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História Segredos do Passado - Park Chanyeol, o novo estudante


Escrita por: winngs

Notas do Autor


Oi pessoal, aqui está o segundo capítulo, espero que estejam gostando da fanfic.
Boa leitura ♥

Capítulo 2 - Park Chanyeol, o novo estudante


Eu andava pelos largos corredores do colégio que estudava desde o meu primeiro ano do ensino médio. Mantinha as mãos nos bolsos da calça da escola, na tentativa de aquecer as mãos que estavam congeladas por causa do inverno que havia chegado sem avisar.

Minha beleza era algo invejável por todos os estudantes, mas nunca me importei muito com isso. Minhas bochechas rosadas estavam mais em evidência por causa do frio, meu cachecol que cobria parte do seu rosto não estava me aquecendo muito, principalmente a ponta do meu nariz, que estava tão gelado quanto um floco de neve.

O ano letivo acabara de começar, mais uma vez eu teria que aguentar os meus colegas durante meses. Felizmente era o meu último ano, caso não reprovasse.

Nunca fui de conversar muito com os meus colegas, obviamente eu tinha seus motivos para isso.

Me assumi gay quando era uma criança ainda, todos os estudantes da escola sabiam, as notícias se espalhavam rápido. Por ter me assumido gay desde pequeno, isso me impedia de fazer amigos, muitos já chegaram a me ignorar ou simplesmente não queriam a minha amizade. Por esse motivo, nunca fiz tanta questão de fazer amigos, eu sabia que as pessoas iriam me julgar. 

Anos atrás, tentei namorar uma garota que estava de passagem pela cidade — ela era canadense e fazia intercâmbio em Seul por alguns meses —, mas percebi que não gostava de garotas, essa era a certeza que eu tinha.

Mesmo assim, isso não me impediu de ser representante da minha classe por três anos seguidos. As pessoas da minha sala confiavam muito em mim para assumir os problemas da turma, e de fato, eu adorava ser o representante.

A diretora havia me chamado no mesmo instante que coloquei os pés na escola, segundo ela, tinha assuntos importantes para tratar comigo. Sem questionar, segui em direção à sala da mesma, tínhamos muito tempo para conversar, faltava mais de meia hora para o sinal tocar.

Sempre tive o costume de chegar mais cedo do que os outros estudantes. Gostava de respirar um pouco de ar puro sem estar com os corredores lotados, como era de costume.

Após longos minutos enrolando pelos corredores, por fim cheguei na sala da diretora.

Bati antes de entrar, fui capaz de ouvir ela falar “pode entrar”, e assim fiz.

— Bom dia, diretora. A senhora queria falar comigo?

A mulher de meia idade assentiu com a cabeça, me convidando para sentar. A pessoa que ela mais confiava era em mim, tanto que eu tinha as chaves de todas as salas da escola, coisa que nem os professores tinham. Tinham lugares nessa escola que apenas eu e a diretora conhecíamos.

— Bom dia, Baekhyun. — A mulher de meia idade respondeu, ela se ajeitou em sua cadeira e colocou as mãos em cima da sua enorme mesa. — Tenho um trabalho especial para você, pode resolver isso para mim?

— Claro, o que seria? — pergunto curioso, ao mesmo tempo que levo um dos meus dedos para a minha boca, um costume que tinha desde pequeno.

— Hoje vamos receber um novo aluno na nossa escola, eles se mudaram tem pouco tempo para Seul, então quero que você o leve para conhecer a escola. Pode fazer isso para mim?

Sempre que algum aluno novo entrava na escola, a diretora me pedia para que eu apresentasse a escola, era como se fosse um ritual.

Eu até que gostava disso. Menos quando os novatos são aqueles metidos.

Odeio pessoas metidas.

— Tudo bem, sem problemas — respondi. Tirei os dedos da boca e limpei na camiseta do uniforme. — Como vou reconhece-lo para levar o garoto para conhecer a escola?

A mulher se levantou e foi em passos lentos para a janela da sua sala, em seguida se virou com um enorme sorriso no rosto para mim.

— Não se preocupe com isso, ele acabou de chegar. Quando seu pai veio aqui fazer sua matrícula, pedi para que ele passasse primeiro na minha sala, pois teria uma pessoa que iria acompanha-lo pela escola.

— E essa pessoa como sempre, fui eu — sorri de canto.

A diretora deu um riso fraco.

— Não tem pessoa melhor para isso, Baekhyun.

Nunca me importei muito com isso de levar os novatos para conhecer a escola, era divertido.

Na maioria das vezes.

