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História Seele - 16 - Dresden, lar das minhas memórias


Escrita por: Hawk03

Notas do Autor


Hoje teremos mais uma viagem internacional e o destino... é Dresden. Onde tudo começou e tudo pode se juntar novamente?

É o que veremos...

Ah, e agradecer também aos 227 favoritos! Vielen Danke por estarem gostando ^^

*capa de hoje é a linda e famosa Florença do Elba, a cidade de Dresden*

Capítulo 17 - 16 - Dresden, lar das minhas memórias


Fanfic / Fanfiction Seele - 16 - Dresden, lar das minhas memórias

"Qualquer um que faça o bem será perdoado
Portanto seja bom em todas as suas jornadas"

(Ein Lied - Rammstein)

 

 

 

 

- Boa noite, senhores passageiros a bordo do voo KLM 1809, com destino a Dresden. Aqui quem fala é o comandante Van der Pole e em cinco minutos, estaremos pousando. Peço para que por favor, coloquem os cintos de segurança e apreciem o restante da viagem.

Depois de mais de 19 horas viajando, Victor enfim sentia alívio. Mesmo estando nervoso por causa do destino final da viagem, não queria admitir que sentia um pouco de curiosidade. Afinal, Dresden era o nome da cidade onde o casal de seus estranhos sonhos vivera. O coração acelerou quando o jatinho Fokker 70 pousou no solo saxão. Para o russo, um sentimento desconhecido de saudade surgira. Disfarçou tal sensação para que um certo japonês ao seu lado não desconfiasse de que havia algo errado. Pelo menos, na Alemanha poderia cruzar o saguão do aeroporto de maneira tranquila, já que não teria dezenas de alemães zangados esperando para lhe xingar. Diferente do resto do elenco, Chris fora o único a ser assediado, por ter começado a carreira naquele país. Haviam chegado de noite na cidade e aproveitariam para descansar após o jantar de boas-vindas que uma emissora de televisão da Saxônia iria lhes oferecer. Não demorou muito para chegarem ao restaurante onde a equipe da tal TV estavam esperando o elenco de Rise and Fall. Victor logo se sentara em uma mesa um pouco afastada do lugar, visto que aquilo tudo seria somente para eles.

- Não vai querer se sentar junto dos outros, Victor-san? - Yuri sentou-se do lado oposto, intrigado com a distância que o russo queria do restante. 

- Talvez em uma próxima oportunidade. Queria poder jantar apenas com você, Yuri. - o fotógrafo cora ao ouvir aquilo. - Com os outros não seria tão confortável como é com você. 

- Como quiser. Eu também... estava pensado nisso. - virou o rosto para a direção da rua, já que a mesa de ambos estava próxima da vista para o Neumarkt. Do nada, o fotógrafo sentiu algo estranho. Uma esquisita sensação de nostalgia ao ver de longe a Frauenkirche.

- Que tal a gente pedir Rindfleisch mit meerrettichsosse*? O Chris me disse que era bom. - o ator percebeu que Yuri havia ficado estranho de repente e resolvera distraí-lo com o jantar. Não falaria para o japonês do sentimento de saudade que o perturbava, assim como não mencionaria que estava sentindo-se ligado ao lugar, como se pertencesse de fato a Dresden.

- Parece ser bom, apesar do nome impossível de ser pronunciado. Eu não sabia que você sabia pronunciar tão bem o alemão, Victor-san. Não tinha sotaque nenhum em sua voz... 

- Andei tendo umas aulinhas com um suíço aí, sabe... - falou uma meia-verdade. Havia aprendido algumas palavras em alemão com Christophe, mas ainda considerava seu sotaque russo muito pesado para uma língua carregada como o alemão. Como conseguira falar aquilo como um nativo?

Preferiu não pensar mais naquilo e resolveu conversar apenas coisas banais com Yuri. Falava do quanto estava ansioso para conhecer Dresden enquanto esperava o jantar. Já o moreno partilhava da mesma vontade sobre querer conhecer um pouco mais da famosa "Florença do Elba" e comentara o quanto era fascinado pela arquitetura alemã e de como isso foi uma de suas influências para seguir a carreira de fotógrafo. O prateado ficara atento ao que o mais novo falava. Victor teve a impressão de que seus sentimentos sobre o fotógrafo já haviam passado do limite da amizade e do amor platônico. Só não tinha a certeza de que o moreno também tinha o mesmo. Para ele, o nipônico pode ter derrubado a parede entre ambos quando decidiu se aproximar, porém ele via que Yuri ia devagar, com medo de fazer algo errado. Quando foi abrir a boca para perguntar ao menor sobre o que lhe atormentava no momento, ele viu o seu prato chegar, acompanhado de um Yurio meio emburrado. 

