História Selfish Love. (Larry Stylinson) - Capítulo 11: A reunião

Meu final de semana não havia sido dos melhores, a sensação de impotência e o gosto amargo do preconceito ainda estavam presentes em mim, me deixando frustrado. Porque não havia respondido? Porque não me defendi? O pior era querer conversar com Harry, querer desabafar e não poder. Não queria magoa-lo em ter que repetir aquelas palavras. E apesar de trocarmos mensagens o resto do dia com o cacheado não comentei nada sobre aquilo. A experiência me incomodava não tanto pelo fato de um estranho ignorante achar que tinha direito de falar aquelas coisas para mim, mas principalmente por trazer uma sombra de que meus amigos ou família poderiam ter uma reação similar e apenas imaginar o olhar de decepção no rosto de Jay, Niall ou alguma de minhas irmãs meu coração já apertava em receio.

Segunda feira chegou e eu havia tentado ao máximo deixar aquele assunto para trás. A conta de uma grande joalheria estava em jogo e eu sentia que o trabalho estava incrível. Cheguei ao escritório mais cedo do que de costume, ligando meu computador e abrindo para rever e arrumar os últimos detalhes. Mandaria a prova ao cliente e no dia seguinte teríamos a reunião para fechar o contrato. Estava tão compenetrado na correção dos detalhes que não notei a entrada de certo cacheado no recinto, me assustando quando mãos carinhosas tocaram meus ombros.

- Bom dia Tomlinson - Seu tom era divertido, visto que ele havia sentido meu pequeno “pulo” na cadeira.

- Bom dia Styles - Sorri de volta, mordendo meu lábio. Eu deveria dar um selar em lábios ou apenas um acenar de cabeça?

- Pelo visto chegou cedo hoje - O cacheado se inclinou para ver o que eu fazia no computador, me fazendo um carinho discreto na nuca. Não pude evitar se sorrir, aquele maldito sabia como mimar alguém.

- Hoje vou enviar isso para um cliente muito importante. Estava ansioso para deixar tudo perfeito - Disse sincero, notando que poucas pessoas já estavam ali, olhando em seus olhos e demonstrando que estava apreciando o toque.

- Espero que de tudo certo. Aí podemos sair para comemorar - A risadinha safada me deixava na dúvida de que tipo de comemoração o outro tinha em mente, mas ao sentir suas unhas curtas arranhando minha pele não foi difícil de confirmar, me fazendo rir e me arrepiar ao mesmo tempo.

- Safado. Me deixa trabalhar e depois eu penso nisso - Provoquei ganhando um daqueles sorrisos lindos em que o outro exibia suas covinhas.

Próximo das 10:00 horas enviei um e-mail gentil a marca junto com o material da campanha, seguindo todas suas exigências e restrições. Não havia o que eles reclamarem. Era o que eu imaginava pelo menos. Eu estava trabalhando naquilo a mais de um mês para completar todas as peças publicitárias e iriam suprir as plataformas midiáticas. Fiquei surpreso quando próximo da hora do almoço recebi uma ligação da marca, meu coração batendo acelerado conforme um sorriso bobo surgia em meu rosto ao perguntar o que eles haviam achado do trabalho. Da mesma forma que meu sorriso havia surgido ele murchou e uma expressão de puro desgosto surgiu em meu rosto. As palavras rudes que a campanha estava um lixo e não era o que esperavam me deixaram em choque. A mulher praticamente gritava no telefone que o inútil do antigo chefe comercial havia sido demitido e que eles queriam novas coisas. Por telefone ela explicava como desejava a campanha, sendo praticamente o oposto de tudo o que eu havia feito, tentando controlar a onda de frustração que tomava meu corpo e me fazia ter vontade de chorar tamanho ódio que sentia. Porque não avisaram aquilo antes? Porque estavam tentando estragar minha chance?

“Quero a prova para amanhã, senão procuramos alguma empresa mais qualificada”

Foi a frase que ouvi antes do telefone ser desligado na minha cara. Ofeguei surpreso e com uma onda crescente de pânico em mim. Porque diabos ninguém havia me avisado daquilo? Como se a situação não pudesse piorar e eu não estivesse com raiva o suficiente meu chefe adentrou o andar poucos minutos após minha ligação conturbada, parecendo soltar fogo pelas ventas.

