Clarke Pov
Essa noite por incrível que pareça deu e e está dando certo, Lexa trata Aden com muito carinho e isto me encanta. Depois de uma conversa que fiquei sabendo um pouco mais sobre sua vida e sobre a avó, um dia ainda bato nela por esta história, fomos a sala e sentamos no chão para comer o tal do seu tiramisu.
Vamos comendo cada uma com sua colher do pote mesmo o doce e ele está simplesmente divino.
- Talvez eu goste de sobremesas.
Lexa ri da minha frase e vem se sentar ao meu lado.
-Sabe que em italiano, "tiramisu" significa "comida dos deuses"? -Ela fala séria.
-Não, não é. -Respondo rindo.
Lexa tenta manter a pose séria, mas acaba rindo.
-Deveria ser.
Paro um momento para apreciar a ópera que está tocando no fundo no rádio velho de Lexa.
-Tem um pouco...- Ela passa o dedo no canto da minha boca e fico paralisada. -um pouco de creme, aqui.
Ela leva o dedo a boca e chupa a pontinha que continha o creme, ela olha pra mim fixamente.
-Tenho que ir.
Passa o braço por trás dos meus ombros e tudo que consigo fazer é pensar o que essa louca está fazendo. Ela chega cada vez mais próxima de mim e vou me inclinando para seu braço, quando esta a poucos centímetros do meu rosto para e fala.
-Você está deitada no meu casaco.
-Desculpe. -Falo e sinto minhas bochechas ficando quentes.
Ela se levanta com o maldito casaco, vai até seu rádio e desliga.
-Boa noite. -Lexa diz e vai embora.
Abraço meus joelhos e coloco a cabeça sobre eles. Não acredito no papel de trouxa que fiz agora.
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No dia seguinte, vou na minha consulta semanal com Kane.
-Ela é tão imprevisível.
-Em que sentido?
-Em todos os sentidos. Ela nunca faz a coisa certa no momento certo. Ela...
Kane me interrompe.
-Clarke, a vida é imprevisível.
-Não na minha cozinha.
-Estou certo de que você poderá prevenir o pior.
-O pior?
-Que ela consiga tolerá-la por algum tempo. -Diz Kane.
Olho pra ele não acreditando no que foi dito.
-O que é isto? Uma nova forma de terapia? Insultar o cliente?
-O único que os melhores psicólogos usam.- Ele fala rindo.
Assim como é rotina, depois do consultório levo Aden a escola.
-Te verei depois da escola, ok?
Aden me dá um abraço e daí correndo na direção de seus amigos.
-Tenha um bom dia.
-Tchau Tia Clarke.
Quando estou saindo o diretor Jaha me chama.
-Olá, Clarke.
-Chegamos na hora. -Falo na defensiva.
-Tem um minuto?
-Claro. -Digo entrando na escola e o acompanhando até sua sala.
-Tenho conversado com a professora de Aden. Ele tem dormido muito na classe. E sabe qual é a explicação dele para isso?
-Não.
-Ele disse que é seu trabalho noturno. Ele disse aos colegas de sala que trabalha como assistente de cozinha no seu restaurante para pagar seu quarto e sua comida.
-Entendo. -Falo tentando não rir da história de meu sobrinho.
-Se eu realmente acreditasse que Aden trabalha a noite em um restaurante teria que chamar o Conselho Tutelar.
Fico assustada e irritada com a fala desse homem ridículo, quem ele pensa que é para ameaçar tirar o meu Aden.
-Não será necessário.
-Eu sei disso. É melhor para todos quando os parentes cuidam bem das crianças. -Fala de maneira irônica e continua. -Detestaria ver o estado levar o Aden depois de tudo que se passou com ele, mas estou certa de que arrumará isto e não haverá a necessidade de chegar tão longe.
Me levanto pronta pra sair desta sala, mas Jaha continua a falar.
-Estarei observando o Aden e voltaremos a nos falar logo.
Vou para a casa pensando como contarei ao Aden que ele não poderá mais ir comigo ao restaurante.
Quando chega a hora de busca-lo, vou andando pois o tempo está bom hoje. Vamos andando pelo parque e Aden vai contando seu dia na escola.
-Então o celular do Sr. Daniel tocou e ele atendeu e toda a classe começou a conversar. Foi muito divertido.
Aden está mais falante e alegre e sei que muito disso se deve as idas ao restaurante e a companhia de Lexa, penso como vou abordar ele sobre o assunto e decido se sucinta.
-Aden, temos que falar sobre uma coisa.
Ele para de andar sobre os bancos e me olha.
-Não poderá ir mais trabalhar comigo.
-Por que não?
-Porque tenho medo que tirem você de mim.
-Mas eu gosto de ir ao restaurante. -Ele fala um pouco bravo.
-Eu sei. Sei que gosta, mas não é bom que um menino da sua idade, fique acordado até tão tarde.
-Você não me quer lá. -Aden fala com lágrimas nos olhos e a voz embargada.
-Não, isso não é verdade. É só que você precisa ter uma boa noite de sono. Me escutou?
Aden vira seu rosto para que eu não o veja chorando.
-Não quero que te levem. -Falo carinhosa com ele.
-Quem se importa? Você nem gosta de mim mesmo. - Ele grita com várias lágrimas saindo de seus olhos e corre.
-Aden.
Começo a correr atrás dele quando vejo indo em direção a rua cheia de carros.
-Aden!
Falo já me desesperando. Aden passa pela rua movimentada e os carros dão freiadas bruscas.
-Aden! Pare, pare.
Consigo segurar seu braço e fazê-lo olhar para mim.
-Me solte! me solte! Eu quero minha mãe, não você.
Solto ele com o coração apertado.
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