- Vim me juntar a vocês pelo simples fato de que o Chris resolveu cantar em alemão e ainda por cima, está levemente bêbado. A ponto de mandar cantada pro JJ enquanto eu falava com ele pelo Telegram. - o loiro sentou-se na mesa segurando metade do seu Eisbein**.

- это нормально (tudo bem)***. Nunca pensei que você acabaria vendo o lado devasso do Chris. - levou a mão à testa, inconformado. Deveria ter prevenido o mais novo sobre a chama do suíço. - E sério mesmo que ele deu em cima do seu namorado?

- Он не мой парень!!!**** (ELE NÃO É MEU NAMORADO!!!) - o adolescente ficou mais rubro que a camisa que seu conterrâneo usava. - Quer dizer... não ainda. O JJ ainda vai me apresentar aos pais dele pra... oficializar. Ele me disse que ambos já sabem sobre a gente e que... aceitam nossa relação. Isso tá me deixando nervoso... 

E o dilema adolescente de Yurio sobre estar a um passo de tornar seu primeiro namoro oficial distraiu por completo a dupla que estava naquela mesa, fazendo-os esquecer das estranhas sensações que a vista do Neumarkt trazia. 

x-x-x-x-x

 

 


"Nós abafamos o silêncio em torno de nós
Onde ficou o amor"

(Auf anderen Wegen - Andreas Bourani)

 

 

 

Já era o dia seguinte e seria bastante corrido. Haveria a participação de Victor e Christophe em um famoso programa de TV do canal Dresden Fernsehen e depois disso, gravação nos arredores da Mariä Himmelfahrt Dresden-Striesen, uma igreja que ficava longe do movimentado Neumarkt e da famosa Frauenkirche. Yuri acompanharia tudo, como parte de seu trabalho em registrar tudo e postar nas redes sociais oficiais de Rise and Fall. Estava por trás das câmeras do tal programa, vendo o russo e o amigo loiro sendo acomodados no estúdio, onde a apresentadora os esperava. Como o programa era ao vivo, não podiam perder tempo. 

- E começamos com mais um Dresden Gespräch ao vivo para toda a Saxônia! Eu sou Anja Blaschke e no programa de hoje estaremos recebendo os atores Victor Nikiforov e Christophe Giacometti, estrelas do fenômeno japonês Rise and Fall! Bom dia, rapazes e sejam bem-vindos ao Dresden Gespräch!

Yuri não entendeu porque a menção do sobrenome "Blaschke" lhe causou fortes dores de cabeça. Assim como Victor não compreendeu o nervosismo repentino ao escutar tal nome. Blaschke era o sobrenome do tal Johann que vivia em sua mente há meses. 

- Guten Morgen*****, Anja. É um prazer estar novamente em seu programa. - Chris falava em alemão com a ruiva, que pareceu para o japonês ser uma velha conhecida do suíço. - E olá para todos os saxões que agora nos assistem.

Anja encheu seus convidados de perguntas, incluindo também sobre suas vidas amorosas. Enquanto Chris afirmava que sua vida amorosa e sexual era um livro aberto, Victor não se fez de rogado. 

- Eu tenho alguém em mente, mesmo que essa pessoa ainda não tenha percebido isso. É só o que eu posso dizer no momento. - por um instante, o fotógrafo pensou que o russo estava se referindo a ele, mesmo que tivesse entendido em partes as falas em inglês do ator.  

