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História Segredos do Passado - Último momento de paz


Escrita por: winngs

Notas do Autor


Olá meus leitores lindos, como vocês estão? Espero que tenham passado bem a semana, e que aproveitem bem o final de semana.
Espero que aproveitem o capítulo, não esqueçam de ver as notas finais.
Boa leitura <3

Capítulo 5 - Último momento de paz


Escuto o barulho do despertador do Chanyeol tocar, me remexo na cama e com um pouco de dificuldade, abro meus olhos. Park estava sentado na cama esfregando seus olhos, ao me ver, ele deu um beijo estalado na minha testa e bagunçou meu cabelo.

— Bom dia dorminhoco — sorriu. — Dormiu bem?

Estico meus braços para me espreguiçar.

— Bom dia. Dormi sim, bem até demais — sorri gentil. — Que horas são?

Park pega seu celular em cima do criado mudo de madeira escura e desbloqueia a tela.

— São 06:50 — respondeu. — Você devia dormir um pouco mais, está cedo.

Inclino minha cabeça para o lado e arqueio minha sobrancelha.

— E a escola? — pergunto.

Park sorri e se levanta, ele pega seu material escolar e coloca dentro da sua mochila.

Eu tenho aula, você fica em casa, mocinho — respondeu. — Seria um pouco estranho se eu faltasse hoje na aula junto com você, as pessoas poderiam desconfiar, principalmente sua irmã. E se você fosse hoje, você teria que explicar para ela o motivo de ter fugido de casa.

Reviro os olhos, tinha isso ainda.

— Tudo bem. — Me deito novamente. — Mas você sabe que eu não posso faltar para sempre na escola.

Chanyeol suspirou, ele arruma seu cabelo para trás da orelha.

— Eu sei — morde seu lábio inferior. — Mas por enquanto é melhor assim, até eu pensar em algo vamos continuar com esse plano.

Torço a boca para o lado. Eu não gostava de ficar faltando na escola, eu não tinha esse costume. E tem também o fato de eu estar fugindo dos meus pais e da minha irmã.

— Mas ei — ele chamou a minha atenção —, eu prometo que vou pensar em algo. Tudo bem?

Concordei com a cabeça. Park deu meia volta, o acompanhei com o meu olhar até ele parar do meu lado.

— Vou terminar de me vestir e vou para a escola. Nos vemos mais tarde, baixinho — ele sorriu. Aproximou seus lábios da minha testa e deu um beijo.

— Vou sentir saudade — digo manhoso, chamando a atenção do maior que já estava parado na frente do roupeiro com seu uniforme em mãos.

O maior veste seu uniforme sem desviar seu olhar do meu, parecia que ele estava querendo me hipnotizar. Quando terminou de se vestir, ele deu um sorriso lado de orelha a orelha e veio na minha direção.

— Quando você menos esperar, eu estarei de volta, não se preocupe. — Acariciou meu cabelo. — Até depois, Byun.

Faço beiço e me tampo, deixando apenas meus olhos para fora da coberta.

— Até depois, Chan. Boa aula.

Ele pega sua mochila e a joga por cima do seu ombro, indo em direção da porta e me deixando sozinho no quarto.

Viro para o outro lado da cama e tento dormir de novo, não tinha muito o que eu fazer.

 

 

CHANYEOL

 

 

Cheguei na escola alguns minutos depois, peguei meu celular e olhei a hora, era 07:20, eu teria dez minutos ainda para rever meus amigos antes do sinal bater. Continuei com os fones no ouvido ouvindo minhas músicas, andei pelos corredores procurando os garotos, mas não encontrei nenhum. No final do corredor vi a irmã do Baekhyun que não estava com uma cara muito feliz, ao me ver, ela veio na minha direção, não dei muita bola e fui em direção ao meu armário para pegar meus livros, peguei minha chave na mochila e abri a porta do armário, peguei meus livros de química e fechei a porta. A irmã do Baekhyun estava escorada no armário do lado, falando alguma coisa, tirei meus fones para ouvir.

