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História Sem-graça - 2


Escrita por: XixisssUchiha

Capítulo 2 - 2


Marcaram de se encontrar na quinta-feira a tarde, numa pequena padaria próxima à boate, aonde tinha o melhor croissant de chocolate que Yuri já tinha comido na vida. Chegou na padaria uns minutos antes da hora combinada e escolheu uma mesa num canto mais reservado. Vestia uma camisa com estampa de tigre e uma calça justa e com alguns rasgos e tinha os cabelos ainda úmidos e soltos. Quando o moreno entrou, usando uma camisa cinza com estampa de caveira e calças jeans básicas, Yuri admitiu mais uma vez que ele era realmente bonito. Otabek trazia na mão um capacete preto com algumas chamas vermelhas desenhadas e o loiro se viu desejando poder dar uma volta na moto dele.

A conversa entre eles foi muito mais fácil do que Yuri poderia imaginar. Mesmo com seus amigos mais próximos o loiro mais ouvia do que falava e, mesmo assim, nem sempre prestava real atenção ao que os outros estavam contando sobre suas vidas. E na época de colégio nunca tinham conversado por muito tempo, então Yuri achava que o clima poderia ser bem estranho. Mas não era nada difícil falar com Otabek. Yuri se viu falando de seu trabalho, de seu avô, sua gata – que ficara na Rússia e Yuri não via a hora de ir busca-la, tudo na maior naturalidade, como se fossem amigos há anos. E também estava genuinamente interessado no que ele tinha a dizer. Como sobre sua irmã mais nova, seu mochilão na Europa, como começou sua carreira de DJ ou sua paixão por motos. Quando entraram nesse assunto Yuri já estava a vontade o suficiente pra pedir

- Podemos dar uma volta? De moto, eu digo.

- Agora?

- Sim, se não tiver problema.

- Problema nenhum

Saíram da padaria, se aproximaram da moto que estava estacionada ao lado dela e Otabek pegou um capacete pequeno de dentro do bagageiro da moto, entregando a Yuri

- Sempre carrega alguém pra ter um capacete a mais? – Yuri perguntou

- Na verdade não, mas pensei que talvez pudesse carregar alguém hoje – Otabek respondeu com um meio sorriso.

Yuri apenas acenou com a cabeça sentindo o rosto corar. Antes de dar a partida Otabek perguntou se Yuri tinha um destino em mente. Na verdade não tinha, só queria mesmo era dar uma volta, então deixou a cargo do mais velho. Segurando-se nas alças traseiras e sentindo o vento forte que vinha com o cheiro do perfume do cazaque Yuri não pôde deixar de se sentir confortável. Só quando entraram por uma estrada mais estreita, inclinada e pouco movimentada é que Yuri percebeu pra onde iam. Era mesmo uma boa ideia ir até o mirante da cidade ver o sol se pôr.

O local estava quase vazio, já que era um dia de semana, então o silêncio era agradável. Mesmo assim Otabek o quebrou

- E então, será que já posso confiar em você o suficiente pra te enviar minha música? Isso é, se você gostou mesmo dela...

- É claro que gostei idiota. Mas... não sei.

- Ah, qual é Yuri, eu já sei até o nome do seu primeiro gato e você já sabe mais sobre mim do que boa parte dos meus amigos nessa cidade.

Isso surpreendeu Yuri. Sabia que tinha compartilhado muito mais de si do que o habitual, mas não sabia que a recíproca era verdadeira. Sem saber o que dizer, mudou o assunto pra primeira coisa que veio em sua mente

- Eu comentei com JJ que...hum...íamos nos ver.

- Ah! JJ! Nossa, faz um tempo que não falo com ele. Como ele está?

- Bem, bem... Nós estamos na mesma universidade e dividimos um apartamento.

- Que legal que vocês continuaram amigos depois do colégio.

- É, sim, ele é meu amigo mais antigo.

- Ele é um cara bem bacana

- Ele falou isso de você também

- Bom saber

Depois de mais um minuto de um silêncio agora não tão confortável, apoiados na mureta do mirante com os braços se tocando, Otabek perguntou

- Yuri, vai querer a música ou não?

- Vou. Mas não quero só isso...

O olhar questionador e o meio sorriso do outro fizeram Yuri se tocar do que tinha dito e de como poderia ser interpretado e se apressou a tentar se explicar melhor

- Digo, gostaria de ouvir mais músicas suas, eu gostei mesmo desse estilo...

- Ah claro, eu posso te mostrar mais da próxima vez que a gente se ver.

