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História Sedução - Nosso filho


Escrita por: Shays

Capítulo 8 - Nosso filho


Fanfic / Fanfiction Sedução - Nosso filho

Sakura, tremendo por causa da discussão, pegou um táxi e voltou para a suíte do hotel onde estavam hospedados. Sua raiva tinha sido a única coisa que impedia que as lágrimas rolassem pelo rosto, mas, quando a ira se dissipou, as comportas se abriram. Ela se jogou na cama e chorou.
Examinando no espelho o rosto inchado e ainda manchado pelas lágrimas, ela se esforçou para ver os eventos da noite através dos olhos de Sasuke, e não era uma visão muito agradável!
— Você arranjou um problema — disse para seu reflexo.
Todavia, problemas sempre tinham soluções, e Sakura ponderou seriamente enquanto permanecia sob o chuveiro.
Decidiu que tinha de ser totalmente aberta e franca com Sasuke. Pensou que poderiam discutir o assunto juntos... Apenas esperava que, depois daquela noite, ele ainda pensasse que o casamento deles valia a pena.
A despeito de todos os protestos dela, era muito difícil, sob aquelas circunstâncias, continuar a alegar que o bizarro casamento dos pais não deixara uma marca em sua vida.
Não que acreditasse que Sasuke tivesse alguma intenção de ser infiel. A reação agressiva e exagerada dela naquela noite talvez tivesse relação com o medo de ser complacente com esse tipo de situação, assim como sua mãe sempre fora.
Sakura aguardou o retorno de Sasuke com um misto de medo e determinação. Ela não desistiria do casamento, a melhor coisa que já lhe acontecera.
Acerca das 3h3O ela estava se sentindo menos otimista.
Por volta das 6h30 finalmente tomou consciência de que Sasuke não voltaria. Enquanto gastara seu tempo pensando na melhor maneira de salvar seu casamento, ele certamente estava dormindo com a primeira mulher que aparecera.
Recordando o aviso dele quando ela deixara a festa, Sakura não sabia por que tinha levado tanto tempo para aceitar. Ela sabia, sem precisar de auto-análise, que a única coisa que não aceitava era infidelidade, pois não podia e nem queria conviver com aquilo.
Quando eram 8h30 Sasuke finalmente retornou com uma expressão displicente no rosto cansado.
— O que você está fazendo? — perguntou ele, apoiando os ombros na parede.
Ela fechou sua sacola de viagem e se empertigou. Lembrando-se da razão da aparência exausta dele, deu um sorriso gelado de total indiferença.
— Estou fazendo exatamente o que você está vendo. Agora, se me der licença, estou atrasada para meu vôo.
Sasuke ficou pálido e pareceu verdadeiramente chocado pela atitude dela.
— Você não está falando sério.
— Nunca falei tão sério em minha vida. — respondeu ela.
— Temos que conversar sobre isso.
— Por quê? Você vai dizer que há uma razão inocente para ficar fora a noite toda?
Ele sacudiu a cabeça.
— Não, isso não funciona dessa maneira. Ou você confia em mim ou não confia. — Ele deu de ombros, com uma expressão de descaso que a fez querer gritar de tanta frustração. — Em quê você acredita, é por sua conta. Seu problema, Sakura, é que por mais que você me despreze nesse momento, você se despreza ainda mais... Porque você me quer de qualquer modo. E isso — concluiu ele — a está estraçalhando por dentro.
— Quem disse que eu o quero?
Os olhos sombrios, escuros e cínicos se fixaram nela.
— Você não precisa que eu responda isso, precisa?
Ela corou violentamente.
— Isto é uma perda de tempo. Não há nada para conversarmos... Você fez sua escolha ontem à noite.
Sakura pensou que Sasuke a impediria de partir, mas ele não tentou nada, apenas ficou ali de pé e a deixou ir embora.

