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História Segredos do Passado - Uma noite na floresta


Escrita por: winngs

Notas do Autor


Oi gente, tudo bem? Passaram bem a semana?
Sem muita enrolação, vamos direto ao ponto: Semana que vem eu não vou conseguir atualizar pois irei viajar para a casa da minha avó, pois ela estará de aniversario. Outra coisa, eu comecei a escrever uma oneshot Chanbaek (avá), estarei postando em breve para vocês. <3
Boa leitura!

Capítulo 22 - Uma noite na floresta


Quinta-feira, 20:30.

 

A semana passou incrivelmente rápido, amanhã já era o dia em que iríamos acampar junto com os outros terceiros anos. Nunca acampei antes, minha família nunca foi daquelas de levar os filhos para a natureza, eles tinham outros tipos de atividades, isso quando o meu pai não ficava ocupado demais trabalhando. Mas, pelo que eu sempre vi nos filmes e séries, acampar era algo divertido. Havia casos em que as pessoas encontravam alguns animais selvagens pelas florestas e selvas, espero que isso não aconteça amanhã, seria engraçado eu fugindo de um urso ou algo do tipo.

 

Como não podíamos levar nossos celulares, peguei apenas umas roupas casuais para o dia e um pijama para dormir. Não foi dito nada sobre poder levar comidas, sacos de dormir ou barracas, provavelmente eles dariam essas coisas para nós.

Fecho a minha mochila vermelha da nike e vejo que ainda está cedo para dormir — talvez se eu tivesse oito anos eu dormiria nesse horário —, pego meu celular e resolvo mandar uma mensagem para o moreno.

 

“Pode vir aqui? Estou tão entediado.”

 

Respondeu na mesma hora.

 

“Estou indo.”

 

Nossa relação continuava a mesma de sempre; ficávamos quando ambos estavam com vontade, mas na escola, éramos melhores amigos, não ficávamos em público. E sinceramente, eu estava gostando disso, estava gostando de ficar vez ou outra com o Kai, era bom.

Coloco meus pés nas minhas pantufas e caminho até a porta, que ele acabara que bater para que eu abrisse. Abro-a e ele beija a minha testa, entrando logo em seguida.

— Já arrumou a sua mochila?

— A minha? Ainda não, e nem sei o que levar para o meio do mato. — Caminha com as mãos no bolso da calça até o quarto e me chama.

O sigo pelo curto corredor até o meu quarto. Jongin se senta na cama, ao lado da minha mochila. Puxo a cadeira da minha escrivaninha e me sento, cruzando os braços.

— Praticamente só roupa. Não podemos levar qualquer tipo de eletrônico para esse passeio.

Jongin abre a minha mochila e passa os olhos minuciosamente por dentro dela, analisando cada roupa que eu levaria.

— Já pensou se largam a gente no meio do mato e vem um lobo e mata alguém? — Ele estava sério.

Começo a rir.

— Eles não são malucos de fazer isso, eu acho. — Mordo a casquinha recém-formada no meu lábio. — Imagina a gente tentando dormir e aparece um urso do lado da nossa barraca. Acho que eu sairia correndo e você nunca mais iria me ver — digo com humor.  — Isso está me deixando nervoso...

— Espero que isso não aconteça — Kai ri. — Não esquenta, Byun, vai dar tudo certo.

 

 

Sexta-feira, 07:10.

 

Pego minha mochila e coloco uma das alças por cima do meu ombro, giro a chave e abro a porta. Corredor vazio. Bato duas vezes na porta do Jongin, rapidamente ele atende.

— Bom dia — digo. — Está pronto para irmos?

— Estou, só preciso pegar minha mochila — ele diz.

— Certo, então vai logo, porque você é uma lesma para ir caminhando até a escola — digo com humor.

Jongin cerra os olhos e dá meia hora, indo em direção do seu quarto e voltando com sua mochila. Nada foi dito sobre ir com uniforme ou não, estão preferi não colocar meu uniforme hoje. Vesti um jeans claro com rasgos no joelho, um moletom cinza e um tênis all star preto. Jongin vestia um jeans escuro, uma bota de couro marrom e um moletom cinza listrado.

— Podemos ir, Baek.

 

Fomos caminhando lentamente até a escola, os ônibus iriam sair sete e meia, horário que o sinal toca para o primeiro período. Eu estava muito animado para acampar pela primeira vez, seria uma experiência totalmente diferente de todas que eu tinha passado.

