. Bom, eu tenho que ir, deixei meu celular na sala de reuniões e preciso dele. Obrigada por me examinar, Cho, e boa viagem.

Saí para o corredor após me despedir da doutora com um rápido abraço e logo que fechei a porta avistei Bucky, sentado em uma das várias cadeiras um pouco a frente de onde eu estava e totalmente distraído mexendo no celular.

É agora que eu te pego e me vingo dos sustos que você me deu!

Me aproximei sorrateiramente na — milésima — tentativa de lhe dar um susto, mas o infeliz parece ter um radar que detecta movimento, então assim que eu comecei a caminhar — como uma felina, bem dizer — em sua direção ele ergueu o olhar e me flagrou, armando uma careta ao perceber o jeito estranho que eu andava.

— Ah, Soldado, assim não tem graça! — exclamei frustrada, o ex-Hidra guardou o celular no bolso e veio até mim.

— Eu vim trazer sua bolsa que você deixou na sala. Seu celular tocou várias vezes.

Agradeci com um "valeu" e tomei a bolsa com certa pressa assim que ele a estendeu na minha direção.

— Thomas. Vou ter que retornar, faz mais de 3 dias que não falo com aquela criatura. — informei após um suspiro.

— Tudo bem. Vou subir então.

— Eu subo daqui a pouco. Será que dava pra gente conversar depois?

— Sim. Eu estarei no meu quarto. — falou e se afastou após eu concordar com um aceno de cabeça.

Disquei o número de Mitchel e me sentei numa das cadeiras enquanto aguardava ele atender, o que levou cerca de um minuto.

— Já tinha desistido de te ligar. O que houve pra você não atender seu melhor amigo?

Revirei os olhos e ri sem humor.

— Eu estava ocupada, mané. O que tem de tão urgente pra mim que precisou me ligar 13 vezes?

— Eu queria saber como você está. Você não deu mais notícias desde o seu "acidente".

Com certeza ele fez aspas ao dizer a palavra acidente.

— Eu estou bem. Voltarei pro trabalho amanhã. — informei sorridente, mesmo que ele não pudesse ver.

— Já era hora. E como estão as coisas na Torre? Vai continuar hospedada aí?

— Acho que não, já está tudo nos eixos por aqui. Vou voltar pro meu apê e focar mais na SHIELD, passei tempo demais longe da agência. — esclareci segundos depois, ouvindo um suspiro longo do outro lado.

— E o seu novo amigo? Como fica?

Cruzei as pernas e me recostei na cadeira, suspirando brevemente.

— Bom, eu acho que ele consegue viver sem mim. — zombei, Thom deu uma risada maliciosa — Ele já está entrosado com os outros, nem vai sentir minha falta.

Ou será que vai? Ou pior, e se eu sentir sua falta? — cogitei de repente, e balancei a cabeça algumas vezes afim de afastar o estranho vazio que senti ao pensar nisso.

— Pode até ser, mas do jeito que eu te conheço tenho certeza que vai continuar com a operação babá mesmo morando do outro lado da cidade. — falou entre risos tomando novamente minha atenção.

Levantei e caminhei até o elevador para continuar essa conversa em outro lugar. Já estava ficando nervisa por estar sentada ali com tantas pessoas passando de um lado para o outro, me olhando com estranhamento por conta das caretas que costumo fazer quando estou ao celular. Pressionei o botão do elevador enquanto respondia meu ex:

— Sim, eu vou continuar com a "operação babá" até quando eu achar necessário. Mesmo estando do outro lado da cidade.

— Defina necessário.

Revirei os olhos e neguei com a cabeça, entrando na caixa metálica no instante em que as portas se abriram.

— Até o dia que eu achar que ele não precisa mais da minha ajuda.

— E se até esse dia ele não aguentar a sua chatisse e te esganar com aquele braço metálico irado? — indagou com deboche.

— Ele já teve oportunidades para fazer isso e não fez, então acho que não corro mais esse risco. — devolvi no mesmo tom, arrancando um riso abadado do cabeludo.

Nunca se sabe, ainda mais que ele não é dos mais pacientes com pessoas.

— Nisso nós somos iguais — saltei para fora do elevador, no andar dos dormitórios —, E aliás, essa conversa já está me cansando e esgotando minha paciência.

— Que estranho, achei que você não se cansava de falar sobre ele...

