História Sei Que És Meu Amor - Episódio 19. Os gêmeos

Um garotinho de cabelo escuro e olhos azuis, brincava de carrinho com outros garotos.

Garotinho: O meu carrinho de bombeiro é o melhor! "Vrumm"!

Garotinho de cabelo escuro: Nãão! O meu de policial é mil vezes melhor. - sorria.

Garotinho de cabelo azul: Armin! Arminnn! - o pequeno Alexy corria na direção dele.

Armin menor: Alexy? - parou de brincar e se levantou, virando-se para o irmão.

Alexy menor: Vieram! Vieram! - dava pulinhos e sorria.

Armin menor: Quem?

Alexy menor: Vieram nos adotar! - o abraçou.

Armin menor: Hããã? - pareceu surpreso.


O homem estava diringindo e a mulher ao lado dele. O carro se afastava do orfanato, o pequeno Armin e o Alexy acenavam para a mulher e as crianças que ali ficavam.

Homem: Vamos apresentar a nova casa de vocês. - sorriu.

Mulher: E vocês também têm um quarto. - sorriu.

Armin menor: Sério? - sentaram-se direito e sorriram.

Mulher: Sim. - assentiu. - Meu nome é Vitória.

Homem: E o meu Arnould.

Alexy menor: Sabemos! Ouvimos falar muitas vezes de vocês! - sorriu.

Vitória: Isso é muito bom. Pois ouvimos falar muito de vocês também.

Armin menor: Obrigado por nos escolher, senhor Arnould e senhora Vitória.- sorriu.

Arnould: Não precisa agradecer.

Vitória: Quando se sentirem à vontade, nos chamem de mamãe e papai. -- olhou para eles, sorrindo.

Alexy menor: Sim, mamãe! Sim, papai! - sorriu.

Vitória: Que fofo.

Vitória e Arnould: Ha ha ha!

Armin: Hum. - olhou para o irmão, e sorriu de canto ao olhar para os seus pais adotivos.

(Aos seus 14 anos...)

Armin andava pelo corredor do colégio, jogando em seu psp quando uma garota que jogava também se esbarrou com ele. E seus psp's cairam no chão.

Garota: Ah! Me desculpa. - sorriu.

Armin: Me desculpa você, Sabrina. -- se agacharam juntos e pegaram os seus psp's e se levantaram.

Sabrina:Ah! Também está jogando o novo game?

Armin: V-Você também está? - corou.

Sabrina: Sim! Veja só! - virou a tela do psp para ele.

Armin: Que legal! - também virou a tela para ela.

Sabrina: Acho que temos muito em comum. Que tal saírmos um dia desses?

Armin: S-Sério? - corou e sorriu. - E-Eu adoraria.

Sabrina: Nos falamos depois das aulas para marcarmos então! Tchaau! - acenou e saiu correndo na direção que ele havia vindo.

Alexy: Vejam só! - saiu de trás da parede e passou o braço nos ombros dele. - O meu maninho tem um encontro.

Armin: V-Você estava escutando tudo?

Alexy: Claro! Então os seus sentimentos vão finalmente ser correspondidos?

Armin: Q-Quem sabe...!

Alexy: Que sorte! Eu ainda não tenho ninguém que gosto assim.

Armin: Você só pensa em compras. Normal as garotas acharem que você é gay.

Alexy: Idiota! - puxou as orelhas do irmão, irritado.

Armin: Me largaaa!

Eu então comecei a sair com Sabrina depois das aulas, e no final de semana. Ríamos, conversávamos, íamos para o fliperama, cinema, parque, ou até mesmo ficávamos passeando na praça. Tinhamos vários assuntos em comum. Eu estava claramente apaixonado por ela, foi quando decidi me declarar no natal...

Armin: E-Eu te amo muito! - abaixou a cabeça, corado.

Sabrina pareceu ter ficado surpresa. A rua estava enfeitada com luzes, enfeites, as pessoas usavam roupas de frio pos havia nevado. Até que Sabrina...

Sabrina: Gh! Ha... ha ha ha ha ha!

Armin: Hã? - arregalou os olhos, olhando para ela.

Sabrina: Eu sabia desde o início, ha ha ha ha! Eu só queria me divertir um pouco.

Armin: C-Como... assim...? - seus olhos se enchiam de lágrimas.

Sabrina: Ha ha ha! Eu desconfiava que você sentia algo por mim, mas só queria me aproveitar de você, bobão. Ha ha ha! Eu ficava em casa intediada, minhas amigas saíam com os namorados delas. Mas quando você me mostrou uma brecha, não podia desperdiçá-la.

