História Segredos - 2Jae - Terceiro Guardião

Yugyeom passou boa parte da manhã com Jinyoung e Bambam, ambos atormentando o juízo de Jinyoung até onde podiam, o mais velho muitas vezes brigava ou ameaçava os garotos, mas podia negar, sentia saudades de toda aquela animação. No fim da manhã Bambam teve que ir para casa, pois a mãe avisou que iria sair e precisava do garoto para cuidar da irmã.
-Sabe – Jinyoung começou – ontem à noite o Jaebum falou que hoje iria contar tudo ao Jae
-Bem e hoje o Jae ia contar tudo sobre o passado dele pro Jaebum hyung – sorriu um pouco – quando eu saí os dois estavam se encarando sem falar nada, acho que o clima lá não está dos melhores por agora
-Você deveria aproveitar essa onda de confissões e falar logo para o Jaebum que você é o terceiro guardião
-Eu sei, mas não é só isso que eu tenho que explicar para ele
-Tem mais coisas?
-Mais do que você imagina - sorriu novamente
-Como?
-Os motivos dos anti-elementais não terem poder em Seul e também sobre a mãe do Jae
-Tá aí duas coisas que eu quero saber – falou se levantando do sofá estendendo a mão boa para o mais novo se levantar – nós vamos lá agora
-Mas hyung – tentou protestar
-Nada de "mas", nós vamos

O caminho até a casa de Youngjae foi feito em silêncio, Yugyeom estava nervoso, seria a primeira vez que falaria sobre tudo que sabia sobre a mãe de Youngjae e explicaria o que havia feito para "frear" o avanço dos anti-elementais na cidade. Quando chegaram à casa do castanho, Jaebum ainda explicava sobre o perigo que Youngjae corria e ao escutar a menção a falecida mãe do castanho soube que chegou sua vez.
-Eu sabia que tinha sido você – riu – e na verdade, hyung, a mãe dele sabia o que estava fazendo, ela era uma das nossas – falou assustando os dois garotos
-Minha mãe? – Youngjae perguntou assustado
-Sim – Yugyeom falou se sentando no outro sofá junto a Jinyoung - a Sunhee era uma guardiã, assim como o pai do Jinyoung, ou a minha mãe e a do Jae
-Se ela era uma guardiã, por que o Jae não é igual a nós? – Jaebum perguntou puxando Youngjae para perto de si
-Porque o Jae não é o primogênito, a Sunhee teve uma filha que morreu no parto antes do Jae nascer
-E-eu não sabia disso
-Ninguém comenta sobre isso, eu só sei pois minha mãe me contou. Tudo que eu vou falar, Jae, é o que ela me falou, certo?
-Sim - falou baixinho
-A Sunhee e a Eunbi sempre foram amigas e foi graças a Eunbi que nossas mães se conheceram, bem pelo que minha mãe disse a Sunhee sempre teve aquele colar que ela lhe deu, ela usava como proteção contra coisas ruins e contra...
-Se era pra proteção dela por que ela me deu? – interrompeu Yugyeom
-Aí eu já não sei – falou baixinho –, mas se ela fez isso foi com algum propósito e nós vamos descobrir, tudo bem? – perguntou e viu Youngjae confirmar com a cabeça
-Você não tem mais coisas para falar? – Jinyoung perguntou quando viu o silêncio que havia se formado
-Ah sim, Jaebum hyung, me agradeça
-Te agradecer? Por quê?
-Seu pescoço está salvo por minha causa, desde que eu cheguei aqui eu venho me precavendo contra nossos queridos amigos e bem, parece que deu certo
-O que você está falando?
-A falta de poderes dos anti-elementais aqui em Seul foi por minha causa, obrigado, Seul está dentro de um enorme triângulo de Turmalinas negra e isso anulou todos os poderes deles aqui, pelo menos até eles descobrirem sobre isso
-Você sabe que eles estão com raiva disso e que isso só vai piorar pro nosso lado?
-Faz parte, mas isso está atrasando eles, pois ao invés de treinarem ou seja lá o que eles fazem, eles estão tentando descobrir o que fizemos
-Onde você aprendeu sobre isso?
-Simples – sorriu – nos Estados Unidos
-Explique-se – Jinyoung pediu
-A bolsa de estudos para aquela academia de dança foi apenas um pretexto, eu fui aprender mais sobre nós e sobre os anti-elementais, inclusive estou ajudando a sua mãe com a tarefa de descobrir um método derrotar os bruxos anti-elementais, obrigado novamente – falou debochado – enfim, minha mãe conhece uma família de bruxos brancos descendentes dos primeiros guardiões e eles tem escritos, que me ensinaram diversos pontos que não vem ao caso no momento, eu passei toda minha estadia nos EUA com eles aprendendo sobre tudo que eu precisava, inclusive que você só pode trazer as guardiãs vida quando a luta estiver ganha, não sei se já lhe disseram isso, mas se elas vierem a campo no meio da luta elas serão alvos fáceis para eles
-Elas nunca me falaram isso – comentou
-Mas infelizmente essa é a verdade – falou e todo ficaram em silêncio

