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História Seguir em frente - Aquele do aniversário da Ludy


Escrita por: malu_15

Notas do Autor


OIIII, AMORES!
Minha intenção era postar o capítulo mais cedo, mas realmente não tive tempo. Terminei de escrever agorinha e tô super ansiosa pra saber o que vocês vão achar do reencontro dos dois!!! Me empolguei e acabei escrevendo demais e acredito que esse é o maior capítulo até agora! AAAAAH, enfim, espero que gostem <3 :)

É isso, boa leitura! xx

Capítulo 32 - Aquele do aniversário da Ludy


Fanfic / Fanfiction Seguir em frente - Aquele do aniversário da Ludy

(...)

Chegamos na casa do Oscar e da Ludy e eu fui logo desfazer as malas. Em seguida, tomei um longo banho quente que de alguma forma revitalizou os meus sentidos. Vesti um camisão que cobria até a metade das minhas coxas e um shortinho curto de moletom por baixo. Essa noite só seríamos eu, Oscar e Ludy então não precisava de muita cerimônia: roupa surrada estava de bom tamanho. Pedimos pizza. O friozinho proporcionou um clima super agradável e nos acomodamos na sala. Apesar do enorme sofá, sentamos todos no carpete encostando apenas as costas no sofá. Enquanto Oscar rolava as novidades da Netflix para escolher o que nós iríamos assistir, Ludimila me deixava a par das coisas que aconteceram por lá desde que eu fui embora. Por um momento me peguei pensando no quanto seria doloroso eu ter que ir embora no domingo. Dois dias e meio seriam suficientes para relembrar todo o amor, toda a amizade que tenho aqui e com certeza faria a partida bem mais difícil. Para nossa indignação, Oscar escolheu um filme de guerra com muita ação. Eu e Ludy preferíamos uma comédia romântica, mas acabamos cedendo.

A campainha tocou e eu logo me prontifiquei a ir atender, finalmente a pizza tinha chegado para matar minha fome de três leões. No entanto, ao abrir a porta, não vi o entregador de pizza. Vi aquele homem que me faz perder qualquer noção de sentido quando me olha da cabeça aos pés, exatamente como está fazendo agora. Eu meio que congelei na hora, ver David naquele momento era o que eu menos esperava. Acho que ele percebeu meu estado de choque e foi o primeiro a falar algo ali.

— Ahn... —coçou a cabeça— o Oscar tá aí?

Virei-me até onde Oscar e Ludy estavam tentando não transparecer o quão chateada eu tinha ficado por ele não ter me dito nem um mísero oi. Como se não me conhecesse.

— Hm... Oscar?

Ele se levantou e fez uma careta como se não fizesse a mínima ideia do que estava acontecendo ali. Apenas semi cerrei os olhos enquanto o via caminhar até a nossa direção.

— E aí, mano... —falou para David— acredita que eu estava esquecido que tinha marcado com você? —forçou uma risada— entra aí! Chegou em hora boa, a pizza deve estar chegando e...

— Não —ele se adiantou— não vai dar pra ficar. Eu só vim te dizer isso mesmo, sabe, eu tive um imprevisto e...

— Ah, não, David! —foi a vez de Ludy vir até nós enquanto eu estava ali com cara de tacho. David não me olhou uma vez sequer. Era como se eu não estivesse ali.— não vai fazer essa desfeita com a gente, né? Eu tô precisando da sua ajuda para dar palpite em umas coisas da festa... fica, vai?! —Ludy fez aquela carinha típica de cachorro abandonado e quem poderia negar alguma coisa para aquela Japinha?

— Ahn... —arfou— tudo bem. —ele disse, por fim. 

Enquanto eles terminavam de falar, dei as costas e fui andando para a sala. A minha vontade era de dizer a David que ele realmente podia ficar e se o problema era eu, poderia ficar descansado que eu iria para o quarto para que ele ficasse a vontade sem a minha presença. Mas essa não era a hora. Eu tinha que dar o braço a torcer se quisesse tê-lo de novo, não tinha? Respira, Maitê, respira. Eu mentalizava enquanto sentava no sofá.

