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História Sekai no Sozokujin: Herdeiros de um mundo (Em revisão) - Conversas.



Notas do Autor


Oieeeee Galerinha!
Então, eu sei que eu tinha dito que esse capítulo iria sair domingo, mas não tivemos tanta sorte. Então ele está saindo hoje, terça-feira. Lembrando que esse capítulo é composto basicamente por diálogos, pois se passa imediatamente após o fim do último cap., assim que Hokuto e Boruto subiram as escadas. Na verdade, pode até ser considerado um capítulo extra, já que originalmente ele não iria entrar na história, mas decidimos colocar após uma conversa sobre o destino da fic e seus objetivos. Então, se quiserem pula-lo, tem toda a liberdade, mas não prometemos que não vamos citar partes desse cap. No decorrer da estória.
Um beijão e boa leitura. Amamos vocês <3

Capítulo 20 - Conversas.


Apesar de toda sua admiração e consideração pelo Hokage, naquele instante, Hitomi o odiava. Ele não conhecia os próprios filhos. "Talvez", pensou a Uchiha, "ele sequer conheça a si mesmo, hoje em dia"

A morena olhou, atônita, para o pai, numa tentativa de tirar dele alguma solução para aquela situação, porém Sasuke não ajudou em nada, uma vez que continuava parado no mesmo lugar de antes, calado, com seu semblante sério. A filha então desistiu da ideia. Não conseguiria pressionar o Uchiha, e mesmo que conseguisse, não seria capaz de arrancar qualquer coisa dele naquele momento.

Desviou seus olhos negros para Sakura, que apesar de parecer abalada, se desculpava com os convidados por conta do encerramento repentino da festa. Ninguém fez nenhuma objeção, entretanto. Não precisava de muito para que todos percebessem que, mesmo se Sakura não tivesse anunciado tal coisa, a festa já estava acabada.

Hitomi não estava bem emocionalmente, e isso era claro para a menina. Pediu licença para Sunna e, furtivamente, esgueirou-se até a escada e a subiu, na esperança de conseguir confortar os amigos.

-Inojin, eu não vou abrir a porta.-A Uchiha ouviu a voz cansada da Uzumaki, assim que chegou no topo da escada. Olhou para a porta do quarto de Boruto: nela, não havia ninguém. Já na de Hokuto, Inojin se encontrava em pé, do lado de fora, encarando a porta.

-Hokuto, é só uma conversa. -Inojin dizia, mas era sempre respondido com "Eu não quero conversar", "Não vou abrir a porta", e, o mais frequente "Vai pra casa, loiro-azedo. Depois a gente conversa". A Uchiha continuou parada por algum tempo, o suficiente para que Inojin desistisse de tentar se comunicar adequadamente com a amiga. Ao virar-se, o Yamanaka fitou a menina com tristeza no olhar.

Hitomi não sabia como conforta-lo,nunca fora boa para confortar ninguém. Inojin passou ao seu lado, e  ela colocou a mão no ombro do garoto.

-Vou falar com ela. -O loiro fez um aceno e sorriu, o mesmo sorriso sem graça e triste que Hitomi havia visto em Sakura, momentos antes. Observou ele terminar de descer a escada e ir ao encontro dos pais para irem embora, e então olhou para cima, em busca de respostas para seus questionamentos, e principalmente em busca de palavras para dizer aos gêmeos, as quais descobriu que não tinha. Era realmente frustrante, mas não tinha como evitar; Hitomi não havia herdado o talento do pai de sempre saber o que dizer. Nesse quesito, havia puxado certa parte da mãe: a que hesitava quando alguém que era importante estava num momento crítico, e que perdia a fala diante daquilo que parecia grandioso demais para ser resolvido. Não era um defeito do qual se orgulhasse, ou que gostaria que as pessoas descobrissem. Não que houvesse nada de errado: A Uchiha simplesmente não gostava de se sentir exposta.

Porém, mais importante que aquilo, era sua nova grande escolha: Se Hokuto e Boruto estavam em quartos separados, teria que escolher com quem iria falar.

-Sinceramente, é covardia! -Resmungou baixo, insatisfeita. Lembrou-se então da expressão de Hokuto quando Naruto havia sumido. Pensou nas lágrimas começando a descer pelo olho esquerdo, na emoção desesperada que passava por seu rosto.

Sim! Vou falar com ela!”