Minutos depois, pude ouvir o barulho de alguém batendo na porta.

— Pode entrar — respondeu a diretora, para que quem estivesse do lado de fora conseguisse ouvir.

Um garoto que aparentava ter a minha idade entrou um pouco tímido na sala, mas logo se sentou na cadeira que estava do meu lado. Ele tinha cabelos pretos que estavam bagunçados e seus olhos eram escuros como enormes jabuticabas maduras. Analisando-o dos pés à cabeça, consegui ver que seu uniforme estava um pouco amarrotado, mas isso deixava aquele garoto com um ar mais interessante.

— Bom dia — o garoto disse um pouco tímido. — Meu pai me disse que eu precisava passar aqui antes da aula começar, o que seria?

Os olhares da diretora vieram na minha direção, como se ela estivesse esperando que eu respondesse alguma coisa para aquele garoto.

— Antes das aulas começarem, preciso te levar para conhecer a escola — disse, fazendo com que o olhar do novato que sequer tinha me notado, viesse na minha direção. O garoto assentiu com a cabeça. — Podemos ir então, diretora?

A mais velha assentiu, dando liberdade para que começássemos o passeio por aquela enorme escola.

Saímos por fim da sala da diretora, começando assim a tour pelo colégio.

Guiei o novato pelos corredores, ele me escutava atentamente, como uma criança curiosa quando está descobrindo uma coisa nova. Após passar por todas as salas de aula, resolvi mostrar a biblioteca, que era o meu lugar favorito na escola.

A diretora fez uma sala especialmente para mim, para que eu resolvesse parte dos problemas da escola com mais tranquilidade. Eu era seu braço direito. Isso causava inveja nos representantes das outras turmas, pois achavam uma coisa sem necessidade. A diretora, claro, nunca se importou muito com isso, ela tampouco se importava com o que os outros representantes pensavam sobre isso.

— Bom, essa é a nossa biblioteca — disse com um sorriso de canto. — É uma pena que quase não a usem. Faz muito tempo desde que eu vi uma pessoa vir aqui para retirar um livro, atualmente é difícil encontrar alguma pessoa que goste de ler, e a maioria dos que gostam, só leem na internet, é um saco — bufei enquanto ia em direção da mesa velha que tinha no canto da biblioteca, apoiei meus braços lá, ficando de costas para o novato que tinha conhecido não fazia muito tempo.

Consegui ouvir passos vindo na minha direção, então me virou para ficar de frente para o garoto que deveria ser uns dez centímetros mais alto que eu. Seus enormes olhos passavam por todos os cantos daquele local.

— Você gosta de ler? — o garoto perguntou com uma voz mansa, quase em um sussurro.

— Eu amo ler — sorri de canto. — E você? Gosta de ler?

O maior esfregou as mãos, na tentativa de esquentá-las. Vendo que não teria ajudado, que suas mãos continuavam frias como gelo, puxei um par de luvas de dentro do casaco da escola, assim as oferecendo para ele.

Sem pensar duas vezes, ele aceitou, um pouco envergonhado.

— Obrigado pelas luvas — sorriu, colocando as luvas pretas com cuidado nas mãos. — E sim, eu gosto de ler. Não é algo que eu faça com frequência, entende? Mas sempre que eu arrumo um tempo, estou lendo algum livro — disse gentil, indo em passos largos na minha, que me mantinha com as mãos apoiadas na mesa. — Qual o seu nome? Percebi que não te perguntei isso antes.

— Meu nome é Baekhyun, Byun Baekhyun, e o seu?

— Chanyeol, Park Chanyeol, prazer em te conhecer, Baekhyun. — Um sorriso tomou conta do rosto do novato, que agora havia lhe apresentado.

Chanyeol parecia ser um garoto legal, mas não sabia se ele me tratava assim apenas pelo fato de ser o representante, ou por ser novato e não conhecer ninguém. Mas por hora, não quis pensar nisso, eu precisava terminar o passeio pela escola, antes que as aulas começassem.

— O prazer é meu — sorri gentil. — Vamos continuar o passeio?

O maior assentiu animado, indo em direção da porta para me esperar.

Eu estava com muita preguiça, praticamente estava me arrastando pelos corredores da escola.

Essa preguiça tinha um motivo, era sempre o mesmo. Levantava da cama muito cedo, e quase nunca recebia carona do meu pai, somente minha irmã ganhava carona todos os dias dele. Infelizmente a minha casa ficava um pouco longe colégio, o que resultava em longos minutos andando pelas ruas, até chegar na escola. Essa noite não tinha sido muito boa, só tinha conseguido dormir depois da meia noite, fazendo assim com que eu estivesse mais cansado do que o normal.

