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História Segredos de um mundo paralelo. - Vida comum.


Escrita por: MillaFerraz

Capítulo 1 - Vida comum.


Capítulo 1. Vida comum.

      O dia amanheceu e eu fiquei sem saber onde estava por alguns minutos, até por fim me lembrar que se tratava de mais uma viagem com minha mãe, Leena Riche, uma das melhores arqueólogas do mundo, de acordo com a The New York Times. O fato da gente estar sempre viajando não era considerado por mim como ruim, era o que eu estava acostumada. Desde os meus 12 anos, quando decidi que não queria mais morar com meus avós, apesar de ama-los muito, queria conviver mais com a mamãe, como quando eu era pequena e meu pai morava com a gente. Éramos eu (Ana), meu irmão Zac, minha mãe e meu pai  Robb, juntos em uma casa de três quartos, com um lindo jardim cuidado pelo meu pai, e acompanhados por dois cachorros “vira-latas”, em Londres, onde meus avós paternos ainda moram.
       A vida costumava ser cheia de amor, todas as manhãs, mas o meu pai desapareceu quando eu tinha 7 anos. Eu, a mamãe e o Zac,  passamos por um período bem difícil antes de seguirmos em frente. O meu irmão ainda mora com meus avós paternos, ele é como meu pai, viver viajando não é pra ele. Eu não me consideraria igual a minha mãe em muitos aspectos, porém sou bem parecida com ela no geral, todos dizem que temos o mesmo jeito insistente, o mesmo cabelo e a mesma boca. A mamãe se dedicou muito ao trabalho nos últimos anos, no entanto, nunca deixou de estar presente pra mim e Zac.
      Passar a vida viajando não significa férias constantes, muito pelo contrário, significa que você vai ter que trabalhar dobrado pra se mantar nos “padrões aceitáveis” como diria minha mãe. Então, eu procurava manter o ritmo que ela propusera se eu quisesse seguir seus passos, e isso incluía acordar cedo, comer frutas e estudar, nessa mesma ordem a cinco anos. Apesar de admirar o trabalho da mamãe, ainda não havia me decidido sobre uma carreira profissional futura, mas talvez, quem sabe, escritora, sempre gostei de escrever e desenhar.
     Levantei e me deparei com o acampamento, um local rodeado por árvores e estradas de chão, com muitas barracas e trailers.
- Bom dia, mãe.
Minha mãe estava sentada  numa mesa improvisada em um acampamento temporário de arqueólogos, onde estávamos ficando por um tempo.
- Bom dia anjinho, tudo bem? Parece cansada, o que eu disse sobre ficar dormindo tarde? Você está com insônia outra vez?
Um belo jeito de começar o dia, do jeito Leena de demonstrar amor a sua criança de 17 anos.
- Não mãe, está tudo bem, só estive lendo algumas coisas... É... Algumas informações sobre o projeto atual da nossa viagem. – Eu disse, sabendo que ela desconfiaria, mesmo sendo essa a verdade, bom, em partes. Eu não estava mentindo, estava omitindo a parte em que eu pesquisava artigos e informações sobre o meu pai, era um projeto individual meu.
- Conheço esse olhar, essa respiração até o tom da sua voz quando não está sendo totalmente honesta, nesse ponto você é igual ao seu pai, preciso admitir e agradecer também, facilita meu trabalho como mãe. Mas, vamos tratar de negócios! Quer me acompanhar nas reuniões de hoje? Vão ser um pouco chatas pra você, eu acho, todas sobre a parte burocrática do projeto, mas como você vive me surpreendendo com suas decisões, achei melhor perguntar. – Ela disse levando em frente sua leitura enquanto tomava seu café.
- Ahh, acho que hoje não vou mãe, acabamos de chegar na Itália e nossa, eu amo esse lugar, amo quando a gente vem pra cá, vou aproveitar o dia pra matar a saudade e descansar. – Eu realmente faria isso, meu amor pela Itália era sem explicações, e ela sabia disso.
- Ah, sim, claro amor, fique a vontade para explorar, mas não se esqueça dos estudos. - Disse sorrindo de um jeito estou te avisando.
- Tudo bem mãe, prometo. – Disse dando um beijo na bochecha dela e me afastando dali com alguns morangos.
- Ah, talvez queira saber que o seu amigo, filho dos Pech, está aqui também. Larissa e James vão ser parte desse projeto. – Disse minha mãe de saída também.
