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História Secrets - Os acontecimentos de uma véspera de Natal incomum


Escrita por: Wong_E

Notas do Autor


Oii, como estão? Como foi o Natal de vocês?
Bem, antes de mais nada peço desculpas por não ter podido postar o capítulo na segunda como eu disse que faria. Tive alguns problemas com o meu "querido" tablet e quase perdi tudo que tinha escrito. Felizmente, graças a todos os Deuses consegui recuperar o arquivo, então aqui estou com o capítulo da véspera de Natal — mega atrasado, eu sei, mas não foi culpa minha hihihi ><
Boa leitura e espero que gostem ♡
Ps: se algo desagradar, por favor falem. Críticas construtivas são sempre bem vindas.
Ps2: fantasminhas, apareçam! Gostaria muito de saber o que estão achando e também interagir com vocês ;)

Capítulo 6 - Os acontecimentos de uma véspera de Natal incomum


Fanfic / Fanfiction Secrets - Os acontecimentos de uma véspera de Natal incomum

— Seu desempenho foi muito melhor hoje. É impressionante que já esteja nesse nível com apenas 7 meses de treinamento. — Kraus diz com certo orgulho enquanto limpa o filete de sangue de seu lábio inferior — Está dispensada. Descanse e cuide desses ferimentos, amanhã você fará tudo de novo. Ah, e nada mais de refeições por hoje. Você precisa emagrecer.

Movo a cabeça em concordância olhando nos olhos do meu mestre e me levanto do chão com dificuldade, sentindo todo meu corpo reclamar a cada movimento mínimo que faço.

Passo a mão para limpar o sangue que escorre da minha boca e me retiro do tatame rumo ao meu quarto, desejando apenas tomar um banho e dormir sem nenhum pesadelo para me tirar o sono.

— Que fome... — cochicho no momento em que meu estômago ronca, porém a ignoro e continuo firme já que fui proibida de comer.

Por mais empenhada que eu esteja em me tornar logo uma mercenária e começar a receber missões, tenho que confessar que os treinamentos pelos quais tenho passado estão sendo um verdadeiro massacre. Um massacre que qualquer  outra adolescente gorducha de 14 anos não resistiria nem por um dia, mas que eu sou obrigada a resistir sem titubear por ser a única saída que tenho de agora em diante.

Querendo ou não, ser mercenária é o que me fará acreditar que eu ainda tenho um lugar no mundo, mesmo que esse lugar seja o mais errado e sujo possível.


Quatro dias depois — Nova Iorque

Faziam semanas que eu não tinha esses pesadelos com flashbacks do meu passado, mas como era de se esperar, foi só eu voltar a minha solidão costumeira para eles voltarem a tirar o meu sono como sempre aconteceu.

Durante o tempo que estive na Torre, cercada de gente por todos os lados e com várias coisas para ocupar minha mente, foram poucas as noites em que tive algum pesadelo para me atormentar, e quando isso acontecia ou eu ia para a academia e passava as madrugadas socando sacos de areia ou ficava conversando com algum dos meus amigos que também fora atormentado por seus demônios durante a noite e, assim como eu, precisava de uma distração para não voltar a dormir.

— Mas agora sou só eu novamente, tenho que me acostumar com isso!

Suspirei exasperadamente e me levantei da cama, espiando de solsaio o relógio no criado mudo: 4:55. O único jeito de acabar com o sono e a angústia que estava sentindo seria fazendo o que há algum tempo eu não fazia: correr no parque perto daqui — já que no meu prédio não tem uma academia de última geração para eu extravasar minhas tensões.

Escovei meus dentes rapidamente e joguei uma água no rosto antes de vestir uma das minhas várias roupas de ginástica. Coloquei uma jaqueta fina com touca sobre minha regata roxa, por conta do frio de Nova York, e uma faca escondida debaixo da cintura da calça. Nunca se sabe quando algum maníaco vai aparecer, e mesmo sendo treinada em artes marciais eu gosto de ter uma arma ao meu alcance.

Saí de casa após calçar meus tênis e resolvi descer pelas escadas, pois confesso que eu não confio muito no elevador do meu prédio — mesmo sendo um prédio de alto padrão —   e tenho certo medo de passar por outro perrengue como o que passei há mais de um mês, e se isso acontecer aqui eu nao terei um Bucky para me salvar. Ah, além do mais, descer 20 andares de escadas me ajudaria a gastar uma boa dose de energia, então por que não unir o útil ao agradável, não é?

****

Dei exatas 5 voltas pela enorme pista ao redor do lago na velocidade máxima que minhas pernas permitiram, o que me deixou ligeiramente esgotada e ofegante. Diminuí a corrida aos poucos e comecei a caminhar pela pista, disposta a voltar para meu apê e me arrumar para o trabalho, até que meu celular começou a tocar no bolso da jaqueta me obrigando a parar totalmente e ver quem era.

O que essa criatura quer comigo às 6h da manhã? — senti um pequeno nó na garganta enquanto atendia a chamada de Sam.

— Aconteceu alguma coisa? Alguma ocorrência urgente? — perguntei direto, depois eu o cumprimento.

Ele riu por vários segundos antes de responder, atitude que me tranquilizou imensamente e fez com que um suspiro de alívio escapasse da minha garganta. Glória a Odin! Não é má notícia!