Então, sua mente se voltou à lembrança de Boruto, nos gritos de fúria, no quanto parecia abalado e emocionalmente instável, sentindo-se culpado. Analisou mentalmente o rosto vermelho de raiva do amigo, a forma que havia afastado a própria mãe de si.

Ou, talvez, tentar estabilizar ele seja melhor…”

-Mas que porra!-Xingou a Uchiha baixinho assim que concluiu que não fazia ideia de quem escolher, pouco se importando com as palavras que usava.

Hitomi ainda se decidia com quem iria falar primeiro, encostada  no corrimão da escada, de costas para o corredor, olhando distraidamente para o teto, como se este fosse lhe dar algum tipo de resposta. Ficou assim por algum tempo, que não soube dizer se foram segundos ou minutos, até barulhos lhe chamarem a atenção. Parecia algum tipo de conversa íntima, falada de maneira tão discreta que, se não fossem os bons sentidos da Uchiha, provavelmente sequer teria escutado.
Virou-se silenciosamente para o corredor, vendo Hokuto parada em frente à porta do quarto do irmão, estando tão absorta em sua situação que parecia nem ter notado a melhor amiga a observando.

-Boruto, estou aqui. Está tudo bem. O papai... –Ela murmurava, a Uchiha perdendo algumas palavras ocasionalmente. Chegou a cogitar ativar seu Kekkei Genkai para que pudesse ler as palavras, mas desistiu momentos depois. Não adiantaria nada invadir a privacidade da rosada.

Hokuto continuou falando por alguns minutos, porém não obteve resposta alguma. Finalmente, entregou-se ao cansaço, se virando e deixando-se escorregar as costas lentamente pela madeira da porta, até cair sentada no chão, as mãos acima da cabeça,como se não soubesse mais o que fazer. Aquilo foi a gota d’água para Hitomi, que decidiu se aproximar de alguma forma. Foi andando à passos leves até o lado da amiga, e parou em sua frente.

-Ei, Hoku. –Ela se curvou sobre a amiga, pondo a mão em seus ombros. –Vamos, vem cá.

Hokuto nada disse, apenas aceitou o convite da amiga, apoiando-se nela e se levantando, sem que trocassem nenhuma palavra.Na realidade, sequer precisavam: Se havia uma coisa que tinham herdado dos pais, era aquela cumplicidade incomparável, aquele conhecimento tão profundo uma da outra que, mesmo sem palavras envolvidas, sempre sabiam o que fazer.
As duas atravessaram a porta do quarto de Hokuto, agora aberta. Hitomi não notou o fato de aquela ser apenas a segunda ou terceira vez que entrava no cômodo, nem se importou com as todas aquelas luzes acesas que ofuscavam sua visão. Apenas ajudou a amiga a caminhar até a cama e sentar-se nela, fazendo a mesma coisa em seguida.Alguns segundos se passaram sem que nenhuma palavra fosse pronunciada, até que Hokuto virou-se para a morena, enxugando as próprias lágrimas, e sorriu.

-Eu estou bem, não se preocupe, Himi. –Falou ela, parecendo confiante. Hitomi ficou em choque.

Como é que você consegue, Dobe?!”

-Uma coisa que você não está é bem, Hokuto. -disse a Uchiha olhando seriamente para a amiga.

-Sério, não se preocupa comigo. Tenho que falar o Bolt. -a Uzumaki tentou se levantar, mas foi impedida pela garota ao seu lado.

-Hoku, sabe que pode me contar tudo certo? -recebeu um aceno positivo da rosada. -Então me conta como está se sentindo.

-Estou me sentindo responsável pelo meu irmão gêmeo, Hitomi. –Respondeu a menina. Hokuto normalmente era gentil com as pessoas, tendo pouquíssimas exceções, então a Uchiha ficou realmente impressionada com aquela resposta no mínimo abusada.

É, ela está desesperada.” Concluiu a garota.

-Hokuto, antes de tudo você tem que estar bem e isso é uma coisa que você não está. Não adianta tentar cuidar do Bolt sendo que você está machucada. Não tome os problemas dele para si, você pode ajudá-lo mas não carregar o mundo dele. -disse Hitomi confiante.

-Eu não carrego o mundo dele, Hitomi.-A rosada lançou para a amiga um olhar triste, que talvez tivesse algo como arrependimento. Hitomi não pôde ter um claro entendimento nesse olhar. -Sou uma parte desse mundo. E, não falo por convencimento, uma parte essencial, que está com ele desde antes do início. Eu sei quem eu sou para ele. Sei o que ele sente. Sei o que todos dessa casa sentem. Sei o que você sente também. Eu tenho estruturas, Hitomi, para aguentar muitos "Mundos". E, acredite, eu já faço isso.