— Você é o Chanyeol, não é? — ela perguntou, com um sorriso nos lábios. — Sabe onde está o Baekhyun?

— Por que eu deveria saber? — arqueei uma sobrancelha e cruzei os braços.

Ela mordeu o lábio inferior e deu uma risada, se aproximando de mim. Olhei para ela e seus peitos quase estavam saindo para fora da camiseta social da escola, os botões não estavam todos abotoados, então tive uma vista deles quase me esmagando. Alguém me ajuda.

— Porque vocês fizeram um trabalho juntos, imaginei que talvez você saberia onde ele estivesse. — Enquanto a loira falava, ela mexia em uma mecha de cabelo que caía sob seu rosto. — Tem certeza que não sabe?

Me afastei dela, o bastante para ninguém do corredor pensar alguma coisa que não fechasse com a realidade da situação.

— Tenho, se você descobrir me avise também — respondo. — O que me surpreende é que vocês moram na mesma casa e você sendo a irmã dele, não sabe onde ele está, e espera que eu — apontei para mim —, um mero colega saiba. Um pouco estranho, não?

Kim começou a rir, mas logo parou por ver que minha expressão não era nem um pouco amigável.

— Baekhyun não confia muito em mim, mesmo sendo sua irmã — ela suspirou, logo me olhando de novo. — Enfim, se ele não aparecer logo vamos precisar tomar as devidas providências e ir atrás dele, é perigoso deixar ele sozinho por aí, você deve entender, não é?

A garota começou a se aproximar mais de mim, me deixando sem espaço para fugir, sem pensar duas vezes eu a empurrei de leve, para tomar distância.

— Calma gatinho, eu não vou morder você — ela disse com uma certa malícia no tom da voz.

— “Gatinho”? Me chame pelo meu nome — falei sério, ela mudou sua expressão na hora, fazendo uma cara de surpresa. — Não te dei essa intimidade que você acha que tem comigo, e se me dá licença, vou ir para a minha sala que eu ganho mais.

Kim revirou os olhos e saiu batendo os pés para o outro lado, que garota maluca, fica me dando apelidos sendo que eu mal a conheço, e outra, ela é irmã do Baekhyun, e sabe de tudo que ele passa. Fechei os punhos pensando em todas as vezes que Baekhyun pediu por ajuda e sua irmã ficou rindo dele, maldita.

Fui para a minha sala e os garotos já estavam lá, cumprimentei todos dando bom dia. Me sentei perto deles e ficamos conversando até o sinal tocar e o restante dos alunos entrarem, Kim entrou logo em seguida com suas leais escudeiras — era assim que os garotos chamavam elas. — Kim se sentou no seu lugar e piscou para mim, virei meu rosto na hora e peguei meu material escolar, essa garota vai me dar trabalho.

 

 

♡⚣♡

 

 

As horas foram passando devagar, parecia uma eternidade. A realidade era que as aulas ficavam chatas sem a presença do Baekhyun, mesmo que não conversássemos na aula, mas só de ver seu lugar ocupado me deixava feliz, mas agora, sua mesa estava vazia, e isso era tão tedioso, mas pelo menos eu sabia que ele estava seguro na minha casa, sem ninguém o machucando ou fazendo algo de mal. Senti meu celular vibrar no bolso, peguei ele e Baekhyun estava me mandando uma mensagem, desbloqueei a tela e visualizei sua mensagem.

 

“Onde você guarda a comida do Floquinho? Ele ficou miando aqui na porta do quarto e não me deixou dormir. — Baekhyun”.

 

Ri por dentro, mas logo respondi sua mensagem.

 

“No balcão do lado da geladeira, tem uma lata grande e azul com uns desenhos de gatinhos. —Chanyeol”.

 

Bloqueei minha tela e voltei a prestar atenção na aula, faltava quinze minutos para a hora do intervalo e o professor ficava contando sobre suas viagens para a França e como lá era um lugar muito bonito, ele falava especial sua culinária, disse ser muito rica, não dei bola para esse assunto. Digamos que ele era um senhor que já poderia estar aposentado mas trabalhava porque gostava de ficar em contato com os jovens, porque, segundo ele, ele se sentia mais jovem. Quase todos dormiam na aula dele, mas ele parecia não ligar, sempre tinha os alunos puxa saco que demonstravam interesse no que ele falava.

