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História Seele - 12 - Mãe Rússia, me ajude a entender meus sentimentos


Escrita por: Hawk03

Notas do Autor


Como eu disse nas notas finais, esse capítulo trará para vocês um pouco de história da Segunda Guerra Mundial. Hoje, falarei um pouco sobre o Cerco a Leningrado.

E se isso vai ajudar ou prejudicar Victor? Vamos ver... agora!

*recomendo que escutem Panzerkampf do Sabaton somente na parte do Johann*

Capítulo 13 - 12 - Mãe Rússia, me ajude a entender meus sentimentos


Fanfic / Fanfiction Seele - 12 - Mãe Rússia, me ajude a entender meus sentimentos

"É a única coisa real que me resta para sentir"

(Somewhere I Belong - Linkin Park)

 

 

 

 

Aeroporto Internacional de Pulkovo, São Petersburgo

 

13 horas e 25 minutos dentro de um avião daquela maldita Aeroflot, fora a escala que pareceu demorada em Sheremetyevo. Victor queria amaldiçoar a comissária que o colocara naquela poltrona estreita da classe econômica, além do entretenimento de bordo ter falhado diversas vezes e a tal funcionária fingindo não se importar com as reclamações do prateado. Pelo menos duas coisas compensariam o que o ator passou a bordo: wi-fi durante a maior parte do trajeto, pois só assim podia se informar sobre Makkachin, já que estaria brevemente na Rússia e... Yuri. O fotógrafo estava sentado ao seu lado durante a viagem inteira e pareceu não ligar para o desconforto dentro do jato. Depois de todo o transtorno e uma lista mental para relembrar o porquê de odiar a Aeroflot, o Airbus que os transportava finalmente pousara em Pulkovo. Agora, vinha a segunda parte que Victor temia. Como seria a recepção dos russos no aeroporto? Torcia para que o fotógrafo japonês que caminhava junto dele em direção à esteira de bagagens não lhe fizesse nenhuma pergunta caso aparecesse uma ou duas pessoas esfregando na cara do mais alto o como ele fora sem-vergonha e imbecil por tantos escândalos causados.   

O primeiro a passar pela porta de desembarque foi Yurio, cuja base de fãs gritava loucamente, erguendo cartazes e atirando pelúcias em direção ao loiro, sendo pegas pelos seguranças que o escoltava. Correu direto para a van que o aguardava, recebendo mais gritos e surtos de suas admiradoras.

"- YURATCHKA PRÍNCIPE!"

"- CASA COMIGO YURATCHKA!"

Pelo visto, suas fãs do tempo que ainda era modelo continuavam firmes e fortes. Só esperava que elas não derrubassem o veículo onde já estava situado. Pouco depois, chegaram Phichit e Chris com mais atores. Só faltava Victor passar pela porta de embarque assim que resolvesse as burocracias de re-nacionalização, alfândega e algo do tipo. E quando o prateado atravessou o lugar, respirou fundo. Era agora ou nunca.

"- VITYA, EU ACREDITO EM VOCÊ!"

"- FILHO DA PUTA, SE APOSENTA LOGO E SOME DO NOSSO PAÍS!"

"- ESTAREI AQUI POR VOCÊ, NIKIFOROV!"

"- VÊ SE TOMA VERGONHA NA CARA OU SE MATA!"

"- VITYA, EU VOU SEMPRE TE AMAR!"

"- VOCÊ MANCHA A IMAGEM DA RÚSSIA!"

Reações mistas tomavam conta do saguão do aeroporto de Pulkovo. Yuri logo perguntara ao russo sobre as reações negativas e Victor logo sentiu um frio percorrer sua espinha.

- Victor-san... por que tem pessoas com a cara raivosa ali, gritando algo pra você? - pergunta, com a maior inocência do mundo. O russo via que não tinha como esconder nada.