-Como assim sabe o que todos aqui sentem? E principalmente, como você sabe o que eu sinto? Isso é meio impossível. -diz a Uchiha, achando que a Uzumaki estava vendo animes demais, ou coisas do gênero. Sua expressão deve ter transmitido tal pensamento.- Não acha que é melhor descansar? Eu falo com o Bolt.

-Se eu estivesse falando isso pelo excesso de animes, seria ótimo. -Murmurou a rosada, desviando o olhar, e baixou um pouco mais a voz. -Mas não estou.

Hitomi fez uma cara confusa, tentando em vão entender as palavras da amiga.

-Sabe, Hokuto... -Ela baixou o olhar, perguntando-se quando teria imaginado que estaria admitindo aquilo. -No exame Chunnin, na floresta, eu ouvi você e o Bolt conversando e...

Hokuto pareceu entender antes que Hitomi sequer finalizasse. Desabou. A menina se encolheu, fechando-se em si mesma, como num casulo.

-O que tem isso? -Questionou ela.

-O que você tem? Do que não pode se livrar?

A rosada fez algo inesperado. Olhou para a amiga e sorriu de uma forma perigosa.

-O que você tem? Do que não pode se livrar? -Repetiu a pergunta da Uchiha, ainda coberta por aquele sorriso misterioso.

"Não marque essas palavras em você, Hitomi" Lembrou-se dela falando, em uma das primeiras missões.

-Não marque essas palavras em você. -sussurrou a morena, sem querer -Mas não tem como a Hoku saber isso, eu não contei para ninguém...-Hitomi suspira, confusa, e olha para a amiga. -Não vai me contar o que está acontecendo?

-Não é hora para isso, Hitomi. -A Uchiha observou a amiga, que havia tomado uma posição mais séria e preocupada, extremamente parecida com a postura do Hokage. Pensou em falar-lhe isso, mas deixou pra lá. Provavelmente, nada que envolvesse o pai a deixaria
feliz,naquele momento. -Talvez depois...

-Seu "Talvez depois" vai mesmo chegar um dia?

-Suponho que sim. -A resposta fez Hitomi suspirar. Não chegaria a lugar nenhum com a amiga estando tão na defensiva daquela maneira.

-Só me diz, Hokuto, porque você age assim?

-Assim como?

-Querendo proteger os outros. Você se preocupa demais com os seus amigos mas, não se preocupa com você mesma. Parece que evita falar da sua vida com alguém, os seus segredos você não conta, não deixa os outros te ajudarem.

-Não preciso de ajuda. -Ela desviou os olhos. -Eu estou bem. -A menina falou com tanta convicção que Hitomi quase acreditou que era realmente verdade. Porém, tinha consciência de que aquilo não era verdade; Era momento de tocar naquela recente ferida, mesmo que doesse.

-Não, você não está bem. Olha o que acabou de passar, olha o que seu pai fez com você, olha a reação do seu irmão, sua teimosa!

-Está com raiva?

-Claro que estou! Porquê eu estou preocupada com a minha melhor amiga, mas ela parece não ligar o mínimo para isso!

-Mas é claro que eu ligo. -Alegou ela, e sorriu gentilmente para a morena. -E você também é minha melhor amiga, Hitomi! -Então ela pôs uma das mãos no ombro da Uchiha, o que automaticamente causou na menina uma tranquilidade que aos poucos foi aumentando.

"Isso está...errado".

-O que você está fazendo? -Questionou a menina.

-Hein?

-O que você está fazendo?

-Como assim, Hitomi?

-De algum jeito você está me passando tranquilidade, ou, não sei, está tirando... -a morena recua alguns passos. -Não importa o que esteja fazendo, pare com isso agora! Não me importa se é para me ajudar, sinto que está machucando você de algum jeito. Nunca mais faça isso.

-Eu não estou fazendo nada, Uchiha Hitomi! -Rebateu, firmemente, a Uzumaki. -Pare de inventar coisas. Somos amigas, e eu estou com a mão no seu ombro, como você estava com as mãos nos meus a minutos atrás.O que diabos tem de suspeito nisso, hein? É claro que estou te passando tranquilidade! Quando alguém que você gosta toca em você, seu corpo libera hormônios que te fazem se sentir tranquila, ou ao menos mais relaxada. É só isso, Teme.

