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História Segredos do Passado - Os erros beijam bem


Escrita por: winngs

Notas do Autor


Oioi gente, como estão?
Eu iniciei duas fanfics ~sim~, e se você não sabia disso, é porque provavelmente não me segue, hahaha. Vou deixar o link delas nas notas finais, e uma divulgação da fanfic da minha amiga, que meu deusss, é muito boa.
Semana que vem terá atualização sim, podem comemorar ~weeeee
Mas então, peço que me apoiem nos meus novos projetos, assim eu trarei mais para vocês <3
Boa leitura.

Capítulo 24 - Os erros beijam bem


Quebra do tempo

 

Não houve grandes eventos ou ocorridos na semana, por incrível que pareça as coisas andavam bem calmas. Calmas até demais. Sabem quando dizem que quando as coisas estão dando muito certo, é porque algo de ruim está para acontecer? Eu sendo quem sou, sei disso mais do que ninguém. Cansei de estar vivendo um momento incrível, indescritível, e do nada vir algo para estragar tudo, para acabar com a minha felicidade. Mas talvez, só talvez, desta vez seja diferente. Oh céus, quem eu estou querendo enganar? Óbvio que a Kim não iria deixar isso barato, ela iria mais cedo ou mais tarde atrás de mim para me confrontar novamente sobre o término dos dois, mesmo os motivos disso ter acontecido serem desconhecidos para mim. Mudando um pouco de assunto, consegui tirar minha carteira de motorista de primeira! Comprei um carro comum e eu estava me divertindo com o fato de poder dirigir e não ter mais que depender dos outros sobre carona.

 

 

Era sexta-feira, todos já haviam pago as bebidas para o Chanyeol, seria uma noite e tanto. Imaginem uma casa com sete garotos bêbados... seria um caos, tenho pena dos vizinhos que teriam que aguentar música alta até tarde da madrugada.

Me viro na cama e meu celular começa a notificar novamente. Reviro os olhos, imaginando ser no grupo do Kakao. Perdi as contas de quantas vezes eu já silenciei esse grupo, mas a culpa não era minha que eles falavam demais. Geralmente eu só lia as conversas por cima, eles sempre perguntavam o que eu estava fazendo por não estar respondendo eles, isso quando não me mencionavam no próprio grupo, fazendo assim meu celular notificar, mesmo com o grupo silenciado.

Desbloqueio a tela e me surpreendo pela mensagem não ser no grupo, e sim ser no privado.

 

Chan: Você vem amanhã, certo?

 

 

Sorrio de canto. Ele queria mesmo que eu fosse?

 

Baek: Se eu paguei, claro que eu vou...

Chan: Que bom, nos vemos amanhã então.

Baek: Sim, se não acontecer nada comigo, nos vemos amanhã.

Chan: O que poderia acontecer?

Baek: Não sei, talvez a Kim resolva jogar uma bomba em cima do meu prédio, só para se vingar de mim por achar que eu tenho culpa de vocês terem terminado...

Chan: Meu Deus, Baekhyun, você está assistindo muito filme... ela não vai fazer isso.

 

Cerro os olhos, eu não duvidava nada vindo dela.

 

Baek: Tem razão, devo estar vendo muito filme mesmo, haha. Vou dormir, até amanhã, Chan~ ^^

 

Começo a rir quando percebo que o chamei pelo seu apelido, infelizmente não dava para corrigir.

 

Chan: Até amanhã, Byun. Tenha bons sonhos.

 

Bloqueio a tela e coloco o celular em baixo do travesseiro. Fecho os olhos e sinto eles pesarem em questão de segundos.

 

 

Paro na frente do roupeiro e atiro todas as minhas roupas em cima da cama para decidir qual roupa usar hoje à noite. Analiso minuciosamente cada peça e começo a guardar as que eu sabia que não iria usar, deixando apenas as que eu ainda estava na dúvida. Passo o dedo por cima de todas, como se eu estivesse fazendo “minha mãe mandou”, e escolho usar uma camisa branca simples com alguns cortes na região da clavícula, uma jaqueta jeans com umas flores azuis nos ombros, um jeans preto e um tênis qualquer. Bagunço meu cabelo de qualquer forma e procuro uma gargantilha choker e os meus anéis para completar o visual.

