1. Spirit Fanfics >
  2. Segredos do Passado >
  3. Novo amigo, um convite inesperado

História Segredos do Passado - Novo amigo, um convite inesperado


Escrita por: winngs

Notas do Autor


Oláa, como vocês estão?
Eu estou muito bem, obrigada.
Sinto que as coisas vão começar a esquentar heheh.
Boa leitura ♥

Capítulo 15 - Novo amigo, um convite inesperado


Os dias foram horríveis! Mais do que horríveis, foram péssimos. Antigamente eu gostava de ir na escola, era uma forma de esquecer momentaneamente como a minha vida era horrível, mas agora, tudo piorava quando eu ia para a escola. Chanyeol me tratava como se eu fosse um lixo, como se eu não fosse ninguém, como se o que tivemos não tivesse valido nada para ele. Eu nunca iria imaginar que ele fosse assim.

Sei que existem casos de pessoas que não conseguem manter a amizade após um término de namoro, tem pessoas que até mesmo não conseguem se olhar de tanta raiva que sentem um do outro, pelo visto ele sentia raiva de mim.

Era horrível ver os dois andando de mãos dadas pelos corredores — se beijando também —, era como se fosse um pesadelo no qual eu não conseguia acordar. Perdi as contas de quantas vezes não consegui segurar o choro e comecei a chorar até mesmo dentro da sala de aula. Tudo bem, sei que eu precisava ser forte, mas veja bem, meu ex namorado está namorando minha irmã, a pessoa que eu mais odeio no mundo — depois do meu pai. — Eu deveria sentir raiva dele, da mesma forma que eu sinto dela, mas eu só consigo sentir dor, tristeza, se isso é ser fraco, sinto muito, mas eu sou fraco.

Acabei ouvindo muitas fofocas nesse tempo, eu sabia que muita gente estava do meu lado, eles não aceitavam o fato do Chanyeol namorar a minha irmã, todos sabiam que eu nunca me dei bem com ela, mas claro, sem saberem da verdadeira história.

 

 

♡⚣♡ 

 

 

Sexta-feira, 12:30.

 

Por sorte a aula já havia acabado, ultimamente era uma alegria quando o sinal tocava para irmos embora, parecia que eu estava tirando um peso das minhas costas. Joguei a mochila por cima do ombro e saí junto com o Kai, ele nunca saía de perto de mim. Fomos para o estacionamento e consegui escutar alguém vindo atrás da gente, mas não quis me virar para ver quem era. Kai desligou o alarme do carro, e antes que eu pudesse abrir a porta, escutei aquelas vozes familiares, senti meu estômago se embrulhar.

— Está preparado para hoje à noite amor?

— Claro, mal vejo a hora de conhecer os seus pais, meu amor.

Escutei um barulho de beijo, me virei e vi a pior cena do mundo, Kim e Chanyeol estavam se beijando. Apertei meus lábios para não gritar alguma coisa, parecia que eles faziam isso se propósito só para me provocar, para que eu ficasse mal, e eles conseguiam fazer isso muito bem.

Abri a porta e entrei rapidamente no carro, eu não merecia ver aquilo. Kai entrou logo em seguida e segurou a minha mão.

— Não dá bola para isso, Baek, eles só estão querendo te provocar, se mostre mais forte que eles, mostre que você é superior — o moreno me encarou.

— Não é fácil, Kai. Eu estou destruído por dentro, não sei mais o que fazer, toda a minha vida foi uma merda, quando eu pensava que as coisas iriam melhorar acontecia algo pior para estragar com tudo, é uma merda — desabafei, senti minha vista embaçar, chorar era a única coisa que eu conseguia fazer nos últimos dias.

— Ninguém disse que seria fácil Baek, nada é fácil nessa vida meu amigo.

Kai ligou o carro e arrancou ele, eu queria sair dali o mais rápido possível. O bom que amanhã era sábado, eu teria dois dias para ficar em casa e não ver a cara daqueles dois.

 

Paramos em uma sorveteria antes de irmos para casa, Kai disse para eu descer, que faria bem se eu saísse um pouco de casa para refrescar a cabeça, ele tinha razão. Ultimamente eu ia de casa para a escola e da escola para casa, sempre a mesma rotina cansativa e entediante.

Kai era a única pessoa que conseguia me colocar para cima.

O lugar era muito bonito, nunca tinha ido nessa sorveteria antes. As paredes eram brancas marfim e nelas tinham alguns quadros e adesivos de sorvetes. Tocava uma música pop dos anos noventa, o que deixava aquele local com um ar mais descolado.

Fui no balcão e pedi um sorvete de flocos, Kai pediu um de creme. Uma garota que aparentava ter a nossa idade nos atendeu rapidamente.

Nos sentamos em uma mesa que tinha do lado de fora da sorveteria. Tinham algumas árvores na calçada, o que ajudou com que não ficássemos no sol. O dia estava muito bonito, diferente dos dias anteriores no qual parecia estar acontecendo uma tempestade dentro de mim. A brisa do começo da tarde batia no meu rosto, impedindo assim qualquer gota de suor que tentasse se criar na minha testa.

Provei o meu sorvete — estava muito bom — e fiquei de olho no do Kai, parecia estar muito bom também. De tanto olhar, acho que ele percebeu.

— Quer um pouco, Baek? Daqui a pouco meu sorvete acaba caindo de tanto que você fica encarando ele — ele riu, esticando o sorvete dele na minha direção, peguei o sorvete sem pensar duas vezes, fiquei com um sorvete em cada mão e tomando um pouco de cada. — Pelo visto vou ter que pegar outro sorvete para mim, mas vê se dessa vez não fica de olho nele — disse com humor. 

O moreno se levantou e voltou com outro sorvete, dessa vez de pistache, sorte dele que eu não gostava muito desse sabor.

— Preciso afogar as mágoas, vou comprar toda essa sorveteria e me acabar de tanto tomar sorvete — falei, eu estava tomando sorvete como uma criança, eu devia estar todo sujo, comecei a suspeitar disso quando Kai começou a segurar o riso enquanto me olhava. — Deixa eu adivinhar, eu estou todo sujo de sorvete. Acertei?

Ele concordou com a cabeça. Peguei um guardanapo e me limpei.

— Continua sujo? — perguntei.

— Só um pouquinho aqui do lado. — Kai apontou para o canto da minha boca, peguei outro guardanapo e me limpei. — Pronto, agora está limpo.

— Acredite, sou pior que criança tomando sorvete — comentei —, me lambuzo mais do que elas.

Todos que passavam pela rua viam aquela cena, eu com dois sorvetes, um em cada mão, com o rosto todo sujo, quem diria que eu tenho dezoito anos? Acho que sou uma criança crescida.