-Hm… -Ela lança um olhar desconfiado para a amiga. “Maldito projeto de médica!” -Vou perguntar para tia Sakura!

-Pergunte, então. -Ela deu de ombros. -Vai só se deparar com a verdade.

-Achei que era para estarmos tendo uma conversa sentimental! -Protestou Hitomi.

-Estamos tendo uma conversa sentimental.-Rebateu Hokuto.

-Não estamos não!

-Tudo bem, então vamos ter uma conversa sentimental.

-Só vai ser sentimental se envolver seus sentimentos de verdade, sua idiota!

-Tá! Tá bom! Você quer saber como eu me sinto? Eu VOU te falar como eu me sinto! -Suspirou, cansada. - Eu me sinto uma fracassada! Me sinto rejeitada e culpada, me sinto preocupada e constantemente mal por causa do meu irmão, e principalmente por causa do que o meu pai faz conosco. Eu sinto amor, e sinto raiva, porque nossa família se desestrutura aos poucos e porque não posso contar a verdade sobre várias coisas que eu gostaria de contar! Eu me sinto responsável pelas pessoas que gosto, me sinto incapaz de ajuda-las. Quero chorar, mas não posso chorar, porque isso não vai adiantar nada e nem ajudar ninguém! Então, se você quer saber como me sinto na maior parte do tempo, Hitomi, eu me sinto péssima! -Ela vira o rosto, escondendo-o nas sombras, fazendo a Uchiha, chocada, concluir que ela provavelmente estava chorando.

-Ei Hoku -a morena coloca uma das mãos no ombro da amiga. -Não precisa chorar, vai ficar tudo bem. -A Uchiha não estava certa daquilo, mas não tinha mais palavras para acalmar amiga e nem sabia onde aquela conversa iria dar.

-Eu estou bem, Hitomi. -Repete a rosada, parecendo exausta, até mesmo fragilizada. -Tudo está bem. Esqueça o que eu falei. Vai... -Sua voz falha. -Vai falar com o Boruto, okay? Eu estou bem. E vou continuar bem.

Hitomi tira a mão do ombro da amiga, olhando para baixo, decepcionada. Hokuto era teimosa, e extremamente forte. Ainda assim, mesmo sabendo que sua amiga rapidamente iria se recuperar, não podia deixar de sentir raiva dela, e do que a Uzumaki fazia consigo. Depois de tudo que acontecera, Hokuto ainda continuava com os pensamentos e cuidados longe de si mesma. E não adiantaria insistir, ela sabia. A Uzumaki agia quase como se estivesse programada para esquecer-se de como era se amar, da forma que todos deveriam.

Hitomi solta um suspiro cansada, pronta para atender o pedido da rosada, se dirigiu até a saída do quarto.

-Hoku, vê se descansa, e pense em você mesma e não só nós outros. -dito isso a garota saiu.

A Uchiha saiu do quarto da rosada e quando chegou no correndo se escorou na porta atrás de si, passando a mão no rosto.A conversa com Hokuto havia deixado a garota cansada, porém não sabia dizer se era fisicamente ou emocionalmente. Provavelmente os dois.

Decidiu-se, então, que realmente iria ver o estado de Boruto. Se Hokuto havia pedido, tudo bem. Não havia problema, certo?

"Será?" Pensou a menina, ao desencostar-se da porta do quarto da rosada e se dirigir até a porta do de Boruto, insegura. E se ele tivesse uma reação igual a da irmã? E se fosse até mesmo pior?

-Boruto. -Chamou, enquanto dava  três batidas na porta. Não foi respondida, no entanto. -Boruto! -Tentou novamente. Também não obteve respostas. -Boruto!!

-Vai embora. -A voz do garoto é ouvida.

-Não é a Hokuto! Sou eu, Hitomi...

-Eu sei que é você. Não sou burro, nem surdo. Conheço a tua voz. -Ela a interrompe, rígido. -A Hokuto deve ter te enviado aqui. Eu não quero falar com ninguém.

A menina fica calada por alguns instantes, tentando raciocinar alguma boa coisa pra falar. As respostas abusadas de Boruto não eram novidade, já que a personalidade explosiva do menino era um tanto quanto visível à qualquer um.

-Não posso entrar?

-Já disse que não quero falar.

