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História Seele - 18 - Tudo bem... é somente um novo passo


Escrita por: Hawk03

Notas do Autor


Esse capítulo é mais sobre o Yurio e suas desventuras na adolescência, além de uma nova perspectiva sobre o não tão complicado relacionamento entre Victor e Yuri...

E leiam mais uma vez as notas finais.

*capa de hoje é Tóquio*

Capítulo 19 - 18 - Tudo bem... é somente um novo passo


Fanfic / Fanfiction Seele - 18 - Tudo bem... é somente um novo passo


"Só porque algo começou diferente,
Não significa que vale menos."

(Objects Of My Affection - Peter Bjorn and John)

 

 

 

 

 

 

Duas semanas se passaram e finalmente estava de volta ao Japão. Yurio não aguentava mais o grude entre seu conterrâneo e o fotógrafo japonês em Dresden depois daquele susto. Agora que não encontrava-se mais na Alemanha, tinha um problema para resolver. Havia prometido a JJ que iria conhecer seus pais assim que retornasse da Europa e sabia muito bem que isso culminaria oficialmente em um namoro. Não podia negar o quanto estava nervoso. Nunca havia visto a família do canadense e não entendia como eles aceitavam o fato do filho estar se relacionando com outro garoto. Na Rússia, isso dava direito a linchamento público e discriminação para a vida inteira, já que a homossexualidade não era aceita naquele país por causa da forte influência que a Igreja Ortodoxa tinha sobre a população, além do governo coagir com aquilo. Mesmo superando o medo inicial, achando que Victor não aceitaria sua relação e achar que ele era apenas um menino inexperiente, o problema era em como esconderia isso de Yakov. Ele tinha a total certeza que o velho o execraria do mesmo jeito que fizera com o seu colega, quando este começou a se meter em escândalos um atrás do outro. Antes que pensasse mais naquilo que o preocupava, o russo mais velho interrompe sua batalha mental.

- Yuratchka, já decidiu que roupa vai usar no almoço com a família do Leroy? Lembre-se que ele vem te buscar daqui a pouco. - Victor tinha acabado de sair do banheiro devidamente vestido. Achava graciosa a maneira como o loiro agia diante daquele dilema.

- Já tá separada ali em cima da minha cama. Vitya... e se eles não gostarem de mim? - o nervosismo era mais do que visível. - Nunca passei por isso antes e tenho medo de estragar tudo...

- É claro que eles vão gostar de você! Só basta que você mostre que é digno de ser namorado do Jean. Apenas relaxe. - fazia cafuné na cabeça de Yurio, tentando acalmá-lo um pouco.

- E quanto ao cara de porco? Vai fazer algo com ele hoje? - o prateado vira a cara. Detestava quando o russo mais novo usava Yuri como pretexto para mudar de assunto. 

- Ele... pediu para que eu fosse no apartamento assistir Saint Seiya. Disse que era necessário me introduzir a esse mundo... - apesar de já ter ouvido falar, o ator admitia para si mesmo que ficava perdido quando o fotógrafo falava sobre o anime. 

- Vá, oras. Se isso o anima, faça esse esforço. E Saint Seiya até que é legal... o cara de porco falava tanto que eu acabei indo assistir por curiosidade. O JJ também gosta desses tais cavaleiros. - o clima agora estava se amenizando. 

- Ok, ok... eu vou. Mas para de chamar o Yuri de cara de porco. 

- Se você tá pedindo, ok. Eu paro. Mas agora o serviço de quarto chegou e preciso tomar um copo de leite antes que meu estômago chore de fome. - o adolescente abre a porta para que a bandeja repleta de frutas, café, leite, mel, biscoitos e bolo passasse. 

Era incrível o quanto as coisas haviam mudado desde que Victor chegara ao Japão com o objetivo de salvar a sua carreira, que por pouco ainda não havia chegado ao fundo do poço. Não estava em seus planos se apaixonar. O mesmo valia para Yurio. O loiro estava descobrindo um mundo que não tinha chegado a conhecer por estar preso nas restrições absurdas de Yakov. Ambos agora viam as coisas sob um novo olhar, mesmo que algumas características de suas personalidades não tenham mudado. Eles agora se encaravam enquanto tomavam o café da manhã. Um tentava ver no outro o que tinha de diferente.

- Что это? (O que foi?)* Minha cara tá suja de farelo? - o prateado tentava não falar de boca cheia. 

- Não sei... talvez você esteja... como eu posso dizer... diferente, eu acho. Não tem mais aquela cara de bobalhão imaturo. - o menor vê o ator fazer bico.

- Eu nunca fui bobalhão imaturo, seu pirralho. Pelo menos não fui eu que falou que ia trancar o Chris num monastério por ele ter flertado com o Jean naquele dia da videoconferência entre os dois no Telegram. - Yurio fica vermelho ao ouvir aquilo. - E confesso que foi engraçado ver a sua reação, já que não é todo dia que se vê um Yuri Plisetsky com ciúmes. 

