História Sem Rumo - Aproximação - Parte 2

Gaara e Ino voltaram em silêncio, separados. Ino estava pálida e Gaara sério demais. Todos perceberam, mas não disseram nada. O show ainda estava rolando.

– Então Sakura, eu já falei com o ruivo, o que vai cantar? – Perguntou quebrando o silêncio.

– Quer mesmo que eu cante? – Perguntou esperando a loira trocar de ideia.

– É óbvio que sim. – Afirmou cruzando os braços.

– Sabe. - Suspirou. – Não sou muito boa em cantar essas coisas. – Tentou explicar.

– Nada disso Sakura, tem tantas músicas misturando rimas e melodia.

– Tipo?

– Umbrella! – Sasuke se manifestou, sabia que essa era fácil para a rosada cantar. Ela balançou a cabeça e Ino deu pulinhos de alegria.

Andaram até o lado do palco enquanto a introdução da música ia terminando. Itachi logo viu os dois se aproximando e foi falar com eles.

– Finalmente juntos. Vieram pedir a benção? – Perguntou quando viu os dois subindo os degraus.

– Não estamos juntos. – Revirou os olhos.

– Ela só vai cantar veado. – Falou sério. Não gostava da brincadeira porque sabia que tinha uma ironia por trás.

– O que a princesa com o cabelo rosa vai cantar? – Itachi perguntou enquanto dava o microfone para Sakura.

– Surpreenda-se Uchiha! – Sakura deu um passo para o palco e Sasuke só observou assim como Itachi que estava tão surpreso quanto o irmão. Queria ver o que a garota do Sul faria.

No outro lado do palco, Naruto se aproximou de Ino e colocou o braço sob os ombros dela. Gaara estreitou os olhos e só observou.

– Vamos conversar – Sabia a resposta de Ino, que só o acompanhou, se afastando de Gaara.

– Já sei o que vai falar. Não aconteceu nada e nem vai, deixei claro pra ele hoje. – Naruto sabia que o sorriso de Ino e sua convicção eram falsos.

– Então você gosta dele. – Deduziu. – Vai desistir?

– Olha Naruto, não faz sentido tentar insistir em uma coisa que não é para ser. – Disse para o loiro.

– Você ainda não sabe se "não é para ser". – Falou sério.

– Sei que não é pra ser, pois somos como o fogo e água, somos opostos que se destroem aos poucos. Eu quero um amor que me consuma, mas esse me consumiria em chamar e eu viraria cinzas antes de ser correspondida. – Podia apalpar a raiva que sentiu em ter que dizer aquilo em voz alta.

Seu rosto tinha dor, mas demonstrava o mínimo possível. Já tinha ensaiado aquele momento em sua mente, quando daria um fim a uma possível história com o ruivo. Por mais que pensasse que poderia dar certo, as chances de dar errado estavam em cada esquina daquela Fronteira.

– Não diga que são de mundos diferentes. – Murmurou pedindo á loira.

– Me encontrei aqui. – Sorriu triste. – Mas não sou daqui.

– Tem medo do que? Do passado dele? Do presente?

– Eu não quero novela mexicana, onde vão armar pra mim só porque querem ficar com ele. – Reviraram os olhos, Naruto riu com a comparação.

– Sabe que o caminho mais tortuoso é o do amor verdadeiro? – Perguntou.

– Sei, mas com Gaara foi só atração. – Tentou convencer.

– Tente se convencer primeiro! Matsuri sempre foi passatempo, por mais que o Gaara enxergue algo bom nela. Agora o vi olhando pra nós quando nos afastamos. Ele gosta de você.

– Obrigada por se importar, mas não quero que insista mais. – Encostou-se à parede e olhou para o céu. – Onde está Hinata? – Tentou trocar de assunto.

– No quarto dela provavelmente, agora que foi proibida de vir nas Fronteiras por que não querem ela com alguém “como eu”. – Ino o encarou instantaneamente, estava chocada e comovida.

– Meu deus Naruto. – O abraçou, imaginou como ele estava, como ela estava. E mesmo assim ele tentando fazer Ino feliz no amor.

Gaara encarava de longe, mas não com bons olhos.

– Olha Naruto. Vou trazer ela aqui, isso é uma promessa. – As palavras de Ino soaram tão bem que era como se tivesse uma data já marcada para reencontrar Hinata.

– Eu acredito em você, mas melhor irmos. Já vi o Gaara olhando pra cá. – Disse levantando. – Acho que está com ciúmes. – Brincou.