-Você está ridículo desse jeito. Está parecendo a Hokuto com o Inojin, mais cedo.

-E qual seria o problema? Somos irmãos gêmeos. E a situação é a mesma, não é?

Abriu a boca, perplexa.

"É... O Uzumaki não é tão lerdo quanto pensei..."

-Me deixa entrar logo!

-A troco de quê?

"Puta que pariu, Boruto! Maldito loiro!"

-Eu te pago um rámen.

-E acha que isso é suficiente?

-Olha aqui Boruto, você não é mais uma criança! Além disso, não fui eu quem te magoou.

-Mas é você que está afim de entrar no meu quarto, mandada pela minha irmã. -Rebateu o menino.

Hitomi bufou, chateada. Estava prestes a esmurrar a pedir para ele abrir logo a "porra da porta" (segundo seus pensamentos), quando teve uma ideia.

-Então eu te faço um rámen. Com as minhas próprias mãos. Prometo.

Ouviu passos de dentro do quarto. Logo em seguida, a porta foi aberta, revelando um olho azul-céu brilhante, e cabelos loiros bagunçados.

-Desde quando você cozinha, Uchiha? -Ele perguntou, parecendo entediado.

-Tenho os meus dons. Agora deixa eu entrar. - Hitomi empurrou o loiro e entrou no quarto. -Ah é, e os meus biscoitos são deliciosos.

O Uzumaki soltou uma risada e fechou a porta. "Assim está melhor" pensou a garota enquanto se jogava na cama do loiro.

-Folgada você,hein?

-Eu posso!

-Hm...-Ele passou os olhos pela garota deitada folgadamente em sua cama, como se fosse dela, e logo após os desviou para uma de suas gavetas, na cômoda.

-Hm o que? -A Uchiha seguiu olhar do garoto e sorriu, maliciosa. -O que você guarda ali?

-Nada. -Respondeu, prontamente.

-Nada?

-Hãram.

-Sei... Talvez, não seriam, não sei...Mangás Hentais que eu sei que você compra quando a Hokuto ou a Sakura não estão olhando?

-Mas hein? Eu...Não...Nunca... Como é que você sabe disso?

-Eu vejo vocês lá quando vou comprar Yaoi escondida, e fico olhando. -Ela admite, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

-Ah, sim... -Ele balança a cabeça, afirmativamente. -Espera, como assim vocês?

-Nossa, você não sabe? -Ela ri da cara confusa do companheiro de time. -A Hokuto é uma Fujoshi de primeira linha. Uma fiel compradora de mangás mais 18 nas bancas de jornais por Konoha. De todos os gêneros. Hentai, Yaoi, Yuri... Ela passa de mim.

-O QUE?!

Hitomi começa a rir da cara do amigo, se divertindo com a brincadeira. Boruto até tira a franja do rosto, como se aquilo fosse ajudar em algo.

-Eu poderia te falar onde ela guarda, mas depois ia complicar pra mim.

-Fala!

-Não. -a Uchiha não viu como o amigo chegou tão rápido em cima de si, porém agora encarava um par de olhos azuis, tentando evitar se perder ali.

-Fala. -disse o Uzumaki.

-O que eu ganho em troca? -perguntou ela, com um sorriso.

-Não sei... Eu não contar pro nosso mestre, que por sinal é o Tio Sasuke, que você anda comprando Hard Yaoi escondido?

-Como você sabe que é Hard Yaoi?

-Eu não sou idiota. Eu já vi você lendo eles mas missões. Além disso...Eu descobri o fundo falso do seu baú a uns dois anos atrás. Posso mostrar aquilo pro Tio Sasuke também.

-Você não se atreveria!

-Atreveria sim. Dúvida? -Ele desafia.

-Loiro idiota... -Murmura a menina. -Mas, enfim, porque estamos discutindo mangás?

-Por quê você foi inventar de dizer que a minha irmãzinha é uma fujoshi!

-E daí? Tá com ciúmes?

-Eu não sinto ciúmes!

-Eu acredito tanto em você quanto no bicho papão, Boruto. -Diante daquela frase, ele levantou os olhos, como se estivesse numa lembrança distante.

"Eu acredito tanto em você quanto no bicho papão, Bolt."

Lembrou-se de Hokuto lhe dando uma bronca, enquanto curava o machucado que havia feito com a Kunai, que ele havia jurado ter sido "sem querer". A lembrança fez uma dor se espalhar no peito do garoto, e a culpa assumiu sua consciência, fazendo seu sorriso sumir.

