História Secret Desires - Scisaac's Secret Chronicles Volume 1 - Não tem que ser estranho

Os risos ecoavam pela lanchonete. Após o jogo, o xerife Stilinski convidou Melissa, Scott e Isaac para comerem cheeseburguers com ele e Stiles, alegando que os rapazes mereciam uma recompensa, devido ao trabalho duro e a vitória. E lá estavam os cinco, sentados numa mesa retangular, conversando, comendo onion rings, enquanto esperavam os sanduíches. Noah estava sentado ao lado de Melissa e os três garotos estavam sentados de frente pra eles, sendo que Stiles estava sentado em uma das pontas, Isaac no meio e Scott ao seu lado, sentado na outra ponta.

— Por que a Lydia não veio com a gente, Stiles? — Melissa indagou.

— Ela foi se encontrar com a mãe. — Stiles respondeu.

— Rapazes, o jogo hoje foi muito bom. — Noah falou. — Mas vocês estavam um pouco sem sincronia no início. Scott, o que foi aquilo?

O McCall mais novo se enrolou nas palavras, não sabendo o que dizer. Isaac se adiantou e ajudou o amigo.

— Foi só uma falta de comunicação, mas já resolvemos. — O loiro falou, com convicção. — O que importa é que conseguimos vencer. E não vamos mais deixar isso nos atrapalhar. Não é, Scott? — Ele questionou, olhando para o amigo.

— Claro. — Scott falou, tentando parecer firme, olhando para Isaac também. — Não vai mais acontecer.

Isaac não tinha certeza se Scott tava falando do pequeno desentendimento deles, no campo, ou se aquilo foi uma indireta pra dizer que eles não transariam novamente. Não queria saber a resposta. Ele pegou três onion rings e colocou na boca. O garoto avistou Matt, saindo da fila dos pedidos, e o chamou.

— Ei, Matt. — Isaac falou, acenando.

Scott fechou a cara imediatamente, ato que não passou despercebido por Melissa. Matt se aproximou da mesa e sorriu para Isaac.

— Oi.

— Quer se juntar a nós? — Melissa perguntou, inocentemente, e Scott a olhou indignado, como se aquilo fosse o maior absurdo.

— Não posso, meu pai tá me esperando lá fora no carro. — Matt respondeu

— Bom trabalho hoje, Matt. — O xerife falou para o garoto.

— Obrigado, xerife. Mas o astro foi o Isaac. — Matt falou, olhando para o loiro. — Você foi incrível.

— Não exagera. — Isaac falou, um pouco corado.

— Aceite o crédito, Isaac. — Stiles falou. — Realmente foi incrível.

— Eu confesso que achei que você não conseguiria, mas realmente, aquele passe final foi incrível, Isaac. — Noah falou.

— Pedido número quarenta. — Uma das atendentes gritou.

— É o meu. — Matt falou. — Tenho que ir. Tchau.

Eles se despediram de Matt e o garoto foi pegar seu pedido. Isaac pediu licença a Stiles, se levantou e foi até o amigo, que já segurava um saco de papel marrom, com seu lanche dentro.

— Escuta, amanhã eu tenho tempo livre na primeira aula. — Isaac falou. — A gente podia ensaiar pra o trabalho de literatura.

— Claro. Perfeito. — Matt falou.

Eles se despediram e Daehler saiu da lanchonete. Isaac voltou a seu lugar na mesa, ao lado de Scott.

— Acho que ele gosta de você, Isaac. — Melissa falou. — Devia sair com ele.

Mais uma vez, Scott olhou indignado para sua mãe.

— Com licença, eu tenho que ir ao banheiro. — O moreno falou, se levantando, incomodado com o rumo da conversa.

— Melissa. — Isaac falou, olhando para o xerife, envergonhado.

— Pode ficar tranquilo, Isaac. — Noah falou, ao notar o incômodo do adolescente, em relação a ele. — Acho que as pessoas são livres pra amarem quem quiserem. Quando meu filho disse que gostava de garotos e de garotas, eu não fiquei surpreso. Só esperava que ele namorasse alguém melhor que Derek Hale.

