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História Would You? - Sorveteria


Escrita por: gyack

Capítulo 2 - Sorveteria


Fanfic / Fanfiction Would You? - Sorveteria

Would You?

 

 

Nada havia sido como Vernon imaginara. Além de ter sido feito de bobo – ou quase isso – e ter aturado um Seungkwan indeciso em levar rosas vermelhas ou brancas, ele ainda havia sido arrastado pra tomar sorvete – Seungkwan era rico ou coisa assim? No final o colega de faculdade havia escolhido as rosas brancas, por isso tal pensamento. Rosas brancas são caras, principalmente onde Vernon trabalhava.

Vernon nunca havia feito aquele tipo de coisa. Ele sempre entrava e saía sozinho daquela faculdade. E ser tratado daquela forma era algo relativamente ruim pra ele – não estava acostumado e por consequência não sabia como agir. Ele passara o caminho inteiro até a sorveteria calado, apenas escutando algumas histórias aleatórias que Seungkwan contava quando ia ao tal lugar. Não que elas fossem interessantes, só estava escutando porque queria mesmo.

Por fim, só percebeu que ficaram de mãos dadas durante todo o trajeto quando chegaram à sorveteria. Seungkwan soltou sua mão e agiu como se não o tivesse feito, intrigando o pobre Vernon. Entrou lá para não parecer mal educado. Seria muito estranho ele sair correndo e talvez Seungkwan estivesse fazendo aquilo como forma de agradecimento por tanta paciência da parte do rapaz estadunidense.

O local tinha um cheiro peculiar. Vernon não sabia distinguir se gostava ou se achava estranho. Era uma mistura de várias coisas: menta, morango, chocolate... Cada um dos sabores era ótimo, mas só pelo cheiro ele sabia que não deveria nunca misturar todos eles. Aproximou-se de onde Seungkwan estava, embaraçosamente, para fingir estar por dentro do que realmente estava acontecendo. Olhava para os lados a todo instante e rezava para que o rapaz acompanhante não notasse seu nervosismo.

– Se nome? – alguém perguntou. Vernon continuava avoado, como sempre. – Rapaz? Qual seu nome? – a pessoa repetiu.

Alguém puxou a manga de sua blusa, chamando-lhe a atenção. Quando virou o rosto, viu a expressão de confusão na cara do atendente. Ele o encarava apressadamente enquanto as outras pessoas da fila – pior que ele nem havia notado que havia chegado mais gente – faziam cara feia. Corou violentamente e respondeu gaguejando:

– Ah... Vernon. Perdão.

O atendente deu de ombros e as pessoas da fila reviraram os olhos. Seungkwan o encarava com certa curiosidade, como se não entendesse como Vernon podia viajar mentalmente tanto de um minuto pra outro. Seguiu o rapaz até uma mesa no fundo do local, onde se sentaram pra esperar o pedido.

– No que estava pensando? – Seungkwan perguntou meio preocupado. – Aliás, eu não estou tomando o seu tempo, não é? Digo, você parece meio apressado pra alguma coisa...

O corpo de Vernon gelou. Era um assunto um pouco delicado.

– Não é nada... Eu só sou assim mesmo.

– Achei que quisesse o mesmo que o meu, já que você não respondeu nada – Seungkwan pareceu apreensivo ao dizer. – Está tudo bem pra você?

Não estava. Era a primeira vez que alguém tratava Vernon daquela forma. Só que claro que ele não diria isso. Estava envergonhado demais para sequer começar algum assunto aleatório.

– Ah, não tem problema – balançou as mãos na frente do peito, assustado. Mesmo que nunca tenha sabido de algo relacionado, Vernon odiava ser motivo de problemas ou ser o problema em si. – Eu só não sei por que você está fazendo isso.

Seungkwan levantou as sobrancelhas, parecendo surpreso. Claro, não era de se esperar, não é? Talvez o rapaz só estivesse mesmo fazendo aquilo para agradecer tamanha paciência que Vernon tivera com ele.