- JJ é músico também, mas foca mais nas letras que muitas vezes são ou muito bobas ou narcisistas ou muito melosas pro meu gosto...

- Ah, ele chegou a me mostrar uma naquela época...

- Ah sim, quando vocês...

Yuri parou abruptamente tentando observar a reação do cazaque à informação de que ele sabia do envolvimento passado dos dois. Mas o olhar de Otabek apenas o incentivava a continuar falando. Yuri ficou num misto entre estar constrangido e com expectativa sobre o que o outro iria dizer sobre o assunto e não falou nada, então o cazaque retomou a conversa

- Ah sim, imaginei que você soubesse disso... Te incomoda?

- A mim? Na verdade...não. Nem a ele, pelo que percebi. E você?

- Eu o que?

- Você sei lá, gostava dele...?

Mal perguntou, Yuri se sentiu um completo idiota.

- Bom, ele é muito legal, mas você já sabe disso, mas se por gostar você diz pra algo mais sério, então não. Ele era muito...hum...demais. E embora seja uma ótima companhia acho que me sinto mais a vontade com pessoas um pouco diferentes.

- Ele é mesmo...demais. Diferentes como?

- Como você.

Yuri não sabia como queria responder a isso nesse momento e falou apenas “Hm” e continuou encarando a paisagem. Mas deixou que o toque entre os braços apoiados na mureta se tornasse mais óbvio e que um sorriso pequeno lhe enfeitasse os lábios.

Quando o sol finalmente se pôs os dois homens rumaram pra fora do mirante. Em mais uma atitude ousada, Otabek passou um braço pelos ombros do loiro. Eles tinham a mesma altura, mas o cazaque era mais forte, o corpo de Yuri bem mais esguio. Apreciando o contato, Yuri se deixou abraçar e viu o meio sorriso do outro se formar em seus lábios. Assim, quando subiram na moto mais uma vez, ao invés de se segurar nas alças traseiras Yuri abraçou o moreno. Caso algo desse errado, ainda teria a desculpa de que precisava passar as coordenadas até sua casa. Quando chegaram, desmontaram da moto e Yuri entregou o capacete a Otabek

- Agora você sabe mais uma coisa sobre mim: aonde eu moro. É no apartamento 207 desse prédio. O Pichit mora no prédio ao lado. E, bem, já te disse, mas JJ mora aqui também. Obrigado pela carona.

- Certo, manda um abraço pra ele. Qualquer hora dessas você me dá uma carona e fica sabendo aonde eu moro também.

- Acho justo.

Se aproximou do outro com a intenção de lhe dar um abraço, mas não poderia dizer que ficou realmente surpreso quando Otabek se reposicionou e lhe puxou para um beijo. Os lábios se tocaram e Yuri ainda pôde sentir o gosto do café que o outro tomara em sua boca. Não foi um beijo casto, mas também não foi nada desesperado. As bocas e línguas se moviam uma contra a outra de maneira envolvente e sincronizada, como se já se conhecessem a tempos. As mãos de Otabek estavam posicionadas uma no rosto e outra no meio das costas de Yuri e uma das do loiro encontrou o caminho até a nuca do moreno. O beijo, assim como tudo entre eles, pareceu muito natural. Certo. Quando se separaram, com Yuri puxando levemente o lábio inferior de Otabek entre seus dentes, ambos tinham a face corada, mas não estavam nada desconfortáveis com a situação.

-Boa noite Yuri.

- Boa.

____________________________

Yuri passou a sexta-feira com um humor bem melhor do que o normal. Prestou mais atenção nas aulas – mesmo sendo de anatomia, matéria que odiava. Não chamou Yuuri, seu colega de trabalho, de porco nenhuma vez naquele dia e foi capaz de responder educadamente às perguntas infinitas de JJ sobre a música que estava fazendo para si mesmo ao invés de falar que não poderia se importar menos.

Ainda na noite de quinta Otabek enviara, junto com mais um boa noite, não só a música que tinha gerado tudo aquilo, como mais três pra que Yuri conhecesse. O DJ tinha mesmo bastante talento. Yuri tinha certeza que quando ele lançasse esse que seria seu primeiro álbum original na internet ficaria bastante conhecido no ramo.

Yuri não negou quando Otabek o chamou pra dar uma volta no domingo. Quando Otabek levou Yuri até seu apartamento, JJ estava chegando no local. Se Yuri tinha algum receio quanto à essa situação ele morreu ali. Otabek e JJ conversavam como grandes amigos. Parecia muito natural estar na companhia um do outro e Yuri também se sentia confortável com os dois juntos.