Você é sempre tão preocupada desse jeito?

— Ossos do ofício. — ergui os ombros e caminhei até um banco na beira da pista — O que tem pra mim pra me ligar a essa hora?

Nada. Só queria dizer que você está muito bem com essa roupa de ginástica.

Arregalei os olhos e fiz uma careta de confusão, dando uma breve olhada ao meu redor para ver se ele estava por perto.

— Como você...

Calma, eu não sou um psicopata  — riu abafado —, olha pra sua esquerda.

Olhei imediatamente para a esquerda e localizei Wilson, escorado numa árvore e sorrindo abertamente para mim. Sorri de volta e dei um breve aceno com a mão, mesmo estranhando por ele estar aqui a essa hora em plena véspera de Natal.

— Bom, eu preciso desligar. Acabei de encontrar um amigo.

E esse amigo é legal? — ironizou, me levantei e comecei a caminhar em sua direção.

— Meio bobalhão, mas até que é legal sim.

Interessante. Até mais então, vai lá encontrar seu amigo.

Desliguei o celular e o guardei no bolso da jaqueta enquanto me aproximava do Falcão, que ainda estava próximo a árvore com uma garrafa de água em mãos.

— Resolveu voar por essas bandas também?

Dizendo isso eu o cumprimentei com um beijo no rosto e em seguida ele respondeu com uma pontinha de humor:

— Me mudei pra cá há alguns dias, achei que tinha te falado.

— Falou, eu só não sabia que era aqui perto. — tombei a cabeça para o lado — E também não sabia que você costumava correr de madrugada como eu.

— Minha casa é pra lá, umas 12 quadras daqui. — disse indicando o lado norte, ergui as sobrancelhas. — E eu sempre corro nessa mesma hora todos os dias, mas com a mudança só tive tempo de vir hoje. 

— Entendo. Você mora mais longe daqui do que eu. Eu moro no Houston Palace, umas cinco quadras pra lá.

Indiquei o lado oeste.

— Só pelo nome já dá pra imaginar que é chique — Sam fez uma careta com os lábios —, quem pode pode.

Revirei os olhos e ri pelo nariz, mas não consegui o responder já que fiquei um pouco desconfortável pelo comentário feito por ele. Qual seria sua reação se soubesse que esse apartamento chique foi comprado com o dinheiro sujo que ganhei pelos serviços mais sujos ainda que fiz durante minha antiga vida?

Confesso que eu me sinto terrível por ainda morar naquele apartamento, como se estivesse cometendo o pior dos pecados por continuar no lugar que foi conquistado graças ao sangue de tantas pessoas que eu assassinei, e por mais que eu já tenha cogitado inúmeras vezes vendê-lo ou simplesmente abandoná-lo e me mudar pra outro lugar, sempre me falta uma razão para ter coragem de fazer isso.

— Wanessa? Tudo bem?

Fui trazida de volta à realidade quando Sam tocou no meu ombro, me obrigando a piscar algumas vezes para recobrar o foco.

— S-sim. Eu.. eu só estava lembrando que eu quero me mudar. — revelei sem querer, uma careta confusa se formou no rosto do moreno.

— Por que você quer se mudar de um prédio maneiro daqueles?

Começamos a caminhar lado a lado pela pista do parque.

— Porque... — pigarreei enquanto pensava numa desculpa convincente — Porque eu me enjoei de morar lá. Faz tempo que eu quero me mudar, de preferência pra Manhattan.

Manhattan? Oi?

— Hum... — colocou uma mão no bolso da bermuda — E como está indo o trabalho na SHIELD?

— Bem. Eu estava sentindo falta da rotina linha dura da agência. — sorri de lado, aliviada por ele ter mudado de assunto.

— E essa rotina linha dura já te deixou comprar o presente do seu amigo secreto?

— Sim, mas eu só tive tempo de comprar pela Internet e chega hoje a tarde. — Não foi necessariamente pela Internet, mas... — E você, já comprou?

— Sim, ontem à tarde. Espero ter acertado já que a pessoa que eu tirei tem um gosto meio peculiar.

Ah, então deve ser o Steve ou o Thor.

— Eu também. — diminuí o passo e olhei as horas. — Nossa, sinto muito mas eu tenho que ir. Tenho menos de uma hora pra me arrumar e ir pra SHIELD.

— Tudo bem. É... agora que nós somos quase vizinhos... — hesitou por cerca de dois segundos e então perguntou: — Será que aceita uma carona até a Torre hoje à noite?

Fiquei com uma cara de tacho e não consegui responder de imediato. Esse convite tem segundas intenções ou é paranóia minha?

— É... ok. Aceito.

Foi o que saiu automaticamente pela minha boca, coisa que fez o Falcão abrir um sorriso de orelha a orelha e me deixar ainda mais desconcertada.

— Às 8h está bom pra você?

— Sim. — concordei com a cabeça.

— Até às 8h então.

Nem sei por que aceitei, mas agora que já fiz não dá pra voltar atrás, certo? E é até bom que ele me leve, afinal a verdade é que eu não estou nem um pouco afim de dirigir até lá sabendo o inferno que estará o trânsito essa noite.