— Esqueci de te falar uma coisa hoje mais cedo, acho que foi por causa daqueles encontros desagradáveis que tivemos mais cedo — ele comentou, torci o nariz após lembrar. — Meu primo vai passar uns dias na minha casa até encontrar uma casa para ele. Ele é de outra cidade e vai tentar vaga na nossa escola, os pais dele acham melhor ele ficar perto de alguém responsável como eu para ele voltar a estudar. — Apontou para si mesmo, não consegui evitar o riso. — O que foi?

— Você responsável? Ata — gargalhei, ele me fitou sério.

— Assim você me ofende, Baekhyun, eu sou responsável sim — ele fez beiço. — Mas como eu estava falando antes de você me ofender... ele chega hoje de tarde, perto das duas da tarde.

Peguei meu celular e vi a hora — estava perto do horário dito —, logo mais o primo do Kai chegaria.

— Ele é legal? Me conta mais sobre ele.

Kai fez uma pequena pausa e terminou de tomar o seu sorvete, fiz o mesmo e colocamos os papéis sujos no lixo que tinha do lado da mesa.

— Ele é legal sim. Ele é mais velho que nós, mas está no terceiro ano como a gente, isso porque ele reprovou duas vezes no terceiro ano — Kai revirou os olhos. — Esse é principal motivo da vinda dele para Seul, acho que ele tem mais chance de voltar à escola com o apoio de alguém, entende?

— Entendi, mas quais foram os motivos das reprovações dele? Não é muito comum a pessoa repetir mais de uma vez um ano.

— Antigamente ele só queria saber de festas, como eu — ele riu. — Ele deixava de estudar para dar festas em casa, ir em boates, essas coisas. Mas pelo que me contaram, ele está muito disposto a tentar voltar para a escola.

— Isso é ótimo! — respondi animado. — Todos temos a chance de nos arrependermos de algo que fizemos, já é um bom começo ele pelo menos reconhecer o erro e tentar mudar.

Kai começou a rir.

— Você fala tão bonito. Mas é isso mesmo, ele é uma boa pessoa, fico feliz que ele queira mudar. — Uma pequena pausa. — Quer sair para almoçar? Daqui a pouco meu primo me liga e se a gente tiver que fazer almoço em casa não vai dar tempo.

— Claro, por mim tudo bem. Vamos onde?

— Eu sei um restaurante aqui perto, vamos lá — ele se levantou, fiz o mesmo.

 

O restaurante não ficava tão longe de onde estávamos. Era um restaurante italiano, isso me trazia muitas lembranças de quando eu estava com o Chanyeol. Aquele maldito jantar, o nosso último jantar juntos... Bom, mas preciso esquecer isso, não tem sentido continuar pensando nessas coisas.

Nos servimos e almoçamos calmamente.

Estava ótimo!

Foi só o tempo de comermos para o celular do Kai tocar.

— Só um minuto Baek, é o meu primo.

Será que ele já havia chegado?

— Oi primo, você já chegou? — Ele fez uma pausa. — Entendi, eu não estou em casa agora, mas chego aí em um minuto. — Outra pausa. — Certo, já estou indo, tchau!

Kai desligou o celular e se levantou.

— Ele acabou de chegar lá no prédio, pelo visto ele chegou mais cedo do que eu imaginava.

— Não tem problema, eu já estava satisfeito mesmo. Vamos logo para o seu primo não ficar esperando — respondi me levantando e indo em direção ao caixa e pagando os nossos almoços, Kai apareceu logo atrás. — Hoje é por minha conta! Obrigado por ter me tirado um pouco de dentro de casa, era disso que eu precisava, já me sinto até um pouquinho melhor — dei um sorriso gentil, Kai retribuiu e deu uma bagunçada no meu cabelo. — Ei!

— Não gosto de te ver triste ou chorando. Você é o meu melhor amigo, Baek, não consigo te ver triste sem ficar triste junto — ele disse, me puxando para o lado de fora.

— Sinto muito por isso — respondi. — Não gosto de deixar os outros tristes.

— Você é meu amigo, é normal eu ficar triste se você estiver triste também — ele sorriu. — Agora vamos logo antes que o meu primo me mate por demorar.

Fui puxado para o carro e em questão de minutos chegamos no prédio, tinha outro carro preto muito bonito estacionado na frente. Descemos do carro e Kai foi em direção do carro preto, batendo no vidro. Um garoto mais baixo que ele desceu, ele aparentava ter a minha altura mais ou menos. Esse garoto usava uma jaqueta de couro escura, o que deixava ele muito charmoso.

Desci do carro e fui em direção dos dois que estavam se abraçando. Quando cheguei perto, o garoto que deveria ser o primo do Kai se virou para mim, ele era bonito, muito bonito, parecia ser um modelo ou algo do tipo, senti meu coração bater mais rápido quando ele deu um sorriso para mim, não sabia onde esconder o meu rosto.

— Baekhyun, esse é o meu primo Suho. Suho, esse é o meu amigo Baekhyun. — Kai nos apresentou.

Estiquei minha mão para ele, mas o garoto me puxou pela mão e me deu um abraço apertado, tão apertado que eu pude sentir nossas intimidades se roçarem, me afastei um pouco sem graça.

— Baekhyun, é um prazer te conhecer — Suho disse gentil, dando um sorriso de orelha a orelha.

— O prazer é meu — disse confiante.

O garoto lambeu os lábios e deu uma mordida no seu lábio inferior enquanto me fitava na maior cara de pau.

— Kai, eu não sabia que você tinha amigos tão bonitos — Suho disse para Kai. 

Senti meu rosto pegar fogo, o moreno viu o meu desconforto.

— O Baek é bonito sim, mas é muita areia para o seu caminhãozinho. Tira o olho Suho — Kai disse encarando o garoto mais baixo, que deu uma risada debochada.  — Vamos subir logo, antes que você lance mais uma dessas.

Suho deu um sorriso de canto. E que sorriso!

— Não posso mais fazer um elogio, primo? — Kai encarou o garoto novamente — Perdão Baekhyun, acho que o Kai não gosta que eu elogie seus amigos.

— Não tem problema — respondi, Kai me olhou e eu fiz uma cara de “está tudo bem”, acho que ele entendeu — Vamos subir?

Os garotos concordaram na mesma hora. Suho entrou no seu carro e eu entrei junto no carro do Kai, ambos estacionaram no estacionamento, Suho teve estacionar na vaga do apartamento 55, na qual cujo apartamento não estava com nenhum morador ainda.

Suho desceu com umas quatro malas daquelas gigantes, fora uma mochila que estava nas suas costas. Me aproximei dele e peguei duas malas, elas estavam pesadas, pelo menos para mim que sou muito magro. Kai apareceu atrás de mim e pegou as duas malas, ele deve ter visto que eu estava com dificuldade para andar com elas.