- Tomlinson! Mas que droga você fez? Eu te encaminhei o e-mail falando da troca do diretor e do pedido. Agora o cliente me liga furioso e me diz que se não estiver tudo pronto até  amanhã perdemos a campanha. Se perdermos a campanha você perde seu emprego, simples assim! Se tivesse visto a merda de seus e-mails saberia o que tinha que fazer - O homem grunhia irritado, gritando alto na frente de todos e me deixando constrangido. Era necessário todos aqueles olhares contra mim? Era necessário aquela humilhação pública?

Respirei fundo e me afundei na cadeira quando ele saiu, praticamente tremia de raiva. Busquei meu celular no bolso e utilizando o grupo que havia com Niall e Harry para desabafar, falar que eu nunca havia recebido tal e-mail, que estava ferrado, que um mês de trabalho teria que se transformar em um dia. As palavras do diretor ecoando dentro de mim e me fazendo me estremecer de tanta fúria mesclada com tristeza e desespero. Me levantei de forma brusca e caminhei atordoado para o banheiro, começando a lavar o rosto para tentar acalmar as ideias, mal notando as primeiras lágrimas de puro ódio escorriam de meu rosto.  

- Lou… - Ouvi aquela voz conhecida me chamando, me virando e vendo Harry encostado à porta. Abri a boca para falar algo, mas ele apenas negou e se aproximou, me abraçando de forma carinhosa - Fui até a sua mesa e não te achei. Decidi tentar aquilo - Ele respondeu a pergunta silenciosa que havia feito em minha mente, ficando envergonhado de estar chorando a sua frente.

- Eu tô tão puto. Eu não sabia da alteração... Não vai dar tempo... Eu vou ser demi...tido - As lágrimas de frustração voltaram a correr por meu rosto. Eu não queria fazer aquela cena patética, mas me sentia ridiculamente seguro ali, como se soubesse que ele não me julgaria pelas lágrimas ou a fragilidade momentânea.  

- Vamos arrumar isso Lou e mostrar pro Simon que você pode e que ele foi um completo babaca - O carinho em minhas costas parecia me acalmar, diminuir o sentimento ruim que estava encravado ali. Tentei me focar em sua respiração regular em vez da minha ofegante pelo choro - Nem que a gente faça hora extra. Vamos conseguir ok?

- A gente? - Levantei meu olhar constrangido, não queria envolvê-lo naquilo. Ele não merecia meus problemas.

- A gente. Em dois vai ser um pouco mais rápido - Harry beijou minha testa, limpando o rastro das últimas lágrimas em meu rosto para finalmente selar meus lábios rapidamente. Abri a boca para negar, mas seus olhos verdes se tornaram firmes - Nem começa Tomlinson. Eu vou te ajudar e ponto final. Não teria graça se você fosse demitido. Nem consegui te dar uns pegas na minha mesa. Aquela cena clichê de papéis voando e essas coisas sabe? - Seu sorriso de canto demonstrava que ele estava brincando - Não pode ser demitido.

- Só um idiota como você para me fazer rir no estado que estou - Falei respirando mais aliviado, sorrindo pela brincadeira boba do outro e não resistindo em roubar mais selar antes de me afastar para lavar o rosto novamente - Vou começar a trabalhar no projeto. Quando puder apareça lá...

Não foi necessário mais do que alguns minutos para todos ficarem sabendo da grande bronca que havia levado em público, me tornando assunto para as más línguas, porém também recebendo algumas mensagens carinhosas e ajuda. Diziam que ficaria tudo bem, que Simon não era louco de demitir um dos melhores funcionários dali. Era óbvio que eu não almoçaria, então achei adorável quando minha colega de mesa trouxe um lanche para mim, assim como um pequeno bombom para que eu tivesse energia. Harry se juntou a mim gerando alguns olhares surpresos, nossa dinâmica de trabalho era realmente boa e não era necessário que ficássemos explicando muitas coisas, fora a confiança cega na opinião do outro. Está ótimo ou refaça eram apenas acompanhadas por um acenar de cabeça e um sorriso verdadeiro.