Assim, passaram algumas semanas em que Yuri e Otabek conversavam por mensagens, se viam algumas vezes por semana e o loiro cada vez mais admitia que tinham muitas coisas em comum. Já estavam nessa a cerca de um mês quando Yuri conseguiu, finalmente, alguém para trazer sua gata da Rússia. Mila, uma colega antiga de lá, iria visitar alguns familiares no Canadá e se predispôs a levar Potya até Yuri, que ficou eufórico. Otabek fez questão de ir com ele até o aeroporto e quando Mila apareceu junto com a gata Yuri foi praticamente correndo até elas, pegando a caixa de transporte da mão da ruiva e colocando numa cadeira próxima para abrir e olhar bem pra sua gatinha. Potya ainda estava sonolenta pelos remédios que tomara pra passar pelo voo e Yuri queria leva-la pra casa o quanto antes e só quando levantou o olhar pra dizer isso é que prestou atenção no que acontecia ao seu lado

- Beka, não acredito, que coincidência

- É Mila, quanto tempo

Yuri olhava de um para o outro sem entender a intimidade ali presente enquanto a garota ruiva que era vizinha de seu avô na Rússia abraçava seu... bom, abraçava Otabek, a quem ela chamava de outra maneira.“Beka?”

- É, oi Mila, muito obrigado por trazer a Potya. Vocês se conhecem?

- Yuri, imagina, não foi nada! Nossa, seu cabelo cresceu mais desde a última vez que nos vimos, está lindo.

- Obrigado. – Yuri respondeu ainda olhando de um pro outro sem entender o que acontecia. Foi Otabek que respondeu.

- Eu passei pela Rússia naquele meu mochilão Yuri, acho que cheguei a te falar, conheci a Mila por lá.

- Ah sim, que grande coincidência, Beka estava no hostel de um amigo meu bem na época em que passei um tempo lá, as festas foram lendárias com os sets dele! Não sabia que estava no Canadá agora.

- Pois é...

Enquanto se encaminhavam para fora do aeroporto Yuri pouco ouvia a conversa e não falava nada, experimentando pela primeira vez um sentimento que nem sabia se tinha o direito de sentir naquele momento: ciúmes. Ele e Otabek não tinham definido nada no que dizia respeito a sua relação e sequer tinham passado de uns amassos sempre totalmente vestidos, mas Yuri via-se incomodado com a maneira como Mila parecia sempre tocar nele enquanto falava. O que era estranho pois não se sentia assim com a intimidade que Otabek tinha com Jean mesmo já tendo a certeza que eles já tinham tido algo. Mas bem, JJ era diferente.

- Não é uma coincidência muito grande vocês serem amigos?

Yuri percebeu que a pergunta era pra si mas foi Otabek que respondeu

- Na verdade, já nos conhecíamos do ensino médio e nos reencontramos e acabamos ficando mais que amigos

Yuri arregalou os olhos com a naturalidade que Otabek disse isso pra outra

- Ah, que legal priminho! – a ruiva disse

- Pera aí, priminho?

- É Yuratchka, não estava ouvindo? Acabei de contar como por uma coincidência incrível nós descobrimos que somos primos depois de uns dias no hostel.

Yuri começou a rir como um louco e os outros dois ficaram sem entender nada até ele conseguir recuperar o fôlego e explicar.

- Ah meu Deus, eu achei que vocês tinham ficado naquela época ou algo assim...

- Que? Ah, não, não mesmo! Nossa, que situação, você devia estar achando que eu estava dando em cima do seu namorado agora, desculpa Yuratchka, não é nada disso!

A menção da palavra ‘namorado’ fez o coração de Yuri saltar mas Otabek apenas ria suavemente da situação, nada impactado pelo termo.

- Bom meninos, eu tenho que ir, espero poder vê-los de novo enquanto estiver aqui. Até mais!

Mila se despediu e Yuri e Otabek pegaram um táxi e o cazaque ainda ria suavemente quando chegaram até o apartamento de Yuri. Depois de deixar Potya confortável, Yuri sentou-se ao lado do cazaque e este o puxou para um beijo calmo, acariciando levemente os cabelos e mordendo o lábio do loiro ao se separarem

- Você estava lindo com ciúmes

Yuri fez uma cara indignada que só fez aumentar o sorriso do moreno

- Ciúmes? Eu? De onde tirou isso?

- Ah, não tente negar Yu-ra-tch-ka, eu vi muito bem.

- Você viu errado, Be-ka. E não me chame assim.

- Aham, tá. E por que não? Eu deixaria você me chamar de Beka se eu pudesse usar um apelido também – o moreno falava enquanto acariciava a coxa de Yuri levemente.