Termino de me arrumar e peço para o Kai realçar meus olhos com um pouco de maquiagem. Juro que vou aprender a me maquiar sozinho um dia para não ter mais que ficar enchendo o saco dele com isso.

Quando estávamos prontos, chamo um táxi para nos levar para a casa do Chanyeol, eu não queria me arriscar ir de carro sabendo que eu iria beber, Jongin também não iria passar a noite sem beber nada, era uma social.

 

Chegamos um pouco depois das oito, mas todos nós sabemos que as pessoas nunca chegam na hora marcada. Toco a campainha e Park aparece segundos depois, incrivelmente bem vestido. Ele usava jeans claros rasgados da sua coxa até o joelho, uma camiseta listrada cor vinho, uma jaqueta de couro preta e um All Star preto com tachinhas. Uma aura estranha surgiu no momento em que nossos olhos se encontraram por acaso.

— Vocês foram os primeiros a chegarem. — Ele abre o portão para nós dois. — Entrem, fiquem à vontade.

Kai entra na minha frente e cumprimenta Park com um aperto de mão, ele caminha até a porta principal e some, deixando eu e Park sozinhos. O encaro, pensando em como eu deveria lhe cumprimentar.

— O-oi — digo tímido.

— Olá, Byun. — Sua voz soava naturalmente tranquila. Seus enormes olhos me fitavam dos pés à cabeça, consequentemente fazendo os pelos do meu corpo se eriçarem. — Está bonito.

Engulo seco antes de responder, não queria parecer um idiota nervoso.

— Obrigado, você também está bonito — respondo da melhor forma possível, tentando não demonstrar tamanho nervosismo.

— Vamos entrar? — sugere.

Concordo com a cabeça.

A casa de Chanyeol me deixava muito nostálgico, estar ali depois de meses me fazia lembrar de tudo que eu havia vivido com ele nesse tempo. Fazia eu lembrar dos meses que ele me ajudou a me esconder de tudo e de todos, sem se importar se algo acontecesse com ele. Felizmente nada de ruim aconteceu, entre aspas, não é?

Entro na sala e o bom e velho cheiro de lavanda ainda permanecia como antigamente, fecho os olhos e inalo o cheiro, sentindo ele dominar o meu corpo. Solto o ar pelo nariz e escuto um miado familiar, abro os olhos e vejo o Floquinho me olhando de cima do sofá.

— Floquinho! — Vou correndo em sua direção e me sento no sofá, o gato pula em cima do meu colo e começa a ronronar. — Senti tanto a sua falta... fico feliz em saber que você ainda lembra de mim.

— Pelo visto vocês se encontraram de novo. — Park se apoia do lado da porta e começa a rir.

— Eu juro que vou te processar por ter feito eu gostar tanto do seu gato, Chanyeol — digo com humor.

Acaricio seu pelo, relembrando o quão macio ele era, e como sempre, Floquinho dormiu no meu colo.

— Os sentimentos dele sobre você não mudaram mesmo com você longe — Park comenta.

Coloco o Floquinho do lado gentilmente para que ele não acordasse. Me levanto e bato minhas calças para tirar os pelos dele que haviam caído no meu jeans escuro.

— Pelo menos os sentimentos dele sobre mim não mudaram, diferente dos de outra pessoa — respondo sem emoção.

Park me fita com uma cara enigmática, mas não responde nada.

Típico dele.

 

Os garotos foram chegando logo depois que eu e Kai, todos incrivelmente bem arrumados. Nunca tinha visto deles sem a roupa do uniforme, tirando uma vez que eu vi o Luhan e o Sehun no shopping quando fui almoçar com o Chanyeol.