Já estava próximo das 17:00 e eu sentia meu pulso doer e minha cabeça reclamar, suspirando frustrado. Harry havia sumido a alguns minutos e talvez estivesse na hora de manda-lo ir para casa, graças a sua ajuda havia conseguido fazer um terço das coisas. Se saísse tarde e chegasse bem cedo no dia seguinte provavelmente conseguiria fazer tudo. Fechei meus olhos e inspirei fundo, sentindo um gostoso aroma de café no ar, seguido de um carinho doce em meus cabelos.

- Animo Tomlinson, trouxe café para nós- A voz do cacheado era suave e eu ri baixinho quando levantei o olhar e vi as embalagens de café na mão. A minha claramente a maior versão existente, com uma carinha feliz desenhado do lado, a dele um copo pequeno. Olhei a embalagem que estava do lado - Um muffim, você sempre pede um junto do café. Blueberry certo? - Ele explicou e eu sorri de forma besta com aquilo. Ele prestava atenção até naquelas pequenas coisas?

19:45. 60% do trabalho estava feito é basicamente só havia eu e Harry ali. Minha cabeça estava explodindo e minha coluna doía por conta da posição. Harry parecia igualmente cansado, mas trabalhava concentrado em seu notebook, os cabelos presos em um coque desleixado o deixando extremamente charmoso. Eu estava tão cansado, mas estava arranjando forças do além para conseguir continuar a trabalhar. Ouvi meu celular apitar e acabei suspirei desanimando enquanto respondia Niall, falando que ainda estava ali e que as coisas estavam indo. Será que eu havia comentado que Harry estava comigo?

- Ser demitido não parece mais tão ruim, eu tô morrendo - Resmunguei cansado, encostando a cabeça contra a mesa e massageando minhas têmporas - Quer ter uma pausa? - Perguntei quase choramingando. Eu era absurdamente birrento quando estava cansado.

- Podemos parar um pouquinho, só falta mais 2 flyers e terminamos a prova visual amanhã - Harry tentou me animar, trazendo sua cadeira para perto da minha.

- Para ela me esculachar e o Simon gritar de novo - Suspirei pessimista - Ia ficar chateado se eu fosse demitido mesmo? - Perguntei curioso, tocando sua mão com carinho.

- Mas é claro. Gosto de conversar com você, de almoçar e trabalhar com você- A cada frase o moreno se aproximava mais, parando o rosto próximo ao meu - Gosto do seu sorriso, do seu senso de humor e dos seus beijos. Faria falta para mim - Senti seus lábios carinhosos em minha bochecha, corando levemente com tudo aquilo. Aquele maldito era realmente bom com as palavras. Conquistadorzinho de uma figa.  

- Já conquistou quantos com esse papinho decorado? - Provoquei, recebendo um sorriso misterioso.

--Depende... Eu não sei se eu já conquistei a pessoa que me fez sentir tudo isso - Corei novamente, não sabendo ao certo o que ele queria dizer com aquilo.

Fiquei mais uns minutinhos deitado com a cabeça na mesa, resmungando até me levantar desanimado. Tentava a todo custo conter toda a frustrado e pessimismo que crescia dentro de mim, mas estava ficando difícil. Notei que o outro tinha um sorriso divertido no rosto, me fazendo franzir as sobrancelhas e sentir raiva de estar o divertindo.

- Que é.. - Resmunguei mantendo a pose birrenta.

-Você fica fofo todo mal humorado assim, dá vontade de morder – Harry riu de forma fraca, parecendo pensar um pouco antes de voltar a falar -  Vamos fazer assim. Se fizer o escopo do desenho eu te dou um beijo

- Acha que pode me comprar com beijos?? - Perguntei tentando me fazer de ofendido.

- Faça o que eu disse e eu vou te recompensar. Aí você me diz se valeu a pena ou não - O tom confiante do outro sempre me surpreendia. Ele não duvidava de si mesmo, ele sabia que era bom, que ia me agradar e que eu iria querer mais. Eu já estava em um ponto que havia deixado de questionar minha sexualidade e me entregado a ele.

