Acordei com o despertador do meu celular tocando. Eu nem lembrava que hoje tinha aula. Que saco. Eu preciso ir, mas estou com tanto sono.
Desliguei o despertador e afundei meu rosto no travesseiro, implorando para ter mais cinco minutos de sono.
Bufei, não tinha jeito, eu precisava me levantar, e foi isso que eu fiz. Me levantei e fui direto para o banheiro tomar um banho e tirar aquela maquiagem de ontem de noite. Sim, eu dormi de maquiagem porque estava tão cansado que deitei na cama e acabei dormindo minutos depois, mesmo que eu tivesse chegado em casa sem sono, eu estava cansado.
Liguei o chuveiro e deixei a água escorrer pelo meu corpo. Comecei a rir quando vi aquela água suja de maquiagem escorrer pela minha barriga. Conforme a água ia caindo, fiquei pensando em como eu deveria começar a tratar o Suho daqui pra frente. Claro que eu não queria ficar me agarrando com ele pelos corredores, porque não somos só nós dois, tem o Kai também, ele é meu amigo e não quero que ele se sinta excluído de alguma forma, eu me odiaria caso isso acontecesse.
Depois de alguns minutos, me enrolei na toalha e saí do banho, eu estava me sentindo novo em folha. Me sequei e fui até o meu quarto para colocar o meu uniforme escolar que estava dobrado perfeitamente, e do lado tinha a caixinha que eu guardava minhas lentes, resolvi usá-las hoje na escola, gostava de como eu ficava quando usava elas.
Em passos lentos e preguiçosos, fui até a cozinha e preparei meu café da manhã. Panquecas com frutas vermelhas.
Tomei meu café da manhã e fui para o meu quarto para arrumar meu material escolar, estava quase na hora de irmos para a escola para mais um dia cansativo de aula.
Com tudo arrumado, jogo a mochila por cima dos ombros e pego as chaves de casa que estão dentro do meu bolso. Abro a porta e a tranco logo em seguida. Respiro fundo antes de tocar a campainha do Kai e dar de cara com o Suho.
Vamos logo com isso.
Apertei a campainha e rapidamente escuto alguém abrindo a porta. E como eu imaginei, era o Suho, com aquele enorme sorriso de sempre.
— Bom dia, Baek — ele disse.
— Bom dia — sorri. — Vocês já estão prontos para a escola?
— Eu estou, mas o Kai não vai ir hoje na escola, ele disse que não estava se sentindo muito bem.
Arqueei uma sobrancelha.
— O que ele tem?
— Não sei, ele não quis me falar. Ele está diferente esses últimos dias — Suho disse um pouco chateado.
— Posso entrar para falar com ele?
Suho apertou os lábios, os soltando com um suspiro.
— Claro, só não sei se ele vai querer falar com você — Suho disse, me fazendo arregalar os olhos.
O que será que ele está sentindo?
Entrei e fui até o seu quarto, Suho ficou no mesmo lugar me esperando, ele queria dar privacidade para nós, quem sabe eu conseguisse fazer o Kai falar. Quando cheguei lá, ele estava enrolado nos cobertores com seu rosto afundado no travesseiro, tanto que não me ouviu chegar.
— Kai? — o chamei.
Ele levantou seu rosto rapidamente e passou as mãos nos seus olhos para limpar algo. Ele estava chorando?
Me aproximei da sua cama e me sentei na ponta dela. Kai se sentou também.
— O que aconteceu? Suho me disse que você não estava se sentindo muito bem.
Kai abaixou a cabeça e ficou encarando suas mãos. Me aproximei mais dele e coloquei minha mão em cima da sua, o que fez com que ele me olhasse na hora.
— Eu falei com você, Kai. Pensei que fossemos amigos, amigos contam as coisas uns para os outros.
Bufou, vendo que eu não iria desistir tão facilmente.
— Só estou cansado, Baek, não precisa se preocupar comigo. — Ele tentou dar o seu melhor sorriso, mas estava na cara que não estava tudo bem.