Dez minutos após a última mensagem que eu tinha mandado para Baekhyun, ele respondeu.

 

“Channie, seu gato come demais, você não alimenta ele? Acho que ele gostou de mim, yay! Baekhyun”.

 

Sorri de canto, logo respondendo sua mensagem.

 

“Até o Floquinho sabe o quão admirável você é, não tiro a razão dele sobre gostar de você. — Chanyeol”.

 

 

O sinal tocou e eu fui para o refeitório com meus amigos, a Kim ficou me encarando o tempo inteiro, ela estava em uma mesa próxima a nossa, senti um leve desconforto com isso, seu olhar era maldoso e sujo. Resolvi trocar de lugar com o Chen, que estava de costas para ela, bem melhor.

— Então, me digam como foi o final de semana de vocês, já fizeram aquele trabalho que temos que apresentar daqui uns dias? — perguntei.

— Nós já terminamos — Sehun comentou, olhando para Luhan que estava distraído em seus pensamentos. — Não é, Lu?

Luhan despertou dos seus pensamentos, piscando várias vezes para retornar à consciência.

— C-claro — o chinês gaguejou envergonhado. — Nem foi tão difícil assim...

— Sei, duvido que fizeram só o trabalho — Chen comentou, fazendo Sehun se afogar com o refrigerante. — Vocês se entregam nos pequenos detalhes — ele riu com humor da reação do amigo. — Mas enfim, você já fez o seu Chanyeol?

— Sim, chamei o Baek para ir lá em casa e fizemos tudo, demorou um pouco mas conseguimos terminar — comentei.

Chen olhou ao redor, e se aproximou de nós.

— Tem noção de onde ele pode estar? Ouvi a Kim falar que ele sumiu no meio da noite e ouviu o barulho de um carro na sua rua, talvez ele tenha fugido com alguém.

— Sério? Gostaria de saber onde ele está também, espero que ele apareça logo — menti, tentando manter a naturalidade, nessa hora eu não podia contar esse segredo para ninguém, ainda mais com Kim por perto, todo cuidado é pouco.

 

 

Continuamos batendo papo até a hora do intervalo terminar, era muito bom ter eles para conversar, assim eu podia me distrair um pouco e pensar no que fazer com o Baek, ele não podia se esconder para sempre. Peguei meu celular e me levantei da mesa, indo em direção da saída do refeitório, desbloqueei a tela e tinha uma mensagem do Baekhyun.

— Vão na frente, eu encontro vocês na sala — falei para eles, eles concordaram e foram em direção à sala.

Apertei na mensagem que estava notificando, mas antes que eu pudesse responder, senti alguém agarrar meu braço, bloqueei a tela rápido e me virei, era a irmã do Baekhyun, ela estava com um sorriso enorme no rosto me encarando com seus olhos cor castanho mel.

— Não vai responder sua mensagem, gatinho? Não se incomode com a minha presença — ela disse.

Essa garota já estava me irritando.

Me soltei dela, a ignorando e voltando para a sala de aula. Visualizei a mensagem quando finalmente me sentei na minha mesa e vi que não tinha ninguém de suspeito cuidando o que eu estava fazendo. Nem privacidade mais eu tenho.

 

“Estou com saudades, espero que esteja tudo bem aí na escola. Beijos, Baekhyun”.

 

Baekhyun era mesmo encantador, até a mais simples mensagem dele me fazia sorrir, será que eu estava tão apaixonado por ele assim? Nunca tive boas experiências com relacionamentos, teve uma época que eu resolvi me fechar para o mundo, não dar mais a oportunidade de conhecer ninguém legal, pois nunca dava certo. Eu não queria me apaixonar nunca mais, mas dessa vez nem eu mesmo consegui controlar a situação, foi muito forte, e eu tenho certeza que dessa vez valeria a pena, que ele não me magoaria como eu fui magoado em todas as vezes que tentei algo com alguém. Todo mundo merece uma chance para amar e ser amado, e agora era a minha vez, eu o amaria incondicionalmente.