—  Você me rejeitou — disse ele, dando um passo para mais perto dela na pequena biblioteca de Óbito.
— O que fez com você mesma, Sakura? — Sasuke olhou para o rosto pálido e algo lhe doeu no peito. Ele não podia mais acreditar que estivesse apaixonado, mas aquela era a mãe de seu filho. Portanto, era natural que ele sentisse um forte desejo de protegê-la. — Você está praticamente pele e osso!
Ele estaria sendo irracional por querer que Sakura lhe contasse espontaneamente sobre o bebê? Levantando os olhos para ele, decidiu que, se houvesse um momento perfeito para contar, esse momento era agora. Conte a ele, disse a voz em sua cabeça. Conte a ele!
Sakura deu um profundo suspiro.
— Estou... O que acontece, Sasuke, é que estou... — Atingida subitamente por uma onda de tontura, ela cambaleou enquanto a cor se esvaía de seu rosto.
— Devo chamar um médico?
— Não, estou bem.
Ela pressionou a cabeça contra o peito de Sasuke enquanto ele acariciava seus cabelos. O coração dele batia assustado. Sakura levou alguns segundos para imaginar como tinha chegado naquela posição. Apenas sabia que o momento havia passado. Estar assim tão junto a ele se tornava uma agonia.
— Está claro que você não está bem — disse Sasuke, segurando-lhe o queixo e trazendo-o para si. — Você está com olheiras profundas.
— Estou bem, acredite.
— Você quase desmaiou. Isso não condiz com alguém que realmente esteja bem. Deus, este estoicismo inglês é irritante!
Sakura deu um profundo suspiro, empurrando com força o peito dele, mas não conseguiu se desvencilhar.
— Nem só o estoicismo inglês o irrita — murmurou ela.
Um canto da boca dele se retorceu num meio sorriso.
— Realmente. Você... Eu a acho exasperadora. Sorrindo de volta, ela disse:
— Não estou doente, Sasuke. — Gravidez não era uma doença, embora algumas manhãs fossem lembranças desagradáveis.
Ele ergueu, sarcástico, uma sobrancelha, e a soltou.
— Você tem o hábito de desmaiar, então?
— Não desmaiei. — Nas últimas semanas ela havia consultado o médico sobre as tonturas, mas ele a tranqüilizara dizendo que era normal no início da gravidez. — Eu apenas perdi o equilíbrio por um momento. E você não tem mais direitos, Sasuke, ao menos no que diz respeito a mim. — Mas ele tinha direitos no que dizia respeito ao filho dele. Meu Deus, tenho que contar.
Olhou para ele e pensou: Não posso fazer isso! Preciso me preparar psicologicamente. Preciso encontrar as palavras certas. No fundo de sua mente, Sakura sabia que não havia palavras mágicas naquela hora. Sabia que estava apenas protelando o inevitável.
— Você não acha que seria uma boa idéia se sentar, caso perca o equilíbrio novamente?
— O quê? Sim, ótimo. — Ela afastou o olhar de seu rosto sombreado pela barba por fazer e se sentou na cadeira mais próxima.
— Ainda estou esperando para ouvir por que você veio até aqui, Sasuke.
— Vim esperando que você tivesse parado de evitar discussões. Casamento não é algo que se joga fora casualmente — disse Sasuke, completamente frustrado.
Se ele soubesse da metade...
Sakura abriu a boca, mas as palavras não saíram. Com os dedos trêmulos, massageou a têmpora e fez que não com a cabeça.
— Não estou fazendo nada casualmente.
— Ir embora da maneira como você foi não pareceu nada casual, e sim premeditado.
— Bem, a situação parece ter sido conveniente para você.
— Você baseia essa declaração em quê, exatamente? — Ele cerrou mais ainda a testa. — Ou é uma acusação?
— Bem, parecia feliz até o momento em que pegou minha carta — disse ela amargamente.
— Você esperava que eu corresse atrás de você? — Um leve sorriso surgiu nas feições dele. — Você queria que eu a perseguisse.
— Isso é a última coisa que eu poderia querer — negou. — Estava aliviada achando que, quando você pensasse nisso, perceberia que eu estava certa.
— O que a fez pensar assim. Ela ergueu a cabeça.
— O fato de você não ser uma pessoa passiva. Não é o tipo de homem que fica de lado e deixa as coisas acontecerem. Portanto, se realmente me quisesse, não teria agido daquela forma.
— Então está dizendo que não a quero.
—  Não me chame assim! — gritou ela, cobrindo as orelhas com as mãos. — E por que está me olhando desse jeito?