-O que foi? -Hitomi perguntou, parecendo preocupada.

-Eu sou um burro. -Ele comentou, sentando-se na cadeira em frente à mesa do computador e girando lentamente.

-Você não é burro, um pouco idiota. -disse a garota sentando na cama.

-Ajudou muito. -reclamou o loiro.

-Para de girar essa cadeira! -disse Hitomi colocando um pé no meio do estofado da cadeira.

O menino olhou, emburrado, para a Uchiha.

-E aí? Não vai falar nada? -Ela questionou.

-E você quer que eu fale o quê?

-Sobre o que quiser. Como está se sentindo? O que pretende fazer daqui a alguns anos? Como imagina seu futuro? O que se passa na sua mente nesse momento? Responde qualquer uma. -Hitomi coloca o dedo na boca pensando enquanto tira um dos lados do cabelo de seu pescoço suado.

-Estou me sentindo péssimo. Pretendo virar um bom Shinobi. Trabalhando como Jounin na vila, casado e sendo um pai e marido melhor que esse Hokage idiota. O que se passa na minha mente nesse momento é que eu acho interrogatórios um saco. Quer saber mais o quê?

-Vai se casar com quem? -pergunta Hitomi curiosa. -Não que eu me importe com que você vai passar o resto da vida, é só curiosidade. -a garota coloca uma das mechas atrás da orelha e desvia o olhar para a tela do computador.

-Sei lá. Com uma garota de outra vila? Com a Sora? Só o Rikudou sabe. Sinceramente, gostaria que fosse com você. -Ele fala, olhando distraidamente para o teto. -Imagina se tivéssemos filhos? Byakugan, Sharingan, Byakugou, a força da minha mãe, as técnicas do meu pai, a velocidade da Hokuto... Seriam monstrinhos superpoderosos. -Ele ri.

-Imagina como seria o símbolo do clã? E a brigas nos jantares em família? -Hitomi ri. -Seria uma coisa que eu não trocaria por nada, suponho... E não cite o nome daquela garota.

-De quem? Sora? -Com a menção à colega, Hitomi mostra o dedo do meio para o amigo, num gesto não muito educado. -Você acha que tem quantos anos? Treze ou Dezesseis? Fala mais palavrões que eu.

-E daí? Eu sei me controlar.

-Claro. Vi seu "controle" no exame Chunnin.

-Ela me provocou! -Defende - se a morena.

-Ela deu em cima de mim.

-Esta aí mais um fato para eu não gostar dela.

-Está com ciúmes, Himi? -provocou Boruto sorrindo.

-Claro que estou, você é meu amigo não vou aceitar que ela dê em cima de você! Não estou afim de ficar de vela dos pombinhos.

-Não quer que eu me case no futuro não? - O menino questiona, levantando uma das sobrancelhas, lembrando absurdamente a irmã.

-Claro que você pode casar um dia. Seu futuro não me interessa dessa maneira. -Ela desvia o olhar.- Só não quero que você case com aquelazinha.Como eu iria visitar os meus sobrinhos de consideração, sabendo que a esposa do meu melhor amigo é alguém como a Sora?

-Quanto ódio dentro desse coração, Uchiha. -Zomba o menino.

-É coisa do clã, sabe? -Ela entra na brincadeira, sem saber o quanto de verdade havia por trás de tal afirmação. Hitomi não havia obtido informações sobre o clã Uchiha, não as verdadeiras, ao menos. Sasuke nunca contara sobre o destino trágico dos Uchihas, ou do sacrifício do irmão.

-Ah, claro. É normal ser arrogante, não é? Tio Sasuke tem formação nisso.

Hitomi mostra a língua para o amigo e depois ri.

-Eu não sou arrogante. Talvez um pouco orgulhosa.

-Um pouco? Tem certeza? -pergunta o loiro apoiando uma das mãos no joelho.

-Tá, eu sou bem orgulhosa.

-Olhaaaa, Hitomi descobriu o País do Fogo! - O menino riu.

