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História Séjourner - Um anjo chamado Do Kyungsoo


Escrita por: saavik

Notas do Autor


Talvez tenha um extra, eu não sei ainda...
[BOA LEITURA]

Capítulo 1 - Um anjo chamado Do Kyungsoo


 

Séjourner

_________________

 

O amor que uma vez esteve pendurado na parede

Costumava significar algo

Mas agora não significa nada

Os ecos sumiram no corredor

Mas eu ainda me lembro

A dor de dezembro

 

 

Laços sempiternos envolviam Oh Sehun como um nevoeiro envolve uma paisagem; rápido, escuro e gelado; doentio. Laços de dor e angústia que eram levados consigo através das gerações, passando de uma vida para a outra sem cessar jamais. Estes laços eram cravados impiedosamente em sua alma, como algum tipo de entalhe sombrio sobre a madeira fria de sua alma.

Sehun nem mesmo sabia o porquê, mas talvez a resposta estivesse em alguma vida passada ou em algum pecado cometido. Não sabia, apenas tinha a certeza de que não receberia qualquer tipo de felicidade mesmo que desejasse e procurasse torturantemente.

Em seus sonhos o rapaz esguio rodopiava no ar sob o céu azul claro e limpo, enquanto as nuvens corriam apressadas lá no alto. Seus pés descalços tocavam a areia fina e brilhante de algum lugar nunca visitado nesta vida. Um sorriso doce era estampado sobre seus lábios. Ele ainda conseguia sorrir. Ele ainda sorria docemente, mas depois de alguns segundos a realidade chocava-se brutalmente contra suas fantasias, e então somente uma conseguia sobrepor-se.

 

Oh Sehun não fazia a menor ideia do porquê de estar andando e andando incansavelmente pelas ruas vazias e cobertas de neve, apenas andava totalmente sem rumo. Talvez estivesse fugindo de todos os seus problemas, da metrópole barulhenta e poluída, da solidão e de suas contas todas amontoadas sobre sua mesa de jantar, implorando para serem pagas o quanto antes.

Faltava pouco tempo para meia noite. Sehun perguntava-se porque estava andando sem rumo ao invés de estar em sua casa, desfrutando sozinho de uma pequena ceia de natal. O castanho perguntava-se quais eram os tipos de pessoas que comemoravam o natal sozinho. Ele repetia para si mesmo: Quem é que comemora o natal sozinho?

Isso era de longe melancólico; mas, na realidade, sua vida toda era melancólica.

 

Sehun trabalhava em uma empresa de contabilidade onde era sempre feito de gato e sapato todos os dias, e não lhe deixavam passar um único dia despercebido.

Aos finais de semana passeava pelos pontos turísticos do centro de Seul, apenas com o intuito de conhecer pessoas, ou quem sabe ser notado, o que nunca acontecia devido ao seu jeito e sua aparência tão difícil e opaca, até mesmo sua família prezava certa distância, tornando assim a vida de Oh Sehun vazia e sem cor, sem vida e sem motivo.

                                  

Parado em pé em pleno meio fio de uma estrada movimentada, Sehun mantinha suas mãos guardadas dentro dos bolsos de sua jaqueta felpuda, olhava o céu apreciando de sua cor bonita, agora escura e vivida, tão diferente de sua vida.

Os carros a sua volta realizavam seus trajetos cada vez mais rápidos, reduzindo sua visão a pequenos flashes extremamente reluzentes, tão coloridos. Brilhantes.

 

E por longos minutos o rapaz esguio imaginou como seria estar correndo em alta velocidade dentro de um carro, apenas para chegar em casa antes da meia noite e poder desejar um feliz natal aos seus familiares, e logo depois desfrutar de uma bela ceia ao lado dos mesmos.

O loiro sorriu doce ao ter a sensação de conforto enquanto imaginava-se no lugar destes motoristas. Sorriu ao saber, por meros segundos, como é a sensação de ser esperado e amado. Suas mãos saíram de seus bolsos e foram para o alto, de encontro ao vento e quem sabe até o céu, seus olhos fecharam-se, mas o sorriso ainda era mantido de maneira firme sobre seus lábios.

O vento forte abraçava seu corpo coberto pelas roupas grossas, e mesmo com todas elas, ainda conseguia sentir o frio do inverno rigoroso penetrando em sua pele de forma árdua. Como uma criança, continuou a andar sobre o meio fio, fazendo seus pés alternarem entre tocar o meio fio e o asfalto.

As buzinas dos carros soavam altas e cheias de fúria, Sehun com toda certeza estava enfurecendo os motoristas com seu jogo, porém, nem mesmo isso o tirava se seu transe.