— Ah, pai. De novo esse assunto? — Stiles falou, chateado. — Não estamos mais juntos. O Derek nem está mais na cidade. E eu estou com a Lydia agora.

— Ela sim, é uma boa garota. — Noah falou.

Assim que Scott voltou do banheiro, se sentou no seu lugar novamente. E poucos segundos depois, uma garçonete trouxe o pedido deles, cinco creeseburguers duplos com bastante bacon, cinco porções grandes de batatas fritas e cinco copos também grandes de coca-cola.

Os cinco comeram em silêncio na maior parte do tempo, às vezes comentavam alguma coisa sobre o jogo. Scott lançava olhares discretos para Isaac e em uma das vezes que olhou para o loiro, notou que o canto da boca dele estava sujo de ketchup. Ele sorriu consigo mesmo, achando engraçado que isso sempre acabasse acontecendo com o amigo. Scott pegou um guardanapo e passou suavemente no lugar onde estava sujo, chamando a atenção de Lahey.

— Tava sujo de ketchup.

— Ah, valeu.

— Scott, minha boca tá suja também. Pode limpar pra mim. — Stiles pediu, debochadamente.

Scott pegou um guardanapo e jogou pra Stiles.

— Você pode limpar sozinho. — McCall falou.

— Isso foi rude, cara. — Stiles falou, indignado limpando a sua boca com o guardanapo. — Muito rude.

Eles continuaram a comer e quando terminaram, o xerife pediu a conta. Na hora de pagar, Melissa discordou com Noah, quando ele disse que pagaria tudo sozinho e depois de cinco minutos de discussão os dois concordaram que dividiriam. Eles saíram da lanchonete e seguiram para onde os carros de Melissa e de Noah estavam estacionados, lado a lado.

— Mãe, preciso dar uma passada na clínica. — Scott falou.

— Nada disso, mocinho. Tenho certeza que o Alan não precisa de você pra nada, essa hora. Ainda está de castigo. Quero que vá direto pra casa. Eu vou seguir você e se desviar do caminho, eu saberei. Acho bom não me contrariar. — Melissa falou, olhando para Scott e então, se virou para Isaac e perguntou. — E você, vai pra casa?

— Vou. — Isaac respondeu, não querendo contrariar Melissa.

— Ótimo. — A mulher se virou para o xerife e falou. — Obrigada pelo convite, Noah.

— Eu estou logo atrás de vocês. — Noah falou. — Quero garantir que os três cheguem em segurança.

— Noah, não precisa. — Melissa falou. — Você deve estar cansado. Pode ir pra casa.

— Eu insisto. Como xerife da cidade, é meu dever manter todos os cidadãos seguros.

Stiles entrou no banco do carona da viatura de seu pai. Melissa entrou no seu carro e Isaac entrou no banco do carona. Scott se dirigiu até sua moto, que estava do outro lado do estacionamento, subiu, colocou o capacete e deu a partida. Melissa também deu a partida no seu carro e começou a dirigir. O xerife entrou no seu carro e se deparou com um sorriso malicioso e um olhar acusatório, de seu filho.

— Vai acompanhar eles até em casa, é?

— O que foi? — Noah perguntou.

— Gosta da Melissa, né? — Stiles falou, ainda sustentando o sorriso. — Devia chamá-la pra sair.

— Fica quieto, Stiles. — Noah falou e ligou o carro, em seguida.

Quase meia hora depois, eles chegaram na casa dos McCall. O xerife parou o carro e esperou até que Melissa, Scott e Isaac entrassem em casa. Os garotos entraram e a mulher acenou para Noah e Stiles, antes de entrar também.

— Vai lá, pai. — Stiles incentivou. — Chama ela pra jantar.

Noah pensou por um segundo, já faziam onze anos que sua esposa, Claudia, tinha falecido, e desde então, não se envolvera com ninguém. Ele então, decidiu seguir o conselho do seu filho. Saiu do carro, foi até a porta da casa e bateu três vezes. Não demorou muito e Melissa abriu a porta.