Saí do parque, após Wilson depositar um beijo no meu rosto e seguir com sua corrida para o lado oposto ao meu, e enquanto corria de volta pro meu prédio só conseguia pensar em duas coisas: se ele estaria flertando comigo e eu não percebi — e o que fazer caso isso se concretizasse —, e se o presente do meu meu amigo secreto já tinha ficado pronto.

Eu menti um pouquinho para Wilson quando disse ter o comprado pela Internet — só pra constar: detesto compras virtuais. Na verdade, eu mandei fazer há três dias atrás um presente exclusivo e especialmente pensado para a pessoa que eu tirei no sorteio.

Bem, vocês devem estar curiosos para saber quem foi essa pessoa sortuda, certo? Pois bem, essa pessoa foi ninguém, mais ninguém menos que... Bucky. Coincidência, né?

Vocês nem imaginam como eu quebrei a cabeça pra pensar no que comprar para a única criatura do planeta que não gosta de quase nada — ou pelo menos não demonstra que gosta —, e em como eu sofri, depois de finalmente pensar em algo perfeito, para encontrar alguém nos arredores de Nova York que fizesse em apenas três dias o presente que eu planejei para ele.

— Oh, Deus, só espero que aquele troço fique pronto a tempo, ou eu vou ter que comprar qualquer outra coisa futil que com certeza ele não vai nem ligar. — parei de correr e comecei a caminhar, já em frente ao meu prédio — Bom, depois eu penso nisso. Por enquanto preciso me empenhar em não chegar atrasada na SHIELD!

****

— Agente Lewis?

Cessei o passo antes de chegar ao elevador e voltei até a recepção após ser chamada por Helena — uma das muitas recepcionistas da agência.

— Sim?

— A agente Hill pediu para te avisar que assim que chegasse era para ir até a sala do diretor. — a morena falou educadamente com seu leve sotaque brasileiro, manejei a cabeça em concordância e me coloquei em movimento de novo.

— Ok. Obrigada, Helena.

— De nada, tenha um bom dia.

Entrei no elevador após respondê-la e subi direto ao último andar, com a curiosidade em saber o que Fury queria tão cedo me corroendo internamente. Deus do céu, qual foi a merda que eu aprontei que ele descobriu? Será que foi pelo simulador de vôo que eu quebrei anteontem? Eu pedi pra Maria não contar, e além do mais eu mesma resolvi o problema no mesmo dia.

Pensei nessas e em várias outras coisas que fiz ultimamente enquanto cruzava o corredor, e quando finalmente cheguei à sala do Tapa-olho ajeitei minha postura, respirei profundamente e bati três vezes numa das portas de vidro.

— Entre, agente Lewis. — ele ordenou ao me ver através do vidro. — Quer falar comigo, senhor?

Fechei a porta e caminhei a passos de tartaruga pela enorme sala até chegar perto da mesa dele, onde fiquei parada com os braços cruzados o esperando dar início ao assunto.

— Por favor. — indicou uma das cadeiras. Ih, quando ele pede pra sentar é porque vem chumbo grosso.

Como minhas pernas estavam doendo pela corrida eu me sentei sem pestanejar e o fitei com o semblante tranquilo, mas internamente eu estava lutando para não questioná-lo de uma vez sobre o que ele queria. Que não seja bronca, que não seja bronca, que não seja bronca...

— Como você está? — indagou calmamente, recostando as costas na enorme cadeira de couro preta.Ufa, pelo jeito não é bronca.

— Bem... — respondi de cenho franzido — Eu pareço mal?

Perguntei isso pela careta de desconfiança que Fury armou quando eu disse estar bem.

— Não. Você só parece estar com algo te perturbando.

Será que ele lê pensamentos agora ou será que eu perdi minha excelente capacidade de fingir que não sinto nada?

— Tem sempre algo me perturbando, senhor. — respondi com sinceridade, ele manejou a cabeça em concordância.

— Bom, suas perturbações não são da minha alçada. — Então por que entrou nesse assunto, homem? — Te chamei aqui por que tenho uma missão pra você.

Fiquei muda e inexpressiva por alguns segundos, pensando em como eu iria para uma missão justo no dia em que tenho o jantar de Natal/amigo secreto na Torre.

— Missão? Agora? Mas...

— Se acalme, Wanessa. Não se preocupe, a missão não é hoje, e nem amanhã ou depois. Você poderá comemorar as festas de fim de ano que tanto gosta. — me interrompeu impacientemente, se curvando sobre a mesa e fechando as mãos em punhos.

Menos mal. Mas que diabo de missão é essa, então?

— O senhor pode ser mais claro e explicar qual é a missão? — perguntei sem meias palavras, meu cérebro demora a funcionar de manhã e se ele não desenhar eu não vou entender bulhufas. Antes de responder minha simples pergunta Fury ficou me olhando por um bom tempo de um jeito analisador, como se buscasse algum ponto fraco meu através do meu olhar. Depois de tantos anos trabalhando com ele posso afirmar que quando ele faz isso é por que tem algo sério pra perguntar. 

— O que você seria capaz de fazer em nome da SHIELD? 

Eu não disse? 

Crispei os lábios e demorei longos segundos para finalmente entender seu questionamento.