Armin: Você me usou...? - fechou as mãos em punho e abaixou a cabeça.

Sabrina: Acorda, garoto! Quem vai querer sair com um orfão como você? Sabe--se lá de onde você veio. - pegou o celular na bolsa e foi se afastando. - Tenho que contar para as meninas como isso foi engraçado. - acenava de costas. - Foi bom enquanto durou, bye bye!

Quando deu 01h00 da manhã, Armin chegou em casa. As luzes estavam apagadas, os pais estavam dormindo, e quando chegou no quarto, o irmão também estava. Ou ele achou que estava, pois ao tirar o casaco e o cachecol lançando-os na cama, Armin sentou no chão se encostando em sua cama, começando a chorar, foi aí que Alexy se virou para ele.

Alexy: Armin? -- saiu da cama indo na direção do irmão e se agachando ao lado dele.

Armin: Ela me usou, Alexy... Só queria brincar com os meus sentimentos... por eu ter sido um orfão e dito que 'não sabe da onde eu vim'.

Alexy: Como?

Armin: É por isso que ninguém vai gostar de mim? Da gente? - abraçou as pernas e abaixou a cabeça. - Nunca mais irei me apaixonar novamente. Se todo mundo for pensar desse jeito... não prefiro nem me aproximar de ninguém assim. - suas lágrimas escorriam.

Alexy: Eu estou do seu lado, maninho. - ficou de joelhos e o abraçou de lado. - Estou do seu lado.

A partir daí... fechamos os nossos corações para qualquer tipo de sentimento. Entre nós... e as pessoas.

(No colégio...)

Era início de ano, e os alunos pegavam seus resultados, as flores de cerejeira estavam enfeitando aquele lugar.

Armin: Ótimo! Passamos!- - sorriu.

Alexy: Não poderia esperar menos de nós. - sorriu.

Sabrina: Acho que não vamos nos ver esse ano, gêmeos. - se aproximou mais as duas amigas. - Vou me mudar.

Armin: É? - sorriu. - Uma boa notícia afinal. - se viraram para ela.

Sabrina: Ham! - sorriu. - Está dando um de "coitadinho fingindo ser forte".

Armin: Eu? - sorriu, se aproximando dela. As amigas se aproximaram mais, preocupadas, mas Armin não se importou. - Você é apenas digna de pena, garota.

Sabrina: Como? - franziu as sobrancelhas.

Armin: Que pena não podermos estar no mesmo colégio esse ano... - aproximou a boca do ouvido dela. - Poderíamos brincar mais um pouco.

Sabrina: D-Do que você está falando? - deu passos para trás.

Armin: Garota mimada e sem graça. - colocou as mãos nos bolsos. - Usou uma pessoa apenas para se divertir? - aumentou o tom de voz, os alunos agora prestavam atenção neles.

Sabrina: F-Fale baixo.

Alexy: Ela está com vergonha agora? - sorriu.

Armin: Não quer que os outros saibam que você se ofereceu apenas para se divertir comigo? Ah, é... se interessou apenas no meu dinheiro e no que eu poderia oferecer.

Alexy: Isso é o mesmo que se vender? - parou ao lado do irmão.

Começaram os cochichos entre os alunos.

Sabrina: N-Não é verdade...! - olhava em volta, franzindo o cenho.

Amiga 1: Parem de falar isso dela!

Amiga 2: Agora mesmo! Vocês... vocês não eram assim.

Armin: Falou certo! Erámos! Mas a partir do momento que uma garota se oferece para um garoto apenas pelo dinheiro que ele pode oferecer... É meio revoltante, não?

Sabrina: 'Dinheiro'? Ha ha ha! Vocês eram orfãos, não achem que estão ricos só por ter encontrado um homem e uma mulher para serem pais falsos de vocês! - disse aquilo para se defender, mas os cochichos e olhares nela apenas aumentavam. Dizendo "como ela teve coragem de dizer algo desse tipo", "que garota fria". - Q-Quê...?

Armin: Pegamos você. - franziu as sobrancelhas e sorriu.

Alexy: Na armadilha certa. - fez a mesma expressão que o irmão, apoiando o cotovelo no ombro direito dele. - O-fe-re-cida!

Amiga 1: Parem de falar assim dela!

Armin: Imagine se eu tivesse dinheiro. Aposto que já teria...

Amiga 2: Parem agora!

Armin e Alexy: Se en-tre-gado. - sorriram.

Sabrina: P-Parem! - os cochichos não paravam. - - IDIOTAS! -- chorando, saiu correndo dali.

