História Sem querer amei você. - Partida?

As palavras de Suga me deixaram muito surpresa. Eu pensei que teria que discutir com ele quando eu começasse a falar o que aconteceu, mas não. Foi totalmente o contrário. Ele ouviu quieto e concordou com tudo que eu disse. E ainda me pediu perdão pelo o que ele tinha feito.
Eu ainda sentia raiva dele. Talvez pelo fato dele ser o causador da minha briga com o Hope. Mas eu podia entender um pouco o lado dele. Eu também correria atrás de alguém que eu gosto. Tudo bem que eu não inventaria uma mentira dessas... Mas eu daria o meu jeito e esse foi o jeito dele. Eu esperava mesmo que ele falasse com o Hope. E pelo seu tom, ele parecia que falaria mesmo.

  - Tudo bem. Só não faça isso se repetir... Com nenhuma outra garota. - Forcei um sorriso lateral como forma de desejar um "melhoras" e saí.

Jin saiu e fechou a porta logo atrás de nós e parou em minha frente.

  - O que achou sobre o pedido dele? - Ele me perguntou.

  - Eu não sei. Mas ele não pareceu mentir.

  - Eu também achei isso. Você está legal?

  - Só preciso ir para casa.

  - Tudo bem. Eu te levo até a portaria.

Peguei um táxi e minutos depois eu já estava em casa. Eu estava tão cansada. Cansada de sentir aquela dor por não ter Hope por perto. Sentir aquela confusão pelas ações de Suga. Sentir aquela pressão causada pela Sra. Kyung-Soon. Eu precisava de um tempo. Eu não estava aguentando mais. Aproveitei o fuso horário para ligar para minha mãe.

  - Querida! Que saudade. - Ela disse assim que atendeu.

  - Oi mãe. - Minha voz saiu um pouco falha. Ouvir a voz dela naquele momento pareceu como um abraço mais esperado. Quando eu morava junto com meus pais, eu e ela vivíamos brigando. Mas quando comecei a morar sozinha, senti a falta que ela fazia. Eu só queria poder sentar em seu colo e chorar. Desabafar e dizer para ela tudo que estava errado.

  - Está tudo bem? Você anda se alimentando direito? Faz tempo que não telefona! - Ela estava animada.

  - Pois é... Estou um pouco corrida com as coisas, mas estou bem. E como estão as coisas aí?

  - Estão bem. Só estamos sentindo sua falta, filha. Quando virá nos ver?

  - Eu estou pensando a respeito disso. Preciso conversar com a senhora.

  - Por que? Está tudo bem? - Ela parecia preocupada.

  - Está sim. Só queria conversar de mãe para filha e pedir seus conselhos.

  - Huum... Já posso sentir que tem algum asiático na jogada. - Não pude deixar de rir.

  - Você está certa. Mas prefiro conversar sobre isso pessoalmente. Estou sentindo falta de casa.

  - Você vai voltar então?!

  - Vou. Mas não sei quando ou por quanto tempo. Talvez dias, ou meses...

  - Sempre foi seu sonho morar ai, minha filha. - Ela disse com a voz pouco doce mas a preocupação continuava.

  - Eu sei, mãe. Mas agora eu só quero estar em casa.

                    ~ S/N OFF ~

                   ~ HOPE ON ~

Ver aquela cena do Suga em cima da S/N me deixou cego de raiva. Eu tinha que fazer algo. Eu não podia simplesmente fingir que não vi, assim como eu estava fazendo a respeito deles em outras situações. Ela estava pedindo para ele parar. Se ela quisesse algo não falaria isso, certo? Voei para cima dele e pensei em tudo que ele tinha feito. Pensei nas mãos deles em cima dela, na boca dele em cima da dela... Eu tinha vontade de gritar para ele que ela era minha, mas achei melhor soca- lo calado. Depois do primeiro soco, tudo ao meu redor escureceu. Eu estava mesmo cego pela raiva. Só pude parar quando ouvi a S/N gritar dizendo para fazer isso por ela. Depois só consigo me lembrar de Jin e Namjoon em volta do Suga perguntando o que tinha acontecido. Meu coração batia forte, meu corpo estava fervendo e minha respiração estava pesada. Olhei para o meu amigo no chão e a fixa caiu do que realmente tinha acontecido. Admito que ver meu amigo ali, caído, machucado e sem forças, fez meu coração doer. No que eu me tornei para fazer isso com ele? Mas algo dentro de mim dizia que ele merecia isso. Eu precisava sair dali.
Fui para o meu quarto e minutos depois escuto alguém bater na porta. Fico em silêncio, mas a porta se abre. Era a S/N. Meu coração acelerou mais do que já estava. Ver seu rosto me acalmou. Era como se eu precisasse daquilo para ficar bem.
Ela me contou sobre tudo e eu perguntei o que não entrava em minha cabeça. As coisas ficaram um pouco mais claras para mim. Mas eu ainda não sabia ao certo o que pensar disso tudo. Eu só precisava abraça- la. Precisava saber que ela estava ali. Mas algo não deixava eu fazer isso. Pedi para ficar sozinho. Deitei em minha cama e tentei o possível para conseguir dormir.

                 ~ HOPE OFF ~

                    ~ S/N ON ~

O dia amanheceu e eu também amanheci com ele. Mais uma noite sem pregar os olhos. Mas dessa vez era por ansiedade. Na noite anterior, a conversa com a minha mãe me incentivou a fazer algo que eu já pretendia fazer a uns dias, mas não tinha coragem. Visitei vários sites em buscar de informações, preços e datas. E por fim consegui para o mesmo dia.
Fui até a cafeteria conversar com a Sra. Kyung-Soon e pedi com todas as minhas forças para que ela não estivesse em seu mal dia. Chegando lá, ela estava no caixa, como de costume. Me aproximei e apoiei os braços em cima do balcão. Ela levantou os olhos, mas manteve a cabeça abaixada.

  - O que quer? - Ela perguntou seca.

  - Conversar. - Ela soltou a comanda que segurava e entrelaçou os dedos.

  - Diga.

  - A Sra. sabe que preciso desse emprego e não tenho muitas opções aqui. Então antes que eu fale e a Sra. me olhe torto, já adianto que poderá descontar tudo do meu salário.

  - O que está querendo dizer? Andou quebrando mais coisas?

  - Não. É que... Eu preciso ir para o Brasil. Tipo... Meu vôo sai essa tarde.