Tudo o que o fotógrafo mais queria era que o tal programa terminasse. Sua dor de cabeça estava começando a incomodar e quando finalmente acabou, ele correu de imediato para a van, preferindo aguardar o prateado e o escandaloso do Chris ali mesmo. Pegou sua bolsa e dela retirou um comprimido e uma garrafa de água. Tomou o seu remédio e esperou que aquela enfermidade insuportável logo passasse. Agoniava-se em tentar entender porque a menção do sobrenome Blaschke lhe causara isso. Não demorou para que Victor e Chris aparecessem e sentassem ao seu lado dentro do veículo. Ao perguntar o que Yuri tinha, o prateado recebeu apenas como resposta que o fotógrafo estava com fome. Resolveu deixá-lo quieto, olhando para a bela paisagem da cidade alemã através da janela da van. Teriam um bom tempo para chegar ao lugar onde encontrariam o restante do elenco, já que acabaram pegando um engarrafamento. Chris então decidiu falar, quebrando de vez o silêncio melancólico que se instalou ali.

Junge... sabia que minha mãe é alemã e veio daqui dessa cidade? - Yuri virou o rosto para prestar atenção no loiro, coisa que Victor também fizera. - Foi por causa dela que eu vim tentar a minha sorte como ator aqui na Alemanha. 

- Nossa... que legal saber que você possui ligações com esse lugar. Mas o que te fez decidir que seria aqui nesse país que você daria certo como ator? - a curiosidade amenizava a dor de cabeça que insistia em não passar. 

- Eu não tinha muita oportunidade legal na Suíça. A cena independente alemã é mais forte e dá mais oportunidades. Além disso... na época, meus pais estavam se divorciando. Imagina um adolescente de 14 anos, que sonhava em ser ator, ter que lidar com isso? Escolhi vir com minha mãe para cá, enquanto meu pai e meu irmão gêmeo Giovanni ficaram. - um certo ar saudosista dava o tom para a fala do loiro. - Hoje em dia, eu voltei para a minha terra natal depois que mamãe perdeu a batalha para um câncer no pâncreas. Zurique não mudou muito desde que eu fui embora. 

- Me lembro quando te conheci, naquela vez que fomos fazer um comercial em Aachen. Eu tinha acabado de estrear na TV e você era o rapaz de 17 anos que tinha ganhado um prêmio de ator revelação na Berlinale. Minha primeira vez na Alemanha... - Victor se mete no meio da conversa, lembrando de quando conhecera Chris. - E ainda tinha os cabelos compridos, ao ponto de você achar que eu era um headbanger.

E durante o trajeto, enquanto esperavam aquele engarrafamento acabar, os três conversaram sobre alguns fatos curiosos de suas vidas. Yuri contara da vez que ficara emocionado vendo uma competição de patinação artística e quase quebrou a câmera de tão empolgado que ficara. Victor mencionou que já teve os cabelos longos e que várias pessoas o confundiram com um fã qualquer de heavy metal. Já Chris, falou de quando ficou doente por cheirar neve nos Alpes quando criança. O trio ria de cada situação contada, fazendo com que elas parecessem absurdas e engraçadas ao mesmo tempo. Pararam a divertida conversa assim que a van saiu do engarrafamento nos arredores da Hofkirche. Chegaram o mais rápido que puderam na Mariä Himmelfahrt Dresden-Striesen, onde o restante do elenco já os esperavam. Yuri foi o último a descer do veículo. Não sabia como, mas começara a sentir uma tontura vinda do nada. Ao olhar para a fachada da igreja, pensamentos desconhecidos passaram por sua cabeça fazendo-o imaginar que já estivera ali. E de repente, uma lembrança surgira em sua mente. 

 

Monika corria desesperada, no mesmo ritmo em que as sirenes de alerta soavam. Tinha dado a sorte de ter se abrigado na antiga casa da família Westermann, já que havia brigado com a família logo após o encontro com Johann. Seus pais passaram a desaprovar o relacionamento do jovem casal, alegando que o ex-soldado seria um empecilho para a castanha. A residência de sua ausente amiga Greta possuía um abrigo anti-aéreo e ali mesmo a moça se escondeu quando houve o bombardeio que vitimou uma grande parte da população de Dresden, incluindo sua família. Por isso mesmo, teve que correr. Os caças ingleses apareceram de surpresa justo no momento em que ela estava indo para a casa de Johann pedir ao loiro para partirem imediatamente da Alemanha. A RAF passou a atirar em qualquer um que estivesse nas ruas naquele momento. Quando Monika viu o amado dentro da Mariä Himmelfahrt Dresden-Striesen, não pensou duas vezes. Correu para lá o mais rápido que pôde. Foi quando os tiros de um Spitfire britânico lhe atingiram em cheio. Cabeça, peito, pulso esquerdo e pescoço. A imagem de Johann Blaschke indo em sua direção foi a última coisa que viu em vida. 