Alguns longos minutos se passaram. A pizza chegou, comemos quase em silêncio. Oscar e Ludy claramente perceberam o clima que se instalou por lá e tentaram puxar algumas conversas que logo cessavam. Decidiram então colocar o filme e ficamos sentados no sofá assim: Eu, Oscar e Ludy, David. Uma hora e meia depois, eu não tinha entendido nada do filme até porque não conseguiria prestar atenção em nada que não fosse olhar de soslaio para ver o que David estava fazendo: se estava realmente assistindo o filme ou se tentava me espiar também. Em algum momento, a mãe doOscar ligou pelo FaceTime e Ludy foi mostrar a varanda da casa que tinha começado a ser arrumada para a festa de amanhã. Oscar, inocentemente, claro, levantou-se também e foi com ela, deixando eu e David a sós. No momento eu não sabia se agradecia ou matava aqueles dois. Pensaria nisso depois.

Quando estava desfazendo e refazendo meu discurso para puxar algum tipo de conversa com ele, senti uma coisa vibrar perto de mim. Baixei o olhar e vi meu celular que acusava uma ligação de Thomas. David por instinto também caminhou o olhar até lá e eu até pensei em recusar a ligação, mas ele poderia pensar coisas que não se ligavam a realidade e provavelmente prejudicariam minha situação com ele.  Resolvi atender.

— Oi, Thom. —falei baixinho tentando perceber qualquer reação de David

— Mai? Já chegou? —ele falava alto por conta de um barulho de som. Provavelmente uma festa, pensei.

— Já. Foi bem corrido e eu acabei esquecendo de te ligar, desculpa... —falei e nesse momento David tirou o celular do bolso e começou a mexer. Provavelmente para provar que não estava prestando atenção na minha conversa.

— Tudo bem, pelo menos você chegou bem. Onde você tá? Queria te ver já que não é todo dia que você está em Londres, não é?! 

— Eu estou na Ludy. Eu, ela, Oscar e David. —falei logo em seguida para que ele soubesse quem estava ali e evitar qualquer troca de faíscas entre eles, caso Thomas viesse aqui.

— Hum... —ele pareceu pensar um pouco— vai usar aquele negócio hoje? —ele disse claramente se referindo a lingerie que eu tinha comprado antes de vir para cá.

— Desde quando você se interessa por isso, Thom? —ri um pouco sem graça— e não, na verdade acho que não vou usar nem tão cedo...—fui sincera. Do jeito que as coisas estão, voltarei para o Brasil no zero a zero.

— Eu tô brincando —ele esclareceu— bom, se precisar de mim, é só ligar. Amanhã a gente se fala. Se cuida
 
— Você também. Boa noite. —eu disse por fim antes de desligar.

Respirei fundo, estava pronta para refazer meu plano de puxar assunto sobre qualquer besteira que fosse quando uma voz (aquela voz) me causou um arrepio na espinha. Pensei que fosse desmaiar por um momento.

— O seu namorado não tem ciúmes por você estar aqui comigo? —David disse, baixinho, ainda sem olhar para mim.

— Oi? —me virei para ele meio que forçando nosso contato visual. Ele levantou a cabeça e me encarou.

— Nada. Deixa pra lá. —balançou a cabeça e voltou a mexer no celular. 

— O Thomas não é meu namorado. E mesmo se fosse, porque ele teria ciúmes? —perguntei, ainda virada para ele— você nem olha na minha cara.

David me olhou de verdade dessa vez e eu não desviei o olhar. Algo ali acendeu entre nós. Ali bem no fundo daqueles olhos cor-de-mel eu vi uma faísca de explosão. Não era nem de longe o olhar apaixonado que eu gostaria, mas tinha algo especial ali. Curiosidade talvez, ou surpresa pelo modo como eu o confrontei. Fiquei esperando como se tivesse a certeza que ele queria falar. Foi nesse momento que Ludy e Oscar voltaram para a sala quebrando todo aquele clima que eu tive o maior trabalho para criar. Já decidi, eu queria matá-los.

— David, tá lembrado que amanhã a gente tem que ir cedinho naquela reunião com o assessor, né? Temos que ir o mais cedo possível para não atrasar as coisas da Ludy aqui. —Oscar veio falando do meio do caminho e não obteve resposta— David?

— É, eu to lembrado, mano —ele confirmou— eu vou indo, então. Se não eu não acordo, sabe como é... —ele riu. E que sorriso lindo! Devia ser pecado alguém ser tão lindo assim!

— A gente vai tentar dormir também, afinal, o dia amanhã promete!  —Ludy falou e Oscar beijou sua bochecha em concordância

— Boa noite pra vocês —David se levantou do sofá e abraçou os dois. Me levantei também, não tinha certeza do que ele faria quanto a mim, mas decidi ajudar. —boa noite, Maitê. —ele sorriu sem mostrar os dentes e foi se encaminhando para a porta.