Fiquei olhando para sua mensagem com um sorriso enorme no rosto, fiquei uns bons minutos apenas olhando para ela, até lembrar que eu precisava responder.

 

“Logo mais estarei aí, meu baixinho. —Chanyeol”.

 

Bloqueei a tela do celular e voltei a prestar atenção ao meu redor, o professor estava passando matéria nova em matemática, exatas nunca foram a minha praia, tudo que envolvesse números era o meu pesadelo, mas nunca cheguei a ficar de recuperação com essas matérias. Falam que para você entender matemática, tem que começar gostando dela, aí que estava o problema, eu não gostava de jeito nenhum, talvez seja por isso que eu não fosse tão bem nessas matérias com números.

 

 

♡⚣♡

 

 

Já estava quase na hora da saída quando o professor falou que iria passar uma prova da matéria nova daqui duas semanas, para o meu pesadelo. Os trabalhos e provas estavam se acumulando, eu teria que dar um jeito de estudar para essa prova, lembrei que Baekhyun era bom em matérias que envolviam números, éramos totalmente diferentes nesses aspectos, mas era isso que tornava as coisas mais interessantes entre nós.

Fiquei pensando no que fazer para passar o tempo e aquele maldito sinal tocar para eu finalmente poder ir para casa e ver o Baek de novo. Comecei a jogar um jogo no celular que eu tinha baixado a algum tempo, mas nunca cheguei a jogar ele, era um jogo tipo guitar hero, eu escolhia uma música qualquer no meu celular e tocava ela, escolhi a música Save Me do Avenged Sevenfold, uma das minhas favoritas, mas fazia um certo tempo que eu não ouvia eles, tinha começado a ouvir outras bandas e acabei deixando eles de lado. 

Nunca me esqueço do dia que eu vou no show deles, foi o melhor show da minha vida! A energia daquele lugar era contagiante, todos que estavam lá naquele momento, estavam pelo mesmo motivo, que era ver a banda tocar. Não existem palavras para descrever aquele momento, foi um dos dias mais felizes da minha vida.

 

 

Pouco tempo depois, o sinal tocou, eu não tinha terminado a música ainda, não sei se a música era longa ou se faltava pouco tempo mesmo para o final tocar, se bem que, a música era longa mesmo. Guardei o celular na mochila e me despedi do Chen, Luhan, Sehun e Yixing. Saí correndo da sala de aula, atraindo alguns olhares curiosos para mim, mas não liguei, eu só queria sair logo dali e ver o meu baixinho, eu estava com saudade ele.

 

 

BAEKHYUN

 

 

Estava quase na hora do Chan voltar para casa, e eu estava extremamente feliz por isso. De alguma forma, eu sentia falta quando ele ficava afastado de mim, isso só provava o quão apegado eu estava nele. Não sabia se isso era bom, mas eu queria me permitir sentir algo assim por alguém.

Resolvi fazer o almoço hoje, Chanyeol não tinha provado a minha comida ainda — se duvidar ele nem sabe que eu sei cozinhar —, então eu queria surpreendê-lo. Faço comida japonesa, a minha especialidade. Floquinho estava parado do meu lado me vendo terminar o almoço, não consegui me segurar quando vi ele fazer aquela carinha. Pego um pedaço de peixe e dou na sua boca, mas ele saiu correndo por algum motivo.

— Se você ficar dando comida para ele, ele vai acabar ficando mimado. — Escuto aquela voz rouca vindo da sala, dei um pulo para trás e vi o maior largando sua mochila em cima do sofá. Ele estava rindo da minha reação.

— Você está aí faz muito tempo? — Coloco uma mão no peito para me acalmar do susto.

Park bagunça seus cabelos e vem em direção da cozinha. Me viro de frente para o fogão e continuo mexendo as panelas.