– Até parece. – Olhou para o ruivo e ele estava realmente olhando para eles, mas não demorou a desviar o olhar. – Eu vou ficar por aqui. E Naruto, não seja um badboy com a Hina! Ela gosta dos românticos. – Alertou sem se levantar.

– Eu sei disso, fica tranquila! Eu vou lá com o ruivo ciumento. – Disse brincando.

Naruto foi sentar junto a Gaara que trocou poucas palavras. A música tinha começado a tocar e Sasuke já estava animando a galera.

A batida já havia começado e com ela a voz de Sasuke cantando o rap. As pessoas, garotas, só gritavam elogios. Ele de fato era popular com as mulheres. Sakura riu discretamente e foi para frente do palco, piscou para Ino que estava afastada de todos.

You had my heart

Você tem meu coração

And we'll never be worlds apart

E nós nunca estaremos em mundos separados

Maybe in magazines, but you'll still be my star

Talvez nas revistas, mas você ainda será minha estrela

Baby 'cause in the dark, we can't see shiny cars

Baby porque na escuridão, nós não podemos ver os carros brilhantes

And that's when you need me there

E é quando você precisa de mim lá

With you I'll always share Because ...For you

Com você eu sempre compartilharei porque...

Sakura subiu no palco e cantava muito bem. Ainda estava um pouco tímida, afinal era a primeira vez que cantava para tantas pessoas, mas a energia era contagiante, não estava com vergonha.

Sakura cantava com o coral de quem assistia, todos conheciam a música e cantavam com entusiasmo.

You can stand under my umbrella

Você pode ficar sob meu guarda-chuva

You can stand under my umbrella

Você pode ficar sob meu guarda-chuva

Ella ella eh eh eh ... Under my umbrella

ella, ella, eh eh eh ..sob o meu guarda-chuva

Ella ella eh eh eh ... Under my umbrella

ella, ella, eh eh eh ... sob o guarda-chuva

Ella ella eh eh eh ... Under my umbrella

ella, ella, eh eh eh .. sob o meu guarda-chuva

Ella ella eh eh eh eh eh eh ...

ella, ella eh eh eh eh eh eh

A rosada dançava desinibida, estava ótima cantando. Acreditava que a letra em certo momento se encaixa no amor de Ino e Naruto e o quão puro era. Sem malicia, os dois fariam de tudo para ver o outro bem, algo fraternal que era difícil quem via de fora entender. Gaara não entendia.

Naruto sentia o peso do mundo nos ombros. Neji impediu de Hinata sair de casa só por ela se apaixonar por alguém como ele. Um gangster. Podia não ser certo o que fazia, mas Neji mesmo com aquele terno, não era diferente.

Naruto estava tão calado que Gaara chegou a pensar que ele estava com culpa de algo, afinal chamou Ino para conversar e a beijou, quem disse que Naruto não fez o mesmo? Eles estavam toda hora juntos, o que o irritava. Ele fica com Hinata e ela não liga, mas ele ficar com Matsuri foi o cumulo para ela o ignorar.

Ino não saia da mente de Gaara, e essas questões o fazia perder a noite de sono. Não tinha certeza qual era a relação da loira com Naruto, mas estava quase certo de estar todo errado.

A música ia acabando, Sasuke e Sakura tinham feito um belo show de fato. A música foi apenas uma trilha sonora para tudo o que se passava entre todos ali. Foi encerrado com muitas palmas e gritos.

– Foi ótima. – Sasuke disse sem o microfone para Sakura que sorriu e o abraçou enquanto ainda estavam sendo aplaudidos.

– Obrigada. – Falou no ouvido do moreno.

– Pessoal, à última música de hoje quem se candidata a cantar? – Itachi perguntou com o microfone na mão, enquanto Sasuke e Sakura saiam do palco. – Até agora só veio feras, vamos ver vocês agora...

Itachi continuava a falar enquanto os dois se aproximavam de Gaara e Naruto que não trocavam uma palavra.

– O que aconteceu? – Já perguntou preocupado.

– Gaara está com ciúmes. – Naruto disse apenas de receber um soco no braço dado por Gaara. – Ai cara, isso dói! – Reclamou.

– Era para doeu. – Murmurou sério. Visivelmente irritado.

– Ciúmes cara? De quem? – Sabia que era óbvio, mas quis perguntar do mesmo jeito.