Seguimos os corredores até chegarmos na sua sala, o único lugar que eu tinha paz naquele colégio enorme. Peguei as chaves no bolso largo da calça do uniforme e coloquei na fechadura, revelando uma enorme sala cheia de plantas e com uma enorme mesa redonda no meio da sala. Para mim, o tamanho da sala era um exagero, não precisava de tudo aquilo, mas não queria questionar com a diretora sobre isso.

— Essa é a minha sala, onde eu passo a maior parte do meu tempo resolvendo parte dos problemas da escola e da nossa turma...

Nossa turma? — Escutei a voz familiar ecoar pela sala. Chanyeol tinha uma voz grossa, vozes grossas eram as minhas favoritas.

— Sim, nossa turma. — Repeti enquanto ia em direção à mesa, onde estava lotada de fichas escolares. — Pensei que a diretora tivesse falado para você que vamos estudar na mesma turma.

O maior negou com a cabeça, seguido de um sorriso largo que preenchia o seu rosto, deixando-o mais bonito, se fosse possível.

Em passos lentos, fui em direção das fichas escolares para encontrar a do Chanyeol, mas tinham muitas fichas, precisava coloca-las em ordem, antes que eu enlouquecesse por causa da bagunça.

Chanyeol se aproximou da sua mesa e parou do meu lado, enquanto passava os enormes olhos por todas aquelas folhas.

— Precisa de ajuda, Baekhyun? — perguntou em um sussurro.

Eu continuava concentrado procurando aquela maldita ficha.

— Se você me ajudar a encontrar a sua ficha, vou ficar muito agradecido — sorri tímido, sem olhar para o garoto que estava do meu lado. — Tenho que arrumar essas folhas antes que eu acabe perdendo algo, não quero nem imaginar como a diretora iria reagir se eu perdesse alguma ficha escolar.

— Pelo visto ela confia bastante em você — disse indiferente —, é realmente admirável.

Virei a cabeça para o maior, ele estava com os olhos vidrados em mim, como se ele estivesse vendo uma miragem. Sem jeito, acabei desviando o olhar, antes que Park percebesse que meu rosto acabara de ficar corado com a troca de olhares.

Depois de alguns minutos procurando, finalmente conseguimos achar a ficha de Chanyeol, ela era uma das últimas e estava em baixo de todas as outras.

— Aqui, encontrei a sua ficha. — Entreguei para o garoto que se afastou da mesa após ver sua ficha escolar. — Daqui a pouco o sinal vai bater, mas se você precisar de qualquer coisa, pode me procurar aqui na minha sala, estarei à sua disposição.

Por algum motivo, aquele garoto tinha despertado um interesse enorme dentro de mim.

— Tudo bem, acho melhor eu ir então. — Sua voz mansa ecoava pela sala.

— Sim — digo nervoso. Arrumo uma mecha de cabelo que insistia em cair por cima dos meus olhos. — Nos vemos depois na sala de aula.

O nervosismo era nítido em no meu rosto e nas minhas ações, tanto que quando fui me despedir do novato, não sabia como fazer isso sem que o outro achasse estranho. Escolhi então fazer uma breve reverência, nunca falhava.

Chanyeol retribuiu a reverência e se direcionou para a porta da saída, sumindo pelos corredores.

Em um suspiro longo, consegui esvaziar todo o ar existente em meus pulmões, fazendo assim com que eu me sentisse mais leve, como se um peso tivesse saído das costas.

O sinal estava prestes a bater para mais um dia de aula, mais um longo e estressante dia de aula.

A escola nunca foi um problema para mim, pois sempre fui o aluno mais dedicado e inteligente da sua turma, isso por anos.

Esse espero continuar com esse título.

Como meu pai não me aceitava de jeito nenhum, sempre fazia o máximo para ser o filho perfeito. Passava horas e mais horas estudando sem descanso, para ver se conseguia dar um pouco de orgulho para o meu pai, pois meu pai não se orgulhava nada de ter um filho homossexual. Para ele, eu estava fazendo isso apenas para chamar a atenção dos outros, o que era mentira. Por esse motivo, sempre fui rejeitado pelo meu pai e pela minha irmã, ambos me detestavam. Por outro lado, minha mãe nunca se importou com isso, sempre deixou claro que iria me apoiar nas minhas decisões, sejam elas quais fossem.

Eu a amava muito.

 

 

 

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O sinal já tinha tocado fazia alguns minutos, mas eu continuava na minha sala, terminando de arrumar aquela papelada.