Trabalhei criando todo o esboço de uma das últimas peças, vez ou outra tocando olhares cúmplices com o moreno que mesmo exausto continuava a fazer de tudo para me ajudar. Quando ele notou que eu já estava finalizando abriu um grande sorriso, me puxando para perto e colando nossos lábios, iniciando um beijo lento e profundo. Nossas línguas se roçavam e eu podia sentir seu sabor. O cheiro já fraco de seu perfume amadeirado entrando pelos meus poros e me deixando arrepiado. A forma como ele controlava aquele ato com tamanha tranquilidade me descontrolava, como ele podia fazer com que eu me entregasse tão facilmente a ele? Meus olhos se apertavam e sua mão apesar de grande tocava minha nuca de forma carinhosa, só me liberando quando já não havia mais oxigênio o suficiente em nossos pulmões.

- Ganha outro quando finalizar a pintura - Ele provocou, me fazendo bufar e revirar os olhos. O cacheado apenas se divertindo com minha irritação.

- Você já fez muito por mim, vai embora Hazz. Já passou das 21:00 e você também chegou cedo. Não é justo ficar aqui por minha causa - Tentei liberar ele, eu me sentia mal com o outro ali fazendo aquela hora extra desnecessária.

- Nós vamos embora juntos Louis, não adianta tentar me expulsar daqui - O moreno parecia não se importar com minhas reclamações, ou com o próprio cansaço. - Vou começar a imprimir as que estão prontas. Enquanto isso você termina essa ok?

A última peça demorou muito mais do que esperávamos, talvez fosse o cansaço de todo aquele dia, ou minha frustração. Mas estava bem perto da meia-noite quando a última peça foi impressa e colocado em minha mesa. Elas poderiam estar melhores, mas eu havia tido pouco mais de 12 horas para realizar tudo aquilo. 12 horas de trabalho ininterrupto. 12 horas do moreno me apoiando e não saindo do meu lado. Apenas olhei para Harry e o abracei apertado, mantendo meus braços firmes ao redor de seu corpo. Eu não queria admitir, mas ter seus beijos como prêmio para cada parte da arte finalizada foi a única coisa que me deu força para continuar aquilo. Suspirei cansado, sentindo novamente lágrimas encherem meus olhos.

- Obrigado. Sem você eu só viria aqui amanhã para pegar minhas coisas e sair - Disse sincero, me perdendo naquela imensidão de seus olhos verdes, do seu cheiro amadeirado e de seu calor tão reconfortante.

- Não precisa agradecer Louis, eu não deixaria que ele te demitisse. Fora que sempre que precisar de algo sabe que pode contar comigo - Apenas concordei com a cabeça, selando nossos lábios de forma carinhosa, iniciando um beijo doce que não durou longos minutos, mas foi o suficiente para me aquecer por dentro.

- Mesmo assim, obrigado … o que fez por mim hoje foi muito importante - Falei baixinho. Eu estava mentalmente exausto e o outro me abraçando e me segurando era o que estava me mantendo em pé - Vamos para casa ok? Descansar porque amanhã será mais um dia horrível – Harry apenas sorriu e nos despedimos com mais alguns selares.

Harry havia me desarmado totalmente com seu carinho e suas ações. Que homem era aquele?

Cheguei em casa exausto, apenas conseguindo escovar os dentes e retirar minha roupa, me jogando na cama e adormecendo instantaneamente. Parecia que só havia piscado, pois não demorou para que fosse despertado pelo barulho irritante do celular me dizendo que era hora de trabalhar. Com um cansaço atípico tive que tomar um banho gelado para despertar. Vesti um belo terno azul escuro, fiz minha barba e penteie meus cabelos para trás em um  topete, se fosse para sair, que saísse em grande estilo pelo menos. A aparência até poderia estar razoável, mas a expressão de cansaço ainda me denunciava. Tentei seguir minha rotina, comendo mais do que deveria no café da manhã já que não havia jantado na noite anterior. Não demorei para chegar no escritório e sentia o clima tenso no ambiente, as pessoas ainda não havia esquecido a cena que presenciaram no dia anterior. Liguei o computador e me concentrei em dar grandes goles do café que carregava, esperando que magicamente toda aquela cafeína fizesse efeito e me deixasse animado. Sabia que a reunião seria às 10:00 e não havia muito o que fazer quanto aquilo. Apenas reli tudo o que o cliente havia pedido, conferindo meus emails e notando que realmente não havia sido informado da mudança na campanha. Não estava na caixa de entrada, lidos, lixeira, nada. Decidi organizar a sala de reuniões, tentando parecer o mais indiferente a tudo aquilo. Como se a briga, a ameaça de dispensa, ter trabalhado até tarde e me sentir inseguro com meu trabalho não me afetasse em nada.