— Obrigado — falei sem jeito para o moreno. — Preciso dar um jeito de ficar mais forte, esses braços não dão conta de muita coisa.

Kai começou a rir.

— Não se preocupa com isso, Baek, pode deixar que eu levo. — Ele foi arrastando as malas para dentro da recepção, me deixando sozinho com o Suho. O garoto ficava me fitando de uma maneira que eu conseguia perder a linha.

— Quer ajuda para levar sua mochila? — perguntei, Suho deu um sorriso e pegou uma mala em cada mão e foi arrastando para perto de mim.

— Não precisa se incomodar com isso. Mas obrigado por perguntar, você é muito gentil, Baek — ele soltou uma mala para arrumar seu topete, seu cabelo estava impecável. — Espero que possamos nos dar bem.

— Tenho certeza que vamos nos dar bem sim — sorri, o garoto retribuiu o sorriso me fazendo suar frio. — Vamos subir? O Kai vai começar a pensar besteiras se demorarmos muito.

Ele concordou com um balanço de cabeça. 

Subimos para o nosso andar e Kai já estava lá com a porta do seu apartamento aberto nos esperando.

— Pensei que iriam demorar uma eternidade para subir — ele disse bufando, cruzando os braços logo em seguida.

Suho entrou e largou as malas no quarto onde ele iria dormir, suas outras malas já tinham sido deixadas lá. O garoto voltou para a sala e se sentou no sofá. Eu permaneci parado do lado da porta.

— Estava conversando com o Baekhyun, por isso demoramos — Suho falou, Kai lançou um olhar para mim.

— Sei — Kai respondeu. — Acho que eu vou dormir um pouco, depois a gente se fala, Baek — ele disse, indo para o quarto e me deixando sozinho com seu primo.

— Até depois — respondi, Suho se levantou e esticou os braços para se espreguiçar.

— Vou tentar dormir um pouco também, a viagem até aqui foi muito cansativa. Nos falamos depois, Baekhyun? Quero conhecer você melhor — Suho disse de uma forma sensual. 

O garoto não tirava os seus olhos dos meus, o que me deixava suando frio.

— C-claro. Vou para o meu apartamento e depois a gente se fala. Foi um prazer te conhecer.

— O prazer foi meu — ele sorriu.

Dei meia volta e fui para o meu apartamento, acho que seria uma boa descansar um pouco também.

Fui para o meu quarto e me atirei na cama, peguei meu celular para ver se tinha alguma mensagem, nada, como de costume. Não sei por que pego meu celular se sei que não vai ter nada para ver.

Atirei o celular em um canto qualquer e me revirei na cama, talvez fosse uma boa dormir um pouco, eu estava um pouco cansado, tudo nesses dias tem me deixado cansado.

A luz do sol que acabara de sair refletia em todo o meu quarto, seria impossível dormir com aquele sol batendo na minha cara. Me levantei e fechei as cortinas, bem melhor. Me atirei de novo na cama e me tampei, mesmo com sol eu estava com um pouco de frio. Tirei meu blusão, minhas calças e meus tênis e coloquei um pijama qualquer, isso ajudaria a ficar mais confortável para dormir. Me tampei com meu cobertor e me virei de bruços, fechei os olhos e tentei pegar no sono, mas quem disse que eu estava conseguindo? A cena da minha última transa com o Chanyeol não saía da minha cabeça, e isso estava me impedindo de dormir. Droga Chanyeol, por que você não sai dos meus pensamentos? Outra cena que não saía da minha mente foi quando eu descobri que o Chanyeol tinha começado a namorar a Kim, por céus, foi a pior cena da minha vida, eu juro que naquele momento eu me senti destruído por dentro.

Peguei meu celular novamente e fui nas mensagens, li todas as mensagens antigas com ele. Cada mensagem que eu lia, um sorriso dominava o meu rosto. Eu sentia tanta falta de receber uma mensagem dele, nem que fosse uma mensagem boba. Às vezes eu penso que eu me lamento demais por algo que fui eu que escolhi, mas confesso que eu me arrependo de ter deixado ele. Eu estaria mentindo para mim mesmo se falasse que a ideia de voltar com ele nunca tivesse passado na minha cabeça. Mas seria um pouco estranho chegar nele e simplesmente falar “Oi, eu me arrependi do que eu fiz, vamos voltar?”, não, não, não, não daria certo, e além do mais, ele está namorando a Kim agora.

Fiquei com esses pensamentos até sentir meus olhos pesarem, um pouco de sossego me faria bem, eu só precisava dormir um pouco para esquecer o que eu insistia em lembrar.

 

 

♡⚣♡ 

 

 

Fui acordado com a campainha tocando, que saco, nem dormir eu posso mais.

Procurei minhas pantufas e saí quase congelando até a porta para ver quem diabos estaria atrapalhando a minha tarde de sono. Passei minhas mãos nos braços no intuito de me esquentar um pouco, mas quem disse que adiantou?

O caminho até a porta pareceu maior do que era de costume, mas consegui chegar lá me arrastando. Abri a porta e me deparei com aquele garoto que eu acabara de conhecer.

— Suho? Você não ia descansar um pouco? — perguntei, o garoto deu um sorriso de canto.

— Eu ia, mas perdi a vontade, e como o meu primo está dormindo resolvi fazer uma visitinha. Posso entrar, Baek?

— Claro, entra. — Dei espaço para o garoto passar, ele entrou e ficou parado no meio da sala. — Quer beber alguma coisa? Comer?

Suho se virou para mim e ficou me analisando.

— Quero comer — ele disse de uma forma maliciosa, suei frio. — Você tem bolo de cenoura?

Deixei escapar um riso. Ele só queria um bolo de cenoura? E eu que estava com medo de ficar sozinho com ele, acho que isso era pelo fato dele ser um garoto e estarmos sozinhos no meu apartamento, isso me deixava um tanto quanto sem saber o que fazer.

— Não, mas eu posso fazer, bolo de cenoura é a minha especialidade — comentei, indo para a cozinha. — Senta Suho, fica à vontade.

O garoto se sentou na bancada que ficava na cozinha, pelo visto eu teria plateia.

Peguei os ingredientes e coloquei todos na bancada, conferi se todos estavam ali, e de fato estavam.

— Ótimo — comentei para mim mesmo. — Agora é só pegar o liquidificador.

Me virei para pegar procurar o liquidificador, eu não sabia onde ela estava. Abri todos os armários até encontrar aquele maldito liquidificador.

— Te encontrei! — falei para o objeto, escutei uma risada no fundo, me virei e Suho estava rindo por algum motivo. — O que foi?

— Você fica tão engraçado falando com os utensílios de cozinha. — Ele colocou a mão na boca para tentar parar de rir, mas um riso sempre escapava. — Desculpa, é que eu nunca conheci alguém que conversasse com um liquidificador.