— Não muito, mas o bastante para eu ver você mimando o meu gato. — Ele envolveu seus braços na minha cintura e me abraçou, relaxei nos seus braços fortes. — Tudo bem? Como foi a sua manhã?

Me viro para ele e selo nossos lábios em um selinho demorado. Logo me afasto e dou um beijo em sua bochecha. Chanyeol conseguia fazer com que eu mostrasse o meu melhor lado. O mais alto sorriu e apertou minha bochecha de leve.

— Foi um pouco chata — confessei. — Fiquei assistindo série e brincando com o Floquinho, assim o tempo passou mais rápido.

— Entendi. Mas se tudo der certo, você não vai precisar ficar se escondendo por muito tempo. — Park deu um beijo no meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse por completo, logo se afastou e ficou parado na bancada ao lado, me vendo terminar o almoço.

— Espero que goste de comida japonesa, é a minha especialidade. — Desligo o forno e pego dois pratos no armário, os colocando em cima de mesa e servindo os dois pratos.

Park se senta e eu me sento logo em seguida.

— O cheiro está ótimo. Qualquer coisa vinda de você eu vou gostar — respondeu.

Sorri e começamos a almoçar.

Chanyeol repetiu mais de uma vez o prato, ele deve ter gostado. Fiquei feliz por isso.

 

 

Terminamos de almoçar e o maior parecia satisfeito. Ele alisava sua barriga que parecia não caber na calça do uniforme.

— Você cozinha muito bem, Baekhyun. Não esperava isso de você.

Comecei a rir.

— Imaginou que eu fosse um playboyzinho que não sabia fazer nada, acertei?

Park coçou a cabeça e começou a rir sem jeito também.

— Confesso que sim, mas estou adorando ver que eu estava errado sobre você, cada dia você fica mais interessante. — Apoiou os cotovelos na mesa e ficou me fitando. Sinto meu rosto esquentar. — Sempre que eu te elogio você fica corado, acho isso tão fofo, fico com vontade de apertar suas bochechas toda vez que você fica sem jeito.

— Gosta de me ver sem jeito, nunca vi igual — sorrio de canto. Apoio meus cotovelos na mesa e passo a encará-lo da mesma forma, seus olhos brilham para mim, aqueles lindos olhos castanhos. — Como foi hoje na escola? Algo de especial?

Park engoliu seco na hora.

— Ah, foi normal, como sempre. Você fez muita falta lá... — Fez uma pequena pausa. — A Kim veio falar comigo, perguntou se eu sabia onde você estava.

Arregalei meus olhos na hora

— Calma, eu não disse onde você estava, é óbvio. Eu disse que ela quem deveria saber, afinal, vocês são irmãos e moram na mesma casa. Acho que ela acreditou, ela deve pensar que eu não sei nada mesmo.

— Melhor assim — suspiro. — Mais alguma coisa?

O maior desviou o olhar para longe, me questionei se ele estava escondendo alguma coisa.

— Bom... sua irmã ficou praticamente dando em cima de mim, me dando apelidos, forçando uma intimidade que ela não tinha comigo...

Levanto da mesa e bato minhas mãos com força na mesma. Maldita Kim.

— Que raiva daquela garota. — Cruzo os braços e fecho a cara. — Não acredito que ela fez isso, ela me paga...

Chanyeol se levanta e para do meu lado, me virei para ele e ele me abraçou, puxando meu corpo com força para perto do dele. Nossa diferença de altura era tão grande que eu precisava olhar para cima para conseguir vê-lo. Eu batia um pouco mais acima do seu ombro. Continuava emburrado e com os braços cruzados, com um beiço enorme. Park apoiou seu queixo na minha cabeça.

— Mesmo fazendo bico, você continua adorável, Byun.

Começo a rir e envolvo meus braços na sua cintura.

— Não se preocupe com ela, eu goste de você, só de você — ele disse, me puxando para mais perto dele, solto um gemido de dor por causa da sua força, fazendo ele se afastar um pouco. — Me desculpa, sempre esqueço que não posso te apertar muito forte, mas eu não aguento — ele sorri.

