ogaça tentou acompanhar os passos da argentina,porém,perdeu-a de vista.Imediatamente,uma raiva consumiu seu interior,observou atentamente a aliança dourada que possuía,percebeu naquele momento,que teria de ir atrás da sua própria felicidade.
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Paola chegou em casa após muitas horas trancada naquele banheiro gélido,por sorte,ninguém da produção sentiu falta da mesma durante a coletiva de impressa.Ao chegar em casa,deparou-se com a filha adormecida no sofá,e com uma certa cautela,carregou-a nos braços depositando-a em sua cama.O quarto estava bagunçado,com indícios que ela teria obrigado Lindalva a brincar de boneca por muito tempo.Um sorriso fraco escapou dentre os lábios de Carosella,percebeu o quanto as duas estavam totalmente vulneráveis à Henrique.
Antes que pudesse concluir seu devaneio,escutou a campainha tocar rapidamente,eram 02:47am,suspirou fundo,pensou na probabilidade de ser Fogaça,porém,ele estava ocupado demais com a ‘família perfeita’’ ,e lá no fundo,sabia que não poderia culpá-lo por isso.Abriu a porta um pouco receosa.
-Eu quero você –o tatuado falou abruptamente,adentrando no apartamento sem ao menos,pedir licença-
-Estás loco? –Paola repreendeu rapidamente-
-Eu quero você,Paola –repetiu com mais calma-Eu quero você desde o dia em que a gente se viu.É ridículo nós dois ficarmos negando todo esse sentimento,não somos dois adolescentes ! –suspirou profundamente,deitando um pouco do seu corpo sobre o balcão-
-Você é casado. Tem su familia, no se puede fazer isso...-Carosella engoliu seco-Se dan cuenta cómo estaba verte hablar tudo aquilo con su mujer ? Tenho sentimentos,e infelizmente,todos são direcionados para você –murmurou baixo,deslizando seu corpo sobre a pedra de mármore-
-Quero construir uma família com você,quero acordar e ter a certeza de que estou com a pessoa certa.O meu casamento foi apenas uma farsa para tentar te esquecer.Me separei.E é por isso que eu estou aqui,na sua frente,te pedindo uma chance...Só uma chance.-o tatudo encarou-a como da primeira vez,podia-se ver a pureza presente em seu olhar-
-Te quiero mucho...-a argentina deslizou para os braços de Henrique,prendendo-se facilmente à sua cintura-
-Eu também te ‘’quiero mucho’’,minha argetina...-o mesmo sussurrou baixinho no ouvido da morena,deslizando ambos os lábios para o encontro de uma só boca-
Lá estavam eles novamente.Dessa vez,totalmente dispersos das adversidades da vida,e desta vez,com a certeza de que tudo iria começar a dar certo.
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O velocímetro apontava uma velocidade aceitável diante de um asfalto.A lua iluminava os olhares castanhos e dissimulados que permaneciam naquele automóvel,uma troca de carinhos era presente toda vez que o tatuado iria trocar de marcha. Francesca estava adormecida no banco de trás,ressonava baixinho enquanto alguns fios loiros se desgrenhavam sobre o olhar azul.Um urso marrom,já abatido pelo tempo,estava na mão esquerda,apertava o mesmo com firmeza,na tentativa de deixá-lo cair no chão do carro.
No rádio,tocava a música ‘’See you again’’.Paola nunca foi muito fã daquele estilo musical,mas traduzindo a letra mentalmente,achou-a bonita suficiente para cantarolá-la baixinho.Uma voz rouca quebrou o silêncio do ambiente.
-Paola,você acredita em reencarnação ? – o chef perguntou curioso-
-Henrique...Não sei,você sabe mais do que ninguém mi opinión sobre la crenças –dei os ombros- Por que ?
-Sei lá –suspirou- Nossa conexão é tão foda ! –olhou para o retrovisor certificando que a Fran não teria escutado o palavrão- Acho que se essas paradas existem,com certeza nós nos encontramos em outras vidas
-É,talvez você tengas razón –pousou a cabeça no vidro-Estábamos destinados a estar juntos...
