História See you Again - Escritório- Parte II

Paola subiu rapidamente a escada que levava até o seu escritório,fechou a porta abruptamente,de modo no qual,uma pintura emoldurada que estava na parede,estremeceu levemente.A chef sentou-se numa cadeira acolchoada,devidamente confortável,colocou em seu rosto o óculos de grau,tamborilou os dedos incansavelmente sobre a mesa de vidro.Respirou fundo ao lembrar da cena que encontrara há poucos minutos,não pela bagunça em si,mas,por ter enxergado a troca de olhares entre Carol e Fogaça,ela não proibia namoro entre seus funcionários,porém,era necessário saber a exatidão de separar as coisas.Antes que pudesse concluir os pensamentos,escutou quatro batidas ecoarem na porta.

-Entre –falou ríspida-

-Com licença...-o homem murmurou baixo,fechando a porta por educação-

-Siéntese por favor –logo a silhueta masculina que estava em sua frente confortou-se numa das três cadeiras-Aqui estão os papéis que você deve assinar –retirou-os de uma gaveta-

-Ah,sim,claro –esticou a mão,recolhendo a mesma em seguida-

-Antes, quiero dejar en claro un coisas. –interrompeu seriamente-Eu não permito bagunça em minha cozinha,o seu local de trabalho no es el parque de atracciones,por isso,espero que o que aconteceu lá em baixo,nunca mais se repita. Você está aqui para estagiar,ou seja, o que deciden su futuro son sus acciones y su desempenho. E outra,se quiser ficar com gracinha para cima de minhas funcionárias,faça isso do lado de fora, dentro de la cocina vocês são apenas colegas de trabalho. –suspirou finalizando- Fui clara ?

-Sim Paola –fogaça respondeu com a cabeça cabisbaixa-

-Chef,por favor –corrigiu-

-Só não entendi uma coisa –engoliu seco temendo ser repreendido- Em que momento eu fiquei de ‘’gracinha’’ –fez aspas com os dois dedos- com as suas funcionários ?

-Ora mais Henrique Fogaça,não sou nenhuma criança, me di cuenta de su sintonía con Carol  -respondeu em um tom rígido-

-Percebeu foi ? –um riso irônico saiu dentre os lábios do novo funcionário-

-Sí,percebi –encarou-o com firmeza- Qual o motivo do riso ?

-Já te falaram o quanto você fica linda quando está com raiva ? –retribuiu o olhar,admirando os abismos castanhos da argentina-

-No hay que confundir las cosas,aquela noite foi apenas um passatempo,estava precisando me divertir um pouco. –levantou-se encaminhando-o até a porta de saída-

-Posso te dar um abraço ? –indagou segurando a fechadura-

-Henrique ...-colocou a mão esquerda no pescoço desviando o olhar-

A argentina não teve tempo de relutar,sentiu seu corpo contrair-se com o do tatuado.Um perfume amadeirado impregnou em sua roupa,podia escutar uma respiração ofegante perto do seu ouvido,apenas deitou cuidadosamente com a cabeça no ombro de Fogaça,apertou ainda mais os dois corpos,como se aquela silhueta masculina estivesse descarregando todo o estresse acumulado na mente de Paola.A mesma suspirou fundo,caso fosse por sua vontade,passaria o resto do dia ali,uma vez,que certos abraços são nosso cais enquanto o mundo insiste em ser caos.

-Desculpa,eu não devia ter feito aquilo...-o tatuado sussurrou quase inaudível,colando os lábios no lóbulo da orelha de sua chefe-

-Tudo bien,no deveria ter falado tudo aquilo –murmuro baixo-

-É o seu papel como chefe,fica sossegada –falou afastando umas mechas castanhas que se encontravam no pescoço da argentina- Desde o primeiro dia que te vi,percebi que você era brava –riu sorrateiramente-

-No sou brava ! –relutou presa no abraço,com o rosto contraído sob a camiseta masculina preta-

-É sim,brava e orgulhosa –sorriu imperceptivelmente- Naquele dia você nem olhou para trás para pedir desculpas !

-Mas eu no estava errada –resmungou-

-Estava sim –balançou a cabeça aproximando seus lábios do pescoço da argentina,podendo sentir de perto o perfume que a mesma exalava-

-No estava ! –estremeceu ao sentir a barba do homem contrair com o seu pescoço-

-Estava sim...-murmurou mordendo rápido a orelha da mesma,depositou um beijo carinhoso no pescoço,afagando o seu rosto calmamente-

-Fogaça,alguém pode ver...-engoliu seco-

-Shh...-interrompeu descendo os lábios para o ombro da argentina,beijou-os calmamente,voltou seu olhar em direção aos lábios da mesma,estavam devidamente contraídos,como se quisessem falar algo mas não encontravam uma palavra certa,por sua vez,Henrique beijou o queixo da morena-