Yixing já havia colocado as músicas, ele tinha ficado responsável por isso por ter um incrível gosto musical para música eletrônica e dubstep. Eles não tiveram dó de aumentar o volume, não tiveram dó do ouvido dos vizinhos e colocar o volume no máximo, parecia que meus ouvidos iriam estourar. Park deixou a luz desligada e colocou algumas luzes neon para iluminar a sala, onde ficaria todas as bebidas no gelo.

A bebida já estava gelada, e os garotos começaram a fazer uma mistura de todas as bebidas. Era muita bebida, duvidava que iríamos conseguir beber tudo. Todos estavam muito animados, gritando, rindo, até o Kai que não teve muita chance de ficar perto dos outros garotos, acabou me deixando de canto e ficou bebendo com eles.

Eu estava sentado no sofá me sentindo um pouco perdido, então vejo o Luhan largar o Sehun e vir na minha direção, com um copo na mão.

— Toma isso, Baek. — Luhan me entrega um copo de vodka. — Bebe em um gole só, duvido que consiga.

Luhan era um dos que estava mais animado, e olha que ele não tinha bebido muito ainda.

— Não duvide de mim, Luhan — digo desafiador.

Levo o copo em direção da minha boca e bebo a bebida em um longo gole, respirando fundo, sentindo todo aquele gosto forte descendo a minha garganta, praticamente queimando.

— Uou, você é bom — ele diz animado. — Gente, venham aqui, vamos fazer um joguinho. — Chama a atenção de todos.

Fazemos uma rodinha, Luhan e Sehun se sentam no sofá junto comigo, uns sentam no chão, e outros nas poltronas.

— Que joguinho, Lu? — Sehun pergunta enquanto bebe um gole de uma bebida azul.

O chinês sorri maldoso.

— Vamos fazer um shot com suco tang — sugere.

Arqueio uma sobrancelha, me perguntando o que era aquilo, mas devia ser legal, pois todos toparam de imediato. Todos olharam para mim, vendo que eu não fazia ideia do que se tratava.

— Você vai ser o primeiro, meu amigo — Luhan diz, vindo na minha direção com o pó do suco.

Ele me explica como funcionaria; ele colocaria um pouco do pó do suco em baixo da minha língua, e depois despejaria um pouco de vodka. Eu não poderia engolir ainda, antes ele iria balançar a minha cabeça para as coisas se juntassem, e ficar assim um sabor diferente.

Melhor forma de ficar bêbado rápido: misturando algo doce junto, pois você não ia sentir tanto o gosto forte do álcool.

Ele joga o suco e a vodka dentro da minha boca, fecho ela, sabendo o que estava para vir.

— Se prepara...

O garoto pega a minha cabeça e começa a balançar ela cruelmente, sinto o gosto doce do suco se misturar com o forte da vodka, se tornando um sabor agradável e docinho. Luhan para de balançar a minha cabeça e eu engulo tudo, sentindo aquilo descer rasgando, mas era bom. Abro os olhos e eu estava um pouco tonto, os garotos começam a gritar animados, resolvo gritar junto, pois senti que parte da minha sanidade estava indo embora conforme eu ia bebendo.

— Meu Deus, isso é muito bom! — Começo a rir animado.

— Eu disse que era bom. — Luhan ri e começa a fazer o shot em Sehun.

Estico meu braço e pego uma cerveja dentro do isopor cheio de gelo, bebendo ela em poucos goles. A batida da música parecia estar fazendo a minha cabeça “dançar” conforme a música.

Todos os garotos fazem o shot de suco tang, alguns já tinham bebido mais que outros, então alguns estavam mais animados. Chuto dizer que Chanyeol era o menos bêbado de todos nós, ele ainda parecia estar bem. Pelo menos por enquanto.

 

Música alta, garotos bêbados, jogos e mais jogos envolvendo bebida; todos sabem onde isso ia levar. Conforme eu bebia uma lata de cerveja, eu pegava outra, e outra. Mas, diferente da outra vez, eu estava tomando mais devagar, não tanto quanto eu gostaria, mas já era alguma coisa. Perdi a conta de quantas cervejas e drinks eu bebi, pois já estava muito além do que eu conseguia contar.