— Eu esqueci alguma coisa? — A mulher indagou.

— Quer jantar qualquer dia? — Noah falou, não pensando muito. — Digo, só eu e você.

— Claro, eu adoraria. — A mulher falou, sorrindo.

— Então, eu te ligo pra combinar?

— Sim.

— Ótimo.

— Ótimo. — Melissa repetiu, sorrindo.

Stiles observava tudo atentamente. Noah se despediu de Melissa e voltou para o seu carro. Quando o xerife entrou no veículo, encontrou o sorriso malicioso do filho, mais uma vez.

— Nem uma palavra, Stilles.

O xerife deu a partida na viatura e seguiu para sua casa. Melissa ficou mais um minuto olhando para a rua, com um sorriso bobo no rosto. Quando ela entrou em casa, deu de cara com Isaac e Scott olhando pra ela, cada um com uma expressão diferente. O loiro tinha um sorriso estampado no rosto e o moreno estava com o cenho franzido.

— O que foi? — Melissa perguntou. — Vão arrumar o que fazer. — A mulher falou e subiu as escadas, para tomar seu esperado banho.

Scott e Isaac trocaram olhares e também subiram, disputando uma corrida pra ver quem usaria o banheiro primeiro. Foi o loiro quem terminou ganhando.

***

Horas depois, Isaac estava deitado na sua cama, mexendo no celular. Ele vestia apenas uma calça moletom cinza. O garoto estava trocando mensagens com Matt sobre o trabalho de literatura que fariam. Scott bateu na porta e entrou no quarto. Ele usava uma regata preta, deixando a vista sua tatuagem no braço esquerdo, e uma bermuda da mesma cor.

— Podemos conversar? — O moreno perguntou.

— Claro. Deixa só eu terminar de mandar essa mensagem pra o Matt. — Isaac falou.

Scott esperou, não gostando de ser deixado de lado por causa de Matt. O loiro terminou de digitar a mensagem, sentou na cama e olhou para o amigo. Ele deu uma olhada na tatuagem do moreno e em seguida, encarou seus olhos. Scott se aproximou devagar e sentou na cama. Ele lembrou-se da última vez que estivera naquele quarto, naquela cama, e balançou a cabeça pra tentar mandar aqueles pensamentos pra longe. Não era hora de pensar naquilo, mas o fato de Isaac estar sem camisa e irradiando calor pra ele, não estava ajudando.

— Olha... — McCall não sabia o que dizer. Ele abriu a boca algumas vezes pra continuar a falar, no entanto, as palavras não saiam.

Lahey mais uma vez naquela noite tomou a frente e falou:

— Deixa eu facilitar pra você. Aquilo que fizemos não vai se repetir. Então, vamos seguir com a nossa amizade, como se nada tivesse acontecido.

— Isaac, eu...

— Tá tudo bem, Scott. Não é como se eu esperasse que fossemos namorar. — Isaac falou, porém, ele não se sentia bem. Falar aquilo lhe causou uma tremenda dor emocional. Ele lutou fortemente contra as lágrimas.

— Eu não sou gay. — Scott falou, tentando parecer convincente. — Eu não sei por que aquilo acabou acontecendo. Mas eu não quero mais ficar assim com você.

— Por assim, você quer dizer sexualmente? — Isaac perguntou.

— Não, quer dizer sim, mas eu tava falando sobre esse clima novamente. A gente sem se falar.

— Foi você quem me ignorou. E no jogo você não passava a bola pra mim. Isso me irritou pra caramba. — Isaac falou.

— Eu sei. — Scott falou, abaixando a cabeça, envergonhado. — Me desculpa.

— Tudo bem.

O celular de Isaac vibrou, chamando a atenção dos dois.

— É o seu namorado? — Scott falou, com um sorriso malicioso, para esconder o ciúme que estava sentindo naquele momento.

