História Seguir em frente - Aquele do pré-feriado

Maitê P.O.V

Trabalho. É só com isso que tenho que me importar. Sabe aquele ditado "sorte no jogo, azar no amor"? se o jogo fosse trocado por trabalho aquilo com certeza poderia ser aplicado a minha pessoa. Mais uma campanha chega ao fim e o sentimento de dever cumprido é maravilhoso, confesso que durante essas semanas esse tem sido meu único prazer. Como um beijo pode mexer tanto comigo?Na realidade, ele também passou a noite inteira cheirando meu pescoço e deve ter feito algum ritual de magia negra enquanto eu estava dormindo. Só pode. Talvez seja porque eu passei tanto tempo sem permitir a aproximação de um homem e quando aconteceu, foi um choque. Ou talvez eu tenha nascido com uma carta marcada para não dar certo no amor mesmo. A realidade é que as possibilidades são muitas, mas o fato é que aquele cabeludo não sai da minha cabeça.

Durante esse tempo Ludmila tornou-se uma amiga. É, acho que já posso denominá-la assim. Sempre compreensiva, ela tem me ajudado bastante. Tenho evitado encontrar o David porque não sei qual seria a reação dele ao me ver, provavelmente ele fingiria que nada aconteceu e isso me machucaria mais do que se ele chegasse pra me xingar. Eu tenho que colocar na cabeça que aquilo tudo não passou de uma confusão. Ele deve estar feliz com a Sara e, eu... devo seguir minha vida como eu costumava fazer antes dele chegar e me confundir por inteira.
(...)

    David P.O.V

Três vitórias consecutivas. 1º lugar no campeonato. Boa fase. Confesso que quando foi confirmado que eu voltaria a jogar no Chelsea um misto de medo e felicidade me invadiu. Feliz por voltar pro time que me abriu as portas para tantas coisas, time que fui campeão de um dos maiores campeonatos do mundo, a Champions League, e tudo mais. Por outro lado, medo pela forma como saí daqui em 2014, sem espaço no time. Não sabia como ia ser a reação da torcida, dos técnicos e se eu voltaria a me adaptar. Graças a Deus tudo está indo certo. Como deve ser.

A Sara veio me ver no primeiro jogo, coisa que não fazia há tempos. Ela quis ajeitar tudo entre nós, tentou resgatar o amor que tínhamos e eu não vou mentir dizendo que não pensei nessa possibilidade dando certo, mas, no fim eu entendi que não dá para colar um vidro que já foi quebrado. Não volta a ser como antes. Sinto um carinho enorme por ela pelos praticamente 6 anos que passamos juntos, tirando as indas e vindas, mas o amor não existe mais. Ela acabou entendendo também que era melhor colocar um ponto final de uma vez por todas, para não nos machucarmos mais.

Conheci uma garota que mexeu de verdade comigo. Talvez seja o que me fez ver que com a Sara já tinha acabado há muito tempo. Ela era aquele tipo de mulher que consegue ser linda na forma de falar, gesticular e até de andar. Não que o seu rosto não fosse bonito, porque era e muito. O corpo, então, nem se fala, mas o melhor de tudo é que isso não era o mais bonito nela. Até pensei que essa era minha oportunidade perfeita para seguir em frente, mas não era comigo com quem ela queria ficar. Nos beijamos uma vez e eu já sabia que ela faria estrago comigo.

- David, tá tudo bem? - Oscar me perguntou. Estávamos sentados no sofá da sala de sua casa.

- Tá sim, mano. Só estava pensando na vida.

- Na vida ou em alguém em especial que passou por ela?

- É. Nela também. - eu quis rir- mas nós já conversamos sobre isso e você não vai me convencer a ir atrás dela.

- É que ela tem conversado com a Ludy e explicou toda a história a ela e..

- Cara, na boa, não quero saber. Eu vi o suficiente. - o interrompi.

- Tá bem. Vamos mudar de assunto, então. O que vai fazer no feriado dessa sexta?

- Nem pensei ainda. Alguma sugestão?

- Eu e a Ludy pensamos em alugar uma casa na praia pra passar o fim de semana e queríamos que você fosse.