- Bem... é que eu fiz umas cagadas aqui e ali, então... - o japonês logo compreendeu do que se tratava.

- Ah, já entendi! Você se meteu em algum escândalo e por isso que estão reagindo dessa maneira? Victor-san... eu já conheci muito idol afundado em escândalo até o pescoço e até hoje estão aí, sendo famosos. Por que tem medo? - as palavras do menor o deixaram mais tranquilo. Respirou fundo mais uma vez e agarrou o carrinho de bagagens como se sua salvação fosse essa.

- Yuri... obrigado por falar isso. Eu estava nervoso com essa recepção e sabe, suas palavras me fazem ignorar toda essa negatividade que despejam em cima de mim. Vamos logo para a van. Pedirei para que você, Yuratchka, Phichit e Christophe fiquem em minha casa aqui em São Petersburgo. Mesmo que eu não tenha aproveitado bem a viagem, farei questão de preparar pelmeni* para o almoço. - ainda era o horário de almoço naquela localidade da Rússia, já que o país possuía 9 fusos horários diferentes. Acomodaram-se no veículo assim que puderam colocar suas bagagens no compartimento acoplado à van. Victor esperava que a viagem pudesse ser proveitosa. 

Como indicado, a van deixara o ator e seus "hóspedes" em sua casa, onde viveu por 15 anos antes de se tornar famoso e ir para a capital da Federação Russa. A mesma residência onde o prateado passou a morar sozinho depois que seus pais faleceram em um terrível acidente de carro quando iam para Kursk comemorar o aniversário de casamento. Tratou de dissipar os pensamentos ruins e logo conduziu os seus amigos para os respectivos quartos onde ficariam instalados, já que a casa era enorme. Ficaria no seu, junto de Yuri. Antes de desfazer as malas, foi para o banheiro. Um banho o faria sentir-se disposto. Após banhar-se, viu que todos estavam na sala, assistindo a televisão. Um canal de entretenimento falava sobre a vinda do elenco do popular drama japonês Rise and Fall, dando destaque justamente para Victor, de maneira um pouco imparcial.

- Que tal mudar de canal? Acho que deve estar passando alguma coisa interessante no Match Arena...** - o russo os surpreendera aparecendo de repente por trás do sofá. Ultimamente andava de saco cheio com tudo aquilo. Já não estava provando o suficiente que estava mudando? Seria possível que não podiam dar uma segunda chance para ele novamente?

- Hum... o Yuri disse que você faria o almoço. Posso lhe dar uma mão enquanto os três aí tomam uma ducha, que tal? - Phichit percebeu que o assunto da TV estava incomodando seu anfitrião e resolveu acabar com aquele incômodo. Mandou seus colegas de apartamento e Yurio tomarem um banho, tal qual uma mãe faria. O trio obedeceu e foram fazer o que o tailandês ordenara. Já na cozinha, o maior ensinava ao moreno como preparar a massa do pelmeni.

Após a ducha tomada e o almoço servido, o quinteto saiu pelas ruas de São Petersburgo. No meio do caminho, Victor encontrara uma velha amiga de infância. Irina Voronova era uma mulher de altura mediana e cabelos loiros como os de Yurio. Yuri viu o quanto o ator pareceu feliz em rever a moça e sentiu um pouco de ciúmes, mesmo que não quisesse admitir. Quando a loira os chamara para ir até à cafeteria da qual ela é dona, Victor aceitara o convite por todos. Enquanto caminhavam em direção ao café, Chris se aproximara do japonês, tentando distraí-lo um pouco, fazendo com que ele diminuísse o passo e ficasse atrás do restante junto dele. 

Junge, releva um pouco. Ela é amiga de infância do Victor. - o moreno o olhara confuso. Como o suíço sabia? - Sei que você deve estar se perguntando como eu sei disso, mas é que eu conheço esse Russisch*** tem um tempo, bem antes desse drama. Pelo visto, aquele tapado nem lhe disse isso, né? 