— Eu... — olhei em seu olho — Eu não tenho como responder claramente a essa pergunta. Só tomaria uma atitude ou um posicionamento a respeito disso se fosse estritamente necessário.

— Eu sabia que essa seria sua resposta. — Por que perguntou, então? — Bem, vou parar de embromação pois sei que nenhum de nós tem o dia todo. Sua missão, agente Lewis, será tomar conta disso — me entregou um pen drive —, e manter seus olhos atentos a tudo e todos ao seu redor a partir de agora. Ah, e não conte a ninguém sobre isso e sequer pense em bisbilhotar no que tem nesse pen drive, ou você comprometerá a missão antes mesmo de começá-la e estará correndo riscos também. 

Se eu já estava mais perdida do que turista sem GPS agora sim é que a coisa piorou de vez. Que raio de missão é essa de eu ter que tomar conta de um pen drive e ficar de olhos abertos? E por que tanto mistério? O que pode haver de mais nessa coisa?

— Ok. — pronunciei gesticulando com as mãos — Eu só tenho que tomar conta dessa coisinha e não dizer a ninguém o que eu estou fazendo?

— Acha uma tarefa muito difícil? — arqueou uma sobrancelha, semicerrei os olhos.

— Muito pelo contrário. Eu acho que é algo muito simples.

Rir em deboche foi o que o homem do tapa-olho fez, me deixando com uma pontinha de mau humor e uma cara não muito contente.

— Não julgue um livro pela capa, Lewis. Isso não tem nada de simples, por que acha que eu te pedi sigilo?

— Pra deixar as coisas mais interessantes? — cruzei as pernas e apoiei o cotovelo no joelho, vendo Fury me encarar com reprovação — Bom, eu tomarei conta do seu pen drive e não contarei a ninguém sobre isso. Tem minha palavra.

— Eu sei que posso confiar em você. E mais uma vez, peço que mantenha seus olhos mais abertos que nunca. — ressaltou, me deixando com ainda mais desconfiança.

— Bom, agora eu quero saber que está havendo. Tem algum problema na SHIELD pra você estar me dizendo isso? E o que tem nesse pen drive, afinal?

Ao invés de esclarecer minhas dúvidas Nick me ignorou e começou a digitar freneticamente em seu computador, parando após alguns segundos e voltando sua atenção a mim ao informar:

— Está dispensada, agente Lewis. Coulson precisa de você no centro de treinamentos.

Oi? Que marmota é essa?

Fiquei o olhando com uma careta de incredulidade e tentando decifrar algo em sua expressão facial que justificasse o fato de ele praticamente me explusar justo quando eu queria respostas, mas como era de se esperar tal leitura foi tão impossível quanto acertar os números da mega da virada.

Depois de perceber que eu ainda queria uma explicação e que não estava afim de sair ele — de uma maneira nada educada — indicou a porta com a mão, me fazendo soltar o ar lentamente e acenar com a cabeça enquanto guardava o objeto no meu bolso e me levantava da confortável cadeira de couro.

Tudo bem, se não quer mais falar eu não vou insistir. Ele já disse o que eu preciso saber, e as outras dúvidas eu esclareço por conta própria!

— Ok. Com licença, senhor. — virei para ele novamente — Ah, e feliz Natal.

— Igualmente. — respondeu sem muita sensibilidade. 

Irrompi para o corredor segundos depois com uma pulguinha — várias, na verdade — mordendo atrás da minha orelha e me dizendo que uma merda bem grande estava pra acontecer mais cedo ou mais tarde, e que com certeza essa merda respingaria em mim por eu ter aceito cuidar desse bendito pen drive.

****

Graças a todos os deuses, mesmo que o resto do meu dia tenha sido extremamente cansativo e sem pausas por conta do treinamento quase ininterrupto dos cadetes que tive que supervisionar junto com Coulson e Thom, eu consegui deixar a SHIELD a tempo de pegar o presente de Bucky — do outro lado da cidade — e ir pra casa me arrumar antes das 8h.

Tenho que adiantar que a minha encomenda ficou mais perfeita do que imaginei, e se James não gostar eu juro que bato com o objeto na cabeça dele. Depois de ter corrido por quase toda Nova Iorque e gastado mais de 3 mil dólares no bendito presente — do dinheiro sujo que só gasto em casos de extrema necessidade — podem acreditar que eu sou capaz de um ato hostil se ele fizer cara feia quando abrir esse embrulho de papel preto.

O único pequeno problema que estragou um pouco minha noite foi que meu motorista particular — lê-se: Sam Wilson — teve um contratempo e não pode me dar a carona que ele mesmo ofereceu, então aqui estou dirigindo meu Toyota Camry nas ruas hiper movimentadas de Manhattan.

Não fosse o maldito congestionamento dessa cidade — que está muito pior do que de costume por ser noite de Natal — eu já teria chegado ao meu destino há uns 30 minutos, mas graças a ele ainda estou parada no mesmo lugar — a poucas quadras da Torre — por mais tempo do que o aceitável, com apenas as músicas do meu music player para me manter calma.Enquanto batucava meus dedos no volante e cantarolava a música this is war do 30 Seconds to Mars, meu celular começou a vibrar no meu colo me tirando do meu momento cantora, e involuntariamente um sorriso surgiu em meus lábios ao ver quem estava me ligando.