Eu tinha costume de falar sozinho com os utensílios de cozinha que eu usava, para não me esquecer de alguma coisa depois.

— Ah, eu faço isso só quando estou cozinhando, tenho medo de esquecer de alguma coisa — expliquei. — Não pense que eu sou louco por causa disso — comecei a rir, Suho tirou a mão da boca e colocou os cotovelos em cima da bancada, apoiando seu rosto nas suas mãos, ele ainda estava rindo.

— Eu jamais pensaria isso de você Baek, talvez você só seja um pouco doidinho — ele riu. — Mas as pessoas doidinhas são as que mais me atraem, sabia? — sua voz saiu um pouco mais rouca do que o seu timbre normal, não sei porque, mas vozes roucas costumam me deixar muito excitado, e dessa vez não foi diferente.

Não perca a sanidade Baekhyun, não faça nenhuma besteira, por favor.

Eu tinha medo de me relacionar com outra pessoa e quebrar a cara como quebrei com o Chanyeol.

— Sério? — perguntei indiferente, ele concordou com a cabeça, resolvi ignorar.

Coloquei o liquidificador na tomada e liguei ele, colocando as cenouras dentro, uma por uma. Depois coloquei os ovos e o óleo. Bati mais um pouco e coloquei o açúcar, deixei batendo por uns 5 minutos.

Suho mantinha seus olhos vidrados em mim, isso me lembrava os enormes olhos do Chanyeol quando ele me encarava.

Chanyeol...

Quando deu os cinco minutos batendo os ingredientes, coloquei os ingredientes que faltavam, menos o fermento. Depois de tudo batido, desliguei o liquidificador e coloquei o fermento, peguei uma colher para mexer, pronto! Só faltava colocar em uma forma untada, e ir direto para o forno.

Peguei uma forma média no armário e passei manteiga nela para que o bolo não grudasse, despejei o bolo dentro da forma e liguei o forno em 180ºC, iria levar cerca de uns quarenta minutos para que ele ficasse pronto.

Quando me virei para limpar a bancada, Suho estava na minha frente, ele tinha se levantado por algum motivo. Nossos rostos estavam muito próximos, tão próximos que eu senti sua respiração quente no meu rosto. Fiquei parado olhando para aqueles olhos castanhos que estavam quase me engolindo, eram olhos tão penetrantes.

Dei um passo para trás, Suho deu um passo para frente, parecia que ele estava acompanhando os meus movimentos, mas teve uma hora que eu não conseguia mais dar nenhum passo para trás, infelizmente a cozinha não era muito grande. Bati na bancada que tinha do lado do fogão, Suho estava praticamente com seu corpo quase colado no meu.

— Precisa de ajuda para arrumar as coisas, Baek? — ele perguntou em um sussurro, minha consciência disse que era para eu empurrar ele e me livrar daquela situação, e foi isso que eu fiz. Empurrei o garoto de leve e me afastei dele.

— Não precisa, eu limpo tudo sozinho — respondi um pouco atordoado, peguei o liquidificador e coloquei na pia, começando a lavar tudo que eu havia sujado. Suho parou do meu lado e ficou apoiado na pia, de braços cruzados.

— Posso te perguntar uma coisa Baekhyun?

Suspirei.

— Claro, o que foi? — perguntei atordoado.

— Minha presença te incomoda de alguma forma? Sinto que você fica incomodado quando eu chego perto de você.

Desliguei a torneira e passei a encarar o garoto, ele continuava me fitando.

— Sua presença não me incomoda, o problema sou eu mesmo — suspirei. — Não pense que é algo com você, eu só não estou nos meus melhores dias ultimamente.

Fui em direção à ilha da cozinha e me sentei em um dos banquinhos, Suho fez o mesmo, ele parecia disposto a me ouvir.

— Aconteceu algo? — ele perguntou olhando diretamente nos meus olhos, seus olhos pareciam tão sinceros e gentis, diferentes daqueles olhos maliciosos que me encaravam agora a pouco.

Concordei com a cabeça.

— Quer me falar o que é? Estou aqui para te ouvir — o garoto falou baixinho.

Claro que eu não iria falar tudo para ele, eu mal o conhecia.

— Resumidamente, eu namorava uma pessoa e agora não estamos mais juntos porque eu terminei com ele, e digamos que eu me arrependo muito disso, mas agora não posso mais voltar atrás. — Fiz uma pequena pausa, Suho mantinha seus olhos vidrados nos meus. — Isso envolve muita gente, e ele já está namorando outra pessoa.

O garoto me olhou por alguns segundos antes de responder.

— Viver com arrependimentos não é saudável Baekhyun, você precisa fazer algo, ou tentar esquecer isso de vez, ficar remoendo isso não vai te fazer bem, só vai fazer você afundar mais — Suho respondeu, estava sendo uma conversa muito agradável para falar a verdade, ele sabia o que falar.

— Você tem razão — falei olhando para as minhas mãos que estavam em cima da bancada da ilha. — Dentre as opções que você me disse, acho que tentar esquecer é a melhor opção.

— Por que diz isso? É um caso tão perdido assim que não tem como voltar atrás? — ele perguntou.

— É mais complicado do que você imagina. — Eu parecia um robô falando, as respostas saiam no automático.

O garoto ficou me analisando, eu era um poço de dúvidas e confusão, não sei como as pessoas tinham paciência comigo. Suho segurou minha mão que estava em cima da bancada, sua mão era muito macia.

— Nada é impossível Baekhyun, para tudo existe uma resposta, uma solução — o garoto deu um sorriso sincero para mim, seu sorriso era muito bonito, seus olhos quase se fechavam quando ele sorria. — Nada é impossível se você acreditar que vai dar certo, mas se você ficar sentado como está agora, triste, assim que as coisas não vão dar certo. Você precisa levantar dessa cadeira e fazer algo, por vocês dois. Se você não fizer, ninguém vai fazer por você Baekhyun. Entende o que eu estou dizendo?

Ele falando isso para mim foi como levar um tapa na cara, senti a ardência no meu rosto, como se eu tivesse levado de fato um tapa.

— Entendo, e concordo com você, prometo pensar nisso — respondi dando um sorriso sincero para ele. — Obrigado Suho, de verdade. O que eu preciso mesmo é tentar esquecer ele, pois agora ele está namorando a minha irmã — revirei os olhos, Suho arregalou os seus.

— Sério? Vocês terminaram e ele começou a namorar a sua irmã? Desculpa, mas isso é muito vacilo da parte dele, ainda mais se ele sabe que você ainda sente algo por ele.

— Eu sei,  juro que não entendi quando vi os dois juntos, mas essa é a realidade, bola pra frente — respondi.

"Bola pra frente".