 

 

♡⚣♡

 

 

Todos os alunos já estavam na escola, alguns mais animados do que os outros. Luhan, Sehun, Chen e Yixing quando nos viram chegar, vieram correndo na nossa direção.

— Bom dia — falaram em uníssono.

— Bom dia — Kai e eu respondemos.

— Animados para hoje? — Chen pergunta.

Assinto animado.

— Ele está animado agora, mas ontem de noite estava bem nervoso — Kai diz rindo.

— Como assim ontem à noite? — Luhan pergunta malicioso.

— Esqueci de falar pra vocês. Eu e o Kai somos vizinhos de porta — falo com humor. — Moramos no mesmo prédio e no mesmo andar.

Pronto, foi o que precisei falar para que eles me olhassem com malícia. Principalmente o Luhan, que era o que mais me deixava constrangido em momentos assim.

A alguns metros de nós, vejo Park Chanyeol chegando de mãos dadas com a Kim e suas amigas. Reviro os olhos e coloco minhas duas mãos atrás da minha cabeça. Percebo que o olhar de Luhan vem diretamente ao meu pescoço. Arregalo os olhos e torço para não ser o que eu estava pensando. Seu olhar vai até o pescoço do Kai, e rapidamente Luhan dá um passo para frente e puxa um pouco o seu moletom para baixo, de modo que seu pescoço ficasse todo à mostra.

— Seus safados, que chupões são esses? — Luhan fala alto o bastante para que todos, inclusive Park e Kim, olhassem para nós.

Sinto meu rosto pegar fogo com todos os olhares queimando em cima de nós. Maldito Luhan. Aperto meus lábios com força e encaro o Luhan como quem quisesse dizer: Você vai morrer. Kai coloca seu braço por cima do meu ombro e me puxa para mais perto dele.

— Relaxa, Baby Byun. — Jongin bagunça o meu cabelo.

— Fica quieto, Jongin — digo sério. Meu rosto poderia explodir a qualquer hora de tanta vergonha.

Esses chupões mais visíveis eram os mais recentes, os antigos nós passávamos maquiagem para que ninguém pudesse ver, mas por algum motivo, havíamos esquecido dessa vez. A reação do Chanyeol foi impagável.

 

Três ônibus foram chegando, seria um para cada turma. Quando o sinal tocou, os professores vieram e fizeram a chamada para ver quem estava faltando, eles organizaram a turmas e os alunos foram entrando calmamente dentro dos ônibus, minha turma foi a última. Puxei o Kai pela mão e os garotos nos seguiram, eu queria pegar um lugar bom, e bem longe da Kim e do Chanyeol. Conseguimos ser os primeiros a entrar, então pudemos escolher qualquer lugar.

— Kai, garotos, aqui! — Aponto para os últimos bancos do ônibus. Eles ocupam a última fileira do ônibus, eu e Kai sentamos nos bancos da frente, onde só duas pessoas podiam sentar. Me ajoelho no banco e me viro para eles. — Faz tempo desde que não temos um passeio de escola.

As pessoas começam a entrar uma por uma no ônibus.

— Vamos sentar aqui, amor. — Escuto a voz familiar.

Me viro e dou de cara com eles.

— Ah não, Kim. Tanto lugar no ônibus e você vem sentar aqui? Vaza daqui garota.

A loira cerra os olhos ao me ver. Encaro ela e o garoto alto que permanecia calado.

— É isso aí, sai daqui Chanyeol — Sehun grita do fundo.

O garoto revira os olhos e puxa a loira para alguns bancos mais à frente. Suspiro aliviado em pensar que eles não ficariam perto de nós no ônibus. Só espero que fiquem bem longe de mim quando formos acampar. Eu só queria relaxar um pouco, com eles por perto, isso não seria possível.

As portas do ônibus fecharam e ele começou a andar, seria uma viagem de uma hora e alguns minutos. Uma agitação se iniciou, não parecíamos uma turma de terceiro ano, parecia mais uma turma do fundamental, e bom, eu fazia parte dessa turma do fundamental.

— Silêncio! — A professora de biologia disse, levando seu indicador aos lábios.