– Não há ninguém me esperando em casa. – Oh Sehun sussurrou para si mesmo, ainda sorria abobado e as palmas de suas mãos ainda estavam apontadas para o alto, assim como seus braços, que estavam estendidos para os lados, exatamente como criança brincando sobre o meio fio.

O relógio em seu pulso soltou o “Bip bip” que tanto o irritava, denunciando que já se passava da meia noite. De seus olhos escorreram lágrimas involuntárias, seus braços abaixaram-se lentamente, porém seus olhos continuaram fechados. E nem mesmo as buzinas dos carros, estas cada vez mais perto e altas, o alarmaram, tão pouco o fizeram abrir seus olhos ou até mesmo sair do meio fio.

Sehun continuou a desfrutar do vazio que tentava a todo custo mascarar e afundar extremamente fundo em seu peito. Um arrepio percorreu toda sua espinha, mas o castanho manteve-se indiferente, a solidão o causava arrepios. Quando sentiu o impacto contra seu corpo era tarde demais, quando seus olhos se abriram e seu mente girou, tudo o que conseguiu enxergar fora os vultos coloridos dos carros juntos aos negros que se aproximavam cuidadosos e falantes.

– Quem é ele?

– O que ele estava fazendo no meio-fio?

 

Entregou-se a inconsciência e quis beijar os lábios da morte, e ela o fez correr pela avenida, causando buzinas intermináveis e freadas bruscas que só o fizeram chorar. Correu e correu até chegar a ponte que ligava as duas avenidas em direção ao centro da cidade e pôs-se diante da grande mureta de concreto. De um lado a ida e do outro a volta, acima de sua cabeça a imensidão preta e respingos de neve branca e bonita.

Àquela altura os carros já trafegavam sem mais dar-lhe importância, o que o fez suspirar aliviado, e com um suspiro cansado avançou um pouco mais naquela ponta, uma perna após a outra e estava a um pé do abismo de luzes coloridas abaixo de si, se desse um passo para frente, teria a morte a sua espera.

A grande altura o amedrontava, seus braços tremiam ainda segurando a barra da mureta, quase escorregou ao virar-se de frente para a mesma, querendo não olhar o que o esperava. Os carros que passavam e viam suas costas quase cobertas por completo de neve buzinavam ainda mais, em um coro interminável. Um carro cinza parou na avenida, Oh Sehun respirou fundo, olhou o céu negro pela última vez e, quando seus dedos já molhados desistiram de o sustentar ali e seus pés fizeram menção de dar passos para trás e impulsionar seu corpo de encontro as luzes, suas mãos foram seguradas por um garoto ofegante. Ele tremia de frio usando apenas uma camisa social escolar e o olhava com os olhos arregalados.

– Não faça isso...

– Eu só- – e calou-se, tentando respirar fundo e sentir o calor das mãos alheias contra as suas.

Sem reações, Oh Sehun calou-se vendo o outro aproximar-se mais de si, tendo somente aquele pedaço de concreto para separa-los. O garoto não parecia desesperado, mas sim triste, e sua tristeza era tremendamente visível através dos olhos grandes e brilhantes no rosto pálido e realmente belo.

– Eu estava aí há três meses atrás, implorando por alguém... Não faça isso, há sempre alguém, é como algo divino, uma luz no fim do túnel.

– Eu-

– Saia da beirada, vamos nos sentar na ponte e conversar, ou você pode ir até a minha casa, está começando a nevar forte.

– Não... Eu não quero uma saída temporária... Eu quero algué-

Oh Sehun calou-se ao sentir os lábios macios contra os seus e suspirou inconscientemente. Uma das mãos que antes seguravam sua destra deslizaram até a lateral de seu rosto e, com o contato, segurou-se a mureta deixando-se ser beijado. A língua alheia pediu passagem e sem pensar cedeu a ela. Um beijo lento e calmo se iniciou e perdurou-se até o Oh o sentir estremecer de frio contra seu rosto. Após cessarem o contato, depois de longos minutos sentindo a maciez dos lábios um do outro, o até então desconhecido fitou a figura triste e opaca a sua frente.

– Uma alma triste pode compreender a outra – sorriu largo. – Venha... Saia daí, saia do frio... Eu te levo pra casa.

– Você não deveria ter feito isso.

– Meu nome é Do Kyungsoo, e o seu? – Estendeu sua mão que antes acariciava a lateral do rosto do Oh e este entendeu o que aquilo significava.

Sua tentativa fora frustrada por um anjo, um anjo chamado Do Kyungsoo que caiu bem a sua frente. Segurando a mão que lhe fora estendida, avançou para perto do mesmo, um pé após o outro e estava fora do perigo de luzes rápidas e buzinas desenfreadas. Um passo e estava longe dos lábios da morte e de seus braços tão atraentes.

– Há três meses atrás, eu estava no seu lugar....



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