A resposta veio em forma de um tapa na cabeça do mais velho. O maior logo pensou que era cedo demais em ter se acostumado a ficar sem as pancadas do loiro. Quando ainda acariciava a cabeça no local onde tomou o tapa, escutou batidas na porta. Poderia ter atendido, se não fosse um adolescente apressado passando na sua frente, quase lhe derrubando. Mas para a decepção de Yurio, a pessoa por trás da porta era a camareira, que tinha ido pegar a bandeja de volta. O garoto suspira, amuado. Só no momento em que se jogara na cama, foi que ouviu uma voz conhecida antes da funcionária do hotel fechar a porta.

- Yuri? Já está pronto? - o russo toma um susto. Era o tão esperado canadense. Correu para pegar a roupa que usaria no almoço com os Leroy. 

- Er... só um minuto. Eu não vou demorar! - e fecha a porta do banheiro, sabendo que podia estar atrasado. 

- Sabe... isso me lembra do meu primeiro encontro. Eu quase desmaiei na frente do pai de uma garota de tão nervoso que eu estava. Dá até saudades desse tempo de adolescência... esse tempo inocente antes de descobrir que o mundo não é como a gente vê na Disney. - Victor fala para JJ, que esperava Yurio terminar de se trocar. - Espero que dê tudo certo entre vocês. Yuratchka é um bom menino, apesar de ser explosivo. Ele só é um pouco tímido.

- Eu lhe garanto que vai dar certo sim, monsieur Victor. Juro que serei o melhor namorado que o Yuri terá. - notou que o rapaz havia saído do banheiro e caminhou com ele para a porta de saída do quarto. - Estamos indo. Nos deseje sorte!!

Ao ver a porta fechada, resolve ir para a cama e assistir um pouco de televisão como forma de passar o tempo antes de encontrar um certo fotógrafo em seu pequeno apartamento. Pensou em pesquisar algo sobre o tal desenho pelo qual Yuri era apaixonado. Pelo menos, não se sentiria perdido caso ouvisse o japonês comentar algo sobre o qual ele certamente não entenderia. Mas por enquanto, veria um pouco de MTV. Era o seu canal favorito e sentia saudades de assisti-lo.

x-x-x-x-x

 


"Eu cambaleio para casa e então eu penso em você
E sempre que eu estiver triste, vou ligar para você"

(Blau - Kraftklub)

 

 

 

 

Tinha resolvido passar na redação da ViVi antes de comprar os petiscos e a Pepsi para a maratona de Saint Seiya que teria com Victor mais tarde. Apesar de estar vivendo um momento feliz em sua vida, Yuri sentia falta do ambiente de trabalho da revista. Talvez ainda continuasse o Yuri Katsuki rabugento que fugia de um russo de forma infantil e desnecessária. Mesmo assim, a única coisa boa que aconteceu longe da ViVi foi o fato dele ter se acertado com Victor. Enquanto subia para o andar onde ficava o escritório de Takeshi, recordava com um sorriso no rosto as duas semanas maravilhosas que tivera na Alemanha. O susto que o fizera parar no hospital foi esquecido após o dia em que ele e o ator estrangeiro fizeram sexo. Depois, umas duas noites ardentes e revigorantes. Só de relembrar, Yuri sentiu seu rosto esquentar. Então, passou a pensar no momento em que Chris o levara para conhecer seu avô. O velho Manfred Ehrlinger contava com prazer sobre suas histórias de guerra, sempre dando ênfase ao horror que mudou a sua vida. Uma história em especial, Yuri jamais iria esquecer. O idoso falou de quando os russos o pegaram e o levaram para Sachsenhausen, ex-campo de concentração judeu que tinha virado um gulag em território alemão. Manfred falou de como ele viu Johann Blaschke morrer, o que causara enorme tristeza no fotógrafo, por mais que ele não soubesse o porquê. 

"Quando eles me levaram para Sachsenhausen, acabei reencontrando um velho conhecido. Johann me contou o que houve em Dresden e de como foi capturado após o massacre em nossa cidade natal. Naquela época, eu estava em Berlim lutando por uma causa que não era minha. Uma causa que eu nunca quis defender, rapazes. Quando a guerra acabou, eu e meus colegas fomos encarcerados no mesmo lugar que pessoas inocentes haviam morrido. Passei dois anos da minha vida ali, vendo meus conterrâneos sendo torturados. Johann também esteve entre eles. Ele parecia aceitar de bom grado aquilo. Uma vez eu perguntei o porquê e ele me respondeu que era para pagar todos os seus pecados e que merecia passar por esse absurdo porque nunca se perdoou pela morte de minha irmã. Mas o que levou ele para sempre foi uma epidemia de tifo que acometeu uma parcela dos prisioneiros do campo. Só que Johann Blaschke já estava morto quando eu o encontrei em Sachsenhausen. Não era mais o mesmo rapaz que eu conheci em Dresden."

Parou de lembrar aquela memória triste do avô de Christophe ao chegar no escritório de seu amigo. Precisava ver Takeshi e contar a ele as boas novas. Sentia saudades de sua companhia e de jogarem conversa fora enquanto tomavam um café forte e com gosto de vencido. Viu o amigo sentado em sua mesa, olhando para o nada como sempre. Uma cena que Yuri já tinha se acostumado a ver. 