- Bem... é que nós nos tornamos amigos bem recentemente. Então, eu não sei muito da vida dele. - baixara a cabeça, derrotado. Como podia ser amigo de Victor se mal sabia alguma coisa sobre ele, fora o fato dele ser ator?

- Não se preocupe quanto a isso. Você terá tempo o suficiente para saber ou descobrir algo. Agora vamos para aquela mesa ali. Parece que já chegamos no tal local que o Dummkopf**** nos arrastou. Tá vendo ele ali acenando? - apressaram o passo e finalmente se juntaram ao pequeno grupo na mesa postada na calçada da cafeteria, construída ao estilo francês. 

Junto de Irina passaram a tarde, aproveitando que as gravações seriam apenas daqui a dois dias e eles teriam passe livre para conhecer um pouco mais da cidade que um dia foi a capital da Rússia. 

x-x-x-x-x

 

 


"Na pátria mãe o exército alemão marcha!
Camaradas estão lado a lado, para conter a ameaça nazista"

(Panzerkampf - Sabaton)

 

 

 

 

Depois do jantar, todos decidiram dormir para aproveitarem melhor São Petersburgo no dia seguinte. Todos pareciam adormecer tranquilamente. Todos, menos Victor. Ao fechar os olhos e sentir os primeiros indícios de sono, um sonho invadira sua mente. Não era um sonho qualquer. Era novamente Johann Blaschke se fazendo presente. 

 

Leningrado, União Soviética - 27/12/1943

Mais um natal de pesadelos. O inverno russo congelava os ossos de Johann, mas ele não podia recuar. Tinha que tomar aquela casa, custe o que custasse. O problema era o fato dos civis estarem resistindo e impossibilitando a ação da Wehrmacht naquele território. Além disso, havia outros obstáculos. O frio rigoroso da União Soviética passou a dizimar aqueles invasores sem nenhuma pena. A fome que assolava os alemães depois de terem sua comida racionada e verem que os habitantes destruíram toda e qualquer central de abastecimento ou plantação para garantir que tais estrangeiros definhassem e morressem na Mãe Rússia por tamanha insolência. E para finalizar, o estado psicológico de vários soldados estava de mal a pior. 

Johann encontrava-se em frente a tal casa que teria que ocupar. Estava junto de mais dois oficiais: o primeiro-tenente Alois Schmidt e o cabo Steffan Hummels. Invadiram a residência sem nem pensarem duas vezes. Havia um soldado do Exército Vermelho de tocaia e este dera cabo de Steffan assim que o loiro pôs os pés na escada da velha moradia. Tudo o que Blaschke viu em seguida o deixaria traumatizado para o resto da vida. Alois matara uma criança que chorava na sala. Depois disso, a mãe que gritava de forma histérica ao ver o que fizeram ao seu filhinho. Antes que Johann fizesse algo para reagir, levara um tiro na perna esquerda. Quando caiu no chão, viu ao seu lado um Alois ensanguentado. Não percebeu que o mesmo camarada que atirou nele também tinha feito o mesmo com o tenente. Levou mais um tiro na perna esquerda antes de ser jogado para fora da casa. Em meio ao frio e ferido, sem poder se mover direito, o jovem esperou até que fosse resgatado. Mais um pouco e poderia ter perdido a perna. 

Os tiros foram o motivo pelo qual Johann foi mandado de volta para Dresden. Ele já não era mais o mesmo depois do inferno que passou em Leningrado.

 

Victor acordou sentindo uma forte dor na perna esquerda. Viu que os pequenos sinais que tinha sobre a pele do seu membro inferior ardiam. De repente, tomado por um estranho sentimento, levantara-se da cama. Vestiu as mesmas roupas que usou quando saiu com Yuri e saiu do quarto de maneira que não acordasse o fotógrafo. Agiu de maneira sorrateira e foi para fora de sua casa sem que ninguém pudesse notar. Mas o que ele não viu era que um certo japonês havia percebido os seus movimentos e esperou que ele se distanciasse um pouco para enfim, o seguir. 