– Eu não tenho ciúmes de ninguém. – Falou indiferente.

– Que motivos ele tem para ter ciúmes? – Perguntou Sakura surpresa.

– Nada Sakura, eu fui falar A SÓS com a Ino e ele não gosta de testosterona perto dela! – Naruto fez piada e levou outro soco do ruivo que já estava levantado e sem nenhum humor na expressão. – Qual é Gaara para de bater nesse braço! Eu escrevo com ele. – Reclamou.

– Você não sabe escrever Naruto. - Zombou. – Foda-se ela e quem está com ela! Ela teve o mesmo tempo que uma puta tem comigo.

– Sei escrever sim ta Gaara. – Praticamente gritou irritado, segurando o braço.

– Ai Gaara, se controla, que comparação bosta. – Sasuke defendeu Ino e Naruto, Gaara estava ficando muito irritado e isso atraiu a atenção de varias pessoas em volta.

– Vocês vão brigar por causa disso? – Sakura interveio. Ambos ficaram em silêncio. – Naruto é só um amigo de Ino, ela já deixou claro desde o primeiro dia e Gaara você não é nada dela por que você não quer! Não tem que ficar nervoso por isso.

Outra musica começava, tirando um pouco a atenção deles, Gaara deu um passo em direção de Sakura, não gostou do jeito que falou com ele, mas Sasuke tomou a frente.

– Somos amigos, não brigamos por mulher. É a regra numero um! – Naruto e Gaara se entreolharam.

– Foi mal Gaara, mas devia saber que amo a Hinata. – Gaara sabia disso, mas não botava a mão no fogo por ninguém. Desconfiou de Naruto sim, mas como Sakura disse, ele não tem direito falar nada se não é nada de Ino.

– Está tarde já são quase três horas da manhã. Vou levá-la pra casa. – Sasuke informou a rosada.

– Não é preciso Sasuke estou com a Ino. – Recusou enquanto procurava Ino a volta.

– Então cadê ela? – Perguntou. Seguiu os olhos de Sakura e sabia que Ino não estava por lá, afinal se estivesse por perto teria visto a movimentação e viria ver o que aconteceu. – Não vai andar sozinha aqui de noite, é perigoso. – Tocou na mão de Naruto e Gaara.

– Tudo bem, vamos. – Disse vencida. – Se encontrarem a Ino disse que fui com Sasuke. – Pediu aos dois, mas encarava Gaara. Se despediu e seguiu Sasuke para longe da multidão.

Ino estava meio perdida, a Fronteira era um lugar de dia e outro de noite. Podia jurar que as ruas mudavam de lugar quando escurecia. Estava andando em meio á becos sem saída e subindo e descendo escadas. Tinha se afastado da multidão, queria ir para o carro e acabou se perdendo até para voltar.

Sua sorte não estava das melhores naquela noite, tanto que deu de cara com o ruivo que menos suportava: Sasori.

– Ei loira, não vai falar comigo? – Ino não parou, mas Sasori a seguiu. Ino ficou parada torcendo pra não acontecer o pior. – Eu sei que tinha dito que a sua amiga de cabelo rosa era gostosa, mas vendo você de perto, é uma delicia também! – Ino não tinha se virado, revirou os olhos e bufou. Não acreditava que isso estava mesmo acontecendo.

– O que você quer Sasori? – Se virou com os braços cruzados, tentou fazer cara de entediada, mas Sasori sorriu e não foi amigável.

– Você. – Respondeu chegando bem perto de Ino.

– Você só pode estar louco. – Riu como se tivesse ouvido uma piada e tentou continuar andando. Mas Sasori a colocou contra a parede, com uma velocidade que Ino não conseguiu fazer nada.

– Melhor não perder tempo gritando, ninguém vai te ouvir. – Sorriu a provocando. Prensou seu corpo ao dela. Uma mão segurava o cabelo loiro de Ino com força e a outra mão passava da bunda ao peito. Ino tentava se livrar, mas empurrar Sasori não dava certo, ele era mais forte e mais alto. Estava de jaqueta, não conseguia beliscar ou arranhá-lo.

– O que pensa que está fazendo Sasori. – Aquela voz era familiar, Ino sentiu um alivio imediato.

– Estamos ocupados! – Sasori respondeu ignorante. Ino choramingou um “me ajuda”, mas o ruivo fechou sua boca. Estava escuro, mas não tanto.

– Solta ela agora. – Mandou o puxando para longe de Ino.