— Vamos logo, Baekhyun. Por que está tão lento hoje? — indaguei, no objetivo que alguma resposta viesse na cabeça.

Com as mãos trêmulas, arrumei calmamente as folhas, até não existir mais nenhuma espalhada, todas estavam organizadas por turma, impecável!

Olhei no relógio do meu celular e vi que tinha se passado cinco minutos desde que o sinal tocou para que todos entrassem em suas aulas. Saí correndo da sala, a trancando na mesma hora e indo em direção aos armários para pegar a minha mochila e finalmente ir para a sala de aula.

Meu armário era tão organizado quanto a minha sala. Tinham alguns pequenos pôsteres dos animes que eu gostava, dos meus escritores favoritos.

Eu tinha um dos armários mais bem limpos e bem cuidados daquela escola.

Não que eu precisasse me esforçar para isso.

 

Em passos largos, fui em direção da sala de aula, antes que o tempo passasse e eu acabasse ficando do lado de fora.

Quando cheguei, bati duas vezes na porta, atraindo os olhares dos meus colegas e do professor na mesma hora.

— Com licença, professor. Posso entrar? Estava terminando de arrumar umas papeladas que a diretora tinha me dado.

Todos os professores gostavam de mim, especialmente pelo fato de eu ser muito comprometido com as coisas que faço.

— Claro, Baekhyun. Eu não tinha começado a aula ainda, pode entrar.

Antes de entrar, olhei minuciosamente para todos os cantos da sala, no intuito de encontrar o novato. Após uma rápida olhada, vi que ele estava sentado perto da minha mesa. Um pingo de felicidade surgiu dentro de mim, uma felicidade que eu não sabia como descrever.

 Era algo que eu não sentia durante anos. Longos anos.

Posicionado na mesa, estava pronto para mais um dia de aula. Por sorte a primeira aula era de química, minha matéria favorita, e o terror do restante dos alunos.

 

Conforme o tempo ia passando, mais exercícios o professor colocava no quadro, mas nada que não conseguisse fazer a tempo.

 

 

 

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Por fim, as aulas dos três primeiros períodos tinham acabado, estava na hora do recreio.

Nunca tive o costume de passar seu recreio com alguém, parecia que eu criava uma barreira interna que me de socializar com as pessoas ao meu redor.

Eu me odiava por isso, de verdade.

Quando estava prestes a me levantar, vi uma silhueta familiar do meu lado.

Aquela que eu conhecia bem...

— Chanyeol? Precisa de alguma coisa?

O garoto do riso frouxo que havia feito o meu coração bater mais rápido se abaixou um pouco, de modo que nossas alturas ficassem parelhas.

— Na verdade não — assumiu envergonhado —, só queria saber se posso ter a sua companhia na hora do intervalo. Isso se você não se incomodar, claro.

Pisquei algumas vezes para ver se aquilo estava mesmo acontecendo. Nunca ninguém tinha se oferecido para passar o recreio comigo. Uma onda de felicidade surgiu dentro de mim. Finalmente eu teria alguém para conversar, como uma pessoa normal.

— Claro! — sorri, demonstrando tamanha felicidade para o maior, que acabara de sorrir junto. — Podemos ficar na minha sala, lá ninguém vai atrapalhar a gente.

— Acho ótimo — respondeu fazendo uma voz sensual, de modo que me arrepiasse dos pés à cabeça.

Ainda haviam algumas pessoas na sala de aula, dentre elas, a minha irmã, que assistia tudo com uma cara não muito amigável. Tentei não demonstrar muita importância para isso.

Sem perder tempo, me levantou e deixei a sala de aula junto com Chanyeol, guiando o garoto pelos corredores até finalmente chegarmos no local combinado.

Após abrir sua sala, foi como se eu conseguisse ser eu mesmo, sem que ninguém me visse ou me criticasse.

— Fica à vontade. — Puxei duas cadeiras, uma para mim, e outra para Chanyeol, colocando elas razoavelmente perto. — Me fala mais você, Chanyeol. Quantos anos você tem?

— Tenho 18, e você? — perguntou curioso.

— Tenho 17 — respondi com um sorriso de canto. — A diretora me disse que vocês se mudaram recentemente para Seul, algum motivo especial?

Park franziu os lábios de modo que eles sumissem, mas logo ele os soltou e voltou a me encarar.