— Boa noite, David. 

Respondi baixinho e não tive a certeza se ele ouviu. Não era nada perto do abraço caloroso que eu desejava, mas pra quem chegou todo desconcertado e fingindo que não me conhecia já é um grande avanço, não é?

 Assim que ele foi embora, me virei para Oscar e Ludy já com a pergunta na ponta da língua.

— Qual de vocês dois vai me explicar como foi essa coincidência do David aparecer aqui logo quando eu cheguei? Vocês pensam que me enganam, não é?

— Eu juro que não sei do que você está falando, Mai. —Oscar se aproximou e beijou minha testa antes de se retirar rapidamente com Ludy como se fosse uma criança quando faz algo de errado e não quer que a mãe descubra.

Mal sabem eles que eu iria agradecer por terem feito isso.
(...)

 

Dormi pouco aquela noite. Acordei pensando naqueles olhos cor-de-mel que não me abandonaram nem em sonho. O frio na espinha ainda esta ali quando eu lembrava a surpresa que tive ao ouvir sua voz depois do telefonema do Thomas. David sempre foi uma caixinha de surpresas e desde que nos separamos ele tem aguçado essa característica. Eu não sabia se ele ainda me queria na vida dele ou se tudo isso era apenas orgulho ferido, mas uma de coisa eu tinha certeza: ele queria me dizer algo. Nós precisávamos ter uma conversa e de hoje não passaria. Eu não voltaria ao Brasil sem ter resolvido as coisas de uma vez por todas.

Depois de tomar aquele banho revigorante, coloquei um conjuntinho de moletom e calcei uma chinelinha de dedo. Encontrei Ludy tentando tomar café da manhã enquanto uma dúzia de funcionários terminavam os últimos detalhes no quintal da casa deles. Oscar ainda não tinha chegado da tal reunião que fora com David mas já tinha mandado mensagem para a esposa avisando que chegava em poucos minutos. Depois de comer uns paeszinhos de queijo, ela me pediu ajuda para resolver uns "pequenos detalhes" segundo ela. Só que esses pequenos detalhes  tomaram as duas horas que eu tinha para separar a roupa e arrumar o cabelo. Quando terminamos, Ludy correu para o seu quarto e eu fiz o mesmo me policiando o tempo todo para não atrasar. Talvez não muito. 

Como seria uma festa simples em casa, vesti um body rosinha que tinha as costas nuas e um shortinho jeans. Bem no estilo sexy sem ser vulgar. Dei uma rápida secada no cabelo o que fez surmir os cachos quase por completo, dando um visual mais arrumadinho. Passei uma maquiagem básica e caprichei no perfume. Esse sim não poderia faltar. Ludimila já tinha batido no mínimo umas cem vezes na porta do quarto para me apressar quando eu finalmente saí.

O jardim já estava cheio de convidados, pelo que ela tinha me falado seriam no máximo umas vinte pessoas mas quando entrei tive a impressão de ver pelo menos umas cinquenta ali. Fui em busca de alguém conhecido até que encontrei um rostinho familiar por ali.

— Azpi! —falei enquanto o Azpinha vinha na minha direção com aquele sorriso gigante

— Maitê —me deu um abraço rápido e um beijo na bochecha— você sumiu! Soube que foi pro Brasil, como estão as coisas? Você tá linda, esse tempo te fez bem e...

— Vocês espanhóis falam muito rápido, tem que falar mais devagar para a gente poder entender —falei em tom de brincadeira— você também tá... ótimo! Resolveu se desfazer da barba? —apontei para seu rosto completamente liso

— É. —ele riu— a Rose gosta. —concluiu

— Rose? —franzi o cenho— você tá namorando? Que coisa boa, Azpi! 

— Namorando, namorando mesmo não. Mas estamos curtindo o momento, melhor assim. —ele disse e eu concordei com a cabeça— e você? e o David? 

— É uma longa história, acho que dava para escrever um livro sobre tudo que aconteceu... —tentei não parecer abalada. Ele abriu aquele sorriso gigante e me puxou para um cantinho mais reservado. Sentamos em um dos degraus que davam acesso a área da piscina.