- Takeshi-san? Tudo bem? - o mais velho enfim prestou atenção no intruso em seu escritório. Sorriu ao ver o amigo de infância ali,

- Há quanto tempo, Yuri! Vejo que está menos gordo... e menos rabugento. Sente-se aí e me diga como anda a vida. Falta pouco tempo para ter meu melhor fotógrafo de volta e quero saber como está. - sentando-se na cadeira em frente a Takeshi, o fotógrafo pôs-se a falar. Não escondeu do CEO o motivo de sua mudança. Puderam enfim colocar a conversa em dia e Yuri prometeu ao amigo que o visitaria e traria presentes para as trigêmeas do maior, a quem o moço considerava como sobrinhas queridas. Saiu do escritório e fora cumprimentar o restante dos antigos colegas na redação antes de sair. Tinha uma maratona com seu querido russo, afinal de contas.

Já com as sacolas cheias de compras, o japonês preferiu pegar um táxi. Não demorou muito para chegar em seu apartamento e se deparar com duas malas na sala. O design de ambas parecia ser elegante e sofisticado demais e imaginou logo quem seria o dono delas. Não demorou muito para Chris aparecer, carregando consigo uma mochila. Não conseguiu entender o que de fato estava acontecendo. Quando o suíço notou sua presença na sala, andou em sua direção. Tentava compreender o que ocorria em sua residência e perguntaria ao loiro se ele sabia de algo.

- Chris-san, que mudança é essa aqui na sala? Chegou alguém aqui enquanto eu estava fora? - o europeu dera um suspiro antes de começar a falar.

- Junge... eu estou indo embora. Resolvi ir para um hotel aqui perto. É que... uma pessoa importante para mim está vindo para Tóquio e seria muito incômodo ficar com ele aqui enquanto estamos invadindo seu espaço. Não se preocupe, o Phichit já sabe. E eu já depositei o dinheiro do tempo de aluguel do quarto na conta dele. Vielen Danke** por ter permitido a minha presença aqui, e é claro que ainda manterei contato com você. Ciao***. - Christophe pega as malas e vai embora do apartamento, sem olhar para trás. Nem deu a oportunidade de Yuri poder dizer algo ou se despedir. 

Vai para a cozinha colocar os comes e bebes no lugar antes de retornar para a sala e desabar no sofá. Já tinha se acostumado com a presença do suíço em seu apartamento e nem ligava mais para o mesmo em seu "santuário" de produtos sobre Saint Seiya. E por mais que o visse a partir de agora somente nas gravações, não seria a mesma coisa. Cedo ou tarde, Chris iria embora dali, já que está no Japão apenas por causa de Rise and Fall e logo depois que tudo terminasse, voltaria para a Suíça. No mesmo instante, Yuri acabou pensando em Victor. Isso também valeria para o russo e para o jovem Yurio. Quando o drama chegar ao fim, os estrangeiros retornariam para a sua amada Mãe Rússia. O fotógrafo ficou triste ao ver tal perspectiva. Como ficaria a sua relação com o prateado quando ele tivesse que partir, voltar para a sua casa, por mais contestado que fosse? 

Por algum motivo que ele definiu rapidamente como dor de saudade, sentiu suas lágrimas escaparem. Teria que dar um jeito de manter seu relacionamento com Victor Nikiforov vivo. Logo agora que eles haviam se acertado, não pensaram na possibilidade de uma iminente separação, visto que transitavam entre mundos diferentes. Yuri teve que parar de chorar ao ouvir a porta bater. Não podia deixar a sua tristeza transparecer. No momento, teria que se concentrar em manter uma máscara de despreocupação e fingir que tal hipótese não existia. Teria que aproveitar o momento enquanto podia. Não estragaria a sua tarde com algo que pudesse chatear Victor e ganhar uma resposta que não gostaria de ouvir. 

 

 


"Chego primeiro que você
No final de uma estrada diferente"

(Tell Me What To Do - SHINee)             
 


 


Notas Finais


O aviso que eu quero fazer é sobre... a spin-off de Seele!

Isso mesmo!!!

Eu pensei muito... e decidi que haverá uma spin-off focada no Yurio e na história mal-resolvida entre ele e Otabek. Claro que a galera de Seele também vai marcar presença! E agora eu quero pedir a ajuda de vocês para o nome.

Como essa história deve se chamar?

Young Folks?
Fluorescent Adolescent?
Little Kids?

Desses três nomes, só um será escolhido. O mais votado será o nome da spin-off!

E uma observação sobre o trecho de Sachsenhausen: isso aconteceu de verdade. Grande parte dos prisioneiros durante a adminstração soviética do campo eram soldados, filiados do Partido Nazista e seus familiares. Estima-se que morreram mais de 12 mil prisioneiros, a maioria criança, adolescente, mulher e idoso.

*Что это? (Chto eto?): tradução no diálogo.
**Vielen Danke: muito obrigado, em alemão.
***Ciao: tchau, em italiano. Também pode ser "oi'.

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