— Quando chega perto de reconhecer um problema, você lança um argumento para desviar a discussão... Ou então — observou ele, com uma risada cínica —, faz as malas e parte.
Sakura negou automaticamente.
— Isso é ridículo.
Sasuke enfureceu a expressão.
— Será? Acho que se pensar bem...
Ele teria razão? Com expressão preocupada, Sakura sacudia a cabeça em rejeição à teoria dada.
— De repente o problema é meu? E minha culpa? Você passou a noite com outra mulher!
Ainda observando o rosto dela, Sasuke sacudiu a cabeça.
— Não acho que seja insegura a ponto de acreditar nisso. Não, Sakura, infidelidade não foi o problema do nosso casamento.
Cruzando os braços, tentou disfarçar o fato de sua tese sobre a situação mexer com ela, o que criou algumas dúvidas desconfortáveis em sua mente.
— Então está dizendo que eu era o problema? Mesmo que naquele momento eu estivesse errada, era apenas questão de tempo antes que você me enganasse realmente.
Houve um silêncio momentâneo.
— Isto é um comentário muito relevante. Não acha? — Odiando o sentimento de vulnerabilidade emocional, Sakura sacudiu a cabeça. — Então você antecipa uma traição minha, assim como seu pai traiu sua mãe?
— Isto não tem nada a ver com meus pais!
— Sei disso, mas antecipa? Deixe-me ser claro, Sakura: o que você está dizendo é que nunca esperou que eu fosse fiel? Nunca esperou que nosso casamento durasse? Era tudo questão de tempo? É quase uma profecia!
— Você tem omitido coisas desde o momento em que me conheceu.
— A verdade e nada mais do que a verdade, esse é seu lema, então?
Enquanto Sakura olhava para os pés, se esforçando para soltar as palavras presas na garganta, ele viu a expressão de culpa em seu rosto.
— Sasuke, eu estou...
— Você está grávida.
Ela ergueu a cabeça num salto. Seus olhos grandes e chocados cruzaram com o olhar implacável e acusador dele. O ar entre eles vibrava com uma tensão quase visível.
— O que você disse? — Seus lábios se moveram, mas as palavras teriam saído? Sakura não tinha certeza. Apenas sabia que o coração batia tão forte em seus ouvidos que chegava a latejar, fazendo-a sacudir levemente a cabeça para clarear seus pensamentos confusos e caóticos. Como ele podia saber?
— Você me ouviu, Sakura: grávida. Você está carregando um filho... Meu filho. — A voz dele era enfurecida.
Ela sacudiu a cabeça, aturdida.
— Não entendo... Como?
— Como? — bradou Sasuke, com forte sotaque, em um tom tão duro que ela quase não o reconhecia. — Aqui está a resposta.
Sakura olhou pálida para o telefone celular que ele atirou na cadeira.
— Não entendo.
— O hospital deixou uma mensagem referente à sua consulta pré-natal.
Ainda com expressão chocada, ela pegou o celular.
— Eu devo ter dado meu número antigo. Você não devia ouvir minhas mensagens particulares, Sasuke. — Ela percebeu, mesmo antes dele praguejar em sua língua natal, que tinha sido uma coisa tola dizer aquilo.
— Eu me desculpo por violar sua privacidade. — disse ele, arrastando as palavras. O olhar de Sakura analisou o rosto dele e seu coração despencou como uma pedra. Palavras como ira e raiva seriam pouco para designar a fúria explosiva que tomou conta dele. Sasuke estava incandescente! — Todavia, acho que minha transgressão se torna insignificante comparada à sua. Eu não tentei roubar seu filho de você, Sakura.
Horrorizada pela interpretação de Sasuke, ela ergueu o rosto e protestou:
— Não é isso o que eu estava pensando! Eu realmente iria lhe contar.
Não houve suavidade na atitude severa e condena-tória dele quando Sakura lhe estendeu as mãos num gesto de simpatia e súplica, querendo aplacar as chamas de sua fúria.
Ele franziu a sobrancelha e disse com sarcasmo:
— Quando, exatamente, você iria me contar? Ou será que apenas iria me mandar um e-mail depois do nascimento do bebê?
— Isso importa? — disse ela, sabendo que nada que falasse ou fizesse iria desculpar seu silêncio aos olhos de Sasuke.
— Para mim é realmente importante o fato de minha mulher ter achado desnecessário me informar que estava grávida de um filho meu. Parece-me que você perdeu totalmente o senso de realidade, Sakura. O que você estava planejando fazer? Mudar seu nome e fugir do país?
Angustiada, ela sacudiu a cabeça com violência.
