História Sem Reservas - Capítulo 13

Clarke Pov

Outro dia de trabalho, só que desta vez tudo parece mais leve por ter Lexa ao meu lado. Estamos todos sentados a mesa enquanto os garçons falam sobre os novos pratos.

-Hoje, como prato especial, teremos pato do vale Hudson sobre um purê de calabresa e servido com massas de pasteis e suco de laranja e enfeitado com um molho de cogumelos de uma variedade selvagem da região de Cognac na França.

Escuto tudo muito longe, pois não consigo para de olhar para Lexa e sorrir e ela sempre retorna o olhar com aquele sorrisinho de lado. Raven chega e interrompe nossos olhares.

-O que você acha?- Ela diz me mostrando uma caixinha.

-O que é isso?

-Lexa teve a grande idéia de entregar mini sobremesas em casa, numa caixa. É tão obvio. –Raven fala animada.

Olho para Lexa e dou um sorriso irônico.

-Tão obvio.

-E Lexa, adorei os vinhos que me recomendou para o novo menu. –Raven fala já saindo da sala.

-Vamos ter que discutir sobre isso com a Clarke. –Lexa fala me olhando meio preocupada. –Murphy, nos fale sobre o prato de aspargos.

-Também estamos servindo um acompanhamento especial. Antes, um antepasto de aspargos e cebolas cippolini e acompanhado de rabanetes de melão fatiado.

Fico pensando o que aconteceu nesses dois dias que estive fora, ainda mais que Lexa não me olha nos olhos.

Olho para ela que está montando um prato, toda concentrada, tão bonitinha, mas o que será que aconteceu aqui?

Raven entra na cozinha e se dirige a Lexa.

-Lexa, o casal da mesa oito quer agradecê-la. Estão fascinados com o robalo.

-Clarke é responsável por toda comida.

-Ela não liga, ela odeia sair da cozinha. -Raven fala indo em direção a saída.

-Que interessante. –Falo irônica.- Que mais você pode dizer sobre ela?

-Quer saber? Não vou começar com isto. Não me importa quem vá lá, mas se for você, por favor, tente não apunhalar ninguém que fizer uma reclamação. –Raven sai levantando as mãos no ar e irritada pelo que acabou de acontecer.

Me viro para Lexa e ela balança a cabeça e fala.

-Não olhe pra mim deste jeito.

-Você e eu. Alie dentro, agora. –Falo apontando a geladeira com a cabeça.

Vou para a geladeira e entro, não passa nem um minuto e Lexa entra também.

-Qual é a história?

-O que quer dizer?

-Te dou as costas por dois dias e é “Lexa, o vinho. Lexa, os clientes, Lexa, as caixas...”

Lexa me interrompe e sua fala sai nervosa.

-Ela me ofereceu um emprego.

-O que? Por que não me disse? Não posso acreditar nisso. –Falo e dou as costas a ela.

-Não queria chatea-la, eu ia te dizer.

-Eu sabia que não podia confiar em você. –Me viro irritada e aponto um dedo em seu peito. –Soube desde o momento que te conheci.

-A verdade é que você não confia em ninguém.- Lexa fala irritada também. –Você nunca confiou em ninguém.

-Quer saber? O que eu deveria fazer nesse caso? Por que não tem a coragem para ter sua própria cozinha, Lexa? Ao invés de vir aqui e tirar a minha.

-É isso que você pensa? –Lexa fala e vejo ela apertar o maxilar com raiva.

-É exatamente o que eu penso.

Lexa fica em silencio e me olha chateada, ela começa tirar seu avental.

-Sabe, Clarke às vezes é bom deixar alguém entrar em sua vida. Talvez um dia desses se dê conta. –Ela fala com a mão na maçaneta da porta.

Coloca a mão impedindo que ela saia.

-Você não entende. Este lugar é minha vida, isto é o que eu sou.

-Não, não é o que você é. É só uma pequena parte. –Lexa diz e sai pela porta me deixando sem saber o que fazer.

Fico um tempo na geladeira e agora, o que eu faço.

Acabando o expediente, vou para a casa sozinha.

-Oi, Anna.

-Oi, senhorita Clarke.

-Aden deu trabalho?

-Não, jogamos banco imobiliário.

-Quem ganhou?

-Ele.- Anna fala rindo e indo embora. –Até amanha a noite.

Fecho a porta e vou checar a caixa de mensagens.

-Você tem uma mensagem: “Só para constar, eu não aceitei.” Fim da mensagem.

Paro no lugar e volto a apertar o botão. –“Só para constar, eu não aceitei.”

Não acredito no que eu fiz, Lexa deve estar muito chateada pela falta de confiança depois de tudo que aconteceu. Vou até meu quarto e escuto uma vozinha que amo tanto.

-Tia Clarke.

-Ainda acordado?

-Onde está a Lexa?

-Ela foi para a casa dela depois do trabalho. Durma, já é tarde.

-Clarke?

-Sim.

-Você pode dormir com Monkey se quiser. –Ele fala mostrando seu bichinho de pelúcia.

-Oh querido, que amor. Ele precisa mais de você, já estou bem.

-Boa noite.

Fico impressionada com Aden por ter notado que estava triste e me oferecido seu bicho de pelúcia preferido. Vou para meu quarto e fico pensando em Lexa até dormir.

Outro dia na cozinha, só que agora está muito estranho sem Lexa falando, ou cantando, e sinto falta de seus sorrisos e gracinhas.

Raven entra na cozinha pisando firme.

-Você não tem o direito de fazer o que fez. Este é o meu restaurante.

-Acho que tínhamos deixado isto claro.

-É melhor achar um substituto rápido. –Raven fala ficando vermelha já.

-Você não teve problema para achar o ultimo.

-Clarke!

-Certo. Eu encontrarei alguém.

Volto para meu prato, e não acredito que vou ter que achar uma pessoa e que não vai mais ser Lexa aqui comigo.