-Chef Paola ? –alguém bateu na porta- Chef Paola ?! –aumentou o número das batidas-

-Merda...-Fogaça se afastou rapidamente,abrindo a porta-

-Sí,o que houve Miguel ? –Paola ajeitou sua blusa que estava estrategicamente caída,mordiscou o lábio inferior-

-Um crítico veio fazer uma visita ao restaurante – o funcionário parecia desconcertado-

-Ok –olhou para os lados tentando voltar a tona – Preparem uma mesa rapidamente,já estou descendo –a chef desceu as escadas sem ao menos despedir-se de Fogaça-

De todos os clientes que Paola recebia,um crítico renomado era o que ela menos gostava,principalmente,quando estava subitamente estressada e tinha como obrigação forçar simpatia.Entrou na cozinha,gritou para todos que estavam recebendo uma pessoa importante e que um serviço de boa qualidade era essencial,podia sentir os olhos de Henrique encarando seu semblante novamente exausto,mas,ela tinha como obrigação separar as coisas,e prometeu silenciosamente para si mesma,que aquilo não tornaria a acontecer.

Após algumas horas,quando o crítico finalmente foi embora e o restaurante ficou mais calmo,a chef resolveu ir ao banheiro para lavar o seu rosto,podia notar as marcas de cansaço que calmamente eram transparecidas através das pálpebras.Suspirou fundo,passou alguns minutos lá,tentando  acalmar-se após um dia extremamente cansativo,ao voltar para a cozinha,percebeu que todas  as luzes estavam apagadas,direcionando seu olhar para o  horário,viu que todos os funcionários já haviam ido para casa,pensou estar sozinha,entretanto,ao sentir sua cintura sendo puxada para trás,já não esboçou nenhuma surpresa,pois  sabia exatamente quem seria.

-Te assustei ? –o tatuado perguntou enquanto depositava beijos rápidos no pescoço feminino-

-No,imaginei que seria você –um riso doce ecoou no ambiente,balançou a cabeça negativamente-

-Sério ? Por que ? –virou-a de frente para ele,deixando seus rostos à um palmo de distancia –

-Porque eres mi único funcionário que fica  tentando me agarrar –sorriu sarcástica-

-Ah –deu os ombros- Que bom que sou o único ! –encarou o sorriso- Você precisa relaxar,chef Paola ...

-Esta estoy de acuerdo –entrelaçou os braços no pescoço de Henrique-

Os dois ficaram se encarando por alguns minutos,relembrado então,de como haviam se conhecendo,por um segundo,riram da situação em que se encontravam,,já que era peculiar o fato da chef entregar-se tão facilmente para uma nova pessoa.Paola deslizou suas mãos sobre o peitoral cheio de tatuagens,esboçou surpresa ao perde-se na conta de quantos rabiscos aquela pele possuía,Fogaça levantou o rosto da mesma,sorriu diretamente olhando em seus olhos,depositou um beijo no canto da boca,voltou à encará-la esperado algum sinal de aprovação,antes que pudesse hesitar,sentiu seus lábios sendo contraídos.Mordeu o lábio inferior da chef,agarrou-a firmemente pela cintura,entrelaçou sua língua na dela,percorreu sua boca até o pescoço,respirou fundo sentindo o perfume francês exalar pelo ar,colocou-a sentada no balcão,afastando assim,alguns talheres que estavam em cima,podia sentir a respiração ofegante da argentina,de modo no qual,estava deixando o tatuado louco aos poucos.Iria começar a retirar sua  camiseta,caso não fosse o toque estrondoso do celular de Paola.

-Oi Lindalva –cumprimentou um pouco ofegante-Estoy cansada ? Oh, sí ,trabalhei mucho hoje   -encarou o tatuado que tentou conter o riso- O que houve com a Fran ? Sí , ya voy –desligou o celular um preocupada-

-O que aconteceu com sua filha ? –Henrique indagou ao ver o semblante de preocupação-

-Ela está com febre e já vomitou algumas vezes,preciso ir –virou-se pegando suas coisas de cima do balcão- Te vejo amanhã

-Tudo bem –agarrou a argentina pelo braço depositando um beijo rápido,deixando-a ir logo em seguida-

Paola nunca dirigiu tão mal quanto naquele dia.A preocupação com Francesca e como as coisas seriam dali em diante,atormentavam sua mente,de modo no qual,só parava nos semáforos ao escutar gritos alarmantes avisando que o sinal estava fechado.Desviou o olhar para o chão do carro,lembrando-se do seu último relacionamento,que apesar de lhe render um amor incomparável –que foi a sua filha- arrancou-lhe lágrimas e um medo estrondoso de se entregar tão facilmente.Aquela armadura de orgulho,ironia e sarcasmo,eram apenas detalhes importantes para despistar o coração de papel que havia dentro da argentina.Depois de tantas experiências,ela sabia o quanto dói amar verdadeiramente alguém.