— Nos mudamos por causa do trabalho do meu pai, ficaria mais fácil para ele. — Tirou as mãos dos bolsos, fazendo com revelasse suas mãos que estavam cobertas pelas luvas que havia recebido hoje mais cedo. Chanyeol percebeu que meu olhar foi em sua direção, então deu um riso fraco. — Sim, eu ainda estou usando suas luvas. — Sua risada ecoou pela enorme sala, que parecia maior do que o normal. — Essa cidade é muito fria, sinto que posso congelar a qualquer momento.

— Com o tempo você se acostuma com a temperatura de Seul — respondi de modo gentil, fazendo com que o mais velho desse um sorriso de canto. — Você disse que se mudou com o seu pai, não é? — o garoto assentiu. — Você se dá bem com ele? Quero dizer... vocês são amigos?

Sempre invejei as pessoas que tinham um bom convívio com seus pais, pois isso era algo que eu não tinha, e nunca teria.

— Ah, eu e meu pai somos melhores amigos. — O novato arrumou uma mecha de cabelo para trás da sua orelha. — Nos damos bem a maioria das vezes, mas as vezes é inevitável ter uma briga, você deve entender como é.

— Entendo — menti.

Não, eu não entendo, Chanyol.

 

Tinha uma pergunta entalada na minha garganta, era algo que não aguentava mais manter preso, queria muito saber, mas não sabia como perguntar isso, e nem como o garoto iria reagir diante da pergunta.

— Quero te perguntar uma coisa desde hoje cedo — assumi —, gostaria que você fosse sincero comigo, por favor.

Os enormes olhos de Chanyeol ficaram mais arregalados do que o normal, sua expressão era um mistério. O garoto jogou o corpo para frente na cadeira, ficando com o rosto mais próximo do meu.

— Pode me perguntar o que quiser, prometo ser sincero com você, Baekhyun — o maior respondeu em um sussurro.

Com o peito quase explodindo, temi que Chanyeol estivesse escutando os batimentos do meu coração, que estava muito acelerado devido ao nervosismo. Ainda um pouco nervoso, abaixei a cabeça tentando planejar as palavras certas para usar na hora, mas meu coração estava batendo tão rápido que eu não conseguia pensar em nada, só sabia que precisava tirar aquela dúvida de uma vez por todas.

— Chanyeol, o que você acha de homossexuais? — perguntei de supetão, um pouco receoso com a resposta que iria ouvir a seguir.

Levei meus olhos em direção aos olhos do outro, que acabara de engolir seco por algum motivo desconhecido.

— Por que a pergunta, Baekhyun?

Não torne as coisas mais difíceis, Chanyeol.

— Responda a minha pergunta primeiro, depois eu respondo a sua — respondi sem emoção, aquilo já estava me deixando agoniado.

Chanyeol deu um suspiro longo, e fechou seus olhos por alguns instantes, antes de responder.

— Não tenho nada contra, inclusive, eu até sou — respondeu com humor, me fazendo ficar surpreso com a resposta. — Agora responda a minha pergunta, Baekhyun.

Um sorriso bobo surgiu no meu rosto, de modo que era impossível tentar disfarçar.

Eu só estava... sem palavras.

— Quer saber o motivo da minha pergunta? — perguntei fazendo um pouco de mistério, Chanyeol assentiu na mesma hora. — É que eu também sou gay — ri após ver a reação de Chanyeol. — Te juro, eu não estava esperando receber essa resposta de você. Me sinto até mais aliviado por ter lhe contado e descoberto que você não é homofóbico ou preconceituoso como a maioria das pessoas.

Parecia que um peso tinha saído das minhas costas, parecia que agora não tinha mais motivos para eu cuidar as palavras que usava com ele.

Éramos parecidos.

— Entendi. Confesso que estou um pouco surpreso com isso, mas é uma surpresa boa — Park deu um sorriso malicioso para mim, que na mesma hora retribuí a malícia.

Por que não, não é mesmo?

— Você tem namorado, Baekhyun?

Voltei com o meu corpo para o encosto da cadeira, de modo que ficássemos com nossos corpos um pouco mais afastados do que antes.

— Não tenho, e você?

— Não. Nunca encontrei uma pessoa que me fizesse meu coração bater mais rápido. — Colocou as mãos dentro do bolso da sua calça novamente, fiz o mesmo, estava muito frio naquela sala, e o colégio também não ajudava muito. — E você? Por qual motivo está solteiro, Baekhyun? Você é um garoto tão bonito, aposto que tem muitos pretendentes.

Gostava da maneira que meu nome saía pelos lábios de Park Chanyeol.

— Eu estudo muito, acho que não teria tempo para namorar alguém, pelo menos não agora — menti.