Todos ficaram em silêncio, mas não durou muito. Vendo que não iria conseguir fazer os alunos ficarem quietos, a professora se sentou no banco individual. Ela seria a responsável pela nossa turma. Todos estavam muito empolgados com o fato de irmos fazer um passeio. Muitos estavam tensos com as provas chegando, era a chance perfeita para que todos pudéssemos relaxar um pouco e esquecer das provas.

 

 

♡⚣♡

 

 

Preciso falar que foi um caos até chegarmos na cidade combinada? A viagem não demorou muito, mas todos estavam fazendo muita bagunça dentro do ônibus. O ônibus parou no estacionamento do parque — era um parque dentro da enorme floresta —, a primeira coisa que eu fiz foi colar meu rosto na janela e ficar assustado com o tamanho daquelas árvores.

— Muito bem, desçam em ordem — a professora disse.

Pego minha mochila e a jogo por cima do meu ombro, me levanto e os garotos vem atrás de mim. Descemos em ordem — ou nem tanto — e os responsáveis pelo parque já estavam nos esperando.

— Bom dia a todos — disseram. Era um homem de meia idade e uma mulher mais jovem. — Sejam todos bem-vindos ao parque.

— Bom dia — respondemos em uníssono.

Os professores responsáveis por cada turma falaram que iriam nos reunir em grupos de quatro pessoas, para ajudarmos uns aos outros. Nossos nomes foram escritos em papeis e colocados em uma lata para sortearmos os grupos. Odeio sorteios, só espero que eu não caia com... bom, vocês sabem.

Grupo por grupo estava sendo formado, e meu nome ainda não havia caído em outro grupo. Os garotos tiveram que se separar, infelizmente eles não conseguiram ficar no mesmo grupo, Luhan estava muito estressado por não cair no mesmo grupo do Sehun. Quando a professora veio com a lata na nossa direção, eu engoli seco, Jongin disse que iria tirar os nomes, e assim fez. O moreno pegou três papéis de uma vez só e os abriu, torcendo o nariz ao ler os nomes.

Paro do seu lado para ler quem estaria no mesmo grupo que ele.

— Eu, você, Kim e Chanyeol...

Coloco a mão na testa e fecho meus olhos, só podia ser um pesadelo, nem quando eu estava tentando relaxar eu conseguia sem ter algo ou alguém que atrapalhasse tudo.

— Você tem a mão podre, Kai. — Reviro meus olhos e cruzo os meus braços, encarando aqueles dois que não estavam muito longe de nós. — Venham, vocês são do nosso grupo — digo para eles.

A loira torce o nariz e vem na nossa direção com o Chanyeol. Tento não olhar muito para aqueles dois, eu não queria eles perto de mim. Todos os grupos estavam formados, e eu não estava nem um pouco satisfeito com o meu, só de pensar que eu teria que passar a noite perto da Kim me dava vontade de vomitar todo o meu café da manhã.

Nossa professora de biologia se posicionou na frente de todos nós.

— Muito bem, cada grupo vai receber duas barracas e os utensílios necessários para passarem uma noite no meio da floresta. Vocês vão receber varas, redes, uma caixa de fósforo para acenderam uma fogueira quando escurecer, sacos de dormir; entre outras coisas.

Todos ficaram em silêncio.

— Mas o que a gente vai comer, professora? Não trouxemos comida — Kim perguntou com sua voz enjoativa.

— Você não escutou a professora falar que vamos receber varas e redes? O que você acha que vamos fazer com uma vara de pescar, Kim? — pergunto seco. Todos começam a rir.

A loira cerra os olhos e me encara.

A professora pigarreia para chamar a atenção de todos.

— Formem duplas dentro dos seus grupos, e um por dupla vá até aquela cabana. — Aponta para uma enorme cabana no meio do nada. — E peguem um kit para passarem a noite.

Jongin e Chanyeol foram pegar os kits e eu fiquei sozinho com a Kim. Luhan e alguns dos garotos me olhavam preocupados, acho que eles estavam mais preocupados do que eu. Não dou conversa para ela, eu só queria que aquilo acabasse logo. Os dois voltam com os kits, era muita coisa.

— Deixa eu te ajudar, Kai. — Peguei os sacos de dormir e as varas de pescar.

Todos os grupos já estavam com tudo necessário para acampar, então a professora disse que podíamos ir para a floresta, só que precisávamos estar amanhã cedo de volta no estacionamento para voltarmos. Pensei, e se nos perdêssemos? Como iríamos voltar?