- Você pode até me chamar por um apelido, mas não esse. Meu avô me chama assim e não é exatamente confortável lembrar dele quando estou com meu...

Yuri parou antes de completar a frase quando percebeu que ia usar a palavra que nunca discutiram antes até ela surgir na boca de Mila.

- Namorado, Yuri. Acho que tudo bem se a gente disser que é namorado, não?

- Somos? Namorados?

- Eu não tenho saído com mais ninguém desde que começamos e você?

- Eu também não.

- Então...

- Então...

- Você quer ou não?

Yuri não precisava pensar.

- Quero

O beijo agora foi mais quente. As bocas se encontraram já famintas, se explorando daquele jeito certo e confortável, mas com muito mais desejo. Não demorou nem um minuto pra que Yuri estivesse no colo de Otabek, os corpos colados e esquentando cada vez mais conforme as mãos de ambos trilhavam caminhos por cabelos, pescoços e costas e as bocas só se separavam dos beijos e mordidas quando precisavam de ar. Até que ouviram um barulho e quando olharam JJ estava parado na soleira da porta os observando

- Por favor, não se importem comigo, continuem, estou apreciando muito ver dois caras com quem já fiquei se pegando no meu sofá

O canadense ria e tanto Yuri quanto Otabek ficaram vermelhos. O loiro foi o primeiro a se recuperar e jogar uma almofada na cara de JJ, e em seguida sair do colo de Otabek, encerrando o show, mas sem estar de fato muito constrangido.

- Seu pervertido

- hahah desculpa, não resisti.

Otabek já ria abertamente e Yuri não teve alternativa a não ser acompanhar a gargalhada. Acabaram os três jantando uma pizza juntos e antes de Otabek ir embora JJ lembrou que seu aniversário seria na Eros no próximo fim de semana.

- Faço questão de você lá Otabek.

- Vou estar trabalhando, mas quando acabar com certeza vou falar com vocês.

Mais tarde, quando estava indo dormir, Yuri recebeu uma mensagem no celular

Otabek: Yura

Você:  hã?

Otabek: Yura. Você disse que posso te chamar por um apelido, escolhi Yura. Tudo bem?

Você: claro, tudo bem, eu gosto

Otabek: ótimo. Então boa noite Yura.

Você: boa noite Beka.

_________________________

Não se viram pelo resto da semana, conversando apenas por mensagens, e na sexta Yuri mandou uma foto de Potya brincando para Beka, só pra compartilhar a beleza de sua gata. Demorou uns 15 minutos mas eventualmente o outro respondeu com um “desculpe a demora, estava no banho” e em seguida uma foto de seus fones de ouvido com a legenda “começando a mixar pra amanhã”. Yuri, que não ia a Eros desde a noite em que encontrou Otabek, estava ansioso pela festa e mandou uma foto sorridente “quero dançar até cair”. E a resposta que recebeu o fez perder o fôlego.

Veja bem, Otabek não era muito de tirar fotos. Nesse tempo em que estavam saindo Yuri não tinha visto ele tirar uma selfie sequer. Por isso que, quando Yuri abriu a mensagem que continha uma foto do moreno de frente para o espelho, sem camisa, com os cabelos ainda molhados do banho, fazendo um joinha e com aquela cara séria, com a legenda “desafio aceito”, sentiu-se surpreso, especial, excitado...tudo de uma vez. O corpo de Otabek era definido como Yuri havia imaginado e sentido – mas absurdamente ainda não tinha visto, já que era raro estarem sozinhos em algum lugar reservado o suficiente pra isso - e o moreno tinha a tatuagem de um samurai na lateral esquerda de seu abdômen, o que lhe deixava ainda mais gostoso. Yuri não respondeu nada na hora, mas antes de dormir, mandou um boa noite pra Otabek. Mas não um boa noite qualquer. Dessa vez foi Yuri quem enviou uma selfie, que mostrava de sua boca até o início de suas coxas. Estava sem camisa, apenas com uma boxer roxa. Yuri Plisetsky não era de aceitar provocação e não fazer nada a respeito e sorriu satisfeito ao ler a resposta do outro antes de deixar o celular de lado

Otabek: aah Yura, não vejo a hora de te ver amanhã. Boa noite.

A Eros estava lotada naquela noite. Otabek ia tocar no horário principal, mas passou antes para falar com Yuri e JJ na mesa em que estavam comemorando o aniversário do canadense. O loiro estava particularmente animado aquela noite, a ponto de nem se importar com a bebedeira de Victor e Yuuri, que se juntaram a festa sem nem conhecer o aniversariante ao reconhecerem Yuri no local. JJ adorou o platinado no momento em que ele elogiou seu show e nesse momento o ajudava a convencer o namorado a ir dançar no pole dance. Nem precisou de muito esforço e o japonês bêbado estava rebolando junto ao mastro e Yuri tirando fotos que sabia que fariam o amigo morrer de vergonha.