Youngjae se encontra perdido em pensamentos, nunca imaginaria nem um por cento do que estava acontecendo aquele, eram coisa demais, informações demais, sua cabeça doía de tanto pensar, havia descoberto mais coisas sobre a mulher que lhe colocou no mundo e que pelo visto nunca havia deixado de lhe proteger.

Jaebum estava novamente preocupado, ele não sabia daquela parte da história, em sua cabeça teria que trazer as elementais no momento que pudesse, foi isso que elas haviam dito para ele, era assim que estava treinando há duas semanas, tinha alguma coisa errada naquela história e precisava descobrir o que era.

Todo o almoço foi passado em silêncio, ninguém falava nada, nem mesmo respondiam as perguntas do pai de Youngjae. O castanho se encontrava perdido em pensamentos, ele não sabia como reagir a tudo que tinha descoberto, havia passado anos da sua vida imaginando seres protegendo a natureza e agora havia descoberto que eles existem e ainda por cima que sua mãe "protegia" aqueles seres.

O senhor Choi havia desistido de tentar puxar conversa, o clima na mesa não era dos melhores, nem mesmo seu sobrinho estava brincando junto a si, mas o que mais lhe assustou foi Youngjae ter saído da mesa sem pedir licença
-Certo – falou sério – me expliquem o que está acontecendo aqui
-Ele descobriu tudo – Yugyeom falou calmo – descobriu sobre a Sunhee, sobre a irmã dele, descobriu sobre os guardiões
-Eles sabem? – Jaebum perguntou confuso
-Sim – a mulher respondeu – minha irmã era uma guardiã
-Ah sim, havia me esquecido – falou abaixando a cabeça
-Não se preocupe – escutou a mulher falar calmamente
-Se não se importam eu vou subir para falar com ele – Jaebum falou
-Tudo bem – a senhora Choi comentou se levantando – nós já estamos de saída também – sorriu e começou a juntar as coisas na mesa
-Não se preocupe – Yugyeom falou – eu levo para a cozinha
-Obrigado, querido

A senhora Choi tentava se mostrar despreocupada naquele momento, mas sua cabeça estava longe, mais ou menos treze anos no passado, quando viu a melhor amiga viva pela última vez.

Jaebum subiu rapidamente as escadas e encontrou Youngjae jogado na cama com o rosto enfiado nos travesseiros, seria uma cena que ele apreciaria por horas, se não estivessem em uma situação tão delicada
-Jae? – chamou e ouviu o garoto resmungar – O que aconteceu??
-Eu só não aguentava mais fingir estar bem, eu não quero que meus pais me vejam mal – respondeu se sentando na cama
-Mas mesmo você escondendo isso eles sabem que você está mal – respondeu se sentando ao lado do garoto
-Eu sei, mas eu não quero que eles fiquem mal por minha causa – falou sentindo as lágrimas quererem cair – eles só me trazem felicidade, eu tenho que fazer o mesmo por eles