— Muito bem... vamos ver quem consegue beber um litro de vodka mais rápido. — Luhan se levanta com um pouco de dificuldade e pega uma garrafa para cada um.

— Estou fora — Park diz, recusando a bebida.

Luhan torce o nariz em desaprovação.

— Sem graça. — Me entrega a garrafa. — Você vai participar, não é, Baekhyunee?

Concordo com a cabeça, tão atordoado por saber que eu já havia bebido demais, pois todos não passavam de vultos.

— Vamos lá! — grita — Um... Dois... Três... e... Já!

Levo a garrafa em direção da minha boca e começo a beber de forma desesperada, fazendo o possível para ganhar dos outros. Cada gole que descia queimava minha garganta cada vez mais, o gosto não era muito bom, ainda mais puro. Puro álcool. Fecho os olhos e continuo bebendo rapidamente, consigo escutar alguém desistir, e eu não queria desistir também, eu queria ganhar!

— Vai Byun! — Ouço a voz do Kai torcendo por mim, acho que ele não tinha conseguido terminar de beber.

Isso só me motiva, continuo bebendo sem parar ou respirar, até sentir o líquido acabar. Respiro fundo e ergo a garrafa me sentindo vitorioso por ter sido o primeiro a terminar de beber. Jongin começa a bater palma e a gritar euforicamente. Park me olhava surpreso, talvez admirado por nunca ter me visto daquela forma.

Yixing foi o segundo a terminar, depois o Sehun, Luhan e Chen. Kai não tinha conseguido terminar, e Chanyeol não havia aceitado o desafio.

Coloco a mão na minha testa, sentindo uma leve tontura e vontade de vomitar. Jogo meu corpo para trás, me escorando nas costas do sofá, no intuito de relaxar um pouco. Jongin se senta do meu lado e me entrega uma água.

— Bebe isso, você não tá muito bem.

— Obrigado... — digo com dificuldade. Abro a garrafa e começo a beber a água, me sentindo bem melhor, a vontade de vomitar estava sumindo.

O moreno sorri e volta a beber.

— A bebida está acabando, me ajudem a pegar mais na cozinha — Kai diz para eles, que concordam na hora. — Chanyeol, fica fazendo companhia para o Baek, acho que ele não está muito legal.

Felizmente eu ainda estava com consciência o bastante para entender que tudo aquilo era uma armação deles, era isso que eles tinham planejado. Eles queriam nos deixar sozinhos. Malditos.

— Eu vou... matar vocês na escola... — digo um pouco atravessado.

Eles saem e me deixam sozinho com Park Chanyeol. Sozinhos naquela sala escura com a música tão alta que era preciso gritar ou falar muito próximo um do outro para que conseguíssemos ouvir o que o outro estava falando.

Ainda olhando para o teto, vejo que Park havia se sentado do meu lado e estava me encarando com seu corpo virado para o meu. Tampo meu rosto com as mãos, sentindo um leve desconforto em estar sendo fitado por ele.

— Para de me olhar... isso é vergonhoso... — digo manhoso.

— Por que acha vergonhoso? — pergunta no meu ouvido.

Me arrepio por completo, todos os pelos do meu corpo se eriçam ao ouvir sua voz melodiosa.

— Por que sim... — Começo a tossir. — Preciso ir no banheiro....

Me levanto um pouco tonto e vou cambaleando e batendo em tudo até chegar no banheiro do segundo andar, aquele que ficava no quarto do Chanyeol. Na hora eu não sabia o porquê de eu não ter ido no banheiro de baixo, talvez eu quisesse optar pelo mais difícil.

Felizmente eu ainda lembrava muito bem do caminho, mesmo tendo bebido ao ponto de ver as coisas ligeiramente embaçadas.