— Não acredito em você — disse sério. — Odeio que mintam pra mim, você sabe disso. Mas tudo bem, não vou te forçar a contar, você que sabe. Me procura quando quiser contar, tudo bem? — Apertei sua mão, Kai apertou ela de volta e deu um beijo nela.
— Você vai se atrasar para a escola se não sair agora — ele disse olhando para o relógio.
Nessa altura eu não queria mais ir para a escola, só queria ficar companhia para ele pra ver se ele se animava de alguma forma. Fora que, eu não precisava ir na escola hoje, não tinha nada de muito importante.
— Não quer que eu fique aqui com você? Eu posso tentar te animar — disse animado, mas Kai não estava tão animado assim.
— Não precisa, e eu quero ficar um pouco sozinho. Quero dormir um pouco já que não consegui dormir ontem de noite.
— Você não conseguiu dormir? Por quê? — pergunto preocupado.
Kai se deita novamente, eu me mantinha sentado do seu lado. Sua expressão muda rapidamente, suas bochechas ficam vermelhas e seu olhar se desvia para outros lugares do quarto.
Pigarrei para chamar a sua atenção.
— Eu não consegui dormir porque eu estava preocupado com você. O Suho chegou e só disse que o encontro de vocês tinha sido ótimo, mas não deu detalhes, claro. — Ele falava com a cabeça baixa. — Então eu fiquei a madrugada inteira pensando no que poderia ter ou não acontecido entre vocês dois. Pode parecer idiota, eu sei — ele riu —, mas você sabe como você é importante para mim. Não sabe?
Tento processar essas palavras na minha mente da melhor forma possível, mas a única coisa que sai é:
— Você está escondendo alguma coisa de mim, Kai? Você está com ciúmes?
Ele arregala seus olhos com a minha pergunta.
— Faria alguma diferença se eu estivesse? — ele perguntou sério olhando para os meus olhos.
— Dependendo sim — respondo sem pensar duas vezes. — Você é meu amigo, não gosto de te ver assim.
Kai apertou seus lábios com força, logo os soltando e se virando de costas para mim.
— Só quero ficar sozinho. Você deveria ir para a escola — ele disse, ainda de costas.
Bufei de raiva e saí batendo os pés do seu quarto. Ele não era assim, pelo menos eu achava que não. Só espero que quando ele se sentir melhor ele resolva se abrir comigo.
Suho ainda me esperava no corredor, olhando para o seu relógio de pulso.
— Desculpa pela demora — disse. — Estava tentando fazer o Kai falar, mas foi em vão.
Saí pela porta e fui andando até a frente do elevador. O mais velho parou do meu lado e colocou seu braço por cima do meu ombro.
— Eu te disse que ele estava estranho. Só espero que não seja nada grave.
O elevador chegou no nosso andar, entramos e apertamos para o térreo.
— Também espero — suspirei.
Não havíamos falado sobre ontem ainda. Não que eu quisesse que ele tocasse, só estranhei pelo fato dele nem mencionar algo relacionado sobre ontem.
Chegamos no térreo e Suho insistiu para que fossemos de carro. Quando eu digo que só ando com preguiçosos, todo mundo duvida de mim. Acabei aceitando a carona, querendo ou não eu estava muito cansado de ontem à noite, só queria ter ficado em casa dormindo até a preguiça ir embora completamente.
O clima estava um pouco frio, uma leve chuva caía do lado de fora, fazendo com quem andasse na rua sem guarda-chuva automaticamente se molhasse.
Suho foi dirigindo calmamente até finalmente chegarmos na escola. Olhei pela janela e soltei um suspiro, eu queria que o Kai estivesse aqui.
Uma mão encosta na minha perna, fazendo com que eu virasse meu rosto em sua direção.
— Tudo bem, Baek?
Assenti com a cabeça.
— Só estou preocupado com o Kai, nada demais — sorri de canto. — Vamos logo antes que a gente se atrase.