-Com certeza...-murmurou quase inaudível-
Trocaram olhares profundos,e os segundos em que cada imensidão castanha se encontrou,foi o suficiente para a linha tênue se romper.Um feixe de luz invadiu a vidraça do carro,buzinas de ambos os lados foram apertadas,um grito fino vindo da pequena brasileirinha ecoou no relance da noite.
-HENRIQUE ! –a argentina gritou apavorada-
O carro desceu no meio da serra.Alguns pássaros noturnos estavam em cima da carcaça acidentada,podia-se ouvir de longe as sirenes das ambulâncias.Paola acordou atordoada,sentiu seu braço preso ao cinto de segurança,o sangue forte escorria por todo o seu rosto,uma dor imensurável a corroia por dentro.
-Mamá...-a voz chorosa e assustada quebrantou o silêncio do que restou do carro-
-Mi amor ! –queria abraçar a pequena,mas estava devidamente presa- Vamos ficar bem,sí ? –tentou tranqüilizar a garota-
Ao entender o que havia acontecido,Paola olhou para o lado,instantaneamente,lágrimas desceram sem parar sobre a face de descendência italiana..Lá estava ele.Com sangue escorrendo sobre a barba mal feita,as mãos que antes apoiavam-se no volante,tremulavam em cima da calça preta.Vendo que estava sendo encarado,esforçou-se ao máximo para sorrir.
-Henrique –sussurrou chorando- Vou chamar ajuda –balbuciou tentando à todo custo arrancar o cinto de segurança-
-Paola -murmurou cansado-Não…tem…mais…o que…fazer…-falou pausadamente arrancando todo o fôlego que restava-Eu te amo muito ! Nunca se esqueça disso –tentou segurar as mãos da argentina-
-HENRIQUE PARA ! –choramingou devidamente cansada e ferida- ME DEIXA BUSCAR AJUDA –gritou desesperada,ao ver que suas pernas estavam presas,balbuciou palavrões-
-Psiu –olhou fraco- Fica quietinha,se não você vai se machucar ainda mais...Eu te amo pra caranguejo –tentou arrancar um riso fraco da chef- Não se esquece de mim,por favor ! E fica tranqüila que se existir vida após a morte –falou exausto- Nós iremos nos encontrar –olhou atento- Eu...-involuntariamente,fechou os olhos,desfalecendo vagarosamente-
-Te quiero mucho...-sussurrou a argentina enquanto as lágrimas saiam sorrateiramente-
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Há quem diga que quando estamos destinados a ficar com uma pessoa,todo o esforço é necessário.Paola e Henrique superaram obstáculos inimagináveis,tudo para ficarem juntos.E se amaram como se não houvesse o amanhã.Viveram um acaso de um caso,bastante complicado,porém,sincero o suficiente para romper barreiras e desafios.
A argentina não esqueceu do seu tatuado.Cada risada que fora ecoada na cozinha,cada sussurro romântico que foi balbuciado na sua cama e cada lágrima que compartilharam juntos,está devidamente guardado na memória dela.O seu coração hoje é dividido,metade dele é partida,e a outra metade é saudade.Às vezes,para amenizar a ausência de todas aquelas tatuagens,Carosella relia o papel que lhe foi deixado no dia em que Fogaça deixou o restaurante,mesmo com a letra pouco legível,estava escrito ‘’A gente não se esbarrou por acaso’’.De fato,aqueles dois olhares não haviam sido trocados por acaso.O destino não bate duas vezes na mesma porta.
Saudade é um imposto que a vida cobra de quem foi muito feliz por um instante,é tudo aquilo que fica,daquilo que não ficou.Ela,continua amando-o todos os dias.E ele,ora por ela lá de cima.
Enquanto as duas almas continuarem vagando pelo abismo que o mundo é ,eles irão se encontrar em outras vidas.São poeiras cósmicas perdidas no espaço.
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