- Opa! Eu vou sim. Pode confirmar. - eu disse animado.

- Que bom. Porque a Ludmila quer chamar a Maitê e eu queria saber se tá tudo bem pra você.

Eu queria dizer que não, que não estava tudo bem e que eu não queria ver a cara dela tão cedo. Mas, eu tenho que deixar essa história pra trás, né? Posso ser maduro o suficiente para ficar 3 dias na mesma casa com ela e evitar contato até que a situação não seja mais constrangedora.

- Claro. Por que não estaria? - falei.

- Nossa, que maravilha! - Ludmila apareceu na sala e só então percebi que ela estava escutando toda a conversa.- Vou ligar pra ela agora.
       
          Maitê P.O.V

Eu estava assistindo um filminho tranquilamente acompanhada da minha querida Corona até meu celular tocar. Olhei o visor, era Ludmila.

- Oi Ludy. 

- Mai! Já tem planos para o feriado?

- Pra falar a verdade não. E você?

- Tenho e agora você tem também. Vamos alugar uma casa na praia para passar os três dias. Uma galera vai e..

- Ahm... O David vai? - a interrompi. Essa informação era crucial para a minha estadia nesse local virar realidade ou não.

- Sim. - ela se limitou a dizer.

- E a Sara?

- Não.

- Eles estão juntos?

- Não.

- Mesmo assim eu prefiro não ir, Ludy. Não sei se me sentiria bem.

- Ahm... acho que isso não é necessário. Não é? - ela falou e as suas respostas ficavam cada vez mais estranhas.

- Por que você está falando assim? - de repente uma luz passou pela minha cabeça- Ele está aí, não é? Por isso você não pode falar?

- Sim. - ela disse e eu quis rir.

- Ok. Vocês contaram a ele que iam me chamar?

- Sim.

- Ok. E ele se mostrou a favor ou contrário? Para a primeira opção diga número 1, para a segunda diga número 2.

- Número 1.  Vamos, mai. Vai ser ótimo, eu prometo.
 

Ele não se importa mesmo com a minha presença. Vai fingir que nada aconteceu. Mas, tudo bem, acho que sou madura o suficiente para evitá-lo. No fim das contas eu não fiz nada de errado mesmo. Fui a vítima dessa história.

- Tudo bem. Eu vou 
(...)
 

A semana foi bem tranquila. Tive de ficar horas extras lá na empresa por conta de um funcionária do meu setor que estava de licença maternidade e no fundo foi bom. Meus pensamentos estavam sempre ocupados e depois eu seria ressarcida em dias de folga. Vou usá-los depois para visitar meus pais no Brasil, pois mamãe reclama muito da saudade e por meu pai estar sempre ocupado no trabalho ela ainda não veio me ver. Era quinta-feira e logo depois do expediente dei uma passada no shopping, coisa que eu nunca fazia, para comprar biquíni. Sim, eu não tinha um porque, obviamente, o clima de Londres não favorece praia e banhos de piscina.

- Esse aqui não ficou apertado demais? Meios seios estão quase saltando e olha que eles nem são grandes assim. -eu dizia para Kate no provador de uma loja

- Deixa disso, Mai! Seu corpo é tão lindo. Você deveria aproveitar.

- E a parte de trás? Não ficou muito pequena? - virei pra ela ver. Realmente eu perdi o costume de usar isso.

- Claro que não! Você é magrinha e ao mesmo tempo gostosa, o David vai ficar louco quando ver e..

- SHIU! Eu não to nem aí pra ele se você quer saber. Vão ter outros caras lá, tá?

- Tá bom, me engana que eu gosto. Agora deixa de enrolar, compra esse e o anterior que você provou e vamos embora. Eu tô com muita fome.
(...)
 

Cheguei em casa e fui logo arrumando a mala. Já era tarde e eu precisava dormir bem para não acordar atrasada. Combinei com a Ludy de nos encontrarmos no aeroporto onde pegaríamos o jatinho particular alugado por eles. 

Tudo bem, Maitê, vai dar tudo certo. Você é uma mulher
forte e decidida. Levante o nariz e bola pra frente! 

Vamos ver no que essa viagem vai dar. 

(...) Continua