Algum tempo depois isso escutou a voz familiar no som da boate, se apresentando e agitando o público. Otabek começou o set com músicas bem conhecidas e foi adicionando mixagens ao longo do tempo. Yuri aproveitou as primeiras músicas pra ir ao banheiro e tomar mais um drink antes de se jogar na pista de dança. Quase no fim do set o loiro reconheceu aquela música que o moreno lhe enviou no início de tudo e olhou para a cabine. Otabek lhe lançou aquele sorriso perigoso e adicionou um tom mais sensual à mixagem. “Ah Beka, você não sabe com quem está se metendo” Yuri pensou e começou a entrar no clima da música sem tirar os olhos do DJ. Moveu os quadris de maneira provocante, soltou os cabelos que tinha prendido em coque, passou a mão pela lateral de seu corpo, mordeu o lábio inferior e...virou de costas. Encontrou JJ animado e continuou a dançar com o amigo, sem olhar pro namorado o resto do set, mas sabia que ele olhava pra si.

Quando a voz de Otabek se fez presente de novo, dessa vez pra se despedir e anunciar qual seria a próxima atração no palco da boate, Yuri foi até a mesa, deixou o dinheiro de sua conta, se despediu dos amigos – apesar dos protestos de JJ - e rumou para o estacionamento da boate. Não demorou a localizar a moto de Otabek e se encostou nela para esperar o moreno. Cerca de 10 minutos depois ele surgiu, já vestido com a jaqueta de couro e estampando um sorriso sacana nos lábios.

- Está com pressa? Fui falar com JJ e ele disse que você saiu...

- Só achei que deveria cobrar algo que até agora não aconteceu mesmo que você tenha me prometido a quase dois meses.

- E o que seria?

- Me mostrar aonde você mora. Mas, desculpe, vou ser um abusado e pedir sua carona de novo.

Otabek colou seu corpo ao de Yuri, puxando o loiro pela cintura, e falou baixo

- Você pode abusar o quanto quiser de mim Yura.

Yuri sentiu os pelos de sua nuca se arrepiarem e desejou um beijo que não veio. Em seu íntimo sabia que era o troco pela provocação que tinha feito na pista de dança. Mas não se importava nem um pouco em ser provocado. Colocaram os capacetes, subiram na moto e Yuri se abraçou às costas de Otabek, sentindo o vento frio da madrugada. O moreno não morava longe, mas era do outro lado da ponte que cortava a cidade. O loft era bem mais novo e mais confortável que o apartamento de Yuri e ele não pôde deixar de comentar

- Nossa, eu deveria ser DJ...

Otabek deu uma leve gargalhada antes de responder

- Se quiser posso te ensinar. Mas na verdade o trabalho não paga tão bem assim, eu recebi uma herança ano passado e por isso pude investir em algumas coisas... Quer beber alguma coisa Yura? Ou fazer um lanche?

- Na verdade não, mas não me importo se você quiser.

Otabek foi até a cozinha e colocou um pouco de whisky num copo pequeno. Bebeu em um gole só e depois pegou uma bala de menta.

- E uma bala Yura, você aceita?

Yuri estava olhando a decoração da sala do apartamento e apenas concordou com a cabeça. Otabek se aproximou por trás e sussurrou em seu ouvido

- Aqui, toma

Quando Yuri se virou ele tinha a bala de sua boca presa entre os dentes e a oferecia a Yuri, que sorriu perverso antes de pegá-la e logo iniciar um beijo urgente. A boca de Otabek tinha o gosto da menta misturado com o do whisky e era surpreendentemente gostoso. As línguas dançavam na mesma sintonia que tinham experimentado nas outras tantas vezes que se beijaram, mas de forma mais rápida e lasciva. As mãos também não demonstravam nenhuma timidez, as de Yuri abraçando o moreno e puxando seus cabelos e as de Otabek passeando pelas costas do loiro. Quando chegaram até sua bunda, apertando e puxando Yuri mais pra si e roçando os quadris, o loiro quebrou o beijo pra soltar um gemido rouco.

Otabek intensificou ainda mais o aperto e aproveitou pra lamber a orelha direita de Yuri. Desceu a boca pelo ombro que a blusa de Yuri deixava exposto e depositou ali um beijo molhado e Yuri moveu um pouco o quadril, intensificando o contato, só pra depois quebra-lo totalmente e se afastar perguntando

- Onde é possível colocar uma música na casa de um DJ?

