A queda de Nathaniel era inevitável e me permitiu encarar o meu salvador. Meus olhos pararam nos olhos cinzas e no cabelo vermelho intenso, não acreditava, é ele mesmo?
- Castiel? – ele nem sequer me olhou ou respondeu apenas pulou por cima do Nathaniel, o levantando com uma mão pela gola da camisa e fechando o punho da outra mão para o socar. Não tinha muito que fazer, mas não sei se bater nele adiantaria de algo – Não – gritei e me movi para frente segurando a mão de Castiel, para impedir o golpe.
- Ficou louca? Vai defender o idiota que estava te atacando? – ele disse cheio de raiva, mas me deixou puxá-lo, o que fez com que soltasse Nathaniel abruptamente, que voltou a se deitar no chão.
- Não estou o defendendo. Bater nele não o torna menos idiota e se quer saber te dá uma suspensão – eu disse olhando nos olhos dele – Você realmente pretende ganhar uma suspensão por socar o Nathaniel?
- Não seria má ideia – ele voltou a fechar o punho e ameaçar o representante de turma.
- Castiel!- eu suspirei - Só me tira daqui- ele me pegou pela mão e me puxou para fora do vestiário. Parecia que finalmente ele começou a entender que o que eu queria era sair dali e não perder meu tempo brigando com o Nathaniel.
Caminhamos até o clube de jardinagem juntos e nos sentamos em um dos bancos.
- Você está bem?- ele me olhou com cuidado, parecia realmente preocupado comigo – ele te machucou? – a raiva parecia ter sumido da voz dele, agora ela estava tomada de preocupação.
- Estou bem – disse – Um pouco confusa, mas bem – eu olhei pra ele que encarava o chão.
- Normal estar confusa – agora ele olhava para o outro lado – ninguém imagina atitudes insanas do “senhor certinho” – ele riu abafado – É mais fácil me imaginar fazendo esse tipo de coisa – ele realmente estava evitando contato visual.
- Não é bem com as atitudes do Nath que estou confusa – agora Castiel olhou pra mim e parecia confuso também - Ele tem dado vários indícios de que estava agindo por impulso e perdendo cada vez mais o controle.
- Pff – ele bufou e começou a murmurar sem parar – Perdendo o controle estou eu... se eu agir por impulso acerto a cara dele... – ele finalmente parou os murmúrios e me encarou um tanto vermelho, deve ter notado que eu ouvia tudo – hmmm - ele voltou a olhar o chão – Com o que está confusa?
- Eu esperava qualquer outra pessoa vindo me ajudar – fui sincera – Pra mim era mais fácil o Lysandre voltar e me salvar do que você aparecer.
- Esse é um jeito muito ruim de me agradecer – ele estava se levantando e agora havia frustação em cada movimento – Não se preocupe da próxima vez que for atacada eu ligo para o Lysandre vir correndo te salvar. Ser o herói combina mais com ele do que comigo.
- Não foi isso que quis dizer – eu disse me levantando também- Eu estou muito grata.
- Sei – ele bufou e começou a andar.
- Obrigada – ele acenou sem nem mesmo se virar para me olhar – Eu só não imaginava que você estaria lá.
- Eu já entendi essa parte – ele gruniu alto ainda se afastando. Então retirei minha sapatilha e num ataque de fúria joguei nele. Apesar de ter mirado na cabeça o sapato acertou ele nas costas e não foi forte, mas o fez parar
- Tenha a santa paciência, garoto!!! Você nunca se preocupou comigo, me ignorou esse tempo todo e queria que eu te visse como um herói? Não, eu não te vejo assim!!! Então me desculpa se fui sincera e magoei seus sentimentos de idiota.
Ele não falou nada, não se mexeu, esperou eu jogar tudo na cara dele e não fez nada, ficou imóvel como uma estatua. Então, quando expeli toda a raiva, percebi que tinha falado demais e pensei seriamente em largar a sapatilha no meio do pátio e voltar para a sala usando apenas um sapato mesmo. Mas, então ele se moveu, caminhou até a minha sapatilha caída e a pegou depois veio na minha direção. Eu queria correr, mas não consegui, simplesmente travei.
Ele se aproximou lentamente e me entregou a sapatilha e depois deu meia volta e deu três passos em direção á saída do jardim. Continuei encarando ele que parou de costas novamente e voltou a caminhar em minha direção e novamente hesitou e tentou voltar, mas então se resolveu e coçou a nuca fazendo um gesto esquisito e rápido que mais parecia um golpe mal feito.
- Eu me importo com você - ele disse me encarando – Eu te ignoro porque sei que o meu melhor amigo tá afim de você – ele suspirou – eu não quero e nem vou atrapalhar ele – ele apontou pra mim com a mão e gesticulou para todo o meu corpo – Você é só uma garota.
- É – disse ofendida – só uma garota. Eu gostei muito de você, mesmo antes de fazer amizade com o Lysandre, mas pra você eu nunca fui mais do que mais uma garota idiota no seu pé, não é?
- É sim – ele disse e veio em minha direção – Garota idiota – ele estava muito próximo – tão idiota que não percebeu o quanto eu me apaixonei por você nesses últimos meses – estávamos praticamente colados e eu tentei me afastar - idiota a ponto de não ver o quanto eu sofro ao te ver tão bem com o Lysandre, e o quanto eu tenho agradecido por vocês serem só amigos – ele me puxou pela cintura me colando nele novamente e se aproximou para um beijo fechando os olhos.
Afastei o rosto do dele me dobrando para trás, impedindo o beijo de acontecer. Estranho como queria que acontecesse e como meus pensamentos pareciam lutar contra a sanidade para ganhar o beijo dele. Eu tinha que ser forte e fui – Não somos apenas amigos – disse e ele abriu os olhos.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.