— Tem certeza que você quer esquecer ele? — Suho perguntou me encarando. Eu não sabia bem o que responder, fiquei uns segundos em silêncio pensando no que responder. Tudo o que eu vivi com o Chanyeol veio na minha cabeça, ele esteve comigo em uma fase muito ruim da minha vida, ele só não esteve comigo desde o começo porque não nos conhecíamos, mas se tivéssemos nos conhecido antes, tenho certeza que ele iria ficar do meu lado.

Essa era a imagem que eu tinha dele.

— Eu preciso esquecer ele. — Minha vista começou a embaçar. — Não adianta eu ficar chorando pelos cantos me lamentando, nada que eu fizer vai mudar os fatos, o que aconteceu. O que me resta é tentar esquecer ele, essa é a única coisa que eu posso fazer.

O garoto mantinha seus olhos fixados nos meus, parecia que ele estava querendo me hipnotizar. Ele apertou mais a minha mão quando viu que eu estava começando a chorar.

— Entendi... mas olha só, não chora por ele, ele não merece você. Eu não te conheço direito Baekhyun, mas pelo pouco que conversamos pude ver que você é uma pessoa incrível e de bom coração, você pensa mais nos outros do que em si mesmo, seu coração é de ouro. Não chora por causa dele, no final foi ele que acabou perdendo uma pessoa incrível, aposto que muitos gostariam de ter a chance de te fazer sorrir. — Ele passou a mão no meu rosto para limpar as lágrimas. — Então coloca um sorriso nesse rostinho, seu sorriso é lindo, aposto que muitos gostam do seu sorriso — ele sorriu, dei um sorriso fraco. — Viu? Seu sorriso é lindo, Baekhyun.

— O-obrigado — respondi com a cabeça baixa, percebi que ainda estávamos de mãos dadas, mas eu não me importei com isso. — Obrigado por me ouvir, eu precisava desabafar com alguém. Ultimamente eu me sinto meio inútil, pois a única coisa que eu sei fazer é chorar e ficar me lamentando, não sei como o Kai me aguenta.

— Vocês são amigos, é normal ele se importar com você. Aposto que ele não se importaria de ficar horas te ouvindo desabafar, é para isso que os amigos servem, além de outras coisas — ele riu, deixei escapar um riso. — Ah, não se esqueça de desligar o forno, o bolo está quase pronto.

Me levantei do banco e fui checar o bolo, acho que em 5 minutos ele estaria pronto, aquele forno assava muito rápido. Resolvi fazer a cobertura para colocar no bolo logo que ele saísse do forno. Peguei leite condensado, o achocolatado e o creme de leite, coloquei tudo dentro de uma panela e comecei a mexer em fogo baixo.

— Mas me fala mais de você Suho, quantos anos você tem? Acho que não te perguntei isso ainda.

— Não perguntou. Eu tenho vinte, e você?

Eu tinha me esquecido que ele reprovou duas vezes no terceiro ano.

— Eu tenho dezoito, fiz aniversário dia 6 de maio.

— Você também faz aniversário em maio, então. Eu faço dia 22 — Suho respondeu.

— Fazemos aniversário perto, que coincidência — respondi, continuei mexendo a cobertura até dar a liga e uma consistência boa.

Minutos depois o bolo já estava pronto, então tirei ele do forno e coloquei em cima do fogão mesmo, peguei a calda e coloquei por cima do bolo. O cheiro estava muito bom.

— Esse cheiro só está fazendo eu ficar com mais vontade comer, mas se eu comer agora, o que eu vou ganhar vai ser uma baita dor de barriga — Suho disse com humor.

— Realmente, é melhor você esperar esfriar um pouco, você pode queimar sua boca também — comentei.

— Sim, vamos esperar então — Suho disse impaciente.

 

Ficamos conversando por um bom tempo, até o bolo esfriar para podermos comer. Nesse tempo de conversa, acabei conhecendo mais o Suho, descobri que ele quer fazer faculdade de moda, uma área bem distante da minha. Ele me disse das experiências que ele teve nas festas que foi, das besteiras que já fez quando estava bêbado, e das brigas que já se meteu.

Eu nunca fui de julgar ninguém, odeio que me julguem, então não faço isso com as outras pessoas.

Suho parecia ser uma pessoa muito legal, eu gostei de ter passado a tarde conversando com ele. Sabe quando você se sente à vontade logo que conhece uma pessoa? Pois então, foi exatamente isso que aconteceu, parecia que nós nos conhecíamos fazia muito tempo. Acho que ganhei um novo amigo.

 Ah, e o bolo estava ótimo, como eu imaginei.

 

 

♡⚣♡ 

 

 

Segunda-feira, 07:10.

 

Sexta minha noite foi tão divertida ao lado do Suho, ele é uma pessoa incrível e sabe ter um bom assunto. No começo me senti um pouco nervoso de ficar perto dele, mas com o desenrolar das nossas conversas pude ver como ele era uma boa pessoa. Desde a primeira vez que eu o vi, senti aquela coisa estranha — ou não tão estranha assim. — Senti meu coração bater mais rápido, posso dizer que era até parecido na maneira que meu coração batia pelo Chanyeol quando eu o via. Ou não, posso ter sentido apenas uma atração pelo Suho, afinal, ele é muito bonito, qualquer um se sentiria assim em relação a ele.

 

Hoje seria o dia que o Suho iria conosco para conhecer a escola e tentar sua vaga lá. Para ser sincero, à essa altura do campeonato seria difícil ele conseguir vaga, mas qualquer coisa eu poderia falar com a diretora e insistir, caso fosse necessário.

Eu já estava pronto, só estava esperando os garotos tomarem café da manhã para irmos à escola.

— Vocês demoram demais, vamos logo com isso. — Apressei eles, se eu não fizesse isso, chegaríamos muito tarde e não daria tempo de mostrar toda a escola para o Suho.

Suho encheu a boca de torradas e se levantou, ele parecia um esquilo com a boca cheia de comida. Kai deu o último gole no seu suco de laranja e se levantou para pegar sua mochila.

— Tudo pronto? Podemos ir? — perguntei, às vezes parecia que eu era o mais velho do grupo.

— Podemos sim, capitão Baekhyun — Suho respondeu com humor.

Suho pegou as chaves que ele tinha deixado no porta-chaves que ficava perto da porta principal, hoje seria ele quem iria dirigir.

Fomos ao estacionamento e eu fui indicando o caminho da escola para ele. 

 

Em questão de minutos estávamos lá, por sorte não haviam muitas pessoas ainda. Fomos em direção à sala da diretora, nesse horário ela já devia estar lá.

— Muito bem, vou falar com a diretora primeiro sobre a sua vaga, dependendo do que ela falar, já te levo para conhecer a escola — Suho concordou. Bati duas vezes na sala da diretora, ela me atendeu segundos depois. — Bom dia diretora, posso falar com a senhora?