— Do jeito que você fala, até parece que eu estava deliberadamente tentando enganá-lo! — protestou.
— E não estava?
Sakura apertou as mãos enquanto lutava para convencê-lo de sua sinceridade.
— Eu até entendo que você interprete meu silêncio dessa maneira, mas... Não, não era isso de modo algum.
Sasuke crispou as mãos, lutando para ignorar a angústia nos orbes verdes marejados de lágrimas dela.
— Então o que era, Sakura? Se quiser posso lhe contar a sensação de pegar esse celular e ouvir uma voz anônima falar de consultas pré-natais.
— Eu sei — suspirou ela. — Sabia que teria de lhe contar um dia, mas, bem... Usar uma criança para esconder as rachaduras de um casamento nunca é uma boa idéia. Além do mais, estava com medo de que você tivesse uma reação automática e sugerisse teríamos de ficar juntos pelo bem do bebê — Sasuke a estava escutando e, para alívio dela, parecia estar conseguindo controlar um pouco melhor seus sentimentos. Mas ainda era difícil ler a expressão em seu olhar—, o que seria tremendamente ridículo.
— É ridículo querer salvar nosso casamento para proporcionar o mínimo de estabilidade para nosso filho?
Os olhos deles se conectaram.
— Você quer dizer fingir? — Pelo modo que ele a olhou naquele momento, Sakura imaginou que Sasuke devia se esforçar para fingir que sua mera presença não o enojava. Quanto mais passar o resto da vida agindo como se ela fosse o amor de sua vida! — Isto é muito pouco realista, não é, Sasuke?
— Não tão pouco realista quanto esse divórcio que você ainda acredita que eu vou lhe dar tão rapidamente!
— Bem, conheço pessoas que ficaram separadas por anos até que oficializassem a separação.
— Não haverá separação. A interrupção a fez pausar.
— Não entendo.
— Então me deixe explicar. — Seu sorriso benevolente de agora, de algum modo, era infinitamente mais alarmante do que a raiva de antes. Ele estava no controle. Um tremor de apreensão percorreu a espinha de Sakura. — É simples. Nada de separação, nada de divórcio. Não somente agora, jamais!
— O que você quer dizer? — perguntou Sakura, ainda que a declaração dele tivesse sido clara o suficiente. Aquilo era seu pior pesadelo se tornando realidade.
— Quer que eu soletre palavra por palavra? Meu filho não será criado distante do pai, da família, sem falar sua própria língua.
Sakura se apressou a assegurá-lo de que isto nunca aconteceria.
— Ouça, é claro que ele conhecerá sua herança cultural e sua família...
— Você voltará comigo para o Japão , onde nosso filho nascerá.
Sakura sacudiu a cabeça numa negativa ao decreto autocrático.
— Você está sugerindo que pelo bem do bebê...
— Não estou sugerindo nada — corrigiu ele. — Estou definindo algumas coisas.
Sakura tentou rir, mas não conseguiu.
— Você não pode me forçar a nada.
— Estou certo de que não será necessário lhe forçar a nada, uma vez que você considere as opções.
— Quais opções? Ele riu.
— Não há nenhuma.
Ela lutou para pôr alguma sanidade na conversa.
— Você não está sendo razoável, Sasuke. Nosso casamento foi um total desastre. Não podemos ficar casados só por causa do bebê.
O queixo dele enrijeceu.
— Talvez eu precise lembrá-la do grande motivo que a levou a se casar comigo. — Quando seus olhos se cruzaram havia uma tensão no ar que a fez recordar o pesado calor que precede uma tempestade. — Venha para a cama comigo.
A cor se evadiu das faces pálidas dela.
— Você é tão manipulador! Acha que o fato de me levar para a cama pode me fazer concordar com qualquer coisa, não é? — E por que ele não acharia? Até agora aquilo havia funcionado muito bem!
— Manipulação? Você realmente acha que eu seja capaz de tamanha clareza de pensamento tendo você no mesmo quarto que eu?
Sakura piscou, confusa pelas emoções que se desprendiam dele e a atingiam em ondas.
— Chamei-a para minha cama, pois lá é o seu lugar.
Por um momento os olhos se cruzaram. O intenso desejo dele lhe tirou o ar dos pulmões. De alguma reserva escondida, ela conseguiu tirar forças para quebrar aquele contato quase iminente.
Dando um grito, Sakura fugiu da sala, não se importando se sua saída confirmava a acusação dele, de que era imatura demais para confrontar seus próprios sentimentos.


                            .....



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