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História Seele - 9 - Como observar um idiota sendo eu mesmo


Escrita por: Hawk03

Notas do Autor


Esse capítulo é com ponto de vista + narração do Yurio sobre a história, além de ter algo sobre o cotidiano dele. Afinal de contas... poderia ele estar contra o amor do Victor ou é somente preocupação?

É isso que vamos ver agora...

*capa do Yurio solo*

Capítulo 10 - 9 - Como observar um idiota sendo eu mesmo


Fanfic / Fanfiction Seele - 9 - Como observar um idiota sendo eu mesmo

"É melhor descobrir aonde eles querem que você vá"

(Zero - Yeah Yeah Yeahs)

 

 

 

 

(Narração de Yuri Plisetsky)

 

Nem sei mais quanto tempo fez desde que eu e o besta do Victor chegamos no Japão. Estamos aqui apenas para gravar o que eles chamam de "drama", com o intuito de salvar a carreira do meu amigo já citado. No início, até que as coisas não foram tão difíceis. Até escola de idiomas tive que frequentar para conseguir alguma fluência no idioma. E nem citei que esse alcoólatra arruinou minha estreia na TV russa, né? Pois é... eu ainda era um modelo fotográfico infanto-juvenil que tinha ganhado a oportunidade de ser ator. Agora, só espero do fundo do meu coração que dessa vez o Victor não estrague as coisas como ele adora fazer. E sabe o porquê do meu pessimismo? 

Aquele idiota ficou obcecado por aquele fotógrafo com cara de porco. 

Eu o vi pela primeira vez naquele ensaio, quando estava decidindo que roupa usar nas fotos. Ele me pareceu ser simpático e até quis me ajudar. Só que eu não sei o que merda aconteceu que durante o photoshoot o Victor ficava estranho todas as vezes que olhava pra esse cara. Depois disso, foi que começou o festival de lamúrias e estranhezas que o prateado insistia em fazer quando era ignorado pelo tal Yuri, acho que esse é o nome dele. Uma coisa que pelo menos eu gostava nesse cara: o fato dele não ter caído na lábia do Vitya. Eu espiava o mais velho no telefone e via as respostas mais secas e esfarrapadas possíveis que ele dava. Queria sentir pena do meu colega, mas não tinha como, pois ele precisava muito de um choque de realidade. Yuri não era igual àquela idiota da Eva que ainda aceitou ser enrolada por causa de status. E essa chatice toda piorou na época do red carpet. Além do свинья лицо* estar lá, teve aquele barraco protagonizado por um coreano do qual eu nunca ouvi falar. Posso até ser fã do Super Junior e gostar um pouco de K-Pop, mas juro que eu jamais vi alguma coisa sobre Lee Seung Gil quando eu procurava algo do SuJu em sites coreanos sem saber absolutamente nada do idioma deles. Nem comento aqui que o Victor é um puta chamariz de escândalo. Quando tudo se "acalmou" e teve o coquetel da premiére, quase usei o celular do Vitya como instrumento para lhe socar a cabeça. Não parou um minuto sequer de me encher o saco sobre o sumiço do fotógrafo. Tive que imitar o tal do Phichit Chulanont e fugi daquela melosidade do Victor. Acabei fazendo companhia ao tailandês e até o ajudei a se livrar daquele Seung Gil, quando eu dei um chute no saco do coreano. Já no dia seguinte, fomos almoçar no apartamento do Phichit. Foi então que descobrimos que o cara de porco dividia aquele lugar minúsculo com ele, junto do escandaloso do Christophe. E quem não conhece o Giacometti fora das câmeras, nunca entenderá o porquê que eu disse isso, apesar de ter conhecido ele somente agora. Vitya resolveu fazer uma brincadeira comigo enquanto esperava a refeição ser servida (isso depois de eu ter estapeado sua cabeça) e o Yuri se zangou. Juro que fiquei sem entender o que aconteceu. Vi que o meu muy amigo ficou um pouco triste e o nosso outro anfitrião o arrastou para a cozinha. Restou para mim e para o Chris ficarmos jogando pedra-papel-e-tesoura e ignorar o bipolar sentado do outro lado. 

Depois que o bendito Yuri retornou para o apartamento, já que ele saiu em disparada daquele lugarzinho sem avisar nada a ninguém após o almoço, do nada ele se senta do lado do prateado. Me meti entre os dois e dei um tapa daqueles na cabeça do Victor antes que ele abrisse a boca. Aí, o cara de porco vem com a notícia de que estaria na produção do nosso drama. Meu querido companheiro de país e trabalho quase teve um troço. Ele realmente é transparente demais em relação ao que sente. E uns dias depois, quando viu o Yuri com um cara nos bastidores, ficou chateado. Deixou metade da comida intocada e eu que não sou nenhum bobo, comi aquilo para não desperdiçar. Depois que terminei no refeitório, fui procurá-lo e ao encontrar aquele idiota, o vi beijando o fotógrafo. Sabia que esse maldito não ficaria quieto por muito tempo. 

x-x-x-x-x

 

"Nós só precisamos de um pouco de motivação"

(Still Waiting - Sum 41)

 

 

 

Alguns dias depois

 

E eu achei que as coisas podiam melhorar um pouco. Me enganei. Parece que o Yuri voltou ao normal e evitava o Victor mais que o diabo evita a cruz depois do beijo no estúdio. Por isso, adivinha quem tá todo melancólico me enchendo a porra do saco? Isso mesmo. Mas por sorte, eu teria que sair e deixaria o Vitya choramingando sozinho. É... como eu sou um adolescente em idade escolar, me colocaram em uma escola. Sempre saía cedo de lá por causa das gravações. Entendam, eu não fico o dia inteiro num hotel e depois saio pra gravar. Nem sempre eu filmo cenas e preciso desse tempo. Já estava de saída para o colégio quando o Victor nota minha presença.