– Oh... – foi a única coisa que saiu de sua boca. Sua expressão de surpresa só teria ficado a mesma por vários segundos se suas bochechas não tivessem adquirido o tom avermelhado de vergonha e seus olhos não tivessem desviado dos de Vernon.

E mesmo que estivesse com um pingo de razão, Vernon ainda se sentia envergonhado. Será que ele não deveria ter falado aquilo?

– Mas... Agradeço de qualquer forma – disse pra tentar espantar o clima tenso que havia se instalado ali.

Seungkwan voltou a olhá-lo, mas sua expressão não havia mudado. Foi a vez de Vernon desviar o olhar, voltando-se para o lado de fora. E torcia para que não ficasse perdido em seus pensamentos de novo. Já bastava ter acontecido duas vezes naquele dia, não precisava de mais uma – e ainda no mesmo local! Respirou fundo, tentando acalmar as emoções dentro de si. Aquilo era muito novo pra ele e possivelmente teria de se acostumar.

– Está tudo bem mesmo? – ouviu a voz de Seungkwan novamente. – Você parece chateado com alguma coisa. E não me refiro ao fato de você não falar muito.

Vernon não desviou o olhar das folhas secas se mexendo por conta do vento ao lado de fora da sorveteria quando respondeu:

– Eu sou assim mesmo. Não se preocupe.

Seungkwan não continuou a conversa. Pessoas com a personalidade de Vernon deveria ser coisa nova pra ele e talvez não soubesse lidar com elas. Estariam eles em mundos paralelos ou coisa do tipo? Porque, veja bem, Vernon não sabia como agir com uma pessoa extrovertida como Seungkwan; e Seungkwan não sabia como agir com uma pessoa introvertida como Vernon.

Vernon sorriu mínimo, colocando a mão na frente do rosto como sempre fazia quando queria esconder suas emoções – algo que era completamente falho, mas ele fazia mesmo assim. E sabia também que havia despertado novamente a atenção do rapaz à sua frente. Só que ele não ligou. Passou a mão pelos cabelos castanhos e voltou a olhar novamente para o mesmo ponto.

E só parou quando, cerca de cinco minutos depois, os pedidos chegaram. Seungkwan havia escolhido baunilha com calda de chocolate para ambos. E era interessante que, mesmo sem saber, havia acertado em cheio um dos sabores que Vernon mais gostava. Não era seu favorito – que era de flocos –, mas ele gostava mesmo assim. Se pudesse fazer um ranking, baunilha estaria em segundo lugar. Sorriu mínimo, contagiando Seungkwan aos poucos.

– É seu favorito? – ele perguntou e Vernon levantou os olhos.

– Não – respondeu. – É o de flocos.

Seungkwan balançou a cabeça, assentindo. Ele parecia concentrado demais em seu sorvete para continuar com a conversa – o mesmo que Vernon, mas ele não queria conversar naquele momento mesmo. O sabor do doce o prendia para que não abrisse a boca e falasse algo estranho.

Terminaram o “lanche” cerca de vinte minutos depois. Vernon ainda se sentindo sem graça por não ter pagado seu próprio sorvete – teria o feito se não tivesse viajado na hora de fazer o pedido – e Seungkwan contando novamente suas histórias malucas de pura nostalgia – ao menos pra ele.

Mesmo que fosse meio errado, Vernon estava louco para se livrar o rapaz tagarela. Já havia ouvido coisas demais naquele dia e não queria receber mais informações, apenas deitar em sua cama e esperar o dia seguinte. Só que, como as coisas não estavam muitas ao seu favor naquele dia, Vernon ainda teve a companhia de Seungkwan ao longo do trajeto de volta para casa, despedindo-se dele somente quando havia chegado ao seu prédio.

– A gente se vê depois – ele disse num sorriso, deixando Vernon sozinho na porta de seu prédio.

O estadunidense relaxou os ouvidos depois de tanto ouvir coisas. O cansaço então dominou seu corpo aos poucos em que subia as escadas frias rumo ao seu cantinho pequeno e confortável – e cheio de plantas. Falando em plantas, a primeira coisa que ele fez quando chegou a sua casa foi se desculpar com elas pela sua demora. Louco, não? Mas ele falava com suas plantinhas.