Niall me mandou diversas mensagens logo cedo e o atualizei da situação após meu surto de raiva ontem, comentando que Harry havia passado o dia e o inicio da noite me ajudando e havia conseguido terminar, que em breve a reunião aconteceria e que eu estava cansado pra caramba. Sorri quando o loiro disse que iríamos celebrar com uma cerveja essa noite. Fosse uma boa reunião ou a minha demissão, me fazendo rir. Quem celebrava a demissão do amigo? Voltei a minha mesa e encontrei um pequeno papel dobrado, olhando aquilo confuso e o abrindo, vendo uma curta mensagem escrita em uma letra caprichada

“L.

Infelizmente estou em reunião e não pude te encontrar para desejar boa sorte. Tenha confiança no seu trabalho. Apesar de ter sido feito às pressas ele ficou muito bom. Eu confio em você e na sua lábia para explicar as coisas. Dê aquele seu sorriso de canto que tenho certeza que eles não vão resistir. Te espero para almoçarmos juntos e saber como foi.

Estou torcendo por você.

                                            h. “

Sorri de forma boba, sentindo uma coisa estranha dentro de mim. Um sentimento bom que se espalhava de forma quente e rápida. Reli a mensagem algumas vezes e guardei o bilhete em meu bolso para que ninguém mais pudesse ler, tocando o papel cartão com as pontas dos dedos e fechando os olhos por alguns segundos. Confiança. Era isso o sentimento que se espalhava por mim. Eu faria meu trabalho como ninguém e mesmo que eles odiassem eu os convenceria a me dar mais alguns dias para arrumar. Ergui minha cabeça e me encaminhei para a recepção, querendo recebe-los diretamente na porta.

Pontualmente às 10:00 os representantes da marca chegarem, me fazendo de “surpreso” por encontra-os ali quando solicitaram que avisassem Simon e a mim que haviam chegado. Iniciei uma conversa gentil com a mulher e os dois homens que estavam ali, fazendo perguntas gentis e algumas brincadeiras ponderadas, o encaminhando até a sala de reuniões. Simon chegou poucos minutos depois e pude começar minha apresentação, me desculpando pelo mal entendido e começando a mostrar as peças para eles. Eu me sentia confiante para a apresentação e quando  algum olhar desconfiado ou sussurro entre eles abalava meu estado eu tocava o pequeno papel em meu bolso, voltando a sorrir e a usar meus olhos azuis como uma forma de cativa-los. Eu sabia dos meus pontos fortes no final. Havia se passado mais de uma hora de monólogo quando finalizei, esperando suas reações. A cada pergunta que me faziam eu sabia como explicar e mesmo que todos os detalhes no esboço não estivessem prontos eu os conduzia para um exemplo imaginativo, sugerindo lugares de visibilidade, plataformas e até mesmo ações de divulgação. Sabia que minha insolência estava agradando pelo pequeno sorriso que surgia no rosto da mulher. Nossa arguição, respostas, discussões de mudanças e melhorias consumiram um bom tempo. Ela conduzia um jogo de caça e eu em vez de me sentir uma presa acuada apenas ia me esgueirando pelo caminho e mostrando o quão ampla poderia ser aquela brincadeira.

- Você começou me decepcionando senhor Tomlinson, e e eu não reajo bem com homens que são decepcionantes -Seu sorriso malicioso deixava bem claro que ela não era o tipo de mulher que aceitava ser contrariada ou ignorada. Sua satisfação acima de tudo - Mas você conseguiu se sair muito bem e não sei como, mas me apresentou algo minimamente digno hoje. Te darei o benefício da dúvida, coisa que se tratando da minha pessoa é muito valioso. Termine as provas e marcaremos outra reunião para finalizar isso. Mas lembre-se que eu espero muito mais de você agora - Seus olhos dominadores estavam fixos nos meus.

