Após um tempo eu me acalmei, não aceitava o diagnóstico de meu filho. Acho que isso tudo era um castigo e a única culpada era eu mesma, talvez se eu não tivesse escondido o Bernardo do Henrique, se eu tivesse contato que ele era seu filho nada disso estaria acontecendo, minha irmã permaneceu ao meu lado enquanto eu refletia sobre tudo, Fabrício e a Louren também estavam comigo.
M: Louren eu sei que é uma das melhores oncologista do país, como vai ser o trabalho do Bernardo.
L: bem a leucemia dele é um tanto agressiva, os três passos mais indicados são: a primeira é a terapia indutora, para matarmos as células leucemicas no sangue e na medula óssea. A segunda fase é da consolidação onde matamos todas as células leucemicas adormecida para que ela não se desenvolva, nesse caso optamos pelo tratamento a base da quimioterapia, para crianças é menos indolor e por último é o transplante de medula óssea, que você sabe é um tanto difícil encontrar um doador, não necessariamente esse doador compatível possa ser você.
M: um doador?
L: sim, a família são os caso mais prováveis, pode ser o pai, a mãe, tio, avós e sobretudo irmãos pois a carga genética é maior e 99℅ dos casos compatíveis.
M: meu Deus e agora!
L: calma Mary, nem tudo está perdido. Bem agora precisamos ver um paciente, volto para falarmos e eu vou examinar o Bernardo.
Assim que Louren saiu ficou apenas eu, Vera e Fabrício no quarto.
F: eu preciso conversar com você Mary! A Vera pode ficar.
M: pode falar..
F: eu não deveria ter me intrometido na sua história com o Henrique, mas desde de quando ele voltou e operou o Bernardo eu tive certeza de que eles eram pai e filho, e isso se se confirmou ainda mais na praia, não me interprete mal, eu sei que se você não contou foi porque teve ou tem seu motivos, entretanto eu o aconselhei a colher um exame de DNA escondido e ele fez isso após a viagem para Cancún, ele ainda não teve coragem de abrir o exame. Mas eu te pergunto o Bernardo é filho do Henrique não é?
Não tive reação, apenas balancei a cabeça em sinal de afirmação, recuperei o fôlego e o encarei.
M:sim ele é, muitas vezes eu pensei em contar toda a verdade, mas eu tinha medo dele me odiar, começamos a nos entender aos poucos e eu fui me apegando a ideia de que ninguém nunca iria descobrir, na verdade se o Henrique não tivesse voltando a trabalhar aqui ninguém nunca iria descobrir sobre a paternidade do Bernardo, era um segredo meu e somente a Vera sabe. Mas eu não fiz por mal Fabrício, eu só menti com a intenção de eximir meu filho da dor.
F: de que dor?
M: a de ser rejeitado, mal aceito ou até mesmo da instabilidade do Henrique.
F:Mary eu sei que agi errado, não deveria ter me intrometido na sua vida, mas não acho justo meu amigo amar tanto o Bernardo sendo ele o pai e não saber a verdade. No fundo ele sabe que é pai do Bernardo, não o julgue assim como eu sei que tem os seus motivos para não ter contado Henrique tem o direito de saber.
M: nada do que eu fiz tem perdão, acho que isso tudo é castigo pela minha omissão.
F: não Mary, você não tem culpa, pare de se culpar.
M: você tem acesso ao resultado do exame?
F: está no laboratório, mas para que você quer?
M: porque mesmo não contando no início, agora é a hora da verdade, vou até a casa dos pais do Henrique e vou contar tudo, só que eu preciso desse exame.
F: vou mandar pedir. Você tem certeza?
M: entre tantos erros, essa atitude é apenas uma forma de rendição, não espero perdão do Henrique e muito menos de sua família, o Bernardo precisa dele agora. Se me der licença eu vou até o quarto do Bernardo, preciso conversar com ele.
F: Mary, me desculpa!
M: não precisa, se eu fosse você também teria apoiado um amigo a saber a verdade, a única errada sou. - sai da sala acompanhada de Vera que não me disse uma palavra até entrarmos no elevador, assim que as portas se fechou senti seus braços envolver meu corpo e ali eu desabei a chorar, Vera mais do ninguém conhecia o motivo da minha dor.
V: você vai contar ao Beny agora?
M: sim eu vou. Ele não merece mais mentiras- assim que as portas do elevador se abriram saímos do mesmo Vera foi em direção ao quarto do Bernardo e eu até minha sala, precisava marcar minha passagem para hoje mesmo e também iria pegar um tabuleiro de xadrez para explicar ao Bernardo sobre sua doença, fiz o que tinha de ser feito e segui para o quarto. Bernardo brincava com os padrinhos, ve-lo sorrir me dava força para seguir em frente.
B: mãe, olha que legal o presente que o meu padrinho trouxe.
M: é lindo!- sentei ao seu lado na cama e passei a mão em seus cabelos, ele me olhou fixamente.
B: mãe por quê você está chorando?
M: a mamãe precisa te contar o que você tem, olhei esse tabuleiro de xadrez, imaginei que as sua células são as peças brancas e as peças pretas são as malvadas e estão destruindo as células branca. Por isso você está doente.
B: mas eu vou ficar bem não é?
M: claro que vai, eu vou mover céus e terra se for preciso.
B: como é o nome dessa doença?
B: mãe como é o nome?
M: é leucemia meu amor, você tem câncer no sangue.
B: hum.... Eu vou ficar careca não é?
M: vai sim, mas será para o seu bem, se você quiser a mamãe também raspa o cabelo.
B: não eu amo o seu cabelo, não tem problema depois meu cabelo vai crescer. Eu sei que eu vou ficar bem, porque médicos são heróis. O meu pai já sabe que eu tenho essa doença?
M: não ainda não, mas hoje à noite a tia Vera vai ficar com você e eu vou viajar para o lugar que ele está e vou contar tudo.
B: eu sinto saudades dele.
M: Beny, olha para mim, você desculpa a mamãe?
B: você não tem culpa da minha doença mamãe.
M: lembra que a mamãe sempre te falou para contar a verdade?
B: sim..
M: então, tem uma verdade que a mãe não te contou.
B: o que é?
M: o seu pai, o Henrique ele é seu pai de verdade, ele que colocou a sementinha dentro de mim e você cresceu e depois nasceu.
B: porque você não me contou? Meu pai sabe?
M: não ele não sabe, eu não te contei porque eu tinha medo dele não te amar, quando eu fique grávida ele tinha ido embora e eu não sabia onde ele estava e quando ele chegou eu tive medo.
B: mas ele me ama agora?
M: claro que ele te ama, ele e eu te amamos mais do que tudo nessa vida. Você é a nossa vida.
B: quando você for buscar ele vamos morar juntos igual uma família?
M: eu não sei.... Você está com raiva da mamãe?
B: não eu to feliz porque ele é meu pai de verdade. Eu não tenho raiva porque eu te amo mamãe.
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