Eu não poderia revelar o real motivo, era muito cedo, eu nem conhecia direito aquele garoto.

— Mas você precisa se divertir um pouco também, Byun — Park disse com calma na voz. Ele me fitava sem dó ou sem se importar com o que eu pensaria a seu respeito. — Sair as vezes faz bem.

— Sei disso, mas meu pai não me deixa sair de casa — torci a boca para o lado —, então eu só estudo ou fico em casa.

Chanyeol ficava me analisando sem falar uma palavra, parecia que ele estava estudando as palavras certas para serem usadas. Ou ele simplesmente estava me admirando enquanto as palavras saíam da minha boca.

— Isso é tão deprimente, Baekhyun. Você e seu pai não se dão muito bem?

Engoli seco na hora, pigarreando.

— Não muito. Problemas de família, sabe como é. Podemos falar sobre outra coisa?

Não gostando do rumo que essa conversa estava indo, me levantei e fui em direção ao filtro de água existente no canto direito da sala, pegando assim dois copos plásticos.

— Aceita uma água?

Park concordou com a cabeça. Enchi os dois copos e entreguei um para o maior, que murmurou um “obrigado”. Fui para o outro canto da sala, deixando Chanyeol sentado um pouco afastado, minha cabeça estava com um turbilhão de pensamentos.

— Sinto que de alguma forma, você não gosta de falar da sua família. — Escutei a voz ecoar pela sala, fazendo minha atenção voltar ao garoto de cabelos pretos. — Prometo não perguntar sobre ela novamente, se isso te deixar mais confortável. Tudo bem?

Concordei com a cabeça, me sentindo um pouco mais aliviado pela compreensão do mais velho.

— Obrigado pela compreensão — sorri de canto. — Não estou acostumado com pessoas perguntando sobre a minha vida, principalmente sobre a minha família.

Assim que Chanyeol terminara de tomar sua água, ele esperou calmamente que eu terminasse a minha, para colocar os dois copos no lixo. Em goles rápidos, terminei de beber a água, alcançando o copo para o garoto, que levantou e foi em direção ao lixo que tinha do lado do filtro.

Enquanto Park estava de pé, aproveitei para analisar todo o corpo daquele garoto. Ele era bonito, muito bonito. Suas orelhas eram grandes, mas isso dava um charme diferente para ele, o tornava diferente dos outros. Seu sorriso era o que mais me chamava a atenção, dentre as outras coisas que atiçavam desejo dentro de mim.

Desejo, era uma coisa eu não sentia por uma pessoa fazia muito tempo. Eu tinha medo, medo de envolver uma pessoa na minha vida, não queria que a vida dessa pessoa fosse tão ruim quanto a minha. Ninguém merecia isso. Por isso, sempre me privei do mundo. Me privava por ter medo.

A maneira que estava encarando o maior era como se estivesse vendo uma miragem, meu olhar queimava as costas do garoto, que em momento algum me viu fazer isso. Pelo menos, era o que eu achava.

Na inocência, Park virou seu corpo para mim, que continuava com meus olhos vidrados sem se importar que o outro visse tal ato. Envergonhado por ter sido pego no flagra, abaixei a cabeça rapidamente, sentindo meu rosto ruborizar de uma maneira que não sentia isso por anos.

— Baekhyun? — Ouvi ser chamado pela voz rouca do mais velho. — Você estava me olhando, não estava?

Concordei, um pouco envergonhado.

Chanyeol se aproximou, ficando de joelhos na minha frente. Levei meus olhos de encontro aos seus.

Lindos.

— Não precisa ficar com vergonha disso, sério — sorriu de canto. — Mas, posso saber o motivo de você estar basicamente me encarando? Senti minhas costas pegarem fogo, sabia? — disse com humor.

Park conseguia me fazer rir, e dessa vez não foi diferente.

— Ah, você sabe... — sussurrei nervoso, Chanyeol me incentivou a continuar.

— Não, não sei, Byun Baekhyun.

Cada vez que ouvia meu nome sendo dito da boca do garoto, sentia um arrepio percorrer o meu corpo, eu gostava disso, era uma sensação boa.

— Tudo bem, eu me rendo! — Levantei os braços para cima, em forma de rendição. — A verdade é que sim, eu estava te encarando... e o motivo, era que...

Formulando as palavras na minha cabeça, pude sentir a mão do outro na minha coxa direita, ele estava me incentivando a ter coragem de falar. Ou tentando me deixar mais nervoso.

“Termine logo com isso, Baekhyun” pensei.