- Novamente peço desculpas pelo meu erro Senhora Smith, este cavalheiro não irá te decepcionar novamente - Brinquei fazendo uma reverência, arrancando uma risada fraca - E acredite, estou grato pelo benefício da dúvida. Estarei aqui para o que precisar e antes que termine de explicar o que precisa já estarei disposto a satisfazer seus desejos - Era inevitável não brincar com as palavras, eu sabia que não deveria fazer aquilo. Mas era impossível controla-las, mas Annelise Smith parecia se divertir com aquilo.

- Estarei contando com isso Tomlinson - Seu olhar divertido me fez sorrir mais relaxado, me despedindo de todos e encarrando Simon, sabendo que haveríamos muito o que conversar. Os levei até o elevador, sabendo o que me esperava agora.

Após a reunião mais bem sucedida do que eu esperava retornei para a sala, me sentando de frente para Simon que havia ficado praticamente todo o tempo em silêncio, apenas observando e fazendo alguns comentários aleatórios que se resumiam em repetir minhas palavras de outra forma. Me sentei a sua frente e suspirei.

- Simon olhei meus e-mails, lixeira, tudo. Eu nunca recebi a informação de que o projeto havia mudado – Fui sincero, querendo esclarecer aquilo

- Isso é meio difícil de admitir Louis, mas depois do que eu te falei antes fui olhar meus arquivos é bem ... Eu esqueci de te encaminhar - O outro sorria de forma amarela, como se fosse um pequeno deslize - Um pequeno erro meu. Mas você se provou um funcionário exemplar e mesmo assim conseguiu fazer um bom trabalho! - Olhei para ele incrédulo, tentando respirar e não surtar

- Você está dizendo que gritou comigo em público, ameaçou me demitir, me fez trabalhar enlouquecidamente até meia noite porque esqueceu de me repassar um e-mail e acha que tá tudo bem?-  Esqueça o não surtar, meu sangue estava fervendo e eu queria pular em cima de seu pescoço.

- Foi um erro Louis e eu assumo ele. Como forma de desculpa quero te oferecer um aumento, que a muito você já estava merecendo. Passamos uma borracha nisso e seguimos em frente ok? - Simon me esticou a mão, querendo que eu a apertasse, coisa que eu ignorei

- Eu...acha que dinheiro pode comprar tudo o que você fez? Eu deveria fazer uma queixa por assédio moral! – Agarrei a cadeira para sinceramente não socar a cara daquele maldito.

- Louis, não é pra tanto. Eu estava estressado, a conta é muito importante para mim. Talvez possa ter exagerado, mas é um belo aumento - Me levantei frustrado, saindo da sala a passos largos antes que perdesse a cabeça e socasse aquele maldito.

Fui direto para a mesa de Harry, agradecendo aos céus pelo cacheado estar ali, notando que o outro estava ocupado com uma das novas estagiárias do local, mas meu mal humor era maior e eu precisava de alguém para conversar. Fora que estava verdadeiramente faminto.

- Harry - Chamei me aproximando da mesa, atraindo a atenção de ambos, porém apenas um deles sorriu abertamente ao me ver - Podemos ir almoçar? Estou morrendo de fome - Falei notando a garota começar a arrumar as coisas de forma mais rápida

- Claro, já terminamos aqui? - Ele perguntou educadamente para a garota que assentiu antes de sair apressada. Talvez minha cara de poucos amigos tivesse a assustado e colaborado com aquilo - Quero saber como foi. Achou meu bilhete? - Instintivamente toquei o papel dentro do bolso da calça, acalmando minha expressão de fúria.

- Vi. Ele me ajudou bastante - Confessei com um pouco de vergonha, podendo ver o moreno se levantar.

Sai junto de Harry para almoçar, contando pelo caminho tudo o que havia acontecido na reunião, sobre as perguntas, a personalidade peculiar da cliente, mas que havia gostado dela. Já no restaurante passei a contar sobre o e-mail e a proposta, notando a indignação do outro com aquilo. Eu estava frustrado e não queria continuar com o outro me supervisionando, ouvindo do outro que poderia tentar mudar de equipe, me deixando interessado naquilo. Eu estava com tantas coisas na cabeça que não recuei quando o dono dos olhos verdes tocou minha mão por cima da mesa, fazendo um carinho gentil com o polegar, aquele maldito parecia ter o efeito de me acalmar.