— Bom dia, Baekhyun. Claro, pode entrar. — Ela deu espaço para que eu entrasse, chamei o Suho para entrar também. A diretora ficou olhando para ele sem entender.

— Então diretora, esse é o meu amigo Suho. Ele se mudou recentemente para a nossa cidade e está querendo se matricular nessa escola, gostaria de saber se há alguma possibilidade dele estudar conosco, e na nossa turma — falei calmamente, eu sabia como lidar com a diretora, eu era a melhor pessoa do mundo para conseguir uma vaga para o Suho.

A diretora ficou me analisando e analisando o Suho, que se mantinha calado até agora.

— Baekhyun, você sabe como é difícil conseguir uma vaga na nossa escola, ainda mais que não é começo do ano letivo... — Ela fez uma pequena pausa e voltou a olhar para o Suho, que deu um sorriso gentil para ela. — Mas eu posso dar um jeito, só peço que me deixe sozinha com o seu amigo, vou fazer toda a papelada para que ele entre amanhã mesmo na nossa escola.

Dei um sorriso de vitória por dentro.

— Obrigado senhora diretora, é muito importante para mim que eu termine os meus estudos. Estando perto do Baekhyun e do meu primo, me sinto mais confiante para conseguir terminar o ensino médio — Suho disse com um sorriso de orelha a orelha, sorri junto com ele, seu sorriso era contagiante o bastante para fazer as pessoas ao seu redor sorrirem junto, inclusive a diretora.

— Imagina, é um prazer ver alunos que ainda gostam de estudar, a maioria dos alunos hoje em dia só vem para a escola para fazer bagunça, alguns nem ligam para os estudos — ela revirou os olhos. — Mas bom, você pode ir, Baekhyun, preciso resolver alguns assuntos com o seu amigo. Não vai demorar, depois você pode levar o seu amigo Suho para conhecer a escola. Eu libero você e o primo do Suho para entrarem só no segundo período, e não se preocupem, eu falo com o professor para que ele não dê falta para vocês dois, é um caso especial — ela sorriu.

— Obrigado diretora, não sei como te agradecer — dei um sorriso largo. — Suho, vou estar aqui do lado de fora, quando terminar vou te levar para conhecer a escola — falei para o garoto que continuava sentado, ele assentiu com a cabeça, tudo parecia dar certo. — Até mais tarde, diretora.

— Até mais tarde, Baekhyun — a mulher respondeu.

Me retirei, deixando os dois sozinhos na sala. Kai continuava do lado de fora, escorado na parede. Ele parecia estar distraído em pensamentos distantes, tive que aparecer na frente dele para que ele notasse a minha presença.

— E então, deu tudo certo lá dentro?

— Vai dar, tive que dar o meu jeitinho com a diretora, mas vai dar tudo certo sim — respondi. — A diretora liberou nós dois para que mostrássemos a escola para o Suho. E não se preocupa, nós não vamos levar falta no primeiro período, mas temos que entrar no segundo período.

— Tudo bem, acho que em um período vai dar tempo de mostrar toda a escola para ele.

Concordei com a cabeça.

 

Ficamos batendo papo até escutarmos o barulho da porta se abrindo. Me virei e vi o Suho com um sorriso enorme.

— Podem dar as boas-vindas ao novo estudante dessa escola — ele disse animado.

— Parabéns primo — Kai disse animado, eles se abraçaram. — Só de pensar que vou ter que te aguentar na mesma escola, já me da dor de cabeça.

— E olha que eu nem terminei de falar. Vou estudar na mesma turma que vocês dois — Suho disse animado, Kai arregalou os olhos, não consegui segurar o riso.

— Não acredito, dor de cabeça em dobro — o moreno disse, revirando os olhos.

— Fico feliz por você Suho, vai ser ótimo ter você na mesma turma que a nossa — sorri, o garoto soltou o primo e passou a me encarar.

— Obrigado Baekhyun, foi tudo graças a você. Se não fosse você, eu não teria conseguido essa vaga. Muito obrigado mesmo — Suho veio na minha direção e me deu um abraço apertado, envolvi meus braços em volta do seu pescoço e o abracei de volta, na mesma intensidade. Reparei que eu estava de olhos fechados, quando abri meus olhos vi aquela silhueta familiar de longe, senti uma pontada no peito, mas resolvi tirar proveito disso. Apertei mais o Suho contra o meu corpo e comecei a passar a mão em seus cabelos, que eram muito macios e bem cuidados. Chanyeol me lançou um olhar de reprovação, dei meu sorriso de vitória para ele, eu não sabia se isso era o certo de se fazer, fiz no calor do momento, mas na hora foi o que eu achei certo.

Me afastei do garoto e vi o Kai olhando para a mesma pessoa que eu estava encarando. Quando ele viu que eu tinha visto o garoto, ele me olhou preocupado, mas estava tudo bem, a única coisa que eu estranhei era que ele não estava com a Kim, mas sim com os seus amigos, que no caso eram meus amigos também.

Vi o Luhan puxando o Chanyeol pela mão, eles estavam vindo na nossa direção, como eu deveria agir? Meu coração estava batendo muito forte conforme ele ia se aproximando.

O que eu faço?

— Baekhyun, Baekhyun — Luhan disse animado vindo na minha direção, o garoto me deu um abraço que por um momento eu senti que poderia perder todo o meu ar.

— Luhan, eu... preciso... respirar... — falei pausadamente, o garoto me soltou e ficou me analisando, Sehun, Chen, Yixing e o próprio Chanyeol estavam ali, eu não sabia o que falar, era uma situação um tanto quanto constrangedora. — Oi pessoal — falei cabisbaixo.

Todos me cumprimentaram e cumprimentaram o Kai, mas eles ficaram olhando para o Suho, sem saber quem ele era.

— Quanto tempo, Baek — Sehun disse, ele veio na minha direção e me deu um abraço, os outros garotos fizeram isso, menos Chanyeol, que se manteve distante. — Faz tempo que a gente não conversa, como você está?

— Eu estou bem, e vocês?

— Estamos bem — eles responderam em coro, Chanyeol se manteve calado.

Percebi que Suho estava um pouco sem jeito por não conhecer ninguém ainda.

— Esqueci de apresentar, esse aqui é o meu amigo Suho, ele é primo do Kai e vai estudar na mesma sala que a gente a partir de amanhã. — Puxei Suho pelo braço, ele estava um pouco sem jeito.

— Oi pessoal — ele deu um sorriso gentil e apertou a mão de todos, menos a do Chanyeol, que se recusou em dar a mão para ele, achei aquilo muito infantil.