Chego no banheiro e urino praticamente tudo o que eu havia bebido nesta noite, me sentindo aliviado e muito melhor. Jongin mesmo já havia me dito que quando a gente se sente mal por ter bebido muito, era bom ir no banheiro e beber bastante água para criar mais líquido, assim indo no banheiro mais vezes e eliminando parte do álcool do corpo. Claro que uma boa quantidade ainda iria existir, mas, para quem não estava quase conseguindo enxergar direito, conseguir ver um palmo a sua frente já era uma grande coisa. Infelizmente não consegui me livrar da tontura, as coisas continuavam girando, mas não tanto.

Lavo minhas mãos e me olho no espelho, feliz por conseguir me ver.

Bonito, como sempre, penso.

— Baekhyun, você está um gato. Chanyeol não sabe o que perdeu — digo olhando para o meu reflexo.

Saio do banheiro de cabeça baixa, com a mão na mesma, e vejo os pés de uma pessoa que estava usando um All Star preto do lado da porta fechada. Ergo meu olhar até que ele se encontrasse com o garoto alto que se mantinha de braços cruzados e me encarando descaradamente.

— Ouvi meu nome, o que você estava falando de mim? — o maior pergunta. Joga seus cabelos escuros para trás, os retirando da sua testa.

— Nada — respondo rápido. — Deve ter ouvido errado...

Park assente, não muito convencido.

— Você está bem? — pergunta preocupado.

Dou de ombros.

— Não tanto, mas estou conseguindo te ver, coisa que não estava conseguindo antes... — digo atravessado.

Park sorri de canto.

Minha cabeça estava doendo muito, a música continuava alta, ainda com a porta do seu quarto fechada. Meus pensamentos estavam à mil.

— Nunca vi você beber tanto, confesso que estou surpreso com isso. — Park caminha na minha direção, parando na minha frente.

Ergo minha cabeça e tento encarar aqueles olhos castanhos escuros sem sentir vergonha, ou necessidade de desviar o olhar. Seu perfume Calvin Klein estava misturado com o cheiro de álcool, mas era visível que ele não estava bêbado, talvez ele fosse mais forte para a bebida do que eu.

— Está surpreso por ver o novo Baekhyun? Muitas coisas mudaram depois que a gente terminou...

Ele engole seco.

— Eu sei disso — responde sem emoção na voz. — Vamos descer? Daqui a pouco eles acabam pensando besteira.

Nego com a cabeça, o deixando confuso. Park arqueia a sobrancelha e me encara sem entender.

— Preciso... conversar com você... — Fecho meus olhos e coloco minha mão na cabeça, sentindo uma dor horrível. — Minha cabeça está doendo... droga.

Puxo ele pela mão e sentamos na sua cama, inclino meu corpo em direção do dele, que estava de lado para mim.

— Eu te dou um remédio depois para dor de cabeça, mas, o que você quer falar comigo?

Fito seus olhos castanhos curiosos e me sinto em paz, pronto para falar.

— E-eu... queria falar que eu fiquei muito feliz e surpreso em saber que você e a vaca da Kim tinham terminado... sei que posso estar sendo egoísta ou até mesmo cruel... mas eu não ligo... — digo rindo de nervoso.

Fecho meus olhos e aperto meus lábios com força, uma vontade enorme de chorar domina a minha cabeça. Park encosta suas digitais frias no dorso da minha mão, segurando-a gentilmente.

— Você bebeu demais, não quero que se arrependa depois das coisas que falar. — Sua voz mansa me dava calafrios.

De fato, eu havia bebido sim, mas não tanto quanto aquela vez da boate em que eu só lembrei do que tinha feito no dia seguinte. Eu sabia o que estava fazendo, sabia o que estava falando. Não bebi ao ponto de não lembrar nem o meu nome, estava tudo tranquilo, só estava me sentindo mais corajoso.

— Eu sei que bebi mais do que eu devia, mas eu queria que isso acontecesse para que eu pudesse falar com você... pois sóbrio eu não conseguiria... — Uma lágrima se forma no canto do meu olho, dando início às outras. — E-eu juro que tento entender, Chanyeol, o porquê de você ter namorado ela... mas nada faz sentido na minha cabeça. Foi tão horrível te ver com ela e não poder falar nada, não poder fazer nada, porque fui eu quem terminei com você... eu não tinha moral alguma para reclamar. Mas, eu não terminei com você porque eu quis... e-eu...