— Eu estava te olhando porque te achei bonito. Muito bonito, para falar a verdade. — Assumi, sentindo o calor tomar conta do meu corpo e do meu rosto, que já deveria estar vermelho fazia muito tempo.

Park se levantou sem dizer uma palavra para mim, deixando assim, um silêncio no ar. Com a cabeça levemente levantada, procurei para onde ele tinha ido. Após ver que estava de costas, levantei a cabeça e fiquei analisando o corpo de Chanyeol, que estava apoiado em sua enorme mesa redonda.

— Imaginei que fosse por isso, você é péssimo em disfarçar, Byun Baekhyun. — Park cruzou os braços e deu a língua.

— E se eu não quisesse disfarçar? Eu poderia muito bem querer que você tivesse visto eu te encarando, não podia?

Surpreso pelo que acabara de falar, mas não envergonhado pela atitude, lambi os lábios sensualmente de modo que chamasse a atenção do maior. Chanyeol caminhou em passos lentos até chegar na cadeira que eu estava sentado, parando na minha frente por alguns segundos, antes de se abaixar novamente para ficar na mesma altura que eu e encarar à fundo meus olhos castanhos.

Encarava os enormes olhos castanhos de Park Chanyeol, como se fosse um lobo esperando o momento para devorar sua presa. Naquele momento eu não estava me importando com os riscos que correria caso abrisse seu coração para outra pessoa. De algum modo, eu estava me sentindo muito atraído por aquele novato que conhecia tão pouco a respeito.

— Claro, Baekhyun. Você pode me encarar à vontade, não vou me sentir incomodado com isso, muito pelo contrário, só não reclame se eu fizer o mesmo com você, garotinho — disse num tom extremamente sensual, ele fitava os meus olhos descaradamente, de uma maneira que senti que seu coração poderia sair para fora do peito a qualquer instante.

 

Ouvimos o barulho do sinal tocar, era hora de voltar para a sala de aula — infelizmente — e voltarmos aos nossos afazeres.

— P-precisamos ir para a nossa sala — murmurei, vendo que o maior não saíra da minha frente.

— Realmente. É uma pena, estava gostando de ficar aqui com você — sorriu descaradamente, o sorriso mais lindo que eu tinha visto em toda a minha vida. — Vamos, Baekhyun?

Assenti.

Park estendeu a mão para que eu a pegasse para me levantar, e assim fiz. Segurei a mão do novato, que estava coberta pela luva que havia recebido hoje mais cedo. Sua mão era forte, grande. Me senti hipnotizado no mesmo momento em que nossas mãos se tocaram. Era como se fossemos um só.

 

 

Seguimos o caminho até a sala de aula, atraindo alguns olhares curiosos, principalmente os da irmã minha irmã, que encarava ele com uma cara não muito boa. Sem me importar com isso, me sentei no meu lugar e olhei para trás — onde Chanyeol sentava — para dar uma última olhada nele antes das aulas começarem.

Ele estava lá, com os cotovelos em cima da mesa, a ponta do seu nariz estava tão vermelha quanto a minha. Ele era bonito, Park Chanyeol era incrivelmente bonito.

 

 

 

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Conforme as horas iam passando, mais eu implorava para que os minutos passassem rápido. Já estava agoniado para rever o garoto que tinha feito com que eu soltasse inúmeros suspiros.

Sempre que pensava em Park Chanyeol, meu coração batia mais rápido. Mas sempre tinha uma voz no fundo dizendo “não o envolva em seus problemas, ele não merece isso”, isso me deixava triste, pois de alguma forma acabei me sentindo conectado com aquele garoto.

 

 

A última aula era de sociologia, não era a minha matéria favorita, mas como no restante das matérias, me dava bem nessa também.

O professor era um homem de meia idade e usava um óculos fundo de garrafa, o que deixava seus olhos maiores do que realmente eram.

— Muito bem, vou passar um trabalho para que vocês façam ele em duplas e me apresentem na próxima sexta-feira. E antes que me perguntem, eu irei formar as duplas.

Resmungos dominaram a sala de aula, mas o professor não se intimidou por isso.

— Se reclamarem, vou diminuir o prazo da apresentação. Vocês que sabem o que é melhor para vocês.

Um silêncio tomou conta do lugar, fazendo assim com que o professor conseguisse formar as duplas.

Afundei a cabeça no meio meus braços, descansando os olhos. Se tinha uma coisa que eu odiava, era fazer trabalho em dupla. Geralmente era eu quem fazia todo o trabalho sozinho.

Espero que dessa vez seja diferente.