Tomou seu banho e correu para sua cama, não dando ao trabalho de se preocupar em jantar. Ele estava cansado demais daquele dia e queria tirar pelo menos um cochilo se ainda fosse fazer alguma coisa naquele dia.

 

 

Já era de noite quando Vernon acordou de seu “cochilo”. Aquilo havia sido mais uma noite de sono do que simplesmente alguns minutos de descanso. Também, depois de tudo o que havia acontecido, era impossível não se sentir exausto.

Sentou perto de sua escrivaninha e ficou um tempo olhando para seu pezinho de feijão. Ele já estava com duas semanas e só tinha chegado naquele resultado bom porque Vernon deixava a janela aberta. Se ele tinha medo de que alguém invadisse seu apartamento? Claro que não. Qualquer um teria de ser muito corajoso para fazê-lo, isso de acordo com seus vizinhos. Para eles a casa de Vernon era como a Amazônia, mesmo que isso não fosse a realidade.

Abriu sua bolsa e retirou de lá as anotações que havia feito sobre o trabalho que deveria fazer. Revirou os olhos com canta coisa – ele nem havia percebido aquilo. E se não fosse pelo “lanche” que havia feito com Seungkwan, Vernon teria ido comprar os materiais que iria precisar. Lamentando mentalmente, Vernon abriu seu notebook para ir pesquisando ideias para fazer aquilo. Do que adiantaria, aliás, ter os materiais e não saber o que fazer?

Porém, mesmo que não quisesse o jovem nova-iorquino só conseguia pensar naquele dia. Como não se impressionar com a audácia de uma pessoa que mal lhe conhecia e já saía lhe arrastando por vários cantos? Quer dizer, o jovem Chwe achava que havia sido arrastado para todos os cantos de tanto tempo que havia ficado juntos.

Ainda que com a personalidade excessivamente animada, Seungkwan poderia ser considerado uma boa companhia. Pelo menos era a imagem que havia deixado para Vernon. O rapaz parecia agir por impulso, mas não dava nenhum sinal disso. Parecia muito certo sobre todas as coisas que fazia e falava.

E isso combinava bem com sua aparência fofa. Era uma cabeça menor que Vernon, bochechas fofas, lábios pequenos, olhos médios, queixo e maxilar fino, cabelos castanhos e quadris largos. Totalmente ao contrário do jovem Chwe que por um momento se sentiu desconfortável com sua própria aparência: olhos grandes e mestiços de cor âmbar, nariz redondo, lábios finos, cabelos castanhos claros – naturais ao contrário dos de Seungkwan –, maxilar e queixo marcado e corpo predominantemente ocidental – pelo menos era o que ouvia os médicos dizerem quando fazia raios-X quando criança.

Suspirou, fechando o notebook. Estava tarde demais para que fizesse alguma coisa. E supostamente dormiria com a imagem do sorriso engraçado de Seungkwan. Não que o sorriso de Vernon fosse algo bonitinho de qualquer forma. Por conta de seu péssimo hábito de chupar dedo quando bebê, seus dentes frontais acabaram por adquirir uma forma estranha¹. Seus lábios então fazia o favor de disfarçar esse detalhe, parecendo o formato de um coração². Talvez Seungkwan tivesse visto na hora que sorriu como um bobo.

Levantou-se da cadeira de escritório, esticando os braços desajeitadamente.

– Boa noite, pezinho de feijão – disse antes de apagar a luz do local e se dirigir novamente à sua cama.


Notas Finais


então pessoal, cá estamos com mais um capítulo :D

legendas:
¹ caso nunca tenham reparado, os dentes da frente do Vernon são sim meio pra frente - embora ele tenha usado aparelho pra provavelmente consertar esse problema - e isso pra mim talvez tenha sido causado pelo hábito de chupar dedo ou chupeta... caso queiram saber mais é só pesquisar no google imagens :D
² caso nunca tenham reparado também, o sorriso do bononie parece um coração :3

bem, eu talvez monte a playlist hoje, ou pelo menos parte dela e compartilhe com vcs na próxima att XD

é isso, pessoal, see you SOONyoung!


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