Coloco minhas mãos no rosto, me sentindo nervoso e com medo de abrir meu coração para ele depois de tanto tempo e de tanta coisa sendo guardada. Minha cabeça estava muito confusa, e eu estava ligeiramente tonto, tudo parecia estar girando.

O garoto coloca as mãos nas minhas coxas e as aperta, tiro minhas mãos do rosto e ele leva seu dedo indicador na minha bochecha, limpando as lágrimas que ainda insistiam em cair. Seco as lágrimas e esfrego meus olhos, conseguindo ver Park Chanyeol na minha frente, incrivelmente bonito e parecendo preocupado comigo. Me recomponho, não queria que ele pensasse que eu era fraco como antigamente.

Pigarreio, limpando a garganta.

— Desculpa, eu não quis parecer idiota na sua frente — sorrio de canto.

— Não tem que pedir desculpas por chorar, ninguém consegue ser forte o tempo inteiro... — Uma lágrima se forma no canto do seu olho, escorrendo logo em seguida. — Eu também não consigo ser forte sempre...

 Encaro seus olhos castanhos ligeiramente marejados e sinto vontade de chorar junto, mas eu estava cansado de chorar.

— Você ainda tem sentimentos, que engraçado — digo com humor.

Ele ri e limpa a lágrima.

— Mais do que você pensa — responde em um sussurro.

Levo minha mão em direção do seu rosto e acaricio sua bochecha, deslizo ela para sua nuca e o puxo gentilmente, encostando sua testa na minha. Meu coração estava batendo muito rápido, parecia que ele iria sair pela boca.

— Me desculpa, mas eu não consigo mais segurar essa vontade de te beijar, Chanyeol.

O empurro bruscamente fazendo Park deitar na própria cama, ele me olha assustado, mas logo me puxa pelo colarinho da camiseta, me deixando sentado em cima do seu colo. Aproximo meus lábios dos seus, selando-os gentilmente, sem muito desespero. Nossas línguas se encontram depois de muito tempo, e iniciamos um beijo desesperado e cheio de saudade. Suas mãos percorrem cada parte do meu corpo, mas ele afirma suas mãos nas minhas nádegas, apertando elas com força. Deixo um gemido escapar no meio do beijo, Park sorri malicioso e morde meu lábio inferior com força, sinto meu resto de sanidade ir embora conforme suas mãos tocavam cada parte do meu corpo. Começo a rebolar durante o beijo em cima do seu colo, onde um volume se formava de baixo do seu jeans. Ele crava as unhas na minha bunda e bate forte nelas, me incentivando cada vez mais a continuar com o meu trabalho. Levo minha mão para a sua nuca, onde a enrosco em alguns fios do seu cabelo sedoso. Puxo seu lábio inferior e afasto meu rosto lentamente do seu, fito seus olhos castanhos e começo a sorrir.

Os erros beijam bem.

— Vamos lá, devem estar esperando a gente — digo sorrindo.

— Não sei se estão esperando a gente, foram eles que armaram isso — Park ri.

— Hm, tem razão... mas, não podemos deixar eles sozinhos lá em baixo. Pelo que eu vi, você é o mais sóbrio de todos nós.

— Felizmente eu sou forte para bebida, eu teria que beber muito mais para ficar bêbado e começar a fazer aquelas besteiras que o Luhan estava fazendo — ele diz com humor. — Mas vamos lá então, você tem razão. Não confio em deixar eles sozinhos naquele estado. — Se levanta e segura a minha mão, me puxando.

Seguro sua mão e sinto uma corrente elétrica percorrer todo o meu corpo, parecia que nossos corpos combinavam perfeitamente.

Descemos e os garotos estavam da mesma forma; continuavam bebendo, e parecendo mais bêbados do que o normal. Kai e Sehun estavam aparentemente bem, acho que eles eram fortes para bebida também. O pior de todos era o Luhan, que estava sentado na poltrona da sala, chorando. Ele estava em prantos.