Eu não tinha nada a ver com as infantilidades do Chanyeol, mas ele podia ser um pouco mais educado as vezes.

— Não está com a sua namorada hoje, Chanyeol? Que estranho, vocês vivem colados, até parece que você é o cachorrinho dela, ops, não posso falar dela, afinal, ela é a minha querida irmãzinha — debochei, cruzei meus braços e comecei a encarar ele.

Os garotos arregalaram os olhos, menos o Luhan, que começou a rir.

— Ainda bem que ela não veio hoje, não aguentava mais aquela chata — Luhan disse rindo, Chanyeol passou a encarar ele. — Nem vem com essa cara, Chanyeol. As vezes eu penso que você é maluco por namorar aquela garota, acho que não só eu, como a escola inteira.

— Vai se ferrar, Luhan! Cuida da sua vida que você ganha mais, eu sei cuidar da minha — Chanyeol disse com raiva.

Ele saiu batendo os pés para algum lugar que eu não sabia onde era.

Os garotos começaram a rir, Luhan ria euforicamente.

— Então esse é o seu ex namorado, Baek? — Suho perguntou próximo ao meu ouvido, apenas assenti com a cabeça. — Que babaca, ele nem me cumprimentou.

— Não liga para isso, ele mudou muito depois que começou a namorar a Kim — Chen falou. — Nem parece o nosso amigo de antes.

— Ele virou uma pessoa totalmente diferente da que nós conhecíamos — Yixing disse.

— Tem dias que nem dá para suportar ele, de tão chato e mal-humorado que ele está — Sehun assumiu.

— Quero o meu amigo de volta — Luhan disse triste —, sinto falta de vocês dois juntos. Vocês eram tão lindos juntos.

Sehun deu uma cotovelada no ombro do menor, que gemeu de cor.

Meu peito começou a doer, senti aquela pontada que eu havia sentido mais cedo.

— Ele fez a escolha dele, e se ele escolheu a minha irmã, eu não posso fazer nada. — Tentei falar indiferente, para não mostrar como aquilo estava me quebrando por dentro. — Mas enfim, precisamos levar o Suho para conhecer a escola, foi muito bom falar com vocês de novo. Até mais tarde — me despedi dos garotos.

— Precisamos marcar algo Baek, sentimos a sua falta — Luhan disse, ele estava com os olhos marejados.

Eu também sinto falta de vocês.

— Claro, peçam para o Chanyeol o meu número, isso se ele tiver ainda, podemos criar um grupo para combinarmos algo. — Tentei dar o meu melhor sorriso, Luhan assentiu com a cabeça. — Bom, eu preciso ir. Nos vemos mais tarde, tudo bem?

Todos concordaram com a cabeça.

— Até mais Baekhyun — eles disseram em coro.

Puxei Kai e Suho pelos corredores, eu estava suando frio.

— Que encontro desagradável, hein? — Kai disse tentando quebrar o silêncio existente entre nós.

— Nem me fala — bufei.

— Mal conheci aquele tal Chanyeol e já não gostei dele — Suho disse, lancei um olhar para ele.

— Ele não era assim quando eu o conheci, ele mudou muito — falei um pouco distante. — Mas bom, vamos logo que eu preciso te mostrar toda a escola.

 

Fui arrastando o Suho e o Kai pelos corredores, eu precisava mostrar cada canto daquela escola, ela era grande, enorme, mas acho que um período era mais que o suficiente para ele conhecer tudo.

Mostrei praticamente tudo, as salas dos clubes, a biblioteca, a minha sala, o refeitório, os corredores, o pátio, o ginásio que fazíamos educação física, o vestiário, o porão da escola — que muitos não sabiam que tinha —, a sala dos professores, as outras salas de aula, mostrei inclusive a nossa sala, mostrei a sala de informática, e por aí foi indo.

Depois da visita, fui com o Suho até o estacionamento, Kai disse que ia esperar próximo à nossa sala, eu não sabia o motivo de ele insistir em me deixar sozinho com o Suho, sua presença me deixava nervoso.

— Então é isso. — Coloquei minhas mãos no bolso da calça. — Espero que tenha gostado da escola, e claro, que goste de estudar aqui.

— Tenho certeza que vou gostar muito de estudar aqui, ainda mais por saber que vou estar na mesma sala que você. — Ele fez uma pequena pausa e começou a me fitar. — E com o Kai, claro.

Por que eu estou suando frio? Por que minhas mãos estão suadas?

— É, vai ser legal mesmo — falei um pouco desanimado.

— O que aconteceu, Baek? Foi por causa do Chanyeol? — O garoto se aproximou de mim e segurou a minha mão, uma onda de calor tomou conta do meu corpo, engoli seco.

— Foi estranho ver ele hoje, não sei explicar direito. Meu coração ainda bate forte por ele, e eu me odeio por isso, odeio não conseguir controlar os meus sentimentos, me odeio por continuar gostando de uma pessoa que não gosta mais de mim — respondi, por sorte evitei o choro, acho que eu já havia secado de tanto chorar.

Suho veio na minha direção e me deu um abraço apertado, seu abraço fazia eu me sentir em paz, meu coração tinha começado a bater rápido novamente, como ele bateu quando eu vi o Chanyeol hoje mais cedo.

— Não fica assim, isso tudo é momentâneo, quando você menos esperar você vai conseguir esquecer ele, confia em mim — ele sussurrou no meu ouvido, o apertei para mais perto de mim, se é que isso era possível.

— Eu espero, não aguento mais sofrer por alguém que não se importa mais comigo.

— Eu estou aqui, Baek, para tudo que você precisar. Você pode sempre se abrir comigo quando quiser. Você pode me mandar mensagem de madrugada que eu não vou me importar, eu vou correndo para o seu apartamento, só para te ver feliz. De algum modo, sinto que me apeguei rápido demais em você... — ele sussurrou baixinho, mas eu consegui ouvir. — Quer dizer,  eu preciso ir. — Nos afastamos, eu fiquei olhando para o garoto que parecia estar sem jeito. — Boa aula, Baek, até depois.

"Sinto que me apeguei rápido demais em você..." essa frase ficou na minha cabeça.

— Até... — O garoto se afastou e foi em direção ao seu carro.

Dei meia volta e fui para a minha sala, Kai estava me esperando do lado de fora.

— Você demorou Baek, está tudo bem? — Kai perguntou.

— Está sim, só estava conversando um pouco com o Suho — respondi, minha cabeça continuava distante.

O moreno ficou me encarando, não conversamos mais nada até o sinal finalmente bater e podermos entrar.

Atraímos alguns olhares quando entramos, especialmente o do Chanyeol, fiz de conta que não era comigo e me sentei no meu lugar, como se nada tivesse acontecido.

 

 

♡⚣♡ 

 

 

14:00.