— Eu e o Matt somos só amigos. — Isaac falou, lendo a mensagem. — E ao contrário do que você pensa, eu não transo com todos os meus amigos. — O garoto se arrependeu de dizer aquilo, no mesmo segundo. — Muito cedo?

— Não. Como você disse, nada vai mudar o que aconteceu. Você curtiu? — Scott perguntou, um pouco envergonhado, surpreendendo Isaac.

— Você tá mesmo me perguntando se eu gostei? — O loiro questionou, com a testa franzida, mas ele sorria.

— É. Foi bom pra você? Eu fui bem?

— Foi incrível. Você foi incrível, Scott. E pra você, foi bom? — Isaac perguntou.

Scott pensou por um momento. Sabia que estava abrindo a porta pra essas perguntas quando perguntou primeiro.

— Foi estranho. Mas não foi ruim — Scott respondeu honestamente. — É só que, eu me sinto estranho. Nunca pensei que ficaria assim, com outro garoto. Ainda mais, com você.

— Não tem que ser estranho, Scott. Amigos fazem sexo às vezes. Isso é normal.

— É normal, amigos héteros fazerem sexo?

— Só você que é hétero aqui. — Isaac falou, sorrindo. — E se quer saber? É mais comum do que você imagina, caras héteros que transam com outros caras. Eu mesmo, já fiquei com alguns. Você não tem que se rotular por causa disso.

— Não quero.

— Então não faça. Só siga a vida e não deixa isso afetar a nossa amizade, mais do que já afetou.

— Isso seria bom. — Scott falou, olhando nos olhos de Isaac. — Quando foi que você ficou tão maduro?

Isaac sorriu.

— Sei lá, é uma coisa que acontece com o tempo. Você também amadureceu.

O celular de Isaac vibrou mais uma vez.

— Me conta, você não pensa no Matt de outra forma? Eu sei que ele não te vê apenas como um amigo.

Isaac estranhou por um momento, mas logo se deu conta do que Scott estava fazendo. Se ele estivesse namorando Matt, o moreno não precisaria ficar pensando e preocupado com o fato de eles terem transado.

— Achei que não gostasse dele. — O loiro falou.

— Não gosto, mas se você gosta.

— Eu não gosto dele assim, Scott. Não seria bom nem pra mim, nem pra ele, nós namorarmos sem que eu goste do Matt da forma que ele merece. Você mesmo é um exemplo disso. Olha só o que aconteceu entre você e a Kira. — E mais uma vez Isaac se arrependeu das suas palavras. — Me desculpa.

— Tudo bem. Você está certo. — Scott falou, pensando na ex-namorada. — Eu não estava completamente com a Kira. E não sentia mais o mesmo por ela. Só não gosto de ter a magoado. Mas não dava mais pra mim.

— Eu gosto de outra pessoa, por isso não quero me relacionar com o Matt e nem com ninguém agora.

— É o Jackson, não é? — Scott indagou. — Ainda gosta dele.

Isaac pensou por um momento, não podia falar a verdade, mas também estava cansado de esconder isso de Scott.

— Gosto. — Isaac falou, depois de um tempo. Não era completamente mentira. Jackson foi muito importante pra ele e o relacionamento dos dois foi muito intenso, apesar de bastante conturbado. — Olha, hoje foi um dia cheio e eu tô cansado. Acho que vou dormir.

— Que bom que conversamos. — Scott falou, se levantando.

Isaac assentiu. Ele deu uma última olhada na tatuagem de Scott. E antes que o moreno saísse do quarto, Lahey o chamou:

— Scott?

— Oi? — McCall falou, virando-se para olhar para Isaac novamente.

— O que a sua tatuagem significa?

Scott olhou para as duas faixas tatuadas em seu braço. Por um momento, ele pensou no que dizer, mas não queria estragar o clima, que estava novamente agradável entre eles, relembrando a morte de Allison ou a fuga de Isaac. O moreno olhou para o amigo outra vez.

— Outro dia eu te conto. — Scott falou, deu uma piscadela para Isaac e saiu do quarto.