– Qual é a sua? – Reclamou pelo soco no rosto que levou em seguida.

– Não encosta a porra da sua mão nela de novo – Deu outro empurrão em Sasori, indo pra cima dele. – Tá ouvindo seu filho da puta? – Mandou mais uma vez empurrando Sasori.

– Se ela tivesse me dito que estava com você, eu não teria feito nada! – Sasori levantou as mãos, mas ainda estava achando graça.

– Vai se foder com sua ironia. – Deu um chute no pé de Sasori, provocando. – Antes que eu termine com a porra da sua cara. – O empurrou de novo. Sasori não tinha reação.

– Calma Gaara. – Tentou amenizar. – Se não está com ela qual o problema. – Disse indo em direção á Ino que estava encostada na parede, abaixada.

– Estupro não existe aqui esqueceu? Enfia seu pau pequeno em quem quer ele! – O impediu de chegar perto de Ino.

– Eu bebi um pouco demais? Meu remédio é ela. – Disse apontando para a loira. Gaara nunca foi um exemplo de controle de raiva.

O sangue de Gaara tinha subido, estava quente desde quando discutiu com Sakura e Naruto, então não perdeu tempo ao jogar Sasori contra a parede e o segurar pelo pescoço. Gaara deu vários socos no rosto de Sasori até ele começar sangrar.

 – Que porra Gaara, vou embora foda-se. – Gritou o ruivo com a boca sangrando. – Ela não vale isso. – Gritava irritado, não tinha muita noção do que fazia e amanhã não lembraria, mas a loira sim, e isso estava deixando Gaara furioso.

Gaara o soltou e Sasori cambaleou para fora do beco. Gaara desconfiou que não fosse só a bebida, Sasori não revidou e nem ia. Sabia que ele era filho da puta, mas ninguém quebrava ás leis da Fronteira se estivesse sóbrio.

Olhou Ino abaixada no chão, não sabia se ela chorava baixo ou se estava apenas em choque. Passou a mão no cabelo de forma nervosa e foi até ela, abaixou até ficar a sua altura.

– Se ele encostou em você vou agora matá-lo. – Murmurou sério. Ino só o abraçou se escondendo de baixo dos braços do ruivo.

– Só passou a mão em mim – Respondeu irritada. Ele mataria Sasori só por isso. – Como soube que estaria aqui? – Perguntou confusa. Estava encarando Gaara, não o abraçava mais.

– Eu tinha que vir pra esses lados, estamos perto da avenida. – Respondeu ainda pensando em como acabaria com Sasori.

– Bem á tempo. Obrigado. – Ino não chorava, estava aliviada por Gaara a salvar, como nos contos de fada.

– Não me agradeça, vou levá-la para casa. – Informou, Ino concordou. Gaara deu sua blusa para a loira se cobrir, estava com frio e de fato tinha esfriado.

Não trocaram nenhuma palavra dentro do carro, Gaara dirigia depressa até entrarem na Sociedade. A casa de Ino era grande e cercada por muros altos. Gaara parou o carro.

– Obrigada de novo. – Disse saindo do carro. – Algo muda com isso? – Não sabia que resposta gostaria de ouvir, mas gostaria de saber.

– Não agradeça. Faria isso por qualquer uma. – Ino engoliu seco, não esperava algo tão superficial.

– Tudo bem, vamos esquecer essa noite. – Propôs, ignorando o que acabou de ouvir, mas Gaara percebeu a mudança e a puxou para o carro pela mão.

– Eu gosto de você Ino, eu faria sim por qualquer pessoa o que fiz. Mas mataria ele por você. – Ino ficou dizer nada, viu o ataque de fúria que Gaara teve e pensou que ele não faria isso por qualquer pessoa. Não era possível ter um senso de justiça tão forte por pessoas que não conhecesse.

– Boa noite Gaara. – O beijou devagar e ele retribuiu segurando-a pela nuca. Aquele beijo que dava vontade de repetir, que sentia seu corpo arrepiar. Queria a mesma dose de mais cedo, quando se beijaram pela primeira vez e o beijou para ter certeza, com medo que pudesse ser a ultima vez.

– Se cuida. – Gaara disse antes de Ino sair do carro. Ela acenou, e o ruivo sorriu de canto fazendo algum sinal com a mão, pela janela. A loira andou mais um pouco entrou pela porta da cozinha e subiu ao seu quarto. Tanta segurança, mas foi tão fácil passar sem ser notada.

Continua...