Amiga 1 e 2: Sabrina! -- sairam correndo atrás dela.


Toda garota que vinha até mim, sendo educada ou meiga, quando eu notava o interesse delas, eu enxergava Sabrina em cada uma delas, então as usava e depois de um tempo jogava na cara o que eu estava fazendo, antes que elas conseguissem dizer 'eu te usei apenas para me divertir'. Vê-las chorar me dava prazer, pois era como se eu visse a própria Sabrina chorando, antes que conseguisse me humilhar.

Quando havia uma garota que se interessava pelo Alexy, ele começava a assustá--las, como se as seguissem, em todo lugar que elas iam, o encontrava. Até perderem o interesse nele, e ele então as deixar em paz. Por que nunca ligavam para a polícia ou algo do tipo? Porque ele deixava claro para elas.

Alexy colocou uma garota contra a parede. Ele estava com um olhar assustador, deixando a garota com medo.


Alexy: Escute aqui, garota! Só te deixarei em paz, se você me deixar em paz. Pare de gostar de mim.

Garota: E-Entendi...! - o empurrou e saiu correndo, chorando.

Na frente das vítimas erámos os vilões, mas na frente dos outros, erámos os bonzinhos. Por isso se elas espalhassem que erámos horríveis para todos, íam se dar como "pobre garota que não aguentou terminar um relacionamento", e quando isso acontecia, ríamos nas costas de todos eles.

Até chegarmos a Sweet Amoris. Estudamos na mesma sala de uma garota chamada Lua, ela era legal comigo e com o Alexy, então não conseguiamos saber de quem ela gostava. Ela nunca demonstrava. Então com alguns dias a observando, descobrimos que ela era legal com todos.

Armin e Alexy estavam sentados no banco do terraço.

Alexy: Tiramos ela da lista?

Armin: Sim. Pelo que parece, ela não tem interesse em nós.

Alexy: Entendi. - abaixou um pouco a cabeça e fechou os olhos, sorrindo de canto. Parecia aliviado.

Armin olhou intrigado para o irmão.

Quando chegamos ao final do ano, descobri que o Alexy estava apaixonado pela Lua.

Armin: Está maluco? - franziu as sobrancelhas, segurando com as duas mãos o irmão pelo colarinho, no quarto.

Alexy: Me desculpe, Armin... eu... eu não consegui. Pelo jeito dela, como ela é, pelos dias que fiquei observando ela, acabei me apaixonando de verdade.

Armin: Então retire esse sentimento do peito. - o largou. - Sabe o porquê de fazermos todas essas coisas. E agora você me vem com essa? Quer ser usado algum dia também?

Alexy: Mas e se não for assim? E se ela acabar gostando de mim também, e se ela não querer me usar? E se... e se nenhuma delas forem iguais a Sabrin...

Armin: NÃO DIGA ESSE NOME NA MINHA FRENTE! - estava irritado. - Se você quer ser fraco, seja! Mas não venha choramingar para mim depois. - sentou na beira da cama.

Alexy abaixou os olhos.

Alexy: Eu escutei...

Armin: 'Escutou'... o quê? - olhou para ele.

Alexy: A conversa de Rosalya e Lua... A Lua... tem interesse... em você.

Armin: Como? - se levantou.

Alexy: Além da Iris demonstrar que gosta de você... tem a Lua também.

Armin: Duas de vez? - sorriu. - Ha ha! Essa vai ser boa. Obrigado! - abraçou Alexy.

Ps. Alexy: Eu não queria arriscar. Porque o meu irmão, Armin, estava colocando coisas em minha cabeça. E eu deixava. Mas de algum jeito, eu preferia a felicidade dele do que a minha. Eu não poderia entender o que realmente era felicidade para ele.

Foi aí que comecei, ver a Lua com ciúmes me enchia os olhos. Ver a Iris se iludindo, me alegrava bastante por dentro. Estava tentando fazer as duas sofrerem ao mesmo tempo. Nem havia percebido... que o Alexy... já havia parado com as coisas que fazia... Tudo isso por aquela garota, a Lua.

O Alexy ficou alegre quando comecei a namorar a Iris e ver que a Lua estava se distanciando de mim. Ele estava ficando fraco por uma garota.

Então quando eu escutei da própria boca da Lua que ela havia se enganado com os sentimentos dela... de alguma forma... aquilo me chocou. A sinceridade dela, a forma que ela disse, me fez querer fazê-la chorar. Porém, minhas expectativas foram levadas ao 0 quando eu soube que ela estava saíndo com outra pessoa.