Envolvo meus braços novamente na sua cintura e deito minha cabeça no seu peito, escutando as batidas do seu coração, ele estava acelerado.

— Não precisa pedir desculpas, sei que você não faz por mal — sussurro.

Aliso suas costas por de baixo da sua camisa do uniforme, ele se arrepia no instante que minhas digitais tocam sua pele.

Nos afastamos e ele disse que iria lavar a louça, concordei e fui para a sala, escolher um filme para assistirmos. Decidi colocar Centopeia Humana, um filme que eu estava para ver fazia um certo tempo, mas nunca tive a chance ou tempo de assistir.

 

Minutos depois o mais alto se senta do meu lado no sofá e coloca seu braço por cima do meu ombro, me puxando para mais perto dele. Aperto o play e começamos a assistir ao filme.

 

 

Ficamos assistindo vários filmes, até chegar perto das 18:00 e eu escutar meu celular notificar que eu havia recebido uma mensagem.

— Só um minuto, Chan — digo e me levanto para pegar meu celular.

Desbloqueio a tela e aperto na mensagem, meu coração acelera na hora.

 

“Irmãozinho, irmãozinho, você não vai conseguir se esconder por muito tempo, papai já colocou a polícia atrás de você, e você sabe que quando ele quer uma coisa ele consegue, acho melhor você aparecer logo antes que as coisas piorem — Kim.”

 

 

Meu corpo estremece na hora, fico parado olhando para o celular, até deixa-lo cair no chão. Arregalo os olhos para o maior, que está com os olhos maiores que os meus.

— Baekhyun, o que aconteceu? — ele pergunta preocupado.

Aperto os lábios com força antes de falar.

— A polícia, Chan... ela está atrás de mim.

Coloco a mão na boca e sinto as lágrimas caindo sem dó.

— Mas que droga — Park resmunga. — O que vamos fazer agora?

— Eu não tenho escolha senão voltar para casa, não quero que as coisas piorem...

Chanyeol cruza os braços e passa a me encarar com uma cara não muito amigável.

Falei merda.

— Jura? E tudo que eu passei por sua causa, vai ser em vão? Eu me arrisquei pra nada? Para você desistir de tudo e voltar para casa? Sério mesmo, Baekhyun? — Sua voz estava começando a se alterar, abaixei a cabeça na hora por vergonha.

Mordo meu lábio inferior com força, processando suas palavras na minha cabeça, mas a única coisa que sai é:

— Eu não pedi para você me ajudar, você me ajudou porque quis.

Levantei minha cabeça para ver sua reação, e foi como eu imaginei, ele me olhava incrédulo pelo que eu acabara de falar. Ele se levantou e ficou parado na minha frente, me queimando com o seu olhar. Encarei seus olhos castanhos escuros, mesmo com os meus cheios de lágrimas.

— Eu sei que você não me pediu, mas eu pensei que você fosse mais forte do que isso, e que fosse um pouco mais grato por todo o tempo que eu perdi com isso. — Park rosnou as palavras na minha cara, cada palavra me machucava mais. — Enquanto você está aí parado, eles estão indo atrás de você, Baekhyun. Você nem ao menos quis tentar denunciar o seu pai, isso é o que me irrita.

Ranjo os dentes de raiva, ele estava me irritando. Fecho meus olhos com força, as lágrimas insistiam em cair.

— Fácil falar quando não é com você — digo com raiva. — Se você estivesse no meu lugar também teria medo.

— Talvez — ele concorda. — Mas tenho certeza que eu não ficaria parado esperando algum milagre divino acontecer. Você tem que se ajudar, você tem que correr atrás, as coisas não vão mudar se você não mudar também.

Abaixo a cabeça e vou em direção do sofá, me sentando e pensando no que ele tinha acabado de falar. Eu odiava assumir, mas, Chanyeol estava certo. Suspiro vendo que meus argumentos não eram bons o suficiente para competir com os dele.

— Está bem. — Ergo meus braços como se estivesse me rendendo. — Eu vou fazer um B.O contra o meu pai.

Um sorriso nasce no rosto do maior com a minha resposta. No fundo ele só queria o meu bem, eu sabia disso.