 

SUHO

 

— Eu juro que a próxima vez que você repetir isso, eu não vou pensar duas vezes em te bater, primo — falei para o moreno que continuava rindo de mim. — Kai, é sério!

— Tudo bem, não vou mais repetir que você está gostando do meu melhor amigo — ele deu a língua, atirei uma almofada com força na cara dele.

— Sério, você precisa prometer que não vai contar isso para ele, até porque não vai adiantar muito ele ficar sabendo disso agora, ele não consegue esquecer aquele tal Chanyeol. — Olhei para o teto e fiquei viajando nos meus pensamentos.

— Prometo não contar nada para ele, mas acho que você não deveria esconder isso dele — Kai respondeu, ele se sentou do meu lado e se virou para mim.

Me arrumei no sofá e passei a olhar para ele.

— Certo, mas como eu falo para ele? Eu tento lançar umas indiretas, mas ele é um pouco lerdo — soltei um sorriso. — Não sei como chegar nele e falar o que sinto por ele, ainda mais que eu nunca encontrei um momento apropriado para falar com ele. Sempre que a gente conversa, é sobre o Chanyeol, raramente muda o assunto.

— Suho, o Baek não é lerdo, ele deve ter entendido as suas indiretas, lerdo é a última coisa que ele é — o garoto riu. — Ele deve fingir, se fazer de desentendido. Você sabe o quanto ele gosta do Chanyeol ainda, ele não quer se magoar com outra pessoa, por isso que ele não te dá bola.

Fiz beiço, eu precisava encontrar alguma forma de falar dos meus sentimentos pelo Baek. É engraçado, mas eu me apeguei muito rápido nele, rápido até demais. Isso nunca aconteceu antes, eu nunca fui de me apegar em ninguém, mas desde que eu vi aquele garoto magro e tímido, meu coração tem batido diferente quando ele chega perto de mim. Eu fico tão feliz quando estou perto dele, me sinto diferente, importante. Queria conseguir encontrar as palavras certas para falar com ele, mas eu tenho medo, medo dele me rejeitar, ainda mais agora que ele está com o coração partido. Eu juro, eu gostaria tanto de uma chance para curar o coraçãozinho dele.

Acho que é muito cedo para falar que estou apaixonado por ele, mas enfim, eu estaria mentindo se falasse que não sinto nada por ele, eu só preciso descobrir o que é. O que eu sei, é que eu gosto dele, muito. Ele acabou se tornando muito importante para mim, mesmo que foi em pouco tempo. Sinto que tem pessoas que você acaba de conhecer e parece que se conhecem a muito tempo. Acho que nós nos conhecíamos em outra vida, isso explica o quão apegado eu estou nele.

— Entendi — fiz beiço. — Você me ajuda com isso primo? Não sei o que fazer, não quero assustar o garoto também. Ele mal saiu de uma relação, sei como deve ser difícil para ele.

— O que eu ganho se eu ajudar você? — Kai fez uma cara séria, mas eu sabia que ele estava rindo por dentro.

— Minha felicidade não é o suficiente? — gargalhei.

Kai ficou com os olhos semicerrados e me encarou.

— Não quero que você magoe o Baek, ele já sofreu muito na vida, você não sabe da metade das coisas que ele passou. Se você magoar ele, não vou pensar duas vezes antes de quebrar a sua cara, não vou me importar se você é meu primo ou qualquer outra pessoa.

Arregalei os olhos, ele nunca tinha falado comigo desse jeito.

— Calma primo, eu não vou magoar o Baek, minhas intenções com ele são as melhores do mundo, fica tranquilo. — Dei um tapinha no seu ombro. — Quando se trata do Baekhyun você muda...

— Só quero proteger o meu amigo — ele me interrompeu.

Suspirei, resolvi deixar esse assunto para lá — por enquanto. — Só espero que o Kai me ajude.

 

 

BAEKHYUN

 

Era 14:30 e eu estava atirado na cama sem ter o que fazer. Não falei com o os garotos depois que voltamos da escola, mas consegui escutar alguns barulhos estranhos vindo do apartamento deles, acho que eles estavam se divertindo, só me pergunto do porquê de eles não terem me convidado, enfim.

 

Escutei meu celular vibrar em cima do criado mudo, peguei ele rapidamente e quase o derrubei quando vi o nome de quem estava me ligando, seria alguma brincadeira de mal gosto?

Atendi mas fiquei em silêncio.

— Oi Baekhyun, sei que você deve estar estranhando a minha ligação, mas é um assunto urgente.

— O que você quer Chanyeol? — perguntei impaciente.

— Bom, a Kim teve alguns problemas e vai ter que ficar uns dias no hospital, e com isso, ela não vai poder cantar na banda...

— E o que eu tenho a ver com isso? Se ela é atrapalhada, o problema é dela — respondi.

— Como eu estava falando... Precisamos de alguém para ficar no lugar dela enquanto ela estiver no hospital, e eu só consegui pensar em você. — Uma pausa. Meu coração estava começando a bater forte novamente, maldito coração. — Então, eu te liguei para saber se você pode cantar no lugar dela, vai ser por pouco tempo, só até sexta-feira. Você pode quebrar esse galho para mim?

Continuei em silêncio, isso estava mesmo acontecendo?

— Você me trata mal na escola e depois me liga para saber se eu quero substituir a Kim na banda momentaneamente? Para isso eu sirvo, não é?

Escutei um suspiro do outro lado da linha.

— Não misture as coisas, Baekhyun. Bom, eu vou entender se você não aparecer amanhã no estúdio, mas está feito o convite. Pensa com carinho, pensa que vai ser legal, sua voz é muito bonita, e eu vou ficar muito feliz em te ver lá.

Eu ouvi isso mesmo? Ele iria ficar feliz de me ver lá? Esse garoto só pode ser louco, me trata mal na escola, como se eu fosse um lixo, e depois vem com esse papinho.

— Vou pensar, mas se eu não aparecer amanhã no ensaio, você vai entender o motivo.

— Tudo bem, desculpa por eu ter te incomodado com isso. Espero te ver amanhã lá.

— Era só isso? — perguntei.

— Sim, era só isso. Até amanhã Baekhyun.

— Tchau Chanyeol.

Desliguei o telefone e atirei ele longe, que droga, maldito Chanyeol, porque ele não me deixa em paz?

Ele parecia diferente pelo telefone, não estava grosso como era de costume na escola ou quando estava com a Kim. Ele só podia ser maluco. Parecia outra pessoa.

Mas agora eu tinha algo para se pensar, se eu iria amanhã naquele ensaio e ajudava a banda do Chanyeol, ou, nem dava as caras e deixava eles na mão. Tempo eu tinha para pensar, e era isso que eu precisava, não quero tomar a decisão errada, como eu sempre tomei na minha vida.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...