Tiro o cinto e saio do carro, Suho fez o mesmo.
Fomos andando até os portões principais da escola, ela estava cheia, então foi inevitável os olhares virem na nossa direção automaticamente.
Fui andando pelos corredores até encontrar o meu armário, peguei alguns livros que eu iria precisar para as matérias e o fechei. Fiquei parado apoiado no armário, Suho parou do meu lado e seguidamente ele tentava algum tipo de contato físico. Mas tinha muita gente perto, e eu odiava chamar a atenção, eu gostava de ser discreto.
— Suho, aqui não, tem muita gente — sussurrei para ele.
Ele sorriu travesso.
— Você tem vergonha, Baek?
— Não de você, mas vergonha de fazer essas coisas em público — expliquei.
Suho gargalhou. Virei meu corpo em direção do dele, ficando frente a frente com ele.
— É que eu não ganhei um beijo de bom dia — ele disse manhoso.
Comecei a rir da cara e da voz que ele havia feito. Ele sabia ser fofo quando queria, e na maior parte do tempo ele era assim.
— Ah, tudo bem então. — O puxei pela camiseta do uniforme, selando nossos lábios em um beijo rápido, para não chamar muito a atenção dos outros estudantes. Mas, quem disse que adiantou? Algumas pessoas viram a cena e ficaram fofocando sobre. Sinceramente, eu estava rindo por dentro disso. — Acho que viramos motivo de fofoca logo hoje cedo.
— Pelo visto sim.
Suho enlaçou seus dedos nos meus e ficamos conversando na frente dos armários por alguns minutos, até eu ver aquela silhueta grande que eu conhecia muito bem se aproximar de mim.
Engoli seco, pois pude ouvir seus passos quase fazendo um buraco no chão. Ele parou na minha frente e ficou me encarando com um olhar que, por céus, ele estava furioso demais.
— Você vem comigo. — Chanyeol me puxou pelo pulso e foi me arrastando pelos corredores da escola.
— Me larga, Chanyeol. Você enlouqueceu? — gritei, mas ele fingiu que não tinha me ouvido.
Fui sendo puxado até os fundos da escola, onde ele finalmente soltou o meu pulso. Chanyeol não media sua força quando estava com raiva. O mais alto ficou parado na minha frente com os braços cruzados.
— Que palhaçada é essa, Baekhyun? Não acredito que você está ficando o novato.
Arqueei uma sobrancelha. Isso estava mesmo acontecendo?
Deixei um riso escapar, o que fez com que Chanyeol ficasse com a cara emburrada.
— Então é verdade...
Revirei os olhos.
— Primeiro, eu não devo satisfações da minha vida pra você, Chanyeol. Segundo, você não tem o direito de ficar se metendo na minha vida, eu escolho quem eu quiser pra mim, eu sou uma pessoa livre para ficar com quem quiser. E terceiro, você não tem nada melhor para fazer? Onde está a sua namorada? Acho que você devia cuidar dela ao invés de ficar cuidando da minha vida.
Ele ficou me fitando até que pegou meu pulso novamente e foi me arrastando para dentro do ginásio que tínhamos na escola.
— Chanyeol, onde você está me levando? Me solta! — gritei.
Infelizmente ele estava fora de si, por algum motivo ele ter ouvido as fofocas e ter visto com seus próprios olhos que eu estava com o Suho o deixou com muita raiva. O que eu não entendia. Uma hora ele falava para eu seguir a minha vida, mas quando resolvo fazer isso, ele fica irritado.
Fui puxado até dentro do vestiário masculino, onde Chanyeol trancou a porta e a colocou dentro do seu bolso da calça.
— O que você quer comigo? — perguntei irritado.
— Não entendo o que você viu naquele garoto. — Ele apoiou seu corpo em um dos vestiários. Ergueu o olhar para mim e ficou me encarando com uma cara de confuso.