Os grupos foram entrando floresta a dentro, meu grupo foi o último a entrar, pois a Kim ficava reclamando que não iria carregar nada.

— Para de ser fresca, Kim. Ajuda o seu namorado a carregar as coisas. — Reviro os olhos. — Vem Kai, não vamos ficar esperando por eles.

Kai me segue e entramos na floresta, escuto alguns passos vindo atrás da gente, olho para trás e vejo os dois nos seguindo. Paro de caminhar e eles ficam me olhando.

— Seguinte, eu não estou feliz em estar no mesmo grupo que vocês — digo para os dois. — Mas precisamos ficar juntos esta noite, então vamos tentar nos dar bem, nem que for por algumas horas.

Os dois concordaram com a cabeça e voltamos a caminhar, precisávamos achar um lugar para montarmos a nossa barraca. Mesmo sendo de dia, era bem escuro dentro da floresta por causa de grande quantidade de árvores juntas, seguidamente precisávamos passar por de baixo de galhos para conseguirmos seguir em frente. Kim ficava reclamando de praticamente tudo, que os mosquitos estavam picando ela, que seus tênis estavam afundando no barro. Sinceramente, não tenho paciência para isso.

 

Fomos andando até darmos de cara com enorme cachoeira, o lugar era muito bonito e iluminado, era o lugar perfeito.

— Vamos ficar aqui — digo.

Largamos as coisas no chão e Jongin começa a montar a nossa barraca. Park pega a sua barraca e começa a montar ela a alguns metros da nossa, rezo para não escutar barulhos indesejáveis no meio da noite.

Eu e Kim ficamos responsáveis por pegar alguns gravetos para acendermos uma fogueira quando anoitecesse. Praticamente só eu que peguei a nossa lenha, pois ela ficava reclamando que ela não queria se sujar carregando aquelas madeiras. Acham que eu carreguei tudo sozinho? Claro que não. Fiz a Kim carregar parte da nossa lenha. Não me perguntem como eu fiz isso.

Voltamos para onde os garotos já tinham montado as barracas. A minha e a do Kai estava impecável, já a do Chanyeol e da Kim, a história era diferente. Acho que ele nunca tinha montado uma barraca antes.

Largo o que consegui encontrar de madeira no chão, onde faríamos a nossa fogueira.

— Precisamos pegar o nosso almoço e a nossa janta. — Pego uma rede de pesca. — Quem vai pescar? Temos as varas e redes, acho que todos podem ajudar.

A garota loira torce a boca para o lado e cruza os braços.

— Até parece que eu vou pescar. — Arruma seu cabelo para trás da orelha.

Kai e Chanyeol pegam as varas e se sentam na beira da cachoeira, eles atiram o anzol para dentro da água.

— Ótimo, se você não ajudar a pescar, você não vai comer. — Cruzo os braços e encaro a garota. — O que você prefere?

— Está bem, eu ajudo a pescar — bufa.

Foi mais fácil do que eu pensei.

Entro na nossa barraca e troco minha calça jeans por uma bermuda jeans que ia até acima do joelho. Tiro meu tênis e minhas meias, ficando descalço.

Junto a rede e entro dentro do rio, a Kim já estava pescando. Ou melhor, tentando. Atiro a rede na água e espero alguns segundos, até conseguir ver que um peixe já tinha caído dentro da rede. Levanto ela rapidamente e coloco o peixe na beira do rio. Atiro novamente a rede na água, não demora muito para dois peixes caírem nela. Levanto a rede novamente e levo os dois peixes para a beirada, todos ficam me olhando com caras enigmáticas.

— O que foi? — pergunto. — Acho que estou com sorte hoje.

— Desse jeito eu nem preciso mais tentar pescar — Kai ri.

— Até parece, Kai. Continua pescando. — Jogo um pouco de água nele, ele joga água em mim com o seu pé.

 

Continuamos pescando, eu fui o que conseguiu pegar mais peixes. Kai e Chanyeol pegaram alguns, mas nada muito significante. Já a Kim, bom, ela não pegou nenhum. Como o esperado. Pegamos no total dezenove peixes, seria o suficiente para o almoço e janta, pois eles não eram tão grandes.