O silêncio novamente reinou entre os dois, Youngjae estava deitado sobre o peito de Jaebum, escutava os batimentos cardíacos do mais velho enquanto traçava círculos imaginários pelo tronco do mesmo.
-Quando você descobriu que era um desses guardiões? – Youngjae perguntou
-Com 15 anos, igual todos os outros – respondeu
-Existe alguma diferença entre você e o Jinyoung ou o Yugyeom?
-Nosso treinamento eu preciso aprender a controlar os quatro elementos eles só precisam um
-Entendi – falou baixinho
-Sabe – Jaebum falou retomando a atenção de Youngjae para si – tem outra coisa
-O que?
-Eu precisei mudar de cidade diversas vezes para não me acharem, pois assim que o guardião anterior morre e o outro assume esse manto eles começam uma caça ao novo guardião
-Você já sabe como derrotar eles?
-Minha mãe tem uma ideia e pelo visto o Yugyeom também, mas não me falaram nada até agora
-Sabe – sorriu um pouco – eu acho que gostei de saber sobre isso, desde novinho eu imagino e até mesmo já sonhei com seres que cuidavam do planeta, eu me lembro de uma em especial que sempre aparecia nos meus sonhos, era uma fada, eu sempre achei que fosse minha mãe se comunicando comigo – falou deixando uma lágrima escapar – eu gostava de pensar que era ela cuidando de mim pois sempre que eu estava triste por alguma coisa ela aparecia
-Mesmo que não fosse ela nos seus sonhos sua mãe sempre cuidou de você – comentou
-Eu sei – falou mudando a posição – isso aquece meu coração

Yugyeom e Jinyoung saíram logo após deixarem a louça suja na cozinha, o caminho até a casa de Jinyoung foi esquisito para ambas as partes, Jinyoung percebia algo estranho no dongsaeng e Yugyeom sentia que precisa resolver mais uma coisa aquele dia, só não sabia por onde começar.
-Yug? – chamou
-Sim? – o castanho respondeu virando o rosto para Jinyoung
-Você está bem?
-Só estou pensando, hyung
-Posso saber em que?
-Sobre eu e você – sorriu – sabe, aquela noite ficou marcada em mim – começou – não vou negar, eu pensei que poderia ter algo com você, mas acho que me enganei, sabe, eu tive muito tempo para pensar enquanto você estava em coma e durante essa última semana também, eu pensei muito e sei que realmente o que eu sinto é apenas amor de amigos, naquela noite eu te falei sobre meus sentimentos de mais de um ano atrás, porém agora algo em mim mudou – falou e viu Jinyoung sorrir para si
-Eu imaginei que essa conversa viria a mesa em algum momento – falou – eu também pensei e repensei em tudo, eu e você não fomos feitos para acontecer, sabe, nossos caminhos sempre seguirão lado a lado, mas sempre separados, até o fim, onde nos encontraremos e então viveremos o que é nosso por direito – sorriu –, mas enquanto isso não acontece, nós seremos amigos, você será meu dongsaeng chato e eu o teu hyung mandão, eu quero confie em mim para me contar o que sente assim como eu confio em você
-Amigos hyung, amigos até o fim – falou sorrindo – e não se preocupe com isso, eu confio minha vida a ti

Jinyoung se sentia mais leve após aquela conversa, um peso havia sido tirado de seus ombros e ficava feliz por saber que Yugyeom se sentia da mesma forma que si e que aquela amizade duraria até o fim dos tempos, como ambos prometeram.

Youngjae e Jaebum acabaram dormindo na posição que estavam e só acordaram quando escutaram a voz de Mark no quarto, o americano os chamava ao mesmo tempo que fazia barulho batendo em coisas aleatórias espalhadas pelo lugar.
-Eu só não te bato – Jaebum murmurou com raiva – porque estou com preguiça
-Eu também te amo – Mark falou irônico – vamos acordem logo eu estou carente, eu quero atenção
-Vai pedir pro Jackson – Youngjae falou mal humorado
-Ele está fora hoje
-E você só se lembra de nós quando ele saí? – Jaebum implicou
-De você sim – o loiro o olhou desafiador –, mas do meu Jae eu lembro toda hora
-Eu realmente quero te bater – Jaebum falou baixinho
-Parou – Youngjae falou tomando as rédeas da situação – o que você quer fazer, hyung? – perguntou olhando para o loiro que sorria vitorioso
-Assistir filme com direito a pipoca e refrigerante – sorriu mais ainda
-Certo quem faz a pipoca? – Youngjae perguntou
-Eu e você – Jaebum respondeu rápido
-Desde quando precisa de duas pessoas para fazer pipoca? – Mark perguntou enquanto se levantava da cadeira que estava
-Desde quando eu quero – Jaebum respondeu
-Só não transem no balcão – Mark  provocou mais um pouco
-Não sou você – Jaebum respondeu enquanto desciam as escadas até a sala
-Eu nunca fiz nada na cozinha, mas em outros lugares...
-Informação demais – Youngjae, que até então só ria, se intrometeu na conversa – hyung procure o filme nós já voltamos com a pipoca

Mark não podia negar, adorava provocar Jaebum, o moreno se irritava fácil e Mark se divertia com tudo aquilo, achava engraçado o modo que o garoto se impunha para defender Youngjae, mesmo que soubesse que o castanho não se importava com as provocações do amigo.