O russo andava sem rumo pela vizinhança de Petrogradsky*****. Não sabia muito bem para onde estava realmente indo. As ruas já estavam pouco movimentadas e para ele, isso não importava. Ao parar na frente da casa de Irina, que não era tão longe da sua, as lembranças de Johann voltaram novamente na sua cabeça. Pareciam bastante nítidas dessa vez e reais. Muito reais. 

 

Quando viu o corpo sem vida de Steffan caído no chão, Johann ouviu o choro de uma criança, que supostamente estava escondida debaixo da mesa coberta que encontrava-se no centro daquela sala. Viu quando Alois puxou um revólver e atirou na criança. O choro estava deixando o tenente irritado. Logo em seguida, atirou na mãe do menino. Parecia que não estava sentindo nada ao ter feito isso. Os olhos de Alois transmitiam frieza. Tudo o que Johann queria fazer era matar o tenente. Não era coisa de um ser humano aquilo. Estava diante de um monstro.

 

Victor caíra de joelhos na porta da casa de Irina e ali mesmo, chorou. As lágrimas não eram de Victor Nikiforov, o ator. Era o choro de Johann Blaschke, soldado alemão do Grupo de Exércitos Norte da Wehrmacht. Estava tão absorto em seu momento de tristeza que não ouvira Yuri lhe chamar. Só notou a presença do japonês quando este o abraçara. O fotógrafo tinha visto a cena e rapidamente se preocupou. 

- Victor-san! O que aconteceu? Por que você está chorando??? - um preocupado Yuri conseguiu tirar o prateado do transe. Victor ainda não conseguiu cessar suas lágrimas. 

- Yuri... eu tive um sonho ruim. Eu vi no sonho que aqui houve algo terrível e... - o choro não permitiu que o russo continuasse. O japonês abraçou o ator mais forte, como se quisesse protegê-lo.

- Vamos voltar... só não chore mais, por favor. - o ajudara a se levantar e juntos, fizeram o caminho de volta para a casa de Victor. Quando chegaram no quarto, o moreno tomara a decisão de que dormiria junto com o ator na cama dele. O mais velho não fez nenhuma objeção e permitiu que o rapaz deitasse ao seu lado.

Abraçado novamente a Victor, só que dessa vez na cama, Yuri ficaria atento caso o homem acordasse. Enquanto estivesse ali, não deixaria que ele tivesse sonhos ou pesadelos que o atormentassem.

 

"Mas o amor parece ter se fixado nas suas veias, sabe?"

(Sonnet - The Verve)

 


 

 


Notas Finais


Esse capítulo de São Petersburgo já estava planejado desde que Seele nasceu. Como viram, o foco foi mais no OTP. E o que vocês acham? Será que dessa vez o laço entre Victor e Yuri ficou mais forte?

Sobre o Cerco a Leningrado: durou cerca de 900 dias e houve muitas perdas civis e militares. A população ficou na cidade para resistir aos alemães e os confrontos realmente se davam dentro das casas.

Próximo capítulo pode haver uma... declaração de amor? Mas de quem?


*Pelmeni (Пельмени): um dos pratos favoritos na Rússia, os pelmenis normalmente são bolinhos de massa recheada com almôndega. Podem ser servidos sozinhos, na manteiga e coberto com creme azedo, ou em um caldo de sopa. (sim, eu pesquisei algo que não fosse pirohzki).
**Match Arena: canal de esportes da Rússia.
***Russisch: russo, em alemão.
****Dummkopf: bobo, em alemão.
*****Petrogradsky: bairro histórico de São Petersburgo. É nele que fica uma parte dos museus que contam a história do Cerco de Leningrado, assim como a Fortaleza de Pedro e Paulo.

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