Park faz a fogueira com as madeiras que conseguimos achar na floresta, ele espeta alguns peixes em uns galhos mais grossos que pegamos, e dá um peixe para cada um. Nos sentamos em volta da fogueira e eu finjo nem estar vendo os dois.

— Segura pra mim, Kai? — Entrego o meu peixe para ele. — Vou tirar esse moletom, estou com calor.

Ele concorda e segura os dois galhos. Tiro meu moletom e o jogo em um canto qualquer, eu estava com uma camisa de manga curta por baixo. Kai me entrega o meu peixe e eu volto a assá-lo.

— Isso é tão chato, ficar na floresta é um saco, não sei por que eu aceitei vir — Kim resmunga.

— Cala a boca Kim, para de reclamar. Talvez você aceitou vir porque não é uma boa aluna e esteja precisando de nota. — A encaro. Park começa a rir. Kim cerra os olhos e encara o namorado.

Solto um suspiro entediado por estar respirando o mesmo ar que ela, ela me cansava. Pessoas burras me cansavam.

Viro meu peixe e me sento mais perto do Kai, aproximo minha boca do seu ouvido e cochicho:

— Já pensou se aparece um urso e devora a Kim? Não iria fazer falta alguma.

Jongin começa a rir junto comigo. Deito minha cabeça no seu ombro e continuo virando o meu peixe, esperando ele assar. Levanto meu olhar discretamente e observo os dois, eles não eram tão carinhosos um com o outro, até eu e o Kai éramos mais amorosos do que eles, e olha que nós não namorávamos.

 

 

Almoçamos e depois fui dar uma caminhada com o Kai, pouco me importava o que aqueles dois iriam fazer, eu só queria ficar um pouco sozinho com o moreno. Caminhamos por um bom tempo, até percebermos que estávamos andando em círculos e estávamos perdidos. Precisamos dar muitas voltas para acharmos de onde saímos, felizmente estávamos sozinhos, eles tinham saído.

— Pelo visto estamos sozinhos, ainda bem — bufo.

Vou em direção da barraca e puxo o Kai pela mão, entramos na barraca e nos sentamos com as pernas cruzadas.

— Está gostando da experiência de acampar?

— Até agora sim, não apareceu nenhum animal selvagem para me devorar, então está tranquilo — digo com humor. — Mas podia aparecer um para dar um sumiço na idiota da minha irmã.

— Quanta raiva nesse coração, Byun. — Kai ri e aperta minha bochecha. — Não tem muito o que fazer no meio de uma floresta, mas, o que você quer fazer para passar o tempo?

Torço a boca para o lado e olho para fora da barraca, nenhum sinal daqueles dois.

— Acho que podemos descansar um pouco, nossa caminhada foi bem cansativa, ainda mais que nos perdemos no meio do caminho — sorrio. Levo uma mão para o meu cabelo e o arrumo para trás da orelha.

— Tem razão — ele afirma. Arruma os sacos de dormir de uma forma confortável para que ficasse mais macio para nós. — Vem aqui. — Jongin se deita e abre os braços para mim, me aproximo dele e deito minha cabeça no seu peito, fechando os olhos aos poucos, até pegar no sono.

 

 

♡⚣♡

 

 

Duro, foi assim que eu acordei. Não duro de uma forma boa, foi da forma ruim mesmo. Nunca pensei que dormir no chão fosse algo tão desconfortável assim a ponto de você acordar todo dolorido. Mas faz parte, vale a pena pela experiência. Me espreguiço e acabo acordando o Kai, que estava quase babando enquanto dormia.

— Por um segundo pensei que você iria babar em mim — digo com humor.

O moreno esfrega os olhos e se senta do meu lado.

— Por quanto tempo dormimos?

— Não sei, mas ainda não escureceu. — Olho para o lado de fora e vejo que o sol ainda era forte. — Acho que vou tomar um banho no rio, estou com calor. — Viro meu rosto para ele, nossos olhares de cruzam. — Você trouxe algum calção de banho?

Ele assente e abre sua mochila, tirando o calção vermelho de dentro. Faço o mesmo, abro a minha mochila e pego um calção preto. Trocamos nossas roupas e vestimos o calção, apostamos corrida de quem chegaria primeiro no rio, e claro que ele ganhou, suas pernas eram maiores do que as minhas.

— Sem graça, nunca mais aposto nada com você, sei que sempre vou perder — digo emburrado. Caminho até de baixo da cachoeira e deixo a água cair sobre mim.