    Eu não era a única a viver nessa vida, tinha um garoto que eu conheci dois anos depois de “morar” com a mamãe, ele viajava com os pais e por vezes nos encontrávamos, até então não sabia se ele estaria nessa viagem, a última vez que o tinha visto havia sido em um congresso na Austrália, seis meses antes, eu estava lá com a minha mãe e ele com os pais e a irmã dele. O nome dele era Jessye, Jessye Pech. Começamos uma amizade barra cumplicidade da qual eu não queria viver sem. Ele tinha cabelos castanhos escuros que se confundiam com os meus, formando cachos grandes e soltos, era levemente mais alto que eu, e seus olhos tinham um tom verde escuro, contrastando com os meus castanhos claros.
- Bom dia, luz do dia. – Chamou Jessye em um tom brincalhão do outro lado do acampamento, onde havia uma ponte, pequena, de madeira, um charme. Então ele estava lá também. Eu nunca havia estado ali antes, era incrivelmente bonito o lugar.
- Haha, bom dia raio de sol, o que faz acordado a essa hora? Nossa, que dia lindo, cada vez que venho a Itália me apaixono mais um pouco. – Eu disse olhando para o céu, a água, o verde, as belas construções e paisagens de Veneza, no nordeste da Itália. Não tinha vindo aqui mais de duas vezes, até então, e já havia cerca de três anos desde a última vez.
- Como eu sei que você ama esse lugar, levantei cedo pra ver se queria fazer alguma coisa interessante, que envolvesse se perder pela cidade e esquecer a hora, pra variar.- Disse Jess me empurrando, o mesmo garoto de sempre, me atualizando dos meus descuidos, mas sempre cuidando de mim.
- Poderíamos dar uma volta e conhecer lugares que a gente não esteve da última vez. – Eu disse tentando traçar uma direção, mas não obtendo muito sucesso. O olhar e o sorriso do Jess sempre me distraiam, não podia evitar.
    Ele então segurou minha mão e me puxou, tentando impulsionar uma corrida.
- Vamos logo antes que eu mude de ideia. – Como se isso pudesse acontecer.
    Enquanto estávamos passando pelos adultos indo trabalhar observei minha mãe, indo em direção ao centro de reuniões com o restante da equipe, ela me pareceu um pouco inquieta naquela manhã, poderia ser estresse com o trabalho, apesar dela nunca reclamar. Eu e Jess passamos por outros garotos e garotas, não muitos, cerca de sete ou dez que levavam quase a mesma vida que a gente. Uma delas era Suzy, ela era  irmã mais nova do Jessye. Eu sentia que ela apresentava um pouco de ciúmes dele, mas eu também sabia que ela aceitava nossa amizade.
- Você está um pouco distante hoje, como se estivesse planejando alguma coisa. – Observou Jessye.
    Droga. Eu não pretendia que ninguém notasse a diferença. Uma coisa era omitir esse segredo da minha mãe, mas com Jess não era bem assim, ele não aceitaria nada menos do que uma boa explicação.
- Eu? Não é nada, só estou pensando em onde deveríamos ir primeiro. O que acha? – Disse, esperando atrasar mais um pouco essa conversa inevitável e constrangedora sobre o meu pai.
- Tudo bem, se não quer me contar agora espero pra mais tarde. Então, você prefere um lugar turístico ou mais calmo? – Respondeu com um ar de quem não me deixaria escapar tão fácil.
   Não era nenhum segredo de estado o desaparecimento do meu pai, não era isso, mas sempre que eu tentava saber mais sobre esse assunto com meus avós ou com a mamãe eles não esclareciam nada, só fugiam e se esquivavam do assunto. A única coisa que eu sabia era que ele saíra em uma viagem de trabalho para algum lugar da Europa e não dera mais notícias. O papai era professor, ele dava aula de idiomas em vários lugares, mas quando conheceu a minha mãe ele quis parar um pouco de viajar, até essa viagem da qual ele não voltou.
- Eu estou com um pouco de fome, não comi muito no café da manhã. Quem sabe encontramos algum lugar calmo pra comer e conversar? – A comida na Itália era tão boa.
- Podemos ir em um café aqui perto, já fui lá com os meus pais, acho que você iria gostar. – Respondeu Jess calmamente.
- Vamos testar suas habilidades em “achar” que eu gosto de lugares que você “acha” que eu gosto. – Respondi provocando ele.



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