- Enquanto isso tentamos te mudar de equipe e fazer o Simon se ferrar um pouco pelo que ele fez - Mais um aperto em minha mão e eu sorri concordando com todas as palavras do outro.

O caminho de volta foi rápido, perguntava de sua reunião e ouvia sobre o novo cliente que estava trabalhando, me deixando feliz de ver que ele também havia tido um bom dia. Me despedi dele no andar, indo para meu lado do grande salão. Sabia que tinha muito o que fazer, mas ainda haviam alguns minutos de almoço então decidi avisar um certo loiro que também estava doido por notícias.

Louis: Niialler. Reunião deu certo, eles gostaram do que eu mostrei e darão uma chance para eu apresentar o final. Eu nem acredito. Descobri que toda essa confusão foi por conta do meu chefe babaca. Eu não aceitei muito bem isso, ainda vou tentar fazer algo contra isso

Niall: Estou feliz por você Louis. Sabia que você ia conseguir cara!!!!!! O que o babaca fez?

Louis: Na real eu não teria conseguido se não fosse o Harry. Ele foi incrível sabe? O que ele fez acho que ninguém nunca faria por mim e sei que posso confiar nele mais do que tudo agora. Ah, o idiota não me repassou o e-mail avisando da troca de pedido, eu não sou adivinho porra.

Niall: Que legal que o Harry pode te ajudar, mas sabe que eu faria o que precisasse se soubesse mexer com essas coisas né? .. e que orario. Isso não pode ficar assim!!!

Niall: orário

Niall: OTARIO. Obrigado corretor

Louis: É diferente Ni, sei que posso contar com você, mas o harry foi incrível sabe? O que ele fez acho que nem você faria

Niall:  Com certeza eu faria Louis. Somos amigos desde crianças, como pode duvidar que eu não te ajudaria?

Suspirei com a mensagem do outro. Niall não entendia. Não era sobre a ajuda apenas, eram os beijos, os pequenos atos na forma de cartão ou em desenhar uma carinha feliz em meu copo. De aguentar meu mal humor e minha birra e me dar beijos mesmo assim. Como eu poderia explicar aquilo? Sai dos meus desvanecido quando o celular vibrou novamente

Niall: Não esperava que depois de tantos anos eu teria que te lembrar que dá pra ter mais de um amigo ao mesmo tempo. Sei que não é a hora disso, mas faz tempo que as coisas entre vocês estão me incomodando. Vocês nunca me convidam pra ir comer, pra ir no cinema, ele vive na sua casa e vocês não me chamam mais. Quero ver um filme com você e sempre ouço s resposta que já viu com o Harry, até mesmo aqueles restaurantes esquisitos que sempre insistia em me levar ou nas baladas não faz mais questão de me chamar Louis.

Niall: Mas deixa, nem sei porque eu to reclamando. Sei que não vai mudar nada mesmo. Só que to meio de saco cheio de você ter esquecido nossa amizade por conta do Harry. Eu também gosto dele, também é meu amigo .. mas não to agindo feito um idiota

Louis: Não é assim Ni, você é e SEMPRE será meu melhor amigo, você é meu irmão! Com o Harry é diferente porque ... por outras razões. A gente precisa conversar, tem umas coisas que eu já deveria ter te dito, mas por aqui não é a melhor forma. Pode ir pra casa hoje?

Niall: Tu faz bosta e depois bem com esse papo que sou seu irmão .. sou só quando te convêm né?.. Não to afim de conversar

Louis: Por favor Niall, é importante ... eu preciso muito sentar e conversar com você. Me encontra em casa assim que você sair. Por favor!

Niall: Tá.

Suspirei sabendo que estava na hora de abrir o jogo com Niall, sentia meu estômago se revirando de preocupação, me fazendo estremecer e tentando não pensar se o outro reagisse de forma negativa. Uma parte de mim também se sentia extremamente culpada, eu havia negligenciado meu melhor amigo por conta do envolvimento com Harry. Com certeza haviam muitas coisas pelas quais teria que me desculpar hoje.