— Pois não, Soldado?

Você vai vir?

— Acho que até de madrugada eu chego aí. — respondi com humor — Não deixe que o Thor e o Clint comam toda a ceia antes de eu chegar, tô morrendo de fome e vou matar alguém se não tiver mais comida.

Ouvi uma rápida e rouca risada vinda de James, seguida de um suspiro pesado. Ai, papai, que será que aconteceu? 

Os outros já chegaram e estão no salão de jantar confraternizando. Só estão esperando você e o Sam pra começarem a troca de presentes.

— Como assim os outros? Você não tá com eles? — perguntei bem quando a droga do trânsito começou a andar.

Eu... — suspirou outra vez —  Eu estava com eles, mas vim pro meu quarto. Tive uns flashes de memória agora a pouco e não me senti muito bem.

Entreabri os lábios e arregalei levemente os olhos, surpresa e ao mesmo tempo feliz pela notícia que ele acabara de me dar.

— Isso é muito bom, sua memória está voltando. — comemorei — E como você tá agora? Do que você se lembrou?

Tô bem. — silêncio por uns 2 segundos — Me lembrei de um dia em que eu e o Steve estávamos num bar, acho que era na noite de Natal porque o lugar estava quase vazio, provavelmente todos estavam com suas famílias. — sua voz se embargou um pouco, no entanto ele prosseguiu: — Eu estava bêbado e o Steve se meteu numa briga pra me defender de um cara bem maior que nós dois, que queria me bater por eu ter olhado pra namorada dele. — ambos rimos, porém eu não vi muita graç na última parte — Também lembrei do dia em que... — fez silêncio novamente e então desconversou:—, deixa pra lá. Não é nada importante. 

— Fala, criatura. — pedi enquanto virava numa esquina, ele respirou pesadamente e revelou:

Do dia em que eu estava num encontro com uma garota. Acho que foi a primeira vez que eu saí com uma, só não me lembro do nome dela nem quantos anos eu tinha.

Ainda bem que ela já deve estar morta! — sorri maldosamente, mas desmanche o sorriso e armei uma careta de confusão pela estranheza do que eu estava sentindo. Pelo amor de Superman, por que eu senti ciúme dele? Isso não faz sentido, ele é só meu amigo, e mesmo que eu tenha vontade de beijá-lo às vezes isso não é motivo pra eu ter ciúmes dele. 

Wanessa? Está aí? — Bucky indagou após o meu longo silêncio.

Pisquei repetidas vezes e chacoalhei a cabeça afim de clarear as ideias e poder respondê-lo de um jeito normal. Não acredito que senti ciúme dele, misericórdia.

— Sim. Eu... me distraí com o trânsito, foi mal.

Você tá dirigindo e falando no celular?

Tenho certeza que a expressão dele não é das mais felizes, pelo menos seu tom de voz não é. 

— O que você acha? — retruquei como se fosse óbvio.

Eu achei que você tivesse parado. É perigoso falar no celular enquanto dirige, além de ser proibido também! 

Deus do céu. Que tipo de ex-assassino é tão certinho assim?

— Meu bem, eu já fiz coisas que você nem imagina no volante — ri debochadamente —, falar no celular não é nada pra mim. Relaxa.

E quantas multas e pontos na carteira você já levou por suas imprudências? — devolveu num tom sério, revirei os olhos.

— Isso eu não sei responder. — me defendi e enfim entrei na rua da Torre — Hey, eu vou desligar, já estou chegando aí. Daqui a pouco conversamos, me espera junto com os outros?

Ok.

— Ótimo.

Desliguei a chamada em seguida e manobrei meu carro para a portaria da Torre, onde Jarvis me recepcionou e liberou a cancela assim que reconheceu minha placa. Estacionei com facilidade entre a moto de Steve e o carro de Hill e subi direto até o salão de jantar, com o presente de Bucky embaixo do meu braço esquerdo e minha câmera fotográfica pendurada no outro ombro.

— Agora a festa pode começar porque eu cheguei. — saudei animada no instante em que adentrei o local, recebendo os olhares e cumprimentos de todos.

Coloquei o presente de Barnes junto com os demais e me dirigi até a bancada de bebidas, onde peguei um copo de whisky com bastante gelo antes de seguir para o grupo onde estavam Nat, Steve, Clint, Laura, Sharon e James.

— Oi, o que vocês pediram pro Papai Noel esse ano? — perguntei ao estacar entre eles.

— Pra que ele acabe com pessoas que fazem essas perguntas.

Todos riram contidamente da resposta nada simpática de Nat, exceto nós duas. Arqueei uma sobrancelha e tomei um pequeno gole de whisky sem desgrudar os olhos da ruiva, que também me olhava de um jeito desafiador. Mal cheguei e ela já vem com patada. Que amor.

— Você está meio sumida ultimamente. Tudo bem? — Steve comentou atraindo minha atenção.

— Sim, eu estive bem ocupada na SHIELD essa semana e não tive muito tempo livre. 

Apesar de estar respondendo ao Capitão o meu olhar se fixou no de Barnes a cada palavra que eu disse, como se eu devesse a explicação do meu distanciamento única e exclusivamente a ele. Não que eu devesse satisfações a ele, mas por alguma razão eu achei que devia dessa vez.