Durante o filme, Mark hora ou outra jogava pipoca em Jaebum, o moreno parecia querer exterminá-lo, mas Youngjae conseguia fazer Jaebum se acalmar.
-Você é chato assim mesmo ou fez curso? – Jaebum perguntou assim que o filme acabou
-Curso
-Vemos que você se formou como aluno número um do século – alfinetou
-E você é o número dois – Youngjae falou irritado – eu juro que estou quase trancando os dois dentro da dispensa e só vou os deixar sair quando forem amiguinhos
-Nossa amizade é um tanto peculiar – Mark falou rindo
-Estou vendo, cuidado para isso não virar outra coisa – Youngjae falou um tanto quanto emburrado
-Se ele quiser – Mark falou piscando um olho para Jaebum e arrancando gargalhadas de Youngjae
-Eu passo – Jaebum respondeu o garoto
-Viu Jae, ele não quer – Mark falou fingindo uma falsa tristeza – acho que ele não ia aceitar a troca de casais que eu e o Jackson iríamos propor
-Como essa conversa chegou a esse ponto? – Jaebum perguntou tentando mudar de assunto
-Não sei também – Youngjae respondeu
-Vocês me ignoraram – Mark falou fazendo drama – irei propor isso pro Bambam quando ele arranjar alguém
-Você não está falando sério, não é? – Jaebum perguntou um tanto assustado, não duvidava nada de Mark e Jackson
-Claro que não, estou apenas zoando, besta

O trio ainda ficou algum tempo de gracinha até escutarem os pais de Youngjae chegarem, Jaebum foi para casa após uma ligação de sua mãe, Mark ainda ficou algum tempo conversando com Youngjae antes de também ir embora.

Mesmo com tudo que estava acontecendo aqueles dias Youngjae se sentia leve, após a tarde que teve, durante o banho Youngjae deixou os pensamentos viajarem pra longe, lembrou de sua mãe e daquela vez não chorou como das outras vezes, dessa vez ele sorria, pois agora sabia que mesmo longe ela cuidava de si.

Durante o jantar o clima na mesa não era novamente dos melhores e dessa vez era por parte de sua mãe, a mulher estava quieta, distante, parecia estar ligada no automático, pois seus movimentos pareciam robóticos para um ser humano
-Jae – a mulher chamou o filho – me aqui espere na sala, por favor
-Sim, senhora – o garoto respondeu e viu a mãe dar as costas para si e ir em direção as escadas
-O senhor sabe o que aconteceu com ela, pai? – perguntou
-Não, – viu o homem suspirar – ela ficou assim a tarde toda
-Ah sim – respondeu e então o silêncio se fez presente na sala novamente – pai – chamou
-Sim?
-Hoje eu conversei com o Yug – começou
-Nós sabemos - o homem respondeu – nós sabíamos que você descobriria tudo uma hora, queríamos que fosse mais tarde, mas nós não temos controle sobre o tempo
-Então é tudo verdade?
-Sim – dessa vez a voz da mulher foi ouvida – filho – a mulher falou enquanto caminhava na direção do garoto com uma caixa em mãos – isso daqui é da Sunhee, ela me entregou isso poucas horas antes de morrer e me pediu para que eu lhe entregasse isso  no dia do seu aniversário de dezoito anos, caso ela não estivesse mais viva – falou entregando a caixa – no dia eu não entendi o que ela queria dizer com aquilo, mas prometi que te entregaria, eu sei que você ainda não fez seus dezoito anos, mas acho que está na hora de lhe entregar

Youngjae sentia as lágrimas começarem a rolar por suas bochechas quando viu que dentro daquela caixa havia o caderno de sua mãe junto havia um pequeno bilhete escrito a mão em um post It amarelo que dizia "se você está recebendo isso agora, saiba que onde quer que eu esteja eu sempre te amarei"