História Sem querer amei você. - PT. 2 - A visita.

Meu Deus. Só me faltava essa! Eu não quero brigar com ele e dizer que o Lucas era realmente um ex meu. Ele ficaria extremamente raivoso e vai saber Deus o que aconteceria! Mas eu também não quero mentir. E nem poderia com Lucas aqui na frente para discordar de tudo o que eu falar.

   - Ele não é bem um ex, meu amor - Eu comecei sorrindo um pouco amarelo e coçando a cabeça.

   - Então por que você disse isso? - Hope ria um pouco. Mas parecia que era mais de nervoso.

   - Eu e a S/N tivemos algo no passado. Pensei que soubesse mas acredito que não - Lucas disse um pouco irônico.

   - É, não mesmo - Hope o fuzilava com os olhos - Se me der licença temos coisas a fazer. Foi um prazer. - Sua boca pronunciou essas palavras, mas seu olhar... Totalmente o contrário.

Eu não disse nada. Apenas fiz um breve aceno com a cabeça e segurei no braço do Hobi. Nós andamos por um longo corredor passando por vários stands até chegar em uma lanchonete improvisada dentro do local. Soltei seu braço e me sentei. Ele fez o mesmo e continuou em silêncio. Mas por pouco tempo.

  - Por que não disse que tinha um ex? - Ele analisava cada traço do meu rosto.

  - Porque ele não é bem um ex. Como eu te disse nós tivemos algo, mas não namoramos. Não como eu e você.

  - Tudo bem. Antes de eu surtar de raiva vou dar a chance de você explicar. Só seja sincera comigo, por favor. - Ele permanecia sério e analisando meu rosto.

  - Quando eu estava no ensino médio eu estudei com o Lucas. Nós meio que começamos a nos gostar e tentamos ter algo. Mas antes mesmo desse algo ficar sério eu terminei com ele.

  - E por que você fez isso?

  - Por que ele era um louco! Ele brigava com todos os caras que se aproximavam de mim ou só me olhavam!

  - Ok... Ele realmente pode ser um louco. Mas você sabia que ele estaria aqui?

  - Aqui nesse evento não. Até porque você que me convidou. Mas aqui na Coréia... Sim. - Minha voz quase não saía. " Por favor não brigue comigo. Por favor "

  - Como assim? - Ele riu um pouco nervoso - Vocês tiveram contato?

  - Não! Eu não sabia que ele estava morando aqui, mas hoje... olha, antes de eu falar, eu quero que você saiba que eu te contaria hoje mesmo. Só não tinha falado ainda porque você me chamou para virmos pra cá e eu preferia conversar em cas... - Ele me cortou.

  - Tudo bem, S/N. Só fala logo que eu já estou ficando nervoso - Dava para perceber.

  - Eu encontrei com ele hoje cedo - Ele arqueou as sobrancelhas e se reencostou na cadeira - Mas calma! Não foi porque eu quis. É que... Ele... Ele está trabalhando na cafeteria - Eu disse rápido, num fôlego só.

  - Ele... Está trabalhando com você? - Ele apoiou os cotovelos na mesa e encostou o queixo em uma das mãos - Muito bacana ter o ex namorado da minha namorada trabalhando com ela e vendo ela todos os dias... - Eu ia abrir a boca para falar algo, mas ele continuou - E... rolou alguma coisa entre vocês hoje? Alguma conversa? - Dava para perceber que ele tentava não me magoar, mas ele estava nervoso.

  - Não. Não rolou nada, juro. Fiz meu trabalho e fui embora.

  - Tudo bem. Eu quero que me conte se algo acontecer - Ele disse se levantando - Vamos?

  - Mas já? Você mal pôde aproveitar - Eu disse um pouco triste por ter sido um dos motivos de ter arruinado a noite dele.

  - Acho que é melhor a gente descansar.

Segurei em sua mão e fomos para o carro. Nesse momento havia dois paparazzis do lado de fora do local esperando por nós. Eles tiraram várias fotos e fizeram várias perguntas e nós dois continuamos apenas andando. Entramos no carro e fomos em silêncio para minha casa. Hope estacionou o carro, o desligou e continuou quieto sentado no banco.

  - Você vai passar a noite comigo? - Tentei sorrir e deixar o clima menos pesado.

  - Eu não sei... Amanhã você trab... - E então eu o calei com um beijo.

Eu sabia que aquela seria a única maneira dele perceber que eu queria apenas ele. A princípio seus lábios estavam mais rígidos como de costume, mas mesmo assim eu insisti e ele foi cedendo. Suas mãos seguraram meu rosto firmemente e o beijo foi ficando mais intenso. Até que ele soltou seus lábios dos meus, um pouco ofegante e colou nossas testas. Ele permaneceu ali. Quieto. Como se não soubesse ou não quisesse falar nada. Eu sabia que ele estava assim por estar com raiva. Mas também sabia que ele me queria por perto.

  - Eu preciso ir - Ele disse por fim, depositando um beijo em minha testa e se afastando.

  - Tudo bem. A gente se fala mais tarde. - Ele concordou e eu saí do carro indo em direção ao meu prédio.

Entrei em meu apartamento e fui direto para o banheiro tomar um banho quente. Saí e pulei na cama. Eu estava triste pela noite não ter acabado tão bem assim. Resolvi mandar uma mensagem para ele.

  S/N - " Me desculpe por não fazer dessa sua noite a melhor "

  H - " Está tudo bem. Você não tem culpa de nada. Na verdade ninguém tem. Eu que me deixei levar pelo ciúme "

  S/N - " Eu te entendo. Não estou brava e espero que você também não esteja. Agora vá descansar um pouco "

  H - " Ok. Bom descanso pra você também. Eu te amo. "

Ler aquelas três palavrinhas fez eu me sentir melhor. Ele podia estar bravo, chateado, ou o que fosse, mas ele continuava me amando e aquilo não tinha preço.

S/N - " Eu também te amo. Até amanhã. "

Deixei meu celular de lado e me virei na cama tentando dormir. Pude ouvir um barulho na porta principal de entrada do prédio. O prédio tinha uma construção antiga e a porta principal era alta e de madeira rústica bem escura. Havia apenas três andares e o meu apartamento ficava no segundo. Estranho a pessoa bater a porta tão forte que eu pude ouvir daqui. Continuei quieta e cerca de uns dois minutos depois eu ouvi batidas em minha porta.

Não pude negar que meu coração disparou, mas não no bom sentido como ele fazia com o Hope. Disparou de medo. Quem seria assim do nada? O Tae não era porque ele sempre me ligava antes de aparecer e eu tinha falado com o Hobi agora a pouco.

Levantei devagar e fui andando até a sala. Eu não sabia se perguntava quem era ou tentava de um jeito ou de outro olhar por alguma fresta para ver se reconhecia a silhueta. Bendito olho mágico velho! Nunca pensei que precisaria daquilo.

Olhei por todas as brechas possíveis, tentando respirar o mais baixo possível para não ser notada do outro lado da porta, mas falhei. Não conseguia ver nada. Mais uma vez a pessoa voltou a bater. Eu teria que abrir. Peguei uma escultura de um anjinho que era de vidro na mão. Caso fosse algum estranho eu quebraria aquilo na cabeça dele! Respirei fundo, destranquei a porta e abri...

- Lucas?! - exclamei.