Após alguns segundos o fitando de uma maneira ininterrupta, percebi que os outros estavam de olho na cena e me obriguei a agir normalmente de novo.

— E como... como vão as coisas por aqui? — indaguei aos gaguejos, estava um pouco desconcertada com a situação. 

— Normais. Não tivemos nenhuma ocorrência essa semana, nem mesmo pequena. — o Gavião respondeu.

Concordei com um meneio de cabeça e me virei para a sra. Barton. Nem me lembrei de cumprimentá-la, que falta de educação da minha parte.

— Como vai, Laura? E as crianças, não as trouxeram?

— Estou bem, Wanessa, é bom ver você. — sorriu docemente, repeti a ação — Lila e Cooper ficaram com uma prima minha na fazenda, esse não é o tipo de festa ideal pra crianças.

— Nenhuma festa do Tony é ideal pra crianças. — disse Romanoff.

Ri junto com os outros e como se fosse por magnetismo eu voltei meu olhar na direção do ex-Hidra, que também me encarava e parecia estar desconfortável em meio a tanta gente.Me preparei para puxar assunto com ele e perguntar se estava tudo bem ou se queria contar mais alguma coisa, entretanto fui impedida de fazê-lo graças a Tony, que surgiu entre nós como um furacão já se dirigindo a mim:

— Que bom que chegou, Miss Morte. Estávamos só te esperando pra começar a troca de presentes. — assoviou para o outro grupo — Pessoal, vamos fazer o amigo secreto agora? Tenho um comunicado importante a fazer e quero fazer antes do jantar.

Ih. O que será que esse maluco tem pra dizer, meu pai?

— Até que enfim! — Thor comemorou  com euforia.

Suspirei, tomei o último gole do meu drink e fui junto com os demais até onde estavam os presentes, e enquanto todos se aglomeravam para catar seus pacotes me virei para Bucky e sussurrei somente para ele ouvir:

— Feliz Natal, Soldado.

— Feliz Natal, agente. — respondeu após esboçar um pequeno sorriso, me fazendo sorrir de volta. Às vezes nem acredito que ele era aquele cara emburrado que mal falava duas palavras, e que agora está agindo como um ser humano civilizado apesar de ainda não ser a pessoa mais fácil de se lidar.

Esperamos alguns segundos para liberarem a nossa passagem e enfim catamos nossos pacotes de presente, que foram os últimos que restaram no chão.

— Quem vai ser o primeiro? — Sam questionou.

— Acho que primeiro tem que ser os mais velhos. — Stark olhou com uma sobrancelha erguida para os dois homens dos anos 40.

— Vai você, Steve. Você parece ansioso pra entregar seu presente.

Rogers olhou para Natasha com um sorriso tímido nos lábios e um grande brilho no olhar, sem disfarçar o deslumbre pela russa na frente de sua "garota". Pobre Sharon.

— Tudo bem. — anunciou voltando a olhar para os outros — Minha amiga secreta é alguém que...

— Por favor, Capitão, sem essa ladainha. — Hill reclamou revirando os olhos.

— Ok. — o loiro fez uma careta e acenou com a cabeça — É você, Natasha. Feliz Natal. 

Hum... eu sabia! 

A ruiva revirou os olhos e fez cara de indiferença diante do anúncio, mas não resistiu e acabou sorrindo quando Steve lhe entregou o presente e a abraçou — um pouco sem jeito, como era de se esperar.

Após destrinchar com facilidade o papel dourado e abrir a caixa, ela retirou o que havia dentro com um brilho de satisfação no olhar: se tratava de um vestido preto de seda mais ou menos na altura do joelho, com uma fenda na lateral direita e de alças finas —  aparentemente de alguma grife que custou uma nota preta. Resumindo, é bem a cara da Viúva Negra: caro, sexy e sofisticado.

— Tenho que admitir que você acertou em cheio no que comprar, Rogers. Obrigada.

— É muito lindo mesmo, o Steve tem um excelente gosto. — Sharon comentou com uma pontinha de insatisfação.

Romanoff a olhou de testa franzida e a loira retribuou o olhar, deixando Steve visivelmente constrangido com a estranheza da situação. Parece até um triângulo amoroso.

Stark, ao perceber que a pequena demonstração de ciúme de Carter irritou Natasha, pigarreou e deu um jeito de mudar o assunto:

— Bom, agora é sua vez, Miss Tarântula. Quem você tirou?

— Wanessa. — respondeu direto, me entregando um pacote vermelho vinho.

Sorri abertamente e comecei a desfazer o embrulho que guardava uma caixa com um conjunto de adagas russas, que fizeram meus olhos brilharem assim que as vi — e causaram reações de estranhamento em alguns. 

— São maravilhosas, bem que eu estava precisando de algo assim. Obrigada, Nat, farei ótimo uso delas.

— Se não gostasse eu faria você ir até a Rússia pra devolver.

Revirei os olhos e neguei com a cabeça, deixando a caixa no sofá atrás de mim e pegando o presente do ex-Hidra. Hora da verdade, o aviso está valendo e é bom que ele goste.

— Bom, eu não sou fã de discursos como todos sabem — olhei rapidamente para Steve e ele riu —, então vou ser direta. Parabéns, Soldado, aqui está seu presente.