— Digo a mesma coisa para você e a Kim, não sei o que você viu nela — rebati.
Chanyeol sorriu.
— Não pensei que você fosse me esquecer tão rápido, mas fico feliz que você encontrou alguém que goste de você. — Senti a ironia na sua voz, isso acabou me irritando muito.
Juro que as vezes eu penso que ele tem uma mudança absurda de comportamento.
— Bom, você disse que eu devia seguir a minha vida, só estou fazendo o que você pediu, não entendo o motivo de você estar tão irritado com isso a ponto de me puxar até o vestiário para conversarmos. Por acaso você está com ciúme?
O garoto arqueou as duas sobrancelhas e ficou me encarando com a boca torcida para o lado.
— E se eu estiver? — o escutei dizer.
Me surpreendi com a sua resposta, eu não estava esperando por isso.
Fechei os olhos e engoli seco, só podia ser uma brincadeira, ele era maluco.
— Aí o problema já não é meu — ri cínico. — Não consigo te entender, Chanyeol, a Kim não está te fazendo feliz? Ela não ia gostar de saber que você anda atrás de mim.
Com os olhos semicerrados, ele dá um passo para frente, indo na minha direção.
— Ela não precisa saber — ele sussurrou com sua voz grossa, ela havia saído mais provocante do que eu pensava. Mas por sorte eu me controlei, ele só podia estar me testando.
Seu corpo estava vindo na minha direção e eu estava preso naquele vestiário com ele. Eu podia gritar que ninguém iria me escutar.
— Sai de perto de mim, Chanyeol. — Empurrei seu corpo de forma que ele desse um passo para trás, infelizmente ele era muito forte e alto.
Ele parou e se sentou em um banco que tinha próximo de nós. Seu olhar se mantinha baixo, ele mudou o seu comportamento em comparação da maneira que ele estava agindo minutos antes.
— Você gosta dele de verdade? — escutei ele perguntar baixinho.
— Gosto — respondi. — O Suho é uma pessoa incrível, ele tem me feito muito feliz desde que eu o conheci. Realmente sou muito sortudo de ter o conhecido. Ontem mesmo nós saímos, foi um encontro incrível. Fico pensando o que teria acontecido caso eu ainda estivesse chorando por sua causa, eu perderia a chance de ter conhecido alguém legal por ficar chorando por alguém que não se importa mais comigo...
— Você é um idiota, Byun Baekhyun. — Ele me interrompe. Sua voz doce foi substituída por uma voz grossa e irritada, pelo visto eu havia conseguido tirar ele do sério.
Ele estava me irritando muito, a única coisa que pensei foi em ir na sua direção e dar um tapa bem forte no seu rosto, a ponto de ficar a marca dos meus dedos. Park arregalou os olhos e colocou a mão no rosto, surpreso pelo que eu acabara de fazer.
— O único idiota aqui é você, Park Chanyeol. Não sei como eu fui me apaixonar por você, se eu soubesse que você era esse idiota, eu jamais teria namorado com você. — Minha voz estava começando a se alterar. Park se levantou e ficou parado na minha frente, seu olhar estava me queimando.
— Você não sabe de nada, Baekhyun — respondeu.
— O que eu deveria saber? — pergunto sério.
Sua mudança de comportamento me assustava as vezes. Seu olhar irritado tinha mudado, ele parecia o velho Chanyeol que eu conhecia.
— As coisas não são como você pensa, nem sempre as coisas são como aparentam ser, você como mais ninguém deveria saber disso — ele diz com a cabeça baixa. Suas bochechas ficam rubras no momento que ele termina de falar a frase.
Cruzei meus braços e arqueio uma sobrancelha, formulando a frase na minha cabeça.
Em passos lentos, vou em direção ao banco de madeira branca, no qual ele está sentado, e me sento do seu lado, com meu corpo virado para o seu.
— Você está escondendo algo de mim, Chanyeol? Tem certeza que você gosta da Kim? Julgando você pelas suas atitudes, não parece que você gosta tanto assim dela.