— Sehunnie, eu te amo tanto... eu sempre te amei...

Sehun estava do lado do namorado, o consolando. Já Chen e Yixing estavam ocupados demais rindo da cena, que sinceramente, era bem engraçada.

Quando Luhan bate os olhos em mim, ele para de chorar e se atira do meu lado.

— Olha quem voltou — sorri malicioso. — Vocês demoraram... posso saber o que aconteceu lá em cima?

— Não aconteceu nada. — Tento responder naturalmente.

O chinês cerra os olhos, não contente com a minha resposta. Sehun aparece do lado do namorado e o puxa, colocando o braço do menor em cima do seu ombro.

— Acho que já vamos embora, o Luhan bebeu demais, daqui a pouco ele vai ficar insuportável — Sehun diz. — Pode chamar um táxi para nós, Chanyeol?

Park assente, pega seu celular que estava no seu bolso, e chama um táxi. Eles se despedem de nós, e vão esperar o táxi na frente de casa.

 

Não muito tempo depois, Chen e Yixing vão para suas casas também, eles haviam bebido muito, e não estavam se sentindo muito bem. A música se tornou inexistente, e eu agradeci mentalmente por isso, minha cabeça precisava de um pouco de paz e silêncio. Já se passava da meia noite, e Jongin já estava querendo ir embora, mas eu não queria, eu queria ficar mais um pouco.

— Vou chamar um táxi, estou me sentindo acabado — Jongin ri. — Depois você chama um táxi, ou o Chanyeol te leva pra casa.

Concordo com a cabeça e me arrumo no sofá.

Jongin vem na minha direção e beija minha testa.

— Se você resolver ficar, não esqueça de me mandar uma mensagem, assim eu não fico preocupado atoa.

— Pode deixar... — Junto as sobrancelhas. — Por que eu ficaria aqui?

Jongin ri e bagunça meu cabelo.

— Nos vemos amanhã, Byun.

Ele chama um táxi e se despede de Chanyeol, que vai até a frente abrir o portão para o moreno.

Floquinho estava dormindo na sua caminha perto da televisão, ele devia estar sonhando, pois mexia seu bigode com frequência.

Inclino meu corpo para frente, apoiando meus braços nas minhas pernas, e analiso cada canto daquele local, relembrando os bons momentos que vivi nesta casa. Nostálgico, essa era a palavra que definia.

Park aparece de mansinho e se senta na poltrona que ficava do lado do sofá. Jogo meu corpo para trás e viro meu rosto para ele, que sorria gentil.

— Foi uma noite legal — digo, quebrando o silêncio.

— Foi sim, devíamos fazer mais vezes, ou marcar de fazermos algo diferente qualquer dia desses.

— A gente vê com os garotos, podemos combinar no nosso grupo...

— Estou falando de nós, eu e você. — Park me interrompe.

Tranco minha respiração por alguns segundos e o analiso, esperando qualquer mudança no seu comportamento — que cá entre nós, andava estranho ultimamente.

Penso em falar: Não existe mais nós. Mas acabo não optando pela resposta da minha mente.

— Claro, só marcarmos — respondo tímido. — Relembrar os velhos tempos...

— Podemos relembrar de outras formas também — diz em um sussurro. Park se levanta e se senta do meu lado, virado para mim.

Percorre sua mão pelas minhas coxas, subindo lentamente. Seguro sua mão e a afasto de mim, um pouco atordoado pelo efeito da bebida.

— Por favor, não... não quero que faça eu me sentir especial, para amanhã me tratar feito lixo, como tem feito nos últimos meses — digo cabisbaixo.

Ele recolhe as mãos e passa a língua no meio dos seus lábios, inclinando seu corpo para perto do meu.

— Será que você pode esquecer tudo que aconteceu nesses últimos meses, e ficar comigo?

Fecho os olhos imediatamente, sentindo meu coração bater cada mais rápido e forte.

— Preciso ir embora, já está tarde. — Me levanto e pego meu celular no meu bolso.