Entreguei o objeto em suas mãos enquanto ele me fitava com uma careta de confusão e sem pensar lhe dei um rápido abraço assim que ficamos próximos, que ele retribuiu ao seu modo e sussurrou um "obrigado" no meu ouvido.

Me afastei e ele começou a lutar contra o embrulho plástico até finalmente retirar o objeto e erguê-lo no ar, deixando todos com expressões de deslumbre.

— Papagaio! — Sam pronunciou tombando os lábios.

Tudo bem, agora vou parar com o suspense. O presente nada mais é do que um escudo semelhante ao de Steve, porém feito de aço inox, na cor prata e com uma estrela vermelha no centro — sim, inspirado em seu braço metálico. Na minha humilde opinião ele ficou visualmente mais bonito do que o do Capitão por ser menos colorido, mas não que o dele seja feio, claro que não.

— Ok, agora eu acho que o Dorito se sentiu humilhado. — Tony comentou, Rogers riu pelo nariz e balançou a cabeça de um lado pro outro.

Ao encaixar o escudo no braço cibernético, o ex-Hidra enfim me encarou e se pronunciou:

— Onde você conseguiu isso?

Sorri de canto e tombei a cabeça pro lado. É, a julgar pelo tom de voz curioso eu acho que ele gostou. Agora vamos à história...

— Eu conheço um cara que tem um amigo que conhece um outro cara que trabalha perto de uma fábrica de objetos de aço. Bom, eu liguei pra esse cara e pedi pra ele falar com o amigo dele e ver se esse amigo conseguia o contato do frabric..

— Tudo bem, Miss Morte, já entendemos. — Tony me interrompeu se aproximando de Bucky. — Mas esse escudo não pode ser usado em batalha, ele é bem menos resistente que o do outro velhote.

Rogers e o amigo franziram as sobrancelhas e olharam feio para o Homem Lata. Prevejo o dia em que a língua desse imbecil ainda vai fazer alguém matá-lo.

— Eu sei disso, cabeção. — fiz uma careta — Na verdade eu não sabia o que comprar, e sabia que nenhum presente comum agradaria essa criatura — apontei para James, que me encarou com os olhos cerrados —, então lembrei que um dia, num treino, ele disse que gostaria de ter um escudo também, por que achou legal o efeito frisbee e etc. Enfim, infelizmente eu não tive tempo de falar com o rei de Wakanda e pedir um carregamento de vibranium pra fabricar um escudo decente, mas o qu...

— Chega, Wanessa. Nós já entendemos! — Hill me cortou na base da ignorância, travei o maxilar e cruzei os braços.Mas que inferno! Por que não me deixam terminar de explicar as coisas?

— Eu achei que foi bem pensado levando em conta que você é o melhor amigo do Steve e que esteve com ele quando ele recebeu o escudo. — Sharon disse, arrancando caretas de indignação de Sam e Tony pelo termo "melhor amigo".

— Obrigado, Wanessa. — o ex-Hidra falou somente, pisquei um olho em resposta. 

— Bom, vamos continuar então? — Sam perguntou.

Por ser o amigo da vez Barnes largou o escudo em cima do sofá e pegou seu pacote de cima do mesmo, anunciando de maneira direta e séria:

— Clint.

E o entregou ao cosplay de Arrow, que em agradecimento pelo jogo de dardos lhe deu um toque de mão e um abraço com toda sua espontaneidade, atitudes que, por incrível que pareça, tiraram um sorriso amigavel do ex-Hidra.

O resto da troca de presentes foi rápido e não menos animado, e em pouco mais de 10 minutos já estávamos nos dirigindo para a enorme mesa com os comes e bebes. Como o esperado, assim que todos nós sentamos, Tony ficou na ponta da mesa e começou com o pronunciamento que disse ter para fazer:

— Eu sei que todos estão com fome, então tentarei ser rápido. — pigarreou e caminhou até o lugar onde Pepper estava — Desde que você aceitou me dar uma chance de te ter ao meu lado eu mudei totalmente os meus conceitos sobre as mulheres. Quer dizer, você me mudou, você me fez ver que eu estava sendo um otário por sair cada dia com uma daquelas modelos magrelas que eu conhecia nas festas e achar que aquilo me completava. Eu me envergonho muito daquela época da minha vida, e me arrependo amargamente de ter sido daquele jeito...

— Tony, você não precisa dizer isso de novo. — a loira murmurou com um sorriso sem graça. Será que ele vai fazer o que eu tô pensando? 

— Eu precisava dizer antes de... — enfiou a mão por dentro do terno e se ajoelhou — Antes de perguntar se você, srta. Pepper Potts, gostaria de se tornar a sra. Stark e continuar me fazendo uma pessoa melhor pelo resto dos seus dias. Quer casar comigo?

Arregalei os olhos. Deus, ele fez o que eu estava pensando! Só pode ser o anúncio do fim do mundo, não acredito no que estou vendo.

Logo após terminar de concluir o pedido inesperado por todos, Stark abriu a caixinha preta aveludada revelando um anel cravejado de turquesas, que junto com o pedido fizeram os olhos de Potts marejarem.

— Sim! É claro que eu quero! — exclamou animada, levantando e puxando o Homem de Ferro para um beijo.