- Meu speaker está no quarto.

- Perfeito, mostre o caminho

Otabek abraçou Yuri por trás novamente, forçando sua ereção contra sua bunda de propósito e depois o fazendo andar pelo corredor até entrar num quarto de paredes brancas decorado com móveis escuros. Yuri sentou-se na cama enquanto o outro ligava o aparelho, colocando pra tocar no aleatório e deixando a música preencher o quarto. Yuri começou a se mover no ritmo da música ainda sentado na cama, de olhos fechados, e só se deu conta da aproximação do moreno quando este já lhe acariciava os cabelos

- Não consegue ficar parado.

- Hm.

Foi a única resposta de Yuri antes de ter os lábios tomados em mais um beijo de tirar o fôlego. Aos poucos foi tendo o corpo empurrado contra o colchão e se ajeitou para dar espaço para Otabek ficar acima de si. Os corpos estavam novamente colados e o moreno voltou a descer os beijos por seu pescoço e ombro. Enquanto suas mãos adentravam a camisa de Otabek, arranhando de leve suas costas, Yuri ouviu o DJ sussurrar em seu ouvido

- Estava pensando nisso desde aquele dia na sua casa...

- Ah é? Não vou negar que também fiquei um pouco frustrado com a interrupção do invejoso do JJ...

- Eu entendo ele ter inveja de mim por estar com você.

- De você? Talvez ele esteja é com inveja de mim.

Por algum motivo não era estranho trazerem à tona o amigo com quem ambos já tinham tido alguma coisa, mesmo nessa situação. Não havia ciúmes quando se tratava desses três.

- Hm.. não sei.

Agora Otabek levantava a camisa de Yuri, tirando-a do corpo esguio e voltando a beijá-lo na clavícula.

- Sabia que você me deixou duro no meio do trabalho dançando minha música daquele jeito na pista, só pra depois nem me olhar? Você é muito cruel Yura

Yuri riu de satisfação por ter conseguido o que queria e ficou ainda mais excitado, assim, tratou de começar a tirar a camisa do outro também

- É como você disse, não consigo ficar parado

Quando viu que Otabek já tinha se livrado da camisa seus olhos e mãos imediatamente correram pelo abdômen definido do outro, parando para dar mais atenção ao samurai ali tatuado. Yuri mordia o lábio inferior. “Devia ser ilegal alguém ser tão gostoso”.

- Gosta do que vê?

Otabek perguntou apertando um pouco as coxas de Yuri que estavam nas laterais do corpo do moreno

- Gosto. Quero ver mais.

Imediatamente Yuri levou a mão ao botão da calça de Otabek, abrindo-o e descendo o zíper, roçando os dedos no membro coberto do outro muito de leve. Otabek suspirou com o contato provocante, mas se levantou para tirar sua calça e meias sozinho. Enquanto isso, Yuri terminava de se despir rapidamente, se movimentando o suficiente para tirar suas peças de roupa restantes sem se levantar da cama. Quando viu que o outro ainda estava de boxer a lhe observar, sentou-se na beirada da cama e disse

- Vou refazer minha frase. Eu quero ver tudo, Beka. Tira.

Falou olhando pra peça íntima

- Vem tirar

O outro provocou e Yuri aceitou. Levou as mãos pra dentro da peça, agarrando a bunda firme do moreno e aproximando o quadril dele de seu rosto para deixar o membro ainda escondido encostar no canto de sua boca. Otabek gemeu rouco e o som trouxe uma pressa pra Yuri, que desceu logo a boxer preta, esperou só o tempo do outro soltar os pés da peça e logo segurou e começou a chupar o membro a sua frente. Sentiu as mãos do DJ agarrando seus cabelos no segundo seguinte, firme, mas sem muita pressão e olhou pra ele enquanto trabalhava com a boca no pau grosso e grande. Passou a língua em volta da glande e depois a chupou, soltando-a com um barulho oco. Desceu a mão até as bolas e passou a massageá-las suavemente enquanto lambia toda a extensão do membro. Voltou a abocanhá-lo sem parar o que fazia com as mãos e sentiu Otabek mover um pouco o quadril pra frente. Entendendo o que ele queria Yuri fez mais alguns movimentos de vai e vem antes de abrir bem a boca e deixar que Otabek ditasse um pouco o ritmo. O moreno não chegava a ir muito fundo – o que era bom, pois Yuri não conseguiria não engasgar.