Ele aperta seus lábios com força e solta um suspiro longo.
— Não quero falar sobre ela — ele responde cabisbaixo.
Alguma coisa tem por trás disso.
— Tudo bem — respondo. — Você não vai abrir a porta? Temos aula e estamos quase atrasados.
Ele pega a chave no seu bolso e a segura com força.
Consigo ouvir o sinal tocar, definitivamente se não corrêssemos, iriamos nos atrasar.
— Não estou muito afim de ir assistir aula hoje. — Park solta um suspiro e guarda a chave novamente no seu bolso.
Ótimo, ele não quer assistir as aulas e me trancou no vestiário com ele. Que companhia agradável, não é mesmo?
— Então você quer que eu fique aqui com você?
Park levanta sua cabeça e sorri tímido. Por céus, não sorria assim pra mim.
— Depende, você quer ficar aqui comigo?
Desvio meu olhar para outra direção e penso muito bem antes de responder qualquer coisa. Fico encarando bolas de vôlei e de futebol, na hora elas pareciam muito interessantes.
— Não sei se devo ficar aqui com você depois de tudo que aconteceu entre nós dois. — Viro meu rosto na sua direção para ver suas reações, ele era muito imprevisível.
— Entendo. Não posso te julgar por isso — ele deu um sorriso fraco.
Abaixo minha cabeça e começo a fitar a ponta do meu all star preto que estava levemente sujo e gasto.
— Às vezes eu queria que tudo tivesse sido diferente, sabe? Entre nós dois.
Sinto meu rosto começar a queimar por ter falado tal coisa, mas na hora foi o que eu estava sentindo, na hora foi o que eu queria dizer.
Ainda com a cabeça baixa, sinto uma mão em cima do meu ombro, o que fez com que eu me assustasse. Levantei a cabeça em câmera lenta e encarei aqueles enormes olhos brilhantes cor de jabuticaba.
— Eu também, Byun.
Meus olhos se arregalam automaticamente. Fico estático o analisando, vendo se ele teria alguma mudança de comportamento. Eu não estava esperando nada daquele novo Chanyeol.
— Pare de brincar com os meus sentimentos, pare de brincar comigo — digo irritado. Fecho os olhos imediatamente para conter as lágrimas. — Você diz que queria que as coisas fossem diferentes, mas suas atitudes provam o contrário. Estou cansado disso, estou cansado de você brincar com os meus sentimentos, cansado!
— Baek...
— Você teve todas as chances para mostrar que queria que tudo fosse diferente, mas você não moveu um dedo. Lembra daquele dia na gravadora? Eu estava muito nervoso de cantar na mesma banda que você, ou melhor, eu estava muito nervoso por estar alguns metros de distância de você. Lembra que naquele dia eu te perguntei se você ainda sentia algo por mim e você respondeu que não? Aquilo doeu muito, claro que doeu, eu ainda gostava de você, eu ainda era apaixonado por você, Chanyeol! Você pisou em cima dos meus sentimentos, você pisou em mim como se eu fosse um lixo, como se eu fosse um rato. — Aperto meus lábios. Park mantem seu olhar fixado no meu, seus olhos estão marejados. — Você era a melhor parte de mim, mas você resolveu estragar tudo e virar a pior delas, e eu nunca vou te perdoar por isso.
Park fecha seus olhos imediatamente. Acho que ele estava tentando assimilar as palavras na sua cabeça. Talvez eu tenha sido muito duro com ele.
Talvez.
O maior tira sua mão do meu ombro e a coloca em cima do seu joelho.
Me levanto e vou em direção da porta, que se mantinha trancada.
— Nunca diga nunca, Baekhyun.
Viro minha cabeça em direção da voz.
— Para coisas que tenho certeza, digo sim.
Park se levanta e vem na minha direção em passos rápidos, me deixando encostado na parede, a poucos centímetros de mim. Coloco a mão no seu peito para ter o máximo de distância de mim. Com o rosto virado, ele coloca a mão no meu queixo e faz com que eu olhe bem no fundo dos seus olhos.