— Ele te ama. —começou a dizer quando nos sentamos— eu e o David nunca fomos amigos, na verdade a gente nunca foi com a cara um do outro e ainda teve aquele lance com você antes de vocês começarem a namorar. E, cara, não sei se você sabe, mas eu gostei muito de você. Eu nunca te falei isso, mas foi bem difícil quando tudo aconteceu e você preferiu ficar com ele. Eu tinha que vê-lo todos os dias nos malditos treinos falando de você pros caras e pra completar o técnico novo me mudou de posição e eu passei a jogar de zagueiro bem ao lado dele. Todos os dias eu ficava pensando como você preferia aquele cara se na minha cabeça o homem perfeito para você era eu. Só que com o tempo eu fui percebendo que era com ele mesmo que você tinha que ficar. É difícil admitir, mas no fundo o David é um cara legal e eu sei que ele nunca seria capaz de te machucar. Não sei quais foram os motivos que fizeram vocês terminarem mas eu vejo que ele ainda te ama. Mês passado nós estávamos autografando umas camisas na loja da Adidas e bem na porta tinha um banner enorme seu e um dos moleques, sem saber de nada, tirou uma brincadeira sobre você ser a mulher mais linda que ele já viu e o David ficou todo desconcertado, eu juro que vi ele fechando o punho disfarçadamente com vontade de bater no cara —ele riu— e veja como ele tá olhando de um jeito bem amigável para nós dois agora. 

Eu ainda estava tentando processar tudo quando levantei a cabeça e vi o olhar de David perdido ali. Quando percebeu que nós o observávamos, virou para o outro lado. David não muda nunca. E acho que é isso que me prende tanto a ele.

— Caramba... —abaixei a cabeça— não sei nem o que dizer. Você é uma pessoa especial, eu nunca te disse isso também, mas sinto um carinho grande por você que sempre foi muito solicito e protetor comigo assim como está sendo agora. Espero de verdade que você seja feliz com a Rose. E quanto ao David, eu o escolhi naquela época porque na verdade meu coração já tinha feito isso. E agora eu estou tentando resolver as coisas entre nós, mas ele meio que criou uma barreira... tá complicado. 

— Maitêêê! Eu tô te procurando há horas —Ludy falava enquanto se aproximava de nós— Azpinha, posso roubar ela um pouquinho? Preciso curtir minha amiga que eu não via há meses —ela falou pra ele já me puxando para levantar

— Ela é toda sua —Azpinha falou e sorriu para nós. Sorri de volta e murmurei um "obrigada" para ele.
(...)

Depois que Ludy me trouxe para perto dos convidados, a minha ideia era beber um pouco para poder colocar meu plano em ação. Mas digamos que as coisas fugiram um pouco do meu controle. As tequilas estavam um pouco mais fortes que o normal e eu já sentia que estava ficando bêbada mesmo sem beber tanto. Ninguém ali estava ligando, afinal estavam todos na mesma ou numa situação pior que a minha. Bem, quase todos. Tinha o chatão-politicamente correto do David que estava com o mesmo copinho de bebida desde o começo da festa. Eu estava dançando com algumas pessoas na pista quando percebi uma loira desconhecida de conversinha no ouvido dele. A conversa parecia interessante já que volta e meia ele soltava um sorrisinho. Tentei ignorar, mas aquilo estava me incomodando o bastante para me dar coragem de fazer algo. Talvez a bebida tenha ajudado nisso também, talvez. 

Foi aí que eu comecei a encará-lo. Encarar mesmo, daquele jeito que te deixa sem graça, sem desviar o olhar. Não demorou muito para que ele percebesse, mas tentou me ignorar nos primeiros dois minutos. Continuei encarando, até que ele falou alguma coisa para ela que eu entendi como um "volto já" e começou a caminhar em minha direção. Vi que a loira me olhava com cara de poucos amigos e eu apenas sorri triunfante sem mostrar os dentes. 

— Você quer tirar uma foto minha agora ou depois? Tava olhando tanto que eu até fiquei sem graça. —ele dizia com desdém

— Ah, desculpa por atrapalhar sua conversinha com aquela loira aguada. Devia estar bem interessante, pelo visto. —eu disse e peguei outro drink que o garçom me ofereceu.

— Eu não estou te entendendo. Da última vez que eu te vi estava toda feliz conversando com o Azpilicueta. Sabe o que eu acho incrível?  —falou como se já tivesse o discurso pronto na cabeça — em todo lugar que você aparece sempre tem um urubu pra te cercar e... 

— Não fala assim dele —o cortei— ele não é assim. E apesar de você não merecer, ele estava te defendendo. —o encarei

— Me defendendo? Você estava falando de mim? —ele se aproximou um pouco e eu concordei com a cabeça. Foi aí que ele segurou um dos meus braços— sobre o que, exatamente?

