Em cima do palco, os holofotes se direcionam ao centro, o ator com figurino de Pierrô dispara:
— Além deste você e eu, a nossa dança e o baile de máscaras. Mesmo com todas as minhas forças não consigo expressar o que há dentro de cada um de nós. Fingimos, como uma substância que tenta enganar a si mesma, a contradição de sermos os mesmos...
Dois passos à frente, em maestria mágica retira-lhe atrás de si um espelho de mão, e a outra desocupada se direciona sobre a face cândida ao encarar àquela imagem reflexa. Um silêncio, ao relento brilho que estampava de seus olhos, e a lágrima. Proferiu:
— Para tudo isso, o agora é, a esfinge de nossa própria imagem. Confunda-me, questiona-me, como ser próprio segredo de sua semelhança? Não me esconda nada, precisamos um do outro, hoje, eu sou tal, que os sentimentos se embebedam de mim. Entretanto, refletimos de um outro modo... São os olhos o espelho da alma, e não o objeto que verte a luz sobre si mesma. Diante do próximo, saiba que - sou medido, ao medir teu amor; sou levado, ao levar teu amor. O que somos afinal?
E as cortinas se fecham enfim.
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