— Queria tanto que você enxergasse as coisas como eu — ele murmura —, as coisas seriam bem mais fáceis.
Não digo nada, eu estava tão cansado e atordoado com toda essa situação, eu só queria sair dali.
— Me deixa ir embora, eu não quero mais conversar com você — respondo atordoado, com os olhos fechados.
— Mas nós não precisamos conversar, Baekhyun — murmurou sensualmente.
Abro meus olhos e vejo seu rosto se aproximar do meu. Empurro seu peito novamente e ele afasta seu rosto.
— Chanyeol, não, por favor...
Ele coloca seu dedo indicador nos meus lábios.
— Shh, você fala demais quando na verdade é isso mesmo que você quer.
Aperto os lábios com força e fecho meus olhos, implorando para que eu estivesse sonhando, só que infelizmente eu não estava. Iria começar tudo de novo, e eu me odiava por isso.
Seus lábios encostam nos meus de forma desesperada, ele estava desesperado, eu estava atordoado, acabou dando nisso. Deslizo minhas mãos para as suas costas, colocando-as por de baixo do seu uniforme e arranhando suas costas com minhas unhas grandes — tenho deixado elas crescerem, elas estavam grandes o suficiente para causar um bom estrago em alguém.
Sua língua explora cada canto da minha boca como se fosse a primeira vez que ele fazia isso. Seu beijo continuava tão bom quanto antigamente, mas pensar que a Kim também beijava aqueles lábios, me deu vontade de vomitar na hora.
Com sua mão direita, sinto ele abrir o botão da sua calça jeans preta, com a outra mão, ele enrosca ela no meu cabelo, como se não quisesse se desgrudar de mim por nada. Escuto uma coisa cair no chão e ele volta com a mão para baixo. Abro meus olhos e percebo que ele está só de cueca e nela tem um enorme volume, maior do que o normal.
— Baek, pode me ajudar aqui em baixo? — ele sussurra no meu ouvido de forma sensual, sua voz sai mais rouca do que o normal.
Sua voz rouca me deixava muito excitado.
— Chanyeol...
Park morde o lóbulo da minha orelha, fazendo com que eu soltasse um gemido fraco. O maior sorriu se sentindo vitorioso.
— Eu sei que você quer, Byun.
Abro meus olhos e dou de cara com seus enormes olhos castanhos brilhantes, ele estava praticamente implorando com o seu olhar para mim.
— Prometa que será a última vez. Que será a última vez que você irá me procurar. Que será a última vez que me fará passar por isso.
Seu olhar era enigmático.
— Eu prometo, Baek.
Por fim, respirei fundo e me ajoelhei na sua frente, Park assistia tudo, seus olhos estavam me queimando. Abaixei sua boxer preta e seu membro pulou para fora, batendo no meu rosto. Segurei seu membro e fechei minha mão em formato de “o”, fazendo movimentos de vai e vem da base até o topo do seu lembro. Enquanto o masturbava, Park soltava gemidos abafados e murmurava o meu nome inúmeras vezes.
Agarrei suas coxas e abocanhei seu membro, colocando-o inteiro na minha boca. Suguei sua glande rosada, limpando o pré-gozo que estava saindo. Sinto ele segurar minha cabeça com força para ajudar nos movimentos de vai e vem, não que eu precisasse de ajuda. Passo a minha língua por toda a extensão do seu membro, sugando com força. Eu estava desesperado e com muito tesão, e eu me odiava por isso. Faço a famosa garganta profunda, e foi aí que Park vai à loucura. Ele geme tão alto que eu fico com medo que se tiver alguém no ginásio, ela escute. Acaricio seus testículos e resolvo dar uma atenção especial para eles, eles também eram importantes. Continuo os movimentos de vai e vem com minha mão, enquanto chupo seus testículos com força. Chanyeol estava enlouquecido, fora de si, e confesso que eu também estou. Volto a chupar o membro do Chanyeol, que continuava mais ereto do que o normal, ele soltou um gemido abafado em resposta.