Nesse momento eu percebi que tinha falado demais. Na minha cabeça estava planejado ter outro tipo de conversa com ele, em um canto mais reservado e que eu estivesse sóbria, de preferência. Mas já que eu tinha começado, terminaria aquilo. Ou pelo menos foi o que eu pensei que faria antes de ter a brilhante ideia de virar o copo de bebida todinho de uma vez. Comecei a suar frio e senti a boca salivando demais: eu iria vomitar. Coloquei a mão na boca e não precisei falar mais nada, David colocou uma mão quente no meu ombro e a outra nas minhas costas descobertas me guiando rapidamente para o banheiro. Não deu tempo de fazer muita coisa, só fui recuperar os sentidos quando eu já tinha despejado tudo na privada e David estava segurando meu cabelo. Parabéns, Maitê, dessa vez você quebrou o recorde.
Tentei me levantar com o restinho de dignidade que eu tinha para tentar jogar uma água no rosto, mas foi tudo em vão. Quando levantei a cabeça tudo começou a girar mais ainda. Por sorte a pia estava logo ao lado e me segurei nela para não cair. David me olhava com uma daquelas expressões indecifráveis. Não sei se ele queria realmente me ajudar ou se estava fazendo aquilo tudo por pena, mas eu não tinha muita opção no momento.

— Da-da-david... me ajuuuuda, por favooooor. Acho que-que bebi demaisssss —tentei falar normalmente, mas a minha língua parecia ter vida própria.

— Você acha? —ele riu

— É. —respirei fundo— Não deixa ninguém me ver assim, por favorzinho. Não quero passar vergonha. —falei a ele

— Fica calma. Eu vou cuidar de você. 

Eu sei que a intenção dele foi realmente me ajudar, mas ouvir aquele "eu vou cuidar de você" acabou piorando minha situação. Fiquei um tanto quanto atônita perdida naquele rosto, naquela boca que eu tinha beijado tantas e tantas vezes e que tinha dito que me amava milhares de vezes também. Senti meus olhos começarem a marejar e eu até tentei segurar, mas o álcool não estava me dando total controle sobre o meu corpo. Apenas abaixei a cabeça e deixei as lágrimas rolarem. Não por muito tempo, somente até o momento que ele levantou meu rosto com o dedo indicador de uma das mãos.

— O que foi? Eu falei alguma coisa de errado? —ele me perguntava tentando entender o porquê das lágrimas

Fechei os olhos e balancei a cabeça em sinal de negativo. Tudo ainda continuava girando.

— Não faz assim, por favor. —limpou minhas lágrimas com os dedos— vem, eu vou te levar pra um lugar mais calmo. —ele colocou o meu peso em seus ombros e foi abrindo a porta do banheiro.

— Mas a Ludy ela... eu... eu preciso avisar a ela —eu tentava dizer

— Deixa que eu resolvo isso. Confia em mim. —ele dizia, firme.

Era tudo que ele precisava dizer. Acho que depois de tudo que aconteceu ele era uma das pessoas que eu mais confiava no mundo e me arrependo amargamente por ter duvidado disso algum dia. Saímos do apartamento da Ludy e do Oscar e tudo aconteceu muito rápido novamente, de repente nós estávamos dentro do carro dele, eu sabia que era o dele porque reconheceria aquele Jipe Verde em qualquer lugar do mundo. Não lembro de muita coisa do caminho até porque ele só cruzou a avenida. Reconheci que estávamos no prédio dele quando entramos naquele elevador imenso. Depois que chegamos no seu andar, ele passou as mãos pelos meus ombros me guiando até a porta daquele jeito forte e delicado ao mesmo tempo que só ele tem. 

Senti um frio na barriga ao entrar naquele lugar que me proporcionou imensas alegrias mas também foi o lugar que eu decidi dar um fim na nossa relação cinco meses atrás. David pediu que eu esperasse sentada no sofá e assim eu fiz. Em seguida trouxe água e um remédio que eu não me atrevi nem a perguntar qual era, apenas o coloquei na boca e tomei o copo de água inteiro. Ele se ajoelhou na minha frente e olhou fundo nos meus olhos.

— Tá se sentindo melhor? —perguntou

— Um pouco —na verdade eu não sabia se estava melhorando de verdade, mas talvez mentalizar isso ajudasse— Obrigada.