- Pra onde vai vestido desse jeito? - ele tá se fazendo de burro, por acaso? Já me viu com esse uniforme e é assim que ele age?

- Esqueceu que eu estudo, глупый**? Tá tão perdido no mundo do tal fotógrafo que nem se lembra disso? - só de mencionar a palavra "fotógrafo", a mente do Victor pareceu clarear um pouco.

- Ei, também não é assim. É que... eu não... - antes que ele concluísse a fala, abri a porta do quarto. - Yuratchka! 

- Não posso me atrasar. дa свидания (tchau)***. - deixei o Victor com aquela cara de choramingo que só ele faz quando quer algo. 

Peguei um táxi e fui para a escola, que ficava num bairro chamado Ikebukuro. O Santa Stella High School era um colégio onde uma grande parte dos alunos eram estrangeiros, muitos deles filhos de militares ou diplomatas. Não sei porque me colocaram em um lugar cheio de riquinhos. Nunca fui abastado e desde muito cedo me tornei o principal provedor de sustento da minha família. Ah, e preciso dizer que eu só tenho dois amigos aqui, que são como eu. Mesmo não querendo a amizade de ninguém, porque só ficaria alguns meses no Japão e depois voltaria para a Rússia, esses dois foram bem insistentes. Jean-Jacques Leroy e Otabek Altin eram veteranos do clube de natação do Santa Stella. Filhos de militares de patente baixa, eles só estão aqui por terem ganhado uma bolsa. Como me tornei amigo deles? A história é meio longa, mas só direi que o JJ (como o Jean prefere ser chamado) arrastava o Otabek em minha direção e ambos ficavam tentando me fazer entrar no clube de natação. Só depois de um tempo em que eu resolvi ceder. Não, eu não estou em clube nenhum. Só deixei que os rapazes se aproximassem de mim, apenas.

Eles já me esperavam na entrada da escola. Confesso que estar junto deles era diferente. Eu me sentia como um menino normal de 15 anos ao lado de ambos. JJ já colocava seu braço em torno dos meus ombros, enquanto Otabek suspirava emburrado por ter perdido a oportunidade.

- Yuri, já decidiu sobre o convite de hoje? - ah, é. O singelo convite até ao McDonald's. Sempre recusava por causa das gravações.

- Ele não para de falar nisso. Diz logo que aceitou, por favor... - o cazaque parecia apático. Mas me acostumei, Jean vive me dizendo que ele é assim mesmo.

- Tudo bem, eu vou. Se isso te faz feliz, JJ... - senti o canadense me apertar. Eu posso dizer o quanto ele é chato, mas isso fica para outra vez.

Seguimos os três para nossas salas de aula. Para a nossa sorte, as aulas aqui são ministradas em inglês. E pela primeira vez, eu torcia para que terminasse tudo logo e sair com JJ e Otabek. Mas minhas preces não foram atendidas e as aulas passaram de maneira lenta e arrastada. Só quando chegou a hora de ir embora, já que era a hora de ficar nos clubes, pensei em voltar atrás e não ir para o McDonald's com os meus amigos. Tarde demais, eles já estavam na porta da minha sala. Fiquei feliz em ver que eu não precisaria esperá-los sair de uma piscina.

Durante o caminho, também pensei no quanto eu deveria desencanar dessa história do Victor. Se ele quiser se ferrar sozinho, que se ferre. Ele já fez isso muitas vezes e não sentirei pena do cara de porco por ter entrado nesse caminho sem volta. Tentarei dar um tempo pelo bem de todos e ficarei apenas vendo no que isso vai dar. Espero que tenham entendido o meu ponto de vista e o que eu penso desse caso. Talvez JJ e Otabek possam me distrair disso, pois eu sou muito novo pra ficar me preocupando com problema de gente velha e teimosa como Victor Nikiforov. Já perdi meu tempo com algo que eu sei muito bem que eu não vou conseguir dar jeito, pois eu não posso mandar na impulsividade dos outros. Não me fará mal algum observar o que acontece sem eu ter que me meter, porque poderei levar a culpa caso essa paixonite do Vitya der errado. Agradeço de coração vocês terem me acompanhado até aqui e... спасибо****! 

 

 

 

"Nós não devemos à ninguém nenhuma porra de explicação"

(The Rock Show - blink-182)


Notas Finais


Então... o que acharam dessa narração do Yurio? Tentei fazer o máximo possível para poder mostrar como ele vê isso do Victor e por que não, mostrar como é a vida dele longe das câmeras. Agora... sobre JJ e Otabek... um possível threesome? Isso eu ainda não posso falar...

Próximo capítulo voltaremos para a programação normal.

*свинья лицо (svin'ya litso): cara de porco, em russo
**глупый (glupyy): estúpido, em russo
***дa свидания (da svidaniya): tradução no diálogo. Mas isso acho que já sabiam, né? ^^
****спасибо (spasibo): obrigado, em russo


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