— E olha que não apostamos nada, mas da próxima vez vou apostar, vai ser divertido ganhar algo — diz com a língua entre os dentes.

Jongin vem até a minha direção e para do meu lado na cachoeira. Não era fundo o bastante para nadarmos, a água batia acima do meu joelho.

— Vai sonhando que vai ter uma próxima vez. — Atiro água nele.

Iniciamos uma guerra como se fossemos duas crianças. Aquele lugar estava despertando meus sentimentos antigos, de quando eu ainda era uma criança que só pensava em brincar e ser feliz. E sempre que eu estava com ele, de fato eu me sentia uma criança. Eu podia ser eu mesmo, e isso era a coisa que eu mais precisava. Eu precisava de alguém que me apoiasse, que me incentivasse, que fizesse eu mostrar o melhor lado de mim.

 

 

O sol estava indo embora e nuvens escuras começaram a dominar o céu, uma brisa gelada batia no meu corpo, fazendo todos os pelos do meu corpo se eriçarem.

— Acho que devemos sair, não quero me resfriar.

O moreno concordou.

— Antes disso, vem aqui Byun. — Me puxa pela mão e cola nossos corpos, ele coloca suas duas mãos no meu rosto, me fazendo olhar para ele. Envolvo minhas mãos na sua cintura e fico na ponta dos pés, para ficar o mais próximo da sua altura.

— Me beija, Jongin — sussurro melodiosamente. Minha voz sai mais sensual do que o normal, me surpreendo com o tom da minha voz, mas acabo gostando do resultado.

Kai sorri de canto e aproxima nossos rostos lentamente, sua respiração quente aquecia meu rosto. Seus lábios macios acariciavam os meus com cuidado, mas no fundo havia malicia no seu beijo. Deslizo minhas mãos para a sua nuca, onde enrosco meus dedos no seu cabelo molhado. Jongin me puxa pela cintura para ficar mais perto dele — se fosse possível —, nossas intimidades se roçam, e sinto o volume que estava se formando, isso me fez ficar mais excitado ainda.

Me afasto dele quando escuto o barulho de folhas secas e galhos se quebrando, olho para onde vem o barulho e vejo Park e Kim chegando. Ótimo. Reviro os olhos e puxo o moreno pela mão, precisávamos sair dali antes que pegássemos um resfriado, e isso era a última coisa que eu queria. Encaro a loira e percebo que seu olhar vem de imediato nos chupões da minha barriga.

— Andou apanhando de alguém, irmãozinho?

— Vê se me erra, Kim. — Mostro o dedo do meio para ela, ela finge estar ofendida e se senta perto da sua barraca.

Pego uma toalha para mim e outra para o Kai, nos secamos e trocamos nossas roupas atrás de uma árvore. Sim, atrás de uma árvore. Não dava para nos secarmos dentro da barraca, ela iria ficar toda molhada, então era a única opção que tínhamos. Preciso falar que fiquei constrangido de me trocar na frente dele? Eu ainda não tinha o visto nu, então tentei não olhar muito para ele enquanto vestia roupas secas.

Autocontrole.

Tanto ele quanto eu, sabíamos muito bem fazer isso.

 

Ficamos enrolando até a hora do jantar, não tinha muita coisa para se fazer no meio de uma floresta sem ser dormir, conversar e se perder. Até o momento não vimos nenhum animal selvagem, não seria hoje que um urso iria devorar a Kim. Quem sabe uma próxima vez.

Park acende a fogueira e sentamos em volta dela para nos aquecermos. Era estranho estar perto dos dois, perto das pessoas que mais me fizeram mal — uma mais que a outra —, eu sentia vontade de vomitar só de ver a cara de nojo e desaprovação quando ela me olhava.

— Perdeu alguma coisa na minha cara? — pergunto encarando a loira.

Jongin coloca seu braço por cima do meu ombro.

Kim torce o nariz e revira os olhos.

— Vocês dois estão namorando? — pergunta cínica.

Park me encara, esperando uma resposta.

— Não é da sua conta. Para de cuidar da minha vida, vai cuidar do seu namorado idiota. — Fuzilo os dois com os meus olhos.

Um sorriso maligno surge nos seus lábios.

— Engraçado que até meses atrás você não achava ele idiota...