— Eu acho melhor você tomar um banho —ele riu— você sabe que ajuda. Eu vou pegar umas roupas limpas e você veste, até porque essa blusa praticamente colada no seu corpo não deve ser muito confortável. 

— É —dessa vez eu que ri— acho que vou mesmo. —falei enquanto tentava levantar sem tropeçar em nada.

— O banheiro é logo al...

— Eu sei onde é o banheiro. Obrigada. —falei, por fim.
(...)

Fiquei de baixo do chuveiro até sentir os dedos enrrugarem. Lembrei de uma situação bem parecida logo que nós nos conhecemos e que eu, inconsequentemente, também fiquei bêbada e ele se prontificou a cuidar de mim. Agora é diferente, nós tínhamos uma história. Mas naquela época ele mal me conhecia e me ajudou tanto, mostrando a pessoa maravilhosa que é. Depois que terminei o banho, fui até a porta e abri apenas uma frechinha e chamei por ele. Sem tentar espiar nada, claro, me passou algumas roupas para que eu vestisse. Tinha uma blusa dele e para a minha surpresa, um shortinho meu que eu nem lembrava que existia. Provavelmente eu tinha esquecido aqui algum dia e ele ficou com pena de jogar uma roupa novinha fora. Depois de vestir a roupa, como não tinha escova de dente, usei um enxaguante bucal umas três vezes para evitar qualquer mau hálito. Penteei o cabelo molhado pra trás e saí. 

Ele estava sentado no sofá e já tinha trocado de roupa, provavelmente tomou banho por conta da minha demora. Digitava algo no celular quando percebeu que eu me aproximava e parou. Me acompanhou com o olhar sem dizer nada até que eu me sentasse ao seu lado. Provavelmente o nível de álcool no meu sangue já tinha baixado bastante mas não por completo, então aproveitei a coragem e tentei começar a dizer enfim o que precisava.

— Preciso falar uma coisa com você —eu e David falamos em uníssono. E rimos juntos também.

— Vai, fala você primeiro. —me antecipei.

— Eu queria perguntar, na verdade... Tem uma coisa que não sai da minha cabeça desde ontem.  —ele pigarreou antes de continuar— Naquela hora que a gente tava no apartamento do Oscar e o Fuller ligou pra você... Bom, o som do celular estava bem alto e... tipo, deu pra escutar a conversa. Não que eu estivesse querendo escutar, não pense mal, mas era inevitável. Enfim... Quando você falou que estava comigo lá, ele perguntou se você ia usar "aquele negócio" —fez aspas com a mão— e você respondeu meio sem graça que não. O que era?

Engoli em seco. De todas as perguntas que eu pensei que David gostaria de fazer, essa não estava na lista. Por que eu tenho essa mania de deixar volume alto?

— Ahn... Bem... é que... —tentei dizer— é besteira, David. Não sei se você não vai gostar de saber. —fui sincera

— Ahhhh, acredite, eu vou! Por pior que seja essa resposta, é mais segura do que as mil possibilidades que estão passando pela minha cabeça agora. 

Eu tinha que ser sincera. Respirei fundo e fechei os olhos como se aquilo fosse me dar algum tipo de conforto.

— Tudo bem, então. É que eu fui comprar umas lingeries novas e ele me ajudou a escolher uma, aí quando eu falei que estava com você, ele deduziu que eu poderia usá-la com... Enfim, acho que agora dá pra entender a pergunta dele. —falei por fim e abaixei a cabeça com vergonha.

— Você provou a lingerie e mostrou a ele? —ele me olhava com aquela cara de raiva que eu conhecia muito bem.

— Não! —falei rápido— Foi por telefone. Eu só perguntei qual ele gostava mais quando estava com uma mulher. —falei e David franziu o cenho.

— Ah... Ótimo.  —falou ironicamente — E eu aqui certo de que você tinha me dito que não está rolando nada entre vocês. 

— E não tá, David. —falei bufando e fui sincera mais uma vez— Será que você não entendeu que eu fiz tudo isso por você? O Thomas sabe muito bem que eu só comprei e pedi ajuda porque eu queria te impressionar de alguma forma! Só fiz isso porque queria chamar a tua atenção de novo pra mim, poxa! Queria que me achasse mais bonita, mais atraente, sei lá, que sentisse desejo por mim de novo. Como você não vê isso? 



(...) CONTINUA

 


Notas Finais


GENTEEEEEE! Encontros bombásticos, heim? Me contem o que acharam, por favor!!! :) <3
Beijoooooo


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