Já não conseguia mais pensar ou escrever, devia ter escrito umas cinco músicas pra ela nas ultimas horas. Preciso me resolver. Levantei da cama e olhei as horas, era fim de tarde, peguei o celular em cima da escrivaninha e liguei para ela.
- Alô?- ela atendeu meio receosa- Lys?
- Olá, Cecilliye- eu demorei um pouco a responder.
- Tudo bem?- ela parecia ter entrado no automático das conversas, aquele que sempre ligamos quando não temos assunto.
- Tudo bem- eu respirei pesado – Mas, preciso te encontrar. Nós temos que conversar.
- Own- ela pareceu triste
- Está tudo bem com você? Parece triste.
- Tudo bem, Lys. – ela me respondeu mais calma – Quando você quer me encontrar?
- Hoje, se possível – Podia ser a pior de todas as precipitações, mas quero resolver isso hoje.
- Claro. No parque? - ela perguntou
- Pode ser. Em meia hora? – dessa vez eu perguntei.
- Ta bem – ela pareceu suspirar- te vejo lá.
Assim que ela desligou, corri pra me arrumar á tempo e saí. Logo que pisei na calçada, vários pensamentos me invadiram. Eu sabia como poderia acabar essa conversa. Ou eu ficaria feliz por ter ela feliz ao meu lado, ou eu acabaria triste por não tê-la além de uma amiga, ou surgiria uma briga e novamente ficaríamos sem nos falar.
Quando cheguei ao parque ela já estava lá, sentada na grama. Tinha trago um lençol e suas mãos apoiavam o corpo ligeiramente inclinado, com suas pernas esticadas e seus olhos fechados. Me aproximei e me sentei ao seu lado em silencio.
- Olá Lys! – ela pareceu corar, mesmo sem ter tido nenhum contato visual comigo ainda.
- Olá! – Eu a observava enquanto ela se ajeitava. Abriu os grandes olhos, voltou o corpo, limpou as mãos com alguns tapinhas e finalmente olhou pra mim. Aqueles olhos Cinzas, estavam meio azulados hoje, mas ainda lindos como sempre. A boca rosada e as bochechas tão vermelhas de vergonha que nem conseguia ver suas sardas direito.
- Você queria conversar? – ela abaixou a cabeça de vergonha e começou a arrancar algumas graminhas a sua frente.
- Sim. Sabe, eu ganhei um beijo e a menina foi embora me deixando com a cabeça a mil – eu abaixei o olhar, devia estar tão vermelho quanto ela – Acho que seria justo saber o que ela pensa. O porquê de ela ter ido.
- Talvez ela estivesse confusa com o que fez- Ela brincou com uma folhinha, soltou e me encarou – Talvez ela não tivesse certeza de como se sentia.
- E ela tem certeza agora?- também olhei pra ela.
- Talvez.
- Você acha que ela poderia me dizer?- Ela abaixou a cabeça de novo eu levei a mão até uma mecha do cabelo dela que caia e passei para trás de sua orelha – Seria bem mais fácil agir da maneira correta, se eu conseguir entender o que ela quer- ela me olhou e sorriu.
- Sabe, ela esta muito confusa com tudo. Ela gostava de outro garoto eles tinham um amigo em comum, mas quando ela levou um fora, quem fez falta foi o amigo. Ela tentou não sentir aquilo, e se afastou, acho que não ia adiantar – ela abaixou o olhar de novo – Era tarde.
- Tarde? – perguntei e senti a mão dela tocar de leve a minha.
- É, mas ela não sabia disso ainda. Então apareceu uma garota nova e bonita, que se aproximou dos dois garotos, e o ciúme veio somente do amigo. Ela foi tentando esconder aquilo por quase um mês inteiro – ela desenhava com os dedos nas costas da minha mão- Ela sentiu o que ele deve ter sentido. Como se fosse substituída por completo.
- Ele nunca a substituiria – agora sua mão brincava com os meus dedos, quase que os entrelaçando. Ela apoiou a testa no meio do meu peito.
- Ela não sabia disso. O medo de te perder falou mais alto e o beijo aconteceu, ela foi embora tentando entender tudo e como iria lidar com aquilo. Com vergonha – passei minha outra mão pelos ombros dela e a abracei.
- Ele esperou muito tempo por aquele beijo – disse meio tímido.
-Foi por causa dele que ela descobriu por quem ela realmente estava apaixonada – eu não soube o que falar na hora, apenas afrouxei o abraço e ela me olhou sorrindo.
- Ele nunca deixou de estar apaixonado por ela. É bom saber que ela sente o mesmo. – ela entrelaçou nossos dedos de vez e eu me inclinei para beija-la, dessa vez com todas as certezas do mundo.
O beijo foi calmo e intenso, e cheio de sorrisinhos, nenhum dos dois conseguia conte-los. Estava muito feliz. O Ambiente não podia ser mais perfeito e a luz do por do sol deixou tudo ainda mais lindo.
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