E o pior é que por alguma razão eu não me canso mesmo.  Mas ninguém tem que saber disso!

— Chega, Rambo. Não tem, sei lá, alguma peguete pra infernizar em vez de mim?

Se você está se perguntando o porquê de ele ser chamado de Rambo, calma que eu explico: o apelido foi dado por Stark — o rei dos apelidos —, graças aos longos cabelos castanhos e tom de pele moreno do meu ex que o assemelham com o personagem do Sylvester Stallone, e também por, assim como o Rambo, ele ser um excelente atirador e ter uma faca de estimação. Aliás, ele me ensionou a atirar facas quando eu entrei pra SHIELD e foi quem me ajudou a vencer o trauma que eu tinha de armas brancas.

— Eu não tenho nenhuma peguete, eu estou com a Stacy agora. — explicou de volta a seriedade.

— Ainda não acredito nisso. Jurei de pés juntos que vocês não iam continuar depois daquela festa.

— Tá com ciumes, Lew?

Ri com escárnio e me recostei na parede, já próxima do meu dormitório.

— É claro que não. Só acho um milagre você ficar com alguém por tanto tempo.

Não é um milagre, o nosso namoro mais de 1 ano. — lembrou.

— E depois desse tempo qual foi o relacionamento mais longo que você teve?

Responde essa, seu galinha!

Hum... — ficou em silêncio por alguns segundos — Eu acho que com aquela ruiva, que eu fiquei por uma semana...

— E qual era o nome dela mesmo? — mordi o lábio inferior.

— Eu não me lembro. Carolyn? Katlyn? Janette?... sei lá.

— Você não presta, Mitchel. — xinguei entre risos — Leva as pobres das garotas pra cama e nem pra lembrar o nome delas?

Após fazer essa piada, lembrei que, segundo o que Steve falou, o antigo Bucky também era desse jeito: um galinha dos piores. Se o ex-Hidra recuperar esse espírito de mulherengo sem vergonha — o que eu espero que não aconteça —, com certeza fará uma ótima dupla com Mitchel e com certeza pegará muitas piriguetes desesperadas por aí.

— Isso não é verdade, eu lembro do seu nome e do da Stacy. Ah, e daquela morena também, Karen.

— Chega dessa conversa. — disse após revirar os olhos — Já fazem mais de 10 minutos que estamos falando, eu preciso dormir e não quero acabar com meus créditos falando essas bobagens com você. Tchau, te vejo amanhã na SHIELD.

Desliguei antes que ele dissesse mais alguma coisa que atraísse minha atenção e guardei o celular na bolsa, a enroscando no ombro e caminhando até a porta de Barnes.

Certo, agora vamos conversar, Soldado.

Bati várias vezes contra a estrutura de mogno e até chamei por ele, mas nenhum sinal de vida da criatura. Somente quando eu já estava pensando em desistir e me recolher aos meus aposentos ele deu o ar da graça, trajando uma bermuda cor de vinho e com uma toalha enroscada no ombro, além de estar com os cabelos molhados e algumas gotas de água escorrendo por seu peitoral.

Santo Deus!

Eu poderia ter perdido totalmente a sanidade com a imagem mais que tentadora que estava a minha frente não fosse o estado de choque que fiquei quando meus olhos bateram na junção entre o braço metálico e o corpo dele, onde a pele ao redor continha várias cicatrizes aparentemente causadas por queimaduras e cortes.

Esse braço foi soldado nele? Como ele sobreviveu a isso se não recebeu anestesia quando o colocaram, minha Nossa Senhora? — pensei e não pude evitar de fitá-lo com um olhar aflito.

Ao perceber minha reação, ele baixou a cabeça e se virou de costas, caminhando para o interior do quarto. Continuei estacada na porta e novamente me surpreendi ao ver a quantidade de cicatrizes nas suas costas, mais profundas do que as várias que eu tenho pelo corpo.

— Me desculpe por isso. Eu achei que você não viria e fui tomar um banho.

Pisquei diversas vezes e forcei para recobrar meu foco, mas os pensamentos acerca de quanto foi seu sofrimento bloquearam minha mente e me fizeram sentir um embrulho terrível no estômago.

— Você está bem? — foi o que eu consegui dizer, transparecendo o quão estasiada eu estava.

— Sim. — respondeu somente, vestindo uma camiseta preta e voltando a me fitar.

Foco, Wanessa. Você já viu coisas piores.

