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História Sedução - Como nos conhecemos


Escrita por: Shays

Capítulo 2 - Como nos conhecemos


Fanfic / Fanfiction Sedução - Como nos conhecemos

Sakura engoliu em seco, tendo a certeza de que esta era uma daquelas cenas que ficam na memória para sempre.
Ele parou a poucos passos dela, o suficiente para deixá-la ver o brilho em seus extraordinários olhos escuros. Os cílios espessos e negros também a fascinaram.
A expressão do cavaleiro era impenetrável, embora o sulco acima de seu nariz aquilino tivesse se aprofundado quando ele olhou para Sakura. Ela sentiu um arrepio percorrer toda a espinha. Havia algo quase cruel na curva daqueles lábios masculinos e sensuais.
Ele lhe fez uma pergunta em japonês, num tom de voz profundo, quase palpável. Sakura deu de ombros para indicar que não tinha idéia do que ele estava dizendo. Apesar de ser japonesa não tinha se criado lá e pouco conhecia sua cultura e língua.  Viu algo que podia ser uma centelha de irritação nos olhos negros enquanto ele passava a mão pelos cabelos escuros e bem cortados fazendo-a imaginar que, sob toda aquela poeira, deviam ser sedosos. Sentiu uma vontade irresistível de tocá-los, mas naturalmente se conteve.
Aterrorizada pela direção descontrolada de sua imaginação, concluiu que deveria estar ao sol por muito tempo. Provavelmente já estava sofrendo de desidratação, pois seu último gole de água havia sido uma hora antes.
Ela supôs que a culpa por toda aquela imaginação fértil fosse do princípio de insolação, pois não era o tipo de mulher que anda por aí fantasiando passar os dedos nos cabelos de homens estranhos.
Dando um suspiro profundo, adotou uma expressão que sugeria ser uma pessoa totalmente imune a homens altos e de aparência romântica em cavalos negros.
— Você fala inglês? — perguntou Sakura. Ele não era alguém a quem teria pedido ajuda, mas não estava em condições de ser exigente. Na verdade, era um homem que faria qualquer mulher, por mais ingênua que fosse, atravessar a rua para evitar uma capitulação, reconhecendo a fraqueza do próprio gênero no que diz respeito a tipos como aquele.
— Inglês? — perguntou novamente, separando cada sílaba na vã esperança de ver alguma centelha de reconhecimento naqueles olhos espetaculares.
— Estou perdida neste lugar. Você... Preciso arranjar... Estou procurando... Que coisa! — murmurou ela, caindo de joelhos e removendo os pedregulhos que colocara sobre os mapas enquanto os estudava. Tirando uma mecha rosa de cabelos do rosto e empunhando o mapa, se levantou.
— Mapa... — disse ela, chacoalhando-o com uma das mãos.
Quando ele a olhou e deu de ombros, toda a frustração veio à tona. O estresse das últimas horas se manifestou em lágrimas que correram por seu rosto. Praguejando pela fraqueza, limpou-as com as costas da mão.
Deu um suspiro profundo e tentou se acalmar. Se aquele homem não podia ajudá-la, talvez fosse capaz de encaminhá-la a quem pudesse.
Ela sorriu animada e apontou um local que tinha circulado em vermelho no mapa.
— Preciso... — começou ela, quase aos berros, até que viu a total falta de compreensão no rosto dele e suspirou desanimada.
— Não sei por que estou gritando. Você não tem a mínima idéia do que estou falando, tem?
Ele alternou o olhar entre o rosto dela e o mapa e, por fim, novamente deu de ombros, com uma expressão quase piedosa.
— Por que você tem de ser bonito e idiota? Conheço muitas mulheres que dariam tudo pelos seus cílios e outras que dariam mais ainda por você inteiro. Há uma grande demanda por homens como você. Eu, particularmente, prefiro os tipos sensíveis, mas esses tendem a ser gays. — A expressão dele não se alterou, embora os lábios tremessem levemente. Sakura deu um suspiro culpado.
— Desculpe-me por tudo o que eu disse, mas enquanto estou falando não entro em pânico e se parar de falar corro o risco de você ir embora e então eu ficaria sozinha de novo. E o fato de não falar nem entender inglês não faz de você um idiota. De qualquer modo, a culpa é toda minha. Não sei por que pensei que gostasse de ciclismo. — Ela deu um olhar de desdém para a bicicleta descartada no chão.
— Não ficarei surpresa se o selim me deixar machucada por um mês — observou ela, esfregando a mão no local em questão.
— Mas eu precisava fugir das pessoas com quem estou em férias. Economizei dinheiro por um ano para estar aqui e minhas companheiras ficam contando calorias e achando que "aproveitar o lugar" é passar a noite em boates enfumaçadas. — Ela deu uma risada.
— Acho que o problema é que não sou muito tolerante — riu novamente e começou a dobrar o mapa num tamanho mais manuseável.
— Sei que você me ajudaria se pudesse entender uma palavra do que estou dizendo, mas, de qualquer maneira, obrigada por me escutar.
— Não há de quê.
Sakura arregalou os olhos e deixou cair o mapa das mãos, estupefata. Sua voz profunda e educada tinha apenas um leve sotaque.
— Você fala inglês?! — Seu alívio inicial quase se transformou em raiva daquele estranho. Seu rosto corou fortemente quando recordou o que tinha dito a ele. Meu Deus, eu o chamei de bonito!... E de idiota!
— Por que não disse que falava minha língua logo no início, em vez de me deixar falar tantas bobagens? — E me fazer passar por uma total e absoluta idiota.