Aperto os lábios com força, sentindo um desconforto enorme diante daquele assunto. Parte de mim queria muito falar: Sua idiota, isso tudo é culpa sua e do nosso pai. Eu não estou com ele por culpa de vocês; mas como sempre, me controlei.

— Fica quieta, Kim — Chanyeol diz irritado. — Será que podemos ter um pouco de paz sem vocês dois ficarem criando intrigas?

Me surpreendo com sua atitude, pensei que ele iria rir da minha cara ou apoiá-la nas suas atitudes, mas me enganei. No fundo ele ainda era o velho Chanyeol que ia pelo certo.

— M-mas, Chan...

— Eu disse chega. — Park estava sério, ele parecia muito irritado pelo que ela tinha falado.

Sinto uma vontade enorme de começar a rir, mas não era uma boa hora para isso.

 

Colocamos os outros peixes para assar e fico conversando com o Jongin enquanto isso. Era incrível como íamos de amigos para dois garotos cheios de desejos que procuravam alguém para se divertir. Era incrível a química que nós dois tínhamos além da amizade, chegava a ser até um pouco estranho. Mas eu gostava disso.

Muito.

 

Estava começando a escurecer, mas o fogo da fogueira ajudava aquele lugar a ficar iluminado. Havíamos acabado de jantar, mas continuávamos sentados ao redor do fogo para nos aquecermos. Tinha um vento frio que fazia o fogo da fogueira se apagar vez ou outra, daqui a pouco eu ia precisar de um cobertor para me aquecer. Chego mais perto do moreno e me abraço nele, no intuito de compartilharmos nosso calor corporal.

Park olhava para longe, distraído em seus próprios pensamentos. Kim me encarava com deboche.

— Que vergonha de você, irmãozinho. Nem para gostar de mulher você serviu — ela ri.

Jongin estava prestes a falar algo, mas eu falei antes dele.

— Ah, cala a boca Kim. Olha para o seu namorado. Se esqueceu que antes dele namorar com você, ele namorou comigo? Se toca garota, você namora um garoto que já namorou outro garoto, e quer falar de mim? Se enxerga — digo irritado.

A garota arqueia as duas sobrancelhas e sorri de canto, cinicamente.

— No fundo você ainda gosta dele, por isso tem essa raiva de mim.

Fecho os olhos imediatamente. Sempre soube que ela era uma pessoa baixa, mas não tanto.

Fecho os punhos com força e sinto uma raiva surgir dentro de mim.

— Eu não gosto mais desse idiota. — Aponto para Park, que assistia tudo calado, com os lábios apertados. — Quero mais que vocês sejam felizes, vocês dois se merecem. E você sabe o porquê de eu ter raiva de você, você sabe muito bem. — Rosno as palavras na cara dela.

Ela cerra seus olhos como quem quisesse me matar. No fundo ela tinha medo que eu contasse tudo para alguém. Kim tinha medo que eu chutasse o balde e colocasse a boca no trombone para todo mundo ficar sabendo da verdade.

— Que rebelde esse meu irmãozinho, você não era assim.

O que eu mais odiava nela, era o deboche na fala, isso sim me tirava do sério.

— Ainda bem que eu mudei, imagina continuar sendo aquele idiota de antigamente. — Junto minhas pernas no meu corpo, encostando elas no meu peito. Abraço minhas pernas e fico fuzilando a garota.

Nojo, era o que eu sentia dela.

Acho que nem nojo era a palavra certa para usar. Não existiam palavras para descrever o que eu sentia por ela.

Felizmente iriamos embora amanhã, tudo voltaria a ser como era antes. Eu ficaria bem longe da Kim e do Chanyeol. Mas eu teria que tomar um banho de sal grosso para tirar o encosto dela. Cruzes.

 

Distraído em pensamentos distantes, escuro o barulho das folhas se mexendo a poucos metros de distância de nós.

— Que barulho é esse? — Kim se assusta e arregala seus olhos castanhos.

— Talvez seja um lobo faminto à procura de alimento. Mas não se preocupa Kim, eles não gostam de carne podre — digo debochando.

Jongin e Park começam a rir, Kim estava nervosa demais para sequer me retrucar ou responder qualquer coisa.

O barulho vinha se aproximando lentamente, eu já estava preparado para correr se fosse um urso, um lobo, qualquer coisa do tipo. Ficamos em silêncio, até a Kim dar um grito tão alto que eu cheguei a pular do chão de tanto susto.