— Muito bem, então vamos nos trocar para irmos na delegacia — ele diz.

Sigo sua voz e apenas concordo com a cabeça. Pelo visto seria mais rápido do que eu estava imaginando.

 

 

♡⚣♡

 

 

A delegacia ficava uns quinze minutos de distância da casa do Chanyeol, ele foi dirigindo calmamente até chegarmos. Me arrepiei por inteiro quando vi a delegacia, era um passo muito grande para mim, mas eu sabia que era o certo a fazer. Sempre tive medo de denunciar o meu pai, pois sempre pensei que ninguém nunca iria me ouvir. Espero que alguém me escute. Meu corpo estava trêmulo e minhas mãos suavam muito, Park colocou a mão em cima da minha perna e apertou de leve.

— Fica tranquilo, eu estou com você.

— Obrigado, Chan — sorri. — Vamos logo com isso. — Abro a porta meio afobado e fico o esperando do lado de fora do carro. Park sai do carro e vamos em direção da delegacia, entrando no local.

Quando entramos, não tinha quase ninguém, para não falar que estava totalmente vazio, havia uma mãe que segurava seu filho no colo, o olho da criança estava roxo e ela chorava muito. Nos sentamos um pouco afastados, para podermos conversar tranquilamente.

— Estou muito orgulhoso de você, Byun — o escutei dizer. — Você vai ver como as coisas vão se tornar mais fáceis. Seu pai vai pagar por tudo que ele fez.

Não respondo por causa do nervosismo.

 

Fico batendo meu pé no chão até ver um homem na porta me chamando. Respiro pesado, eu estava muito nervoso. Park segura minha mão e me levanta, fomos em direção do homem e entramos na sua sala, nos sentando nas cadeiras vazias na sua frente.

— Olá, como posso ajudar vocês? — o homem de meia idade com cabelos grisalhos perguntou, colocando os cotovelos em cima da mesa.

— Viemos aqui fazer um B.O — Chanyeol responde.

— Muito bem. B.O contra quem e sobre o que?

Fecho meus olhos e respondo:

— Contra o meu pai. Violência doméstica e abuso sexual.

Sinto meu rosto queimar de vergonha no instante que termino a frase. Minhas mãos continuavam suando, Park apertava minha mão com força para que eu ficasse mais tranquilo.

Levanto minha cabeça e abro meus olhos, passando a encarar o delegado, ele parecia surpreso pelo motivo que eu estava ali.

— Isso é um caso bem delicado — ele deu um gole na água. — E não é tão fácil assim, eu posso fazer o B.O sem problemas. Qual o seu nome garoto?

— Baekhyun.

— Então, Baekhyun, eu consigo fazer o B.O para você contra o seu pai, mas você tem testemunhas? Alguém que já viu ele fazer essas coisas com você?

— Minha mãe e a minha irmã sabem de todas as coisas que ele fez, mas não acredito que elas viriam aqui servir de testemunhas contra ele.

O delegado que havia se apresentado como Alex me olhou e olhou para Chanyeol.

— Precisamos de no mínimo uma testemunha que tenha visto as agressões, sem isso eu não consigo fazer nada por você, sinto muito.

Aperto meus lábios com força, eu sabia que ninguém iria me ouvir, eu sabia. O último fio de esperança que eu tinha dentro de mim se rompe.

Chanyeol se levanta alterado, fazendo com que olhássemos para ele.

— Mas eu também sei das agressões, eu não posso depor contra o pai dele? — Sua voz estava se alterando, eu sabia que ele estava com raiva.

— Sinto muito, mas você não é uma testemunha válida — o delegado responde, voltando o olhar para mim. — Baekhyun, sua mãe ou sua irmã terão de vir aqui para depor contra ele, é a única maneira que eu encontro de irmos para frente.

Sussurro um “droga” baixinho, deixando as lágrimas dominarem o meu rosto. Park se ajoelha na minha frente e me vê chorando, eu me odiava por chorar tanto, eu me odiava por saber que as coisas não dariam certo. O delegado saiu da sala para nos deixar à sós.