Sua mão toca a minha, seu toque era firme.

— Por favor, Byun... fica... não vai embora.

Abaixo a cabeça, mordo meu lábio inferior com força e tento segurar a vontade de chorar. Viro meu corpo para ele e me admiro com o que vejo; ele estava chorando. Não era um choro desesperado, mas uma quantidade considerável de lágrimas escorria pela sua face. Dou um passo em sua direção e seguro seu rosto com as duas mãos, fitando seus olhos castanhos marejados.

— Chan...

Ele coloca suas mãos quentes em cima das minhas.

— Me perdoa, por favor... sei que fui um idiota esses últimos meses, sei que te tratei muito mal... sei que já te fiz sofrer demais, principalmente por ter agido feito idiota, mas não tem um dia sequer que eu acorde e não sinta a sua falta...

Aperto meus lábios e deixo as lágrimas caírem em cima do seu rosto já molhado o suficiente. Afasto minhas mãos do seu rosto e cubro o meu, sentindo as lágrimas caindo cada vez mais, com mais frequência e intensidade. Sou envolvido pelos braços do maior, que me abraçava forte. Envolvo meus braços ao redor da sua cintura e afundo meu rosto no seu peito, molhando toda a sua camiseta listrada, Park acariciava meu cabelo e deslizava sua mão direita pelas minhas costas, me puxando cada vez mais para perto dele.

— Você promete me contar um dia o porquê de ter agido assim esses últimos tempos?

— Eu prometo, Byun... eu prometo.

 

Ficamos uns minutos assim abraçados, sem falar uma palavra sequer. Park se afasta lentamente e limpa meu rosto.

— Vou chamar um táxi para você ir pra casa, não vou mais te segurar aqui.

Se vira para pegar seu celular em cima da mesinha de centro, mas eu o seguro pela sua camiseta, fazendo-o parar e me olhar confuso.

— Não precisa chamar um táxi, eu quero ficar aqui — respondo.

Park sorri de canto e dá um passo na minha direção, ele segura minha mão e acaricia a mesma.

— Vamos subir — ele diz em um sussurro.

Concordo com a cabeça.

Subimos para o seu quarto e Park me dá uma escova de dentes para tirar aquele gosto horrível de bebida da boca. Tomo um banho rápido e ele entra logo após eu sair enrolado em uma toalha para pegar o pijama que ele havia me dado e que estava em cima da sua cama. Era o pijama que eu usava quando fiquei na sua casa, o cheiro de amaciante era o mesmo de antigamente. Tudo estava exatamente igual.

Me deito na enorme cama e fecho meus olhos, imaginando quantas vezes a Kim teria dormido aqui, a vontade de vomitar estava voltando.

Chanyeol sai do banho só de calção — ele não mudava nunca — e se deita do meu lado, razoavelmente afastado. Me aproximo dele um pouco nervoso, envolvendo meu braço em volta da sua barriga e colando nossos corpos. Ele beija minha testa e fica brincando com o meu cabelo, me arrepio conforme seu toque se torna mais intenso e suas digitais tocam minha pele sensível. Fecho meus olhos e aproximo meus lábios do seu pescoço, onde deposito inúmeros beijos molhados e mordiscadas. O maior aperta minha coxa com força e crava suas unhas levemente crescidas, arranhando ela por inteiro. Arqueio minhas costas e ele vira seu rosto para o meu, segurando minha nuca e selando nossos lábios com um selinho demorado.

Um sorriso bobo estava dominando o meu rosto, eu não conseguia parar de sorrir. Eu sorria cada vez que nossos olhos se encontravam, era automático. Depois de muito tempo, consigo ver um sorriso sincero no seu rosto, e eu era o motivo dele, isso era o melhor.

Eu sabia que ele tinha algumas questões em aberto com a Kim, mas eu não me importava com isso, isso era um problema dos dois. Quem perdeu foi ela, e quem ganhou fui eu.

Se isso fosse um sonho, eu não queria acordar nunca mais. 


Notas Finais




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