Com esse pensamento, afastei todas as perguntas que eu queria fazer a ele sobre seu passado e tratei de iniciar a conversa que eu disse querer ter com ele, conversa essa que ele parecia estar curioso em saber do que se tratava já que me questionou impacientemente:

— O que você queria falar comigo?

Soltei o ar devagar e estalei a língua no céu da boca, cruzando a porta e a fechando assim que fui chamada para entrar. Parei ao lado de sua cama e cruzei os braços em frente ao peito.

— Eu queria saber o que você achou do que o sr. Obama propôs.

— Sinceramente? — indagou após um suspiro exaurido, passando as mãos pelos cabelos úmidos — Eu acho que não tenho chances. Isso não vai dar certo.

Franzi a testa e o encarei com incredulidade. 

— Por que você acha isso?

Ele riu com escárnio e negou com a cabeça desviando o olhar, atitude que indicou sua revolta diante da minha pergunta.

— Você acha mesmo que líderes mundiais vão consentir com a ideia de legalizar um monstro como americano? Eu ainda não acredito que o Presidente aceitou tomar partido de mim, mas tenho certeza que ele é o único disposto a defender alguém sem saída.

— Parece que eu tô tendo um Dejá Vú, não é possível! — ri secamente, crispando os lábios — Eu já disse que você não é um monstro, não mais, e que se você quer chegar a algum lugar tem que parar com esse pessimismo e essa mania imbecil de ficar se condenando pra sempre pelo que foi induzido a fazer. Qual é, Bucky — baixei o tom de voz e me aproximei dele, que estava virado de costas para mim —, Você já não é mais taxado de Soldado Invernal pela mídia desde que souberam que entrou pra equipe, e mesmo que as pessoas ainda tenham dúvidas a seu respeito você já é chamado de Vingador por muitos. Não é um bom motivo pra ser otimista saber que já está sendo visto com outros olhos?

Palmas pra mim. Hoje eu tô que tô pra fazer discursos de auto ajuda, hein.

Após minhas palavras reflexivas, James apenas baixou a cabeça e cruzou os braços, permanecendo em silêncio por vários segundos sem me encarar. Respirei fundo e resolvi deixá-lo sozinho com seus demônios, visto que ele parecia não estar com a menor vontade de continuar com esse assunto.

— Ah, já estava me esquecendo — falei já em frente a porta —, eu vou retomar o trabalho na SHIELD amanhã e vou voltar pro meu apartamento por conta disso. — atraí sua atenção, recebendo um olhar triste que me fez sentir um pequeno aperto no peito.

— Eu entendo. Está tudo bem.

O fitei com um olhar cúmplice, mas mantive a postura firme. 

— Bom, então eu vou dormir. Amanhã a gente se vê.

Resolvi ser evasiva e acabar logo com essa conversa que já tinha me destruído emocionalmente. Mesmo sendo tão forte, eu sei que você é muito frágil. Mas eu não posso ficar te tratando como uma criança carente, eu não sou boa em demonstrar carinho.

— Wanessa?

Tirei a mão da maçaneta e virei para ele novamente.

— Sim?

— Será que você... — suspirou e desviou o olhar, balançando a cabeça em negação — Nada. Não é nada.

Franzi levemente a testa e após uma breve leitura corporal consegui saber o que ele estava querendo.

— Vem cá. — estendi os braços e o chamei.

Quando percebeu que eu havia entendido o que ele teve vergonha pedir, Bucky veio até mim e se aconchegou no meu abraço de ursa sem hesitar, enfiando o rosto entre os meus cabelos enquanto eu — na ponta dos pés — acariciava suas costas largas e sussurrava várias coisas sem nexo para tentar animá-lo.

Realmente, tão forte e ainda assim tão carente. Só espero poder te dar o carinho que você precisa.

 


Notas Finais


E então?
Que tal a presença ilustre de Barack Obama?
E a volta da Wanessa para a SHIELD? Será que ela vai ter foco pra trabalhar sem tirar um certo Soldado da cabeça?
Sobre o momento fofinho do casal: amei escrever ♡
Espero que tenham gostado, e novamente peço que, se puderem, deixem suas opiniões. Eu realmente quero saber o que estão achando.
Até o próximo ♥

Thomas: http://www.aceshowbiz.com/images/wennpic/preview/avan-jogia-2013-teen-choice-awards-02.jpg


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