Yuri se afastou um pouco e lambeu os lábios e olhou pro outro de forma devassa ao ouvi-lo dizer, rouco

- Porra Yura, que boca...

O moreno se debruçou sobre Yuri, beijando-o e fazendo-o deitar-se na cama novamente, ficando por cima de seu corpo. Neste momento o celular do loiro começou a tocar. Estava no bolso da calça embolada na cama, e embora tenha pensado seriamente em ignorar, o toque de JJ o fez buscar o aparelho de maneira automática. Otabek não pareceu se importar e roçava os corpos nus enquanto beijava e chupava o pescoço de Yuri

- Alô – Yuri tinha plena consciência de que sua voz estava muito mais rouca que o normal, mas não mandou o moreno parar

- Gatinho, onde você está? – JJ praticamente gritava ao telefone e Otabek pôde ouvir e murmurou um “Gatinho?” divertido contra o pescoço que beijava

- Onde você acha, idiota? Na casa do...aaa, Beka!

Nesse momento Otabek agarrou ambas as ereções com uma das mãos, masturbando-os simultaneamente. Yuri não conseguiu controlar o gemido, mas manteve o celular no ouvido pra ouvir um gritinho esganiçado do amigo.

- Ah, vocês estão transando... Queria ver isso...

“Ele tá muito chapado” Yuri pensou, mas deu um riso baixo. Otabek então parou o que fazia, pegou o celular, falou um “Talvez na próxima, Jean, tchau” e afastou o aparelho. Yuri ria do que o outro havia falado, um pouco ofegante, e nem reparou como o outro o olhava até ele voltar a falar.

- Você é tão lindo Yura... Deixa eu cuidar de você?

Assim, Otabek suavizou os toques, passando a acariciar as coxas do loiro enquanto descia os beijos por seu peito. Deu atenção a cada um dos mamilos, lambendo e dando suaves mordidas, apreciando cada arfada que Yuri deixava escapar. Desceu pelo abdômen, deixando beijos suaves. Não parava de dizer o quanto Yuri era lindo e quanto era bom tê-lo em seus braços. Yuri não esperava por algo tão cheio de carinho e sentimento e se viu surpreso com o quanto Otabek podia ser intenso por detrás daquela seriedade. Era quase demais. Parecia uma provocação, de tão suaves que eram os toques, mas na verdade Yuri sentia-se especial como nunca antes havia se sentido pelos toques de alguém.

Quando os beijos chegaram até suas coxas, Yuri sentiu sua pele arrepiar com a sensação molhada contra a pele sensível. Não conseguiu conter a voz

- Ah Beka...

O som fez o moreno apertar sua coxa com um pouco mais de força e subir os beijos até finalmente chegar até sua intimidade que já estava pingando pelo desejo. Otabek passou a língua por todo o comprimento antes de tomar a glande em seus lábios e sugar levemente. Yuri jogou a cabeça pra trás, gemendo sofregamente com o contato. Conforme o moreno fazia os movimentos de vai e vem em seu membro Yuri segurava seus cabelos, ora com carinho, ora puxando com força, imerso na sensação. Decidindo que queria ver a cena, apoiou-se nos cotovelos e a imagem que viu o levou quase ao limite. Otabek percebeu e se afastou, deixando uma última lambida na glande inchada.

Aproximou-se de Yuri para beijá-lo mais uma vez enquanto estendia a mão até a cabeceira para pegar o lubrificante e a camisinha que ali estavam. Yuri apertava-lhe a bunda com firmeza, esfregando-se com vontade. Antes de se reposicionar de joelhos entre as pernas abertas do loiro, Otabek perguntou

- Posso?

Pra ouvir um

- Por favor

Bem baixinho em resposta

Yuri suspirou ao sentir o primeiro dedo lubrificado abrir caminho em si. A mão livre de Otabek lhe apertava o quadril de maneira firme, mas sem marcar. Quando o segundo dedo foi sendo forçado pra dentro, a outra mão voltou ao membro de Yuri, bombeando num ritmo constante. Logo Yuri rebolava nos dedos do moreno, pedindo por mais. Com isso, Otabek levou a mão ao próprio membro, apertando-o de leve apenas para se acalmar um pouco enquanto inseria o terceiro dedo. Yuri gemeu alto, já estava impaciente.

- Beka... já está bom...