— Baek... você continua chupando tão bem quanto antigamente — gemeu.
Antigamente... Droga.
Ergo meu olhar para ele e ele mantêm seus olhos fechados. Paro de chupá-lo e ele abre seus olhos.
— Olhe para mim, Chanyeol — ordeno de modo sério, ele concorda com a cabeça e passa a assistir tudo.
Ainda olhando para ele chupo sua glande rosada e a lambo como se estivesse lambendo um pirulito. Park não se aguenta e segura minha cabeça com suas duas mãos e empurra minha cabeça com força para abocanhar seu membro por inteiro. Ele me ajuda com os movimentos de vai e vem, estava sendo de uma forma bruta e desesperada.
— Baekhyun-ah... eu vou...
Ele não tinha terminado sua frase, quando senti o líquido quente dentro de minha boca. Praticamente fiquei com a boca cheia de gozo. Engoli tudo e me levantei, indo em direção dos meus livros e da minha mochila. Eu estava demasiado atordoado e confuso. Chanyeol para ao meu lado e eu viro de frente para ele.
— Você pode não contar o que aconteceu aqui hoje para a Kim? — ele pergunta sério para mim.
Franzi o cenho na hora.
— Não acredito que você está pedindo isso pra mim. Você me usou, Chanyeol, me usou. — Meus olhos enchem de lágrimas na hora. — Você aproveitou a situação que eu estava sensível para pisar de novo nos meus sentimentos e me usar para te aliviar de alguma forma. Você é nojento, Chanyeol, nojento!
Minha voz estava começando a se alterar, eu só queria sair daquele lugar, estava sendo nojento continuar no mesmo lugar que ele.
— Byun, eu...
— Cala a boca! Você é um idiota! Eu tenho nojo de você, nojo. Isso foi o suficiente para me provar o quão babaca você é. Obrigado pela experiência, Chanyeol.
Ele fica parado sem dizer uma palavra sequer.
Vou em direção da porta e o encaro.
Ele fez bico e colocou a mão no seu bolso e atirou a chave para mim.
— Você pode ir embora se quiser, não vou continuar te prendendo aqui.
Pego a chave e a aperto com força, como se eu não quisesse perde-la. Eu já tinha perdido o primeiro período, o máximo que eu iria conseguir era entrar no segundo período. Fora que, eu teria que ficar me explicando para o Suho o motivo de eu ter demorado tanto, seria um saco.
— Chanyeol, posso pedir um favor para você?
Ele se levanta e fica me encarando, logo assentindo com a cabeça.
— Não me procura mais, para o seu próprio bem — digo seco.
Em passos largos, o maior se aproxima lentamente de mim.
A chave ainda estava na minha mão, não sei por qual motivo eu ainda não tinha colocado ela na fechadura e saído dali de uma vez por todas.
— Tem certeza que você quer que seja assim? — Chanyeol estava parado a menos de um metro de mim. — Se você quer assim, eu prometo que nunca mais vou te procurar, nunca mais converso com você ou algo do tipo. Tem certeza que você quer isso, Baekhyun?
Minha respiração estava começando a falhar por conta do nervosismo, meu coração estava quase saindo pela boca naquele instante. Era a hora de eu acabar com essa história que já devia ter terminado faz tempo.
— Eu tenho certeza do que estou falando — respondo com a voz um pouco fraca, essas palavras doeram mais do que eu estava pensando.
Escuto ele murmurar um “tudo bem” baixinho, era nítido o seu abatimento. Fiquei sem entender. Por que ele se importava comigo? Por que ele estava tão abatido assim? Por que ele estava agindo assim? Por que ele mudava quando estava longe da Kim? Quem de fato é Park Chanyeol? Um grande ponto de interrogação.