Apesar de ter feito o acordo com o Alexy, o dia do evento do colégio, eu sabia que ele estava mentindo. Ele não me enganava, ele não deixaria eu tocar um dedo na Lua nem se quisesse. E mesmo assim eu iria continuar tentando, mas algo dentro de mim disse "que não valia mais a pena", então desisti da ideia de tentar algo com a Lua. Algo em mim já estava dizendo "que nada mais fazia sentido".


Meu irmão mudou completamente por uma garota, uma garota que não quis o iludir. Em nenhum momento ela jogou na nossa cara que erámos orfãos, em nenhum momento mostrou que erámos dignos de pena. Foi quando me toquei que as outras garotas de antes também não haviam feito isso.

"Porque eu não deixei que fizessem há tempo", permaneci com esse pensamento. Mas o Alexy... o Alexy mudou desde o momento em que começou a pensar nela. Ele não se importou em ser usado ou não, ele deixou o medo de lado para querer tê-la ao lado. Mesmo sabendo que os seus sentimentos não poderiam ser correspondidos, ele não queria mais ferir ninguém.

Armin imaginou o irmão correndo na direção do que ele era como menor, e essa versão do irmão menor também corria para ele.

O Alexy... está recuperando a ser a criança que era.

Mas eu...

Armin agora imaginou ele de costas com a criança que ele era, andavam em direções opostas.

Eu apenas estou me distanciando cada vez mais da criança em que eu era.

Preciso pedir para essa minha criança interior voltar... ou a deixo se distanciar cada vez mais...?


(Dias Atuais...)

Armin está sentado no banco do terraço, com as costas encostadas no banco, segurando o celular e escutando música pelos fones de ouvido.

Alexy: Oi! - sentou ao lado dele.

Armin: O que faz aqui? - - não olhou para ele.

Alexy: A apresentação da sua sala é amanhã. Está preparado?

Armin: Tanto faz. - abaixou os olhos.

Alexy: Sabe, ontem na organização do trabalho, notei que você estava cabisbaixo. Até parecia que as meninas não estavam lá.

Armin: Decidi deixá-las invisíveis. Algum problema?

Alexy: Ou você... também está mudando?

Armin tirou os fones.

Armin: Quando estávamos na sala de química depois das aulas, notei duas coisas. Eu já havia brincado com a Iris que claramente estava incomodada. E a Lua está saindo com alguém. Então, o que eu poderia fazer? Fazê-la pagar de uma garota infiel? Pensando melhor, eu sei que você não queria isso, e também estava fora dos meus planos.

Alexy: Hum.-- - sorriu de canto. -- Eu sou o seu irmão, vejo em seu olhar que algo em você está mudando.

Armin: Não seja bobo, Alexy.

Alexy: Não estou sendo bobo. - cruzou as pernas. Olhando adiante. - Mas eu não entendo uma coisa... o que te fez mudar de ideia? - olhou para o irmão.

Armin arregalou os olhos.

Alexy: Você acabou se apaixonando por ela também... né? - sorriu de canto.

Armin: Gh! -- franziu as sobrancelhas e fechou os olhos. - Não seja tão bobo assim! Eu não me apaixonei por ninguém. - seus olhos se encheram de lágrimas, e quando os abriu um pouco, elas escorreram. - Eu não me apaixonei por ninguém... idiota. - as gotas de lágrimas caíam na tela do celular.

Alexy: Hum. - colocou o braço em volta dos ombros do irmão, que deitou a testa em seu ombro esquerdo.

Armin: Mesmo assim... os sentimentos nunca poderão ser correspondidos...! - suas lágrimas ainda escorriam.

Alexy: Isso importa, mas não devemos culpá-la pelo passado se isso nos faz nos sentir vivos. Acho que precisávamos desse choque da realidade esse ano.

Armin: Idiota. Eu fui um idiota! No final das contas, estava apenas me rebaixando ao mesmo nível que aquela garota do passado... - pensou em Sabrina. - ... E eu estava te puxando para baixo também. Me perdoe.

Alexy: A criança em nós, está voltando aos poucos, certo? - sorriu de canto, deitando de lado a cabeça na do irmão. - Me pergunto se um dia poderemos ser perdoados.

Armin: Tch! - fechou os olhos com força.

A garota que eu queria fazer chorar...

Pensava em como Lua ria com Rosalya, enquanto ele a observava de seu lugar na carteira.

... está me fazendo chorar. Por  ter despertado em mim... Um sentimento que fiz questão de enterrar um dia.

A imagem de Sabrina sumiu, para aparecer uma imagem de Lua, sorrindo.

Ainda me pergunto...

   Quando...
                       ... me apaixonei por ela?