Os nomes começaram a ser ditos, com isso, as duplas estavam sendo formadas. Mas nada do meu nome. Nem de outra certa pessoa.

Com os nomes quase terminando, o homem de meia idade lançou um olhar para mim, seguido de um olhar para Park Chanyeol.

— Hm, Baekhyun, você irá fazer dupla com o Chanyeol, tudo bem?

Contente com a escolha do professor, assenti alegremente com a cabeça. Era a chance perfeita de passar mais um tempo com o novato.

Com as duplas finalmente formadas, o professor ordenou que os alunos se reunissem com suas duplas, todos obedeceram na hora.

Park puxou sua cadeira para perto da minha mesa, fazendo assim com que nossos olhos se cruzassem pela milésima vez.

— E então? Feliz com a escolha do professor? — Park perguntou num sussurro, de modo que apenas eu conseguisse ouvi-lo.

— Confesso que não foi uma má escolha — respondi, quase explodindo de felicidade por dentro, mas não queria demonstrar isso em público —, acho que podemos fazer um bom trabalho.

— Tenho certeza que vamos.

Passando pelas mesas, uma folha com alguns assuntos foi entregue nas mãos dos alunos, tínhamos que pesquisar sobre os assuntos e anotar o que achávamos mais importante para apresentar aos colegas.

Sempre me dei bem com o público, eu precisava disso para ser representante, então esse trabalho não seria um problema.

— Precisamos marcar um lugar para fazermos esse trabalho. — Park pegou a folha a passou os olhos rapidamente por cima. — Podemos nos reunir na minha casa amanhã, amanhã é sábado.

Olhei rapidamente para o maior, que mantinha a naturalidade.

— Algum problema, Byun? Não me diga que seu pai não deixaria você vir na minha casa para fazermos um trabalho da escola. — Arqueou uma sobrancelha, fazendo com que seu rosto ficasse com um ar mais sério.

— Não é isso, se fosse por causa de um trabalho ele deixaria sim — expliquei. — Só que... eu nunca fui na casa de outro garoto.

Chanyeol ficou em silêncio por alguns segundos enquanto me fitava. Sem querer, deixou escapar um riso, fazendo assim, com que eu arqueasse uma sobrancelha também.

— Relaxa, Baek. Só vamos fazer um trabalho da escola, não precisa ficar nervoso com isso — sussurrou sensualmente. Pude ver Park Chanyeol morder o lábio inferior durante a troca de olhares, seria uma provocação?

— N-não estou nervoso... só é algo novo para mim.

Park inclinou o corpo para frente, fazendo com que seu rosto ficasse muito próximo do meu, que respirava com dificuldade por causa da aproximação.

— Se não está nervoso, por que está gaguejando? Byun Baekhyun — sussurrou no ouvido. Me afastei no mesmo instante, eu estava inteiramente arrepiado, principalmente com a aproximação do outro. Park Chanyeol gostava de me provocar, isso era algo que estava começando a notar aos poucos.

E eu gostava, muito.

 

 

 

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O sinal para ir embora acabara de tocar, por sorte era sexta-feira. Durante a aula, acabamos combinando a hora certa para eu fosse na casa de Chanyeol, estava tudo certo para o dia seguinte.

Estávamos do lado de fora do portão, esperando a multidão passar.

— Tenho que te entregar uma coisa. — Park tirou as luvas das mãos, me entregando. — Obrigado por me emprestar elas, da próxima vez não vou me esquecer de trazer luvas.

Empurrei gentilmente as mãos do maior, que ficou sem entender.

— Pode ficar com elas, não quero que você congele até chegar em casa — sorri gentil —, eu tenho outro par de luvas em casa, fique com essas, é um presente meu.

Chanyeol sorriu sem jeito.

— Tem certeza disso? — Com a cabeça, digo que sim. — Tudo bem então, prometo deixar elas na minha mochila para nunca mais esquecer de usá-las. Obrigado, Byun. — Park deu um sorriso de canto para mim, em seguida o senti me puxar pelo braço para iniciar um abraço apertado. Eu não estava esperando por isso. — Até amanhã, não se esqueça!

Ainda um pouco sem jeito, apenas concordei com a cabeça. As palavras não saíam da minha boca.

Vendo o garoto ir embora em uma contrária da minha, virei as costas e segui o caminho de volta para a minha casa.

Amanhã iria ser um dia longo.

— Até amanhã, Park Chanyeol.


Notas Finais


Vejo vocês na próxima<3
Não esqueçam de comentar para eu ficar sabendo sobre o que vocês estão pensando da fanfic.
Tenham uma ótima semana!


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