— Tira esse bicho horroroso daqui, tira, tira!

Procuro por todos os lados o bicho horroroso que ela falou, mas nada. Ela continuava gritando e indo pra cima do Chanyeol, coitado dele por ter que aguentar aquela maluca.

Meu olhar vai direto para o animal pequeno que parecia estar mais assustado com ela gritando, do que ela com ele.

— Kim, é só um coelho selvagem...

— Não importa, tira ele daqui agora! — ela grita.

— Cala a boca garota, ele está mais assustado que você — digo irritado.

O coelho fica tão assustado que ele vai embora, saltitando floresta à dentro. Consigo suspirar de alívio pelos gritos terem acabados, sua voz fina me deixaria com dor de cabeça se continuasse. A loira se levanta e puxa Park pela mão para dentro da barraca, agradeço mentalmente por ela ter ido dormir, estava cansado de olhar para aquela cara azeda dela.

Me levanto e dou alguns passos para mais perto da nossa barraca, então me deito no chão e chamo o moreno para se deitar comigo. Ele se deita do meu lado e ficamos para o céu, contando as estrelas.

— Na cidade grande quase não dá para ver as estrelas por causa dos prédios. O céu daqui é muito mais bonito — digo melancólico.

— Realmente, sobre isso não tem dúvidas. Por mim eu compraria uma casa no interior e morava nela até envelhecer.

— Você iria querer criar galinhas e porcos também? — Começo a rir.

Jongin ri junto e me abraça.

— Galinhas e porcos não, mas quem sabe alguns Baekhyunzinhos e Jonginzinhos — diz com humor.

— Fica quieto. — Gargalho e dou um soco de leve na barriga dele.

Eu gostava de ter esse contato com a natureza, fazia bem para a minha cabeça, era como se a natureza sugasse todas as coisas ruins de dentro de mim. O ar também era outro ponto forte; quando moramos em uma cidade grande, não nos damos conta do ar poluído que respiramos, e quando vamos mais para o interior, cidades menores, o ar é bem mais limpo e fresco.

— Acho que podemos vir mais vezes para o interior nos finais de semana, tipo um campo ou algo do tipo — comento.

— Claro que podemos, seria ótimo — sorri de canto. — Eu sou um grande fã da natureza por incrível que pareça. Acho que eu iria conseguir largar a minha vida de balada só para viver na tranquilidade.

Viro meu corpo para ele e o encaro surpreso.

— Você largaria as baladas para viver no meio do mato criando porco e galinha?

— Claro que sim — ele afirma.

Começo a rir, quem diria.

 

As estrelas estavam começando a sumir por causa das nuvens escuras. O tempo estava fechando, estava ficando mais frio que antes. Batendo queixo, convido o moreno para irmos dormir antes de ficarmos doentes no sereno. Colocamos um pijama mais quente e nos enfiamos dentro dos sacos de dormir, era bem estranho. Jongin beija a minha testa e me deseja boa noite, logo ele pega no sono. Tinha sido um dia diferente, ambos estávamos cansados. Vou fechando os olhos aos poucos, até sentir eles se fecharem totalmente.

 

 

♡⚣♡

 

 

Dormir no meio de muitas árvores era complicado, seguidamente eu acordava com algum barulho estranho, mas chegou uma hora que eu não estava conseguindo mais dormir.

Saio do saco de dormir e resolvo sair um pouco de dentro da barraca para respirar ar puro. Tento fazer o mínimo possível de barulho para que o Kai não acordasse, ele dormia como um anjo. E babava.

Saio lentamente da barraca e me espreguiço do lado de fora. Estava um pouco escuro, mas a luz da lua iluminava tudo. Olho ao meu redor e me sinto hipnotizado pela silhueta nua familiar que tomava banho tranquilamente no rio, sem se importar se estava frio ou não.

Esfrego meus braços no intuito de me aquecer e vou caminhando em passos lentos até perto do rio. Ele não tinha me notado ainda.

— Park... — digo.

Se vira para mim totalmente nu, ele não esperava que eu fosse acordar no meio da madrugada. E sinceramente, nem eu...

 

 


Notas Finais


Vejo vocês na próxima atualização? <3
Tenham uma ótima semana, byee!


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