 

Ali parado, o fotógrafo chorava. A cabeça parecia querer estourar a qualquer momento e suas marcas de nascença começaram a arder. Victor percebeu a demora de Yuri em se juntar ao restante do pessoal e ao retornar ao local onde a van fora estacionada, foi que viu o rapaz chorando desesperado. O abraçara, preocupado. Nunca tinha visto o japonês daquela maneira. Ao sentir que estava nos braços do russo, o moreno sentiu que estava fraquejando. 

- Johann... por que eles atiraram em mim? Por que eles não me deixaram viver? - Victor se assustou. Viu que era Monika Ehrlinger falando, em vez de ser o seu Yuri. O livrara de seu abraço e pegara em seus ombros. Teria que segurar o choro que teimava em vir.

- Eu... não sou capaz de lhe explicar isso. O único que pode tentar falar a razão não está aqui. - notou que o nipônico fechou aos olhos, voltando a si. As lágrimas ainda não cessavam. Para o russo, pareceu-lhe ser a mesma coisa que aconteceu com ele em São Petersburgo.

- Victor-san... o que foi isso? Por que eu sinto tanta dor? - antes que o prateado explicasse alguma coisa que pudesse servir como resposta, o fotógrafo desmaia. O ator se desespera com o estado do mais novo. Pega-o no colo e se dirige ao elenco e à equipe de produção, que se apavoram ao verem Yuri inconsciente nos braços de Victor.

As gravações tiveram que ser canceladas e Christophe se prontificou a levar o moreno para o hospital junto do motorista da van. Yurio não deixou que o conterrâneo os acompanhasse, devido ao estado emocional no qual se encontrava. Para Victor, só restaria rezar para que não tivesse nada de errado com o menor. Tudo o que poderia fazer era ficar chorando no quarto de hotel enquanto as lembranças de Johann e Monika lhe atormentavam. Estava cada vez mais convencido com a teoria de Phichit sobre sua vida passada, quando o tailandês havia dito a ele na vez em que foram ao templo, que o soldado alemão podia ser uma encarnação que voltara como ele apenas para resolver algo de sua época.

Queria que tudo isso fosse algo que existisse apenas em sua imaginação, mas o que aconteceu ali na porta daquela igreja foi somente a confirmação de que aquilo foi real. Victor só esperava que dessa vez o destino fosse generoso e garantisse a ele que Yuri Katsuki iria ficar bem.

 

 


"Estávamos a mundos de distância
E ainda pela mesma estrela"

(Lieder - Adel Tawil)          
 

 

 


 

 

 


Notas Finais


Bem... eu tentei passar a perspectiva da vida passada através do Yuri. Como vocês acompanharam até agora, era sempre Victor/Johann. Então, foi a vez de Monika aparecer nas lembranças do katsudon e não sei se ficou do jeito que eu sempre mostrei quando era com o Vitya. Pra mim foi meio complicado apresentar isso porque eu acabei me acostumando a escrever Seele pelo ponto de vista do Victor. De como o Victor vê a história e de como o Yuri é aos olhos dele.

No próximo capítulo, ainda estaremos em Dresden. Teremos o Yuri no hospital, a descoberta de uma coisinha aí com ele e...

E...

LEMON!!!

Isso mesmo! Próximo capítulo teremos lemon!!!



*Rindfleisch mit meerrettichsosse: carne de boi cozida com ossos (e tutano) em caldo de legumes (cenoura, salsão, cebola). O molho leva parte do caldo de cozimento, roux (farinha e manteiga), ovos, leite e raiz-forte, e cobre fatias de carne antes de ir à mesa. É uma comida típica do povo sorábio, minoria eslava que vive na região da Saxônia.
**Eisbein: o famoso joelho de porco.
***это нормально (Eto normal'no): tradução no diálogo.
****Он не мой парень!!! (ON NE MOY PAREN'!!!): tradução no diálogo.
*****Guten Morgen: bom dia, em alemão


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