— Calma, Baek, não vamos desistir assim tão fácil, eu... eu vou dar um jeito.

O nervosismo era nítido na sua voz.

— Não adianta... minha mãe ou a Kim nunca iriam vir aqui — limpo as lágrimas, dando espaço para as outras caírem. — Eu sabia que ninguém iria me ouvir.

Ele levanta meu rosto de modo que eu visse seus enormes olhos brilhantes.

— Isso não vai ficar assim, Byun. Me espera aqui.

Saiu da sala, me deixando sozinho por alguns minutos.

 

Minutos depois ele volta com o delegado Alex, limpo as lágrimas de imediato.

— Vou abrir uma exceção para você, Baekhyun. Vou fazer o seu B.O — o delegado disse, pegando uma folha. — Pode me contar tudo o que aconteceu, desde o começo?

Arregalo os olhos e olho para o Chanyeol, ele estava sorrindo, então estava tudo bem.

Concordo com a cabeça, e começo a lhe contar tudo, ele anota tudo que eu falo.

 

 

Depois de longos minutos, o delegado Alex me entrega o meu B.O e ordena que eu fosse no IML ainda hoje para fazer o corpo de delito. Por sorte, o IML ficava a algumas quadras dali, fomos de carro para que ninguém na rua me reconhecesse.

O local estava cheio de pessoas machucadas, enfaixadas, tinha até algumas pessoas algemadas, imaginei que fossem ladrões que teriam apanhado, nos sentamos não muito longe do restante das pessoas e esperamos que nos chamassem, iria demorar um pouco creio eu, pois estava um tanto quanto lotado aquele lugar.

Depois de longos quarenta minutos, uma mulher me chama, respiro fundo e a sigo, Chanyeol não podia me acompanhar, o que me deixou com mais medo, mas eu sabia que tudo iria ficar bem.

 

 

Foi um pouco estranho ter pessoas me examinando, nunca pensei que eu passaria por algo parecido, mas era necessário. Me despeço da mulher e volto para a sala de espera, onde Chanyeol me esperava ansiosamente. Vou correndo até ele e o abraço apertado, apoiando minha cabeça no seu peito.

— E então? Como foi? — Passou sua mão pelos meus cabelos e me envolveu com seus braços fortes.

— Não foi tão ruim quanto eu imaginei, eles analisaram o meu corpo e — fiz uma pequena pausa —, viram que meus hematomas são de fato por agressões, eles encontraram um pouco de DNA em algumas partes do meu corpo. Quando os resultados saírem eles vão ligar para nós, dei nossos números para eles.

Um sorriso se forma no rosto do maior, ele sela seus lábios nos meus em um selinho demorado.

— Estou orgulhoso de você, Byun. Eu prometi que ficaria do seu lado, aconteça o que acontecer — sorriu orgulhoso.

Retribuí o sorriso e selei nossos lábios novamente, dessa vez em um beijo lento e apaixonado. Fico na ponta dos pés para dar altura e envolvo meus braços no seu pescoço, Park envolve seus braços na minha cintura, me puxando para mais perto dele. Nos afastamos e ele deu um beijo na minha testa.

— Vamos para casa, Byun. — O maior segura minha mão.

— Vamos, Chan.

Saímos do IML de mãos dadas, muitas pessoas nos olhavam atravessado e com cara feia, mas eu não me importava com isso, eu estava feliz do lado do Chanyeol, isso era o que eu considerava importante, as opiniões dos outros não eram importantes para mim. Espero que em breve eu não precise esconder essa felicidade, quero poder sair com o Chanyeol pelas ruas sem sentir medo, sem precisar me esconder do meu pai, da Kim. Eu sabia que tinha feito uma escolha importante, espero que dê tudo certo.


Notas Finais


A música que tocou no carro é do Bob Dylan, e se chama Make You Feel My Love.
Espero que tenham gostado, comentem o que acharam para eu saber o que estão achando da fanfic.
Sugestões, conselhos? São sempre bem vindos, claro!
Obrigada por lerem, até a próxima!


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