Uma chuva de palmas e assovios se deu ao redor da mesa, e enquanto eu pegava minha câmera para tirar uma foto dos noivos eis que Laura atrai as atenções ao dizer:

— Clint, eu não acredito que você está chorando!

Eu e todos os demais olhamos com caretas para o Gavião, que de fato estava com os olhos levemente vermelhos e fungando o nariz.

— Eu só... lembrei de quando te pedi em casamento. Você não foi tão carinhosa assim.

— Oh, céus, não acredito que tenho um marido tão emotivo. — ela revirou os olhos e esboçou um sorriso zombeteiro.

Alguns minutos se passaram, eu tirei uma foto do casal e então Thor ergueu sua taça de champanhe e propôs animado:

— Meus amigos, essa noite merece um brinde! Temos que comemorar o noivado dos nossos amigos!

— Aos noivos. — Rhodey anunciou.

Todos levantamos e batemos nossas taças como uma grande família feliz, parabenizando o casal e também dizendo várias daquelas frases que se costumam dizer durante um brinde.

A ceia de Natal se seguiu da melhor maneira possível: comemos, bebemos e conversamos sobre diversos assuntos, mas principalmente sobre a notícia — ainda inacreditável — de que Tony Stark estava para subir no altar dentro de 6 meses.

Lá pelas 2h da madrugada, boa parte do pessoal já tinha ido embora ou se recolhido para seus aposentos, restando no salão somente Steve, Bucky Sharon, Natasha, Tony, Pepper e eu.Como eu estava me sentindo exausta e já não estava tão lúcida depois de ter bebido 2 whiskys e mais de 10 taças de vinho, decidi que dormiria na Torre apenas essa noite.

— Bom, eu vou subir... — anunciei com a voz enrolada atraindo a atenção deles — Boa noite e Feliz Natal mais uma vez.

Fiz um v com os dedos e caminhei tropeçando até a saída após eles se despedirem também, e quando estava quase chegando ao elevador percebi que alguém vinha apressado atrás de mim. Me virei para trás e vi Bucky com seu escudo preso no braço normal e minha bolsa, minha câmera e o presente que Natasha me deu no outro.

— Você e essa mania de esquecer suas coisas. — zombou, parando na minha frente e me entregando os objetos.

Enrosquei a bolsa e a câmera em meu ombro direito e tomei a caixa de adagas em mãos.

— E você sempre vindo atrás de mim e trazendo o que eu esqueci. — ri abafado e encontrei seu olhar, lembrando das perguntas que eu tinha para lhe fazer — Você teve mais alguma lembrança? Quer falar sobre algo?

— Não, não lembrei de mais nada — comprimiu os lábios —, e estou bem.

Assenti com a cabeça.

— Ok... se lembrar de mais alguma coisa me fale.

— Tudo bem.

— Então... — soltei o ar pelo nariz — Vou subir. Boa noite, Soldado.

Esperei alguns segundos pela resposta, porém ela não veio, então apenas baixei o olhar e lhe dei as costas. Acho que ele não está muito afim de...

— Não.

Levei um enorme susto quando James puxou meu braço livre e me girou como um pião, quase tirando o pouco equilíbrio que me restava e fazendo com que nossos corpos ficassem praticamente colados.

Uni as sobrancelhas em sinal de confusão e perguntei no mesmo segundo:

— O que foi?

— Eu tenho que te agradecer pelo escudo. É o melhor presente que eu me lembro de ter ganho... — riu pelo nariz e desviou o olhar — Se bem que eu não lembro de ter ganho nenhum outro presente.E pra agradecer precisa me agarrar desse jeito, homem?!

— Você deve ter ganho muitos presentes, vai se lembrar disso também. E fico feliz que tenha gostado dessa simples réplica.

Nós sorrimos tímidamente sem mover nenhum músculo para nos afastarmos, mesmo estando dentro do espaço pessoal um do outro. Isso não vai prestar...

Mordi o lábio inferior e me aproximei um pouquinho mais, ignorando a voz da minha consciência que dizia para eu não fazer o que queria fazer. Para minha total surpresa, no mesmo instante em que me movi Barnes rapidamente passou o braço metálico pela minha cintura e me puxou de uma só vez contra si, e pude sentir as batidas descompassadas de seu coração assim que nossos corpos ficaram colados. 

— O que você está fazendo? — balbuciei um pouco duvidosa, perdida no brilho contido em seus olhos hipnotizantes.

— Shhh. 

E me calou de vez ao grudar seus lábios nos meus, de uma maneira tão suave e romântica que mandou de imediato toda resistência que lutei para manter pra bem longe e fez eu me entregar totalmente ao seu beijo, que me ajudou a, finalmente, entender o que estava sentindo em relação a ele.




Notas Finais


E então? 
Finalmente rolou o beijo! Posso ouvir um aleluia?
Será que agora vai? Hmmm...
Bom, sobre o capítulo em geral eu só posso dizer que, como sempre, amei escrever cada palavra, e espero que tenham gostado também ^-^
Por hoje é só, e como o próximo só sai na semana que vem desejo desde já uma ótima virada de ano pra vocês, e não exagerem na bebida como a Wanessa, ok? Kkkk ♥


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