-Cala essa boca, Uzumaki! -Ela ri também. Independente do quanto fosse parecidos, Boruto não era como Hokuto. Mesmo sendo teimoso como a irmã, Boruto era mais determinado e individualista, nunca deixava ninguém necessitado e, apesar disso, sabia lidar consigo mesmo. Tinha aquele poder misterioso de contagiar as pessoas e fazê-las sorrir, que formava par com o dom da irmã de fazer com que todos se sentissem bem apenas por estar ali, quando queria ser notada. Tinha aqueles olhos azuis que transmitiam eletricidade e determinação, e um sorriso que faria qualquer um topar uma nova jornada. Hokuto, porventura,  tinha refletidos naqueles olhos da mesma cor azul-céu a calma, a segurança, e de seu sorriso habitual transbordava gentileza. Opostos. Complementares. Irmãos.

-Como você se sente? -Ela perguntou, sentindo-se tensa por conta da pergunta. -E fale a verdade.

-Como eu me sinto? -Ele riu, tristemente. -Shinobis não falam de sentimentos.

-Ah, claro, e Kunoichis não conversam sobre armas. -Ironiza a morena. -Deixa de ser babaca e abre logo essa boca, Boruto.

-Isso foi uma bela definição do que eu sou.

-Boruto?

-Babaca. -Ele vira a cabeça. -Por não ter notado que ele não era o verdadeiro. Por não ter protegido a minha irmã de um trauma como esse.

-Não tinha como saber, e porque você tem que proteger a Hoku? Bolt, não tem como você protege-la de tudo, uma hora ou outra ela iria ter um choque de realidade.

-Quem teve um choque de realidade, Uchiha, fui eu. Ela já vive demais na realidade, Hitomi. -Admite ele. -Hokuto sempre foi a mais esforçada, a mais dedicada a melhorar e ajudar. Ela sempre está bem, nunca está com medo, sorrindo toda santa hora. Ela me protege, e eu sei disso. Mas no único dia que eu quis dar uma folga pra ela, que eu me toquei do que fazia e quis deixar ela ser só uma garota comum, tudo deu errado.

-Podem haver outros dias Boruto. A Hokuto não é uma garota normal, e se você não notou nenhum de nós três pode ser considerado normal. -A garota dá risada.

-Eu não estava me referindo ao fato de sermos shinobis, Hitomi. -Murmura o menino, olhando para baixo.

-Então estava se referindo a que? -pergunta a morena,abaixando a cabeça para ver o amigo.

O garoto não responde. Apenas evita o olhar curioso, e de certa forma invasivo, da Uchiha.

-Himi, me diz uma coisa?

-O que?

-Você...Hm... -Antes que o garoto terminasse a pergunta, a voz de Hinata surgiu, vinda do andar de baixo, chamando por Hitomi. O tempo havia acabado.

-Eu já vou! -A Uchiha grita de volta, e depois retorna sua atenção à Boruto. -Eu o quê?

-É melhor você ir. -Ele diz, levantando seu olhar para ela.

-Fala, ainda tenho tempo. -A curiosidade era maior que o tempo, porém, como uma boa Uchiha, a menina estava decidida a não sair dali sem respostas.

-Hitomi! -Hinata chamou novamente, agora subindo as escadas. -Precisamos ir, filha.

Naquele instante, Hitomi viu nos olhos de Boruto uma dúvida clara. Então, sua expressão se tornou calma, talvez um pouco envergonhada.

-Você tem que sair, Hitomi. -O loiro comentou, puxando-a levemente pelo braço e a dirigindo até a porta, abrindo-a logo em seguida.

-O que está fazendo aí? -A ex-Hyuuga perguntou novamente, quase no topo da escada, enquanto a pequena Uchiha ainda encarava o amigo, que tinha um semblante falsamente feliz.

-Nada, mãe. -Respondeu a menina, com um ar decepcionado. -Já vou descer. Tchau, Boruto. Se cuida.  

Ela se virou rapidamente, indo se encontrar com a mãe, que agora terminava de subir e estava parada no topo da escada. Antes de descer, porém, deu uma olhada rápida no amigo, que continuava encostado no batente da porta do quarto. Flagrou os lábios dele se mexendo lentamente, e, dessa vez, não precisou de sharingan para descobrir que ele fazia, sem som algum, uma questão que provavelmente não queria que ela ouvisse. Mas algo a fez entender.

-Vamos? -Hinata perguntou, enquanto colocava as mãos levemente nos ombros da filha.

-Sim. -Respondeu a menina, mesmo que, de alguma forma, aquela resposta não fosse direcionada a Hinata.


Notas Finais


E aí? Gostaram? Sabem qual é a pergunta? O que acham que a Hokuto e o Boruto escondem?
Comentem! Aceitamos críticas e sugestões!


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