— Você é realmente um idiota, Byun Baekhyun.
Coloco a chave na fechadura e a abro.
— Adeus, Chanyeol — digo com raiva.
— Adeus, Baekhyun.
Junto meus livros do chão e saio andando calmamente pelo enorme ginásio, por sorte não tinha nenhuma turma fazendo educação física, seria muito estranho alguém nos ver saindo do vestiário. Ainda mais nós.
Saio do ginásio e percebo que estou chorando. Que raiva. Vou andando até os fundos da escola e me sento em um dos bancos vazios existentes ali. Fico olhando para o céu e acabo me perdendo em pensamentos distantes, só acordo quando escuto alguns passos vindo na minha direção.
— Finalmente eu te encontrei. — Suho veio caminhando na minha direção e se sentou do meu lado. — Você demorou...
Limpo os resquícios de lágrimas do meu rosto.
— Eu sei, me desculpa — respondo. — Por que você não entrou para assistir a aula?
— Fiquei preocupado com você e resolvi te procurar. Eu não sabia do que ele era capaz de fazer com você.
Ergo a cabeça e volto a olhar para o céu, olhando para as formas das nuvens.
— Podemos não tocar mais no nome dele, e nada relacionado a ele, por favor?
Ele apenas concorda sem perguntar mais nada.
Suho coloca seu braço direito por cima do meu ombro. Apoio minha cabeça na sua e ele começa a fazer cafuné com sua mão direita.
♡⚣♡
Suho não tocou mais no assunto o resto do dia, e eu o agradeci mentalmente por sua compreensão.
Voltamos para casa e o Kai ainda estava deitado. Tentamos fazer ele comer alguma coisa, mas ele não queria, estava pior que uma criança. Uma hora ele teria que comer, senão ele iria ficar fraco e teria que ir no hospital. Espero que isso não aconteça com ele. Odeio hospitais.
Suho ficava me convidando para sair, para a gente fazer alguma coisa, mas eu não estava com cabeça para isso. Eu estava preocupado com o meu amigo e estava me sentindo estranho pela conversa que eu tive com o Chanyeol. Sei que no fundo eu ainda gostava dele, Suho sabia bem disso, eu deixei claro pra ele desde o início. Mas uma coisa que eu disse pra ele, eu nunca iria deixar de fazer alguma coisa que eu gostasse por causa do Chanyeol, eu sempre fui muito franco com ele. No fundo eu sabia que era perda de tempo alimentar algo pelo Chanyeol, eu sabia que não teríamos um futuro juntos, eu era consciente disso. Infelizmente eu era consciente. E outra, eu nunca o perdoaria por ter me usado daquela forma, ele era um babaca idiota.
Vou para a minha casa, eu queria ficar um tempo sozinho para pensar melhor em tudo que estava acontecendo nos últimos dias.
Me atiro na cama e fico pensando no que o Kai tinha me falado hoje mais cedo.
"— Você está escondendo alguma coisa de mim, Kai? Você está com ciúmes?
— Faria alguma diferença se eu estivesse?"
Será que ele sentia falta do tempo que era apenas nós dois? Kai sempre agia muito estranho quando o Suho estava por perto, ele ficava sempre com a cara fechada e agindo diferente.
Será que... não, não pode ser. Já tínhamos colocado um ponto final nisso, já conversamos sobre isso, deve ser outra coisa.
Pego meu celular e entro nas minhas redes sociais, elas deviam estar criando teias de aranha de tanto tempo que eu não entrava nelas. Vou descendo o feed e vejo fotos do Luhan com o Sehun — eles eram tão bonitos juntos —, do Yixing com seus pais... desço mais um pouco e vejo as piores fotos do mundo, Chanyeol e Kim. Ele estava com um buquê de flores indo para o hospital ver ela, a foto era de hoje. Grito de raiva e frustração e atiro meu celular com força no chão, até ver ele se quebrar em pedaços.
— Você é um idiota, Chanyeol. Um grande idiota.
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