— Achei que não seria educado interromper seu desabafo.
Sakura entendeu a resposta dele como uma provocação e disse friamente:
— Não o faria perder seu tempo aqui.
Ele sorriu, mostrando dentes brancos e alinhados.
— Não acha que na atual circunstância seria mais sábio apenas esquecermos tudo?
— Esquecermos?! — repetiu ela, atônita enquanto o olhava.
— Tenho certeza de que você é perfeitamente auto-suficiente em passeios nos seus próprios bosques. Londres?
— Não.
— Bem, onde quer que seja, não é aqui, cara. Este é o meu território e você precisa de ajuda. Posso ajudá-la se estiver preparada para agüentar minha falta de sensibilidade.
— Estou acostumada com homens insensíveis, embora nenhum seja tão mesquinho quanto você. A propósito, não preciso da montaria. — Ela lançou um olhar para o cavalo, que permanecia à espera do dono.
— Mas, se você não se incomodar de me dizer exatamente onde estou, ficarei imensamente grata.
Uma sobrancelha bem delineada e escura se ergueu num ângulo satírico, fazendo os expressivos olhos brilharem com um ar maroto.
— E se eu lhe dissesse para ser mais esperta?
— Não gaste sua superioridade masculina comigo — rogou ela.
— Não sou um estereótipo feminino.
Ele ergueu uma das mãos para sombrear os olhos quando a fitava.
— Oh, não, você não é desse tipo — concordou de modo crítico.
Sakura achou que era uma dica para lhe perguntar exatamente o que pensava que ela fosse, mas não tinha intenção de entrar naquele jogo. Além do mais, não sabia se gostaria da resposta.
Sakura observou quando ele se abaixou para pegar o mapa. Suas mãos, elegantes e hábeis, provocavam uma estranha fascinação sobre ela e reconhecer isso a perturbou. Aliás, ele inteiro a perturbava.
— Aqui é onde você pretendia estar? — perguntou ele, apontando para o círculo vermelho no mapa e dando-lhe um olhar divertido.
— Posso imaginar que você jamais se perdeu numa floresta — disse ela com tom sarcástico.
— Não estamos falando de perder-se na floresta, mas sim de você pegar o caminho errado. O lugar em que estamos não está no mapa.
— Você quer dizer que o mapa é muito pequeno? — Ela tinha achado o mapa bem detalhado.
— Quero dizer que estamos uns quinze quilômetros fora da área que o mapa cobre, numa estimativa favorável.
Sakura fez uma expressão de desgosto.
— Você está brincando.
— Eu...
— Poderia ficar calado um segundo e me deixar pensar?
A expressão no rosto dele a fez desconfiar de que raras vezes alguém dissera para ele se calar.
— Suponho que não haja algo como um táxi por aqui, certo?
Parecendo se divertir, ele enfiou a mão no bolso, fazendo com que o tecido de sua calça modelasse suas coxas grossas.
— Você supõe corretamente.
Ela deu um suspiro e tentou não olhar de modo muito óbvio para as coxas musculosas.
— Então será que você poderia me encaminhar para o telefone mais próximo? Estou certa de que o hotel mandará alguém para me resgatar.
Aquilo causaria um rombo no dinheiro que reservara para a temporada, mas que outra opção tinha?
— Onde você está hospedada?
Ela mencionou o nome do hotel, fazendo-o franzir o cenho.
— Eles se orgulham de serem exclusivos...
— E eu não sou? — Ela não podia culpá-lo por chegar àquela conclusão. Não era preciso muita imaginação para que ela parecesse uma abastada turista só pelo fato de estar hospedada num exclusivo hotel quatro estrelas.
— Mas você está certo. O hotel em que deveríamos nos hospedar foi interditado por conta de uma denúncia de casos de intoxicação alimentar e a agência de turismo nos colocou neste hotel sem qualquer despesa extra.
— Levarei você de volta ao hotel.
A oferta repentina a fez arregalar os olhos.
— Você?! — disse ela, com espanto, lutando contra uma inesperada imagem mental dela montada na mesma sela que ele, entrando no saguão do hotel exclusivo e requintado.
— Tem algum problema com isso? Ela tinha muitos.
— Realmente não acho que seu cavalo gostaria disso.
— Você não está errada — disse ele, puxando as rédeas com uma das mãos e dando tapinhas no traseiro do animal com a outra.
— Na verdade, conheço alguém que tem transporte. Ele mora a menos de um quilometro daqui.
— É muita gentileza sua, mas...
— Não costumo ser bondoso.— Ele sorriu, fazendo-a sentir um frio na barriga.
— Você vem ou não?
— Realmente não sei... Isto é... Como?
Ele a interrompeu parecendo chateado.
— Afinal, isto é um sim ou um não?
— Não... Sim...
— Você é sempre tão indecisa?
— Estou certa que alguém virá se eu esperar. — Seu tom de voz duvidoso convidou-o a discordar, mas ele se conteve.
Sakura olhou com espanto e indignação quando ele colocou a bota no estribo e falou duas ou três palavras suaves para o cavalo antes de montar com estilo na sela.
— Bem, isto é um adeus, então.
Foi apenas um orgulho teimoso que a impediu de implorar para que ele não fosse. Orgulho esse que foi lamentado durante os vinte minutos seguintes.
Ela levou esse tempo para arrastar sua bicicleta por quase um quilômetro estrada acima, onde um caminhão grande e enferrujado apareceu numa nuvem de poeira.

                       🚚💨 🌸
   


Notas Finais


HAI ^^
ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO.
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