Ao ouvir a voz do outro o chamando daquela maneira, Otabek não teve nenhuma força para resistir. Yuri sentiu quando o moreno retirou os dedos com cuidado e se ajeitou na cama, abrindo mais a pernas e observando o outro colocar a camisinha. Logo Otabek se encaixava em si e lhe pedia permissão com olhar, que Yuri concedeu com um aceno de cabeça. Conforme o moreno o penetrava Yuri ia soltando o ar que sequer reparou que tinha prendido. Quando sentiu que o outro estava todo dentro colocou a mão em sua cintura, fazendo-o se reclinar sobre si e o beijando de maneira necessitada. Só quebraram o beijo quando Otabek começou a estocar e Yuri começou a gemer.

- Ah, Beka, isso...

Yuri podia sentir o sorriso do outro na curva de seu pescoço e lhe arranhava as costas sem dó. Era uma situação diferente para o loiro. Sempre fora mais ousado e participativo na cama, mesmo que na maioria das vezes assumisse a posição de passivo costumava controlar o ritmo do ato. Mas com Otabek não conseguia, não, na verdade sequer queria ter esse controle, abrira mão dele no momento em que o outro pediu pra cuidar de si.

- Você é tão gostoso Yuri... Está se sentindo bem? Está bom me sentir assim dentro de você?

A voz grave e ao mesmo tempo carinhosa do moreno fazia Yuri se arrepiar e a única resposta que conseguiu formular foi um gemido sôfrego. Em seguida, Otabek passava os braços ao redor de seu corpo, fazendo com que os dois agora estivessem sentados na cama, sem desencaixarem os corpos. Na nova posição as estocadas passaram a acertar em cheio a próstata de Yuri, que passou a rebolar com mais afinco sobre o outro.

Seu membro pulsava e Yuri não hesitou em levar uma das mãos até ele, se masturbando na mesma velocidade em que rebolava contra Otabek. A outra estava no abdômen do moreno, apertando o local tatuado que tanto admirava. O moreno lhe apertava a cintura, ajudando nos movimentos e quando sua boca encontrou um de seus mamilos, Yuri não pôde mais suportar. Com a constatação Otabek levou uma de suas mãos para ajudar o loiro na masturbação, enquanto lambia o mamilo rosado. Os gemidos de Yuri ficaram mais ofegantes e o olhar que ele lançou a Otabek foi tão erótico que o moreno acabou chegando ao ápice primeiro, com um gemido rouco e profundo. Yuri continuava rebolando e não demorou a também chegar ao seu limite, gozando na própria mão e na do namorado, a boca se abrindo sem emitir nenhum som.

Abraçaram-se ofegantes, ainda na mesma posição, Yuri acariciando os cabelos do moreno com sua mão limpa e o Otabek depositando beijos molhados em seu ombro. Quando finalmente se moveram para se limparem rapidamente e depois deitarem juntos, ambos tinham um sorriso no rosto.

- Isso foi... – Otabek começou

- Intenso. – Yuri completou.

Não tinha outra palavra para descrever. Enquanto se permitia ser abraçado pelos braços fortes do namorado Yuri só conseguia pensar que se alguém lhe dissesse dois anos atrás que estaria nessa situação com o cazaque ele teria rido na cara da pessoa com gosto ou talvez lhe direcionado um olhar de pena, pois certamente julgaria a pessoa como louca.

Não tinha um nome ainda pro que sentia pelo moreno, nem um adjetivo próprio para descrevê-lo agora, mas certamente “sem-graça” não passaria mais por sua mente quando alguém lhe perguntasse o que achava de Otabek Altin.

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Não tinham passado nem 10 minutos conversando na cama e o celular de Yuri tocou de novo. Dessa vez era um JJ choroso por passar o resto de sua noite de aniversário sozinho. Assim, Otabek pegou o celular, disse que passaria seu endereço por mensagem e mandou o canadense ir de táxi até sua casa. Yuri pensou em protestar, mas não tinha achado a ideia tão ruim.

Quando o canadense chegou os namorados já tinha alguns sanduíches preparados – Yuri sabia que JJ ficava com fome quando bêbado – e vestiam apenas suas camisas e boxers. JJ entrou já se sentindo em casa e jogou-se no tapete no chão da sala e os outros dois o acompanharam. Passaram assim o resto da noite conversando, comendo e bebendo, até dormirem os três no tapete.

Quando acordou Yuri se viu entre os dois morenos e, apesar da cena que poderia parecer estranha, sentiu-se muito confortável na companhia de seu namorado não tão sem-graça e seu amigo espalhafatoso. “Eu poderia me acostumar com isso”, foi o que pensou antes de cair novamente no sono.


Notas Finais


Essa história é de presente de aniversário - atrasado - pra @Jaine_Nina.

Nina, sua linda, demorei mas não falhei! Espero que tenha se divertido, fiz com muito carinho sua linda!! ;)


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