1. Spirit Fanfics >
  2. Sempre Foi Você >
  3. Change

História Sempre Foi Você - Change


Escrita por: Barbarideadi

Notas do Autor


Mais um pra vocês!
Boa Leitura

Capítulo 10 - Change


4 de dezembro de 2000

Depois de tudo o que acontecera no ano anterior, Camila não conseguia acreditar que tinha concordado em visitar seu pai em Nova York. Ele ligara para ela em novembro, sugerindo uma mudança na rotina deles. Nenhum dos dois estava muito animado para se encontrar em Val D’Isere no Natal. Dentro de poucas horas, ele fez com que sua secretária comprasse para Camila uma passagem para Nova York. Esse turbilhão pegou-a de surpresa. Ela estava estupefata demais para pensar em uma desculpa, mas se permitiu um pequeno sorriso quando imaginou a reação da madrasta com a sua visita.

Ela queria ver algumas bandas enquanto estivesse na cidade americana, e essa ideia tornou a viagem mais suportável. A cena musical de Nova York era quente, e ela estava ansiosa para sentir um pouco daquele calor. Desde que tinha entrado na revista da universidade em outubro, Camila era a repórter de rock do jornal. Entre um artigo e outro, ela dava um jeito de assistir às aulas e fazer seus trabalhos. Nos últimos meses, ela estivera bastante ocupada.

E foi assim que Camila descobriu seu primeiro amor: o  jornalismo cultural.

Não que ela se considerasse uma jornalista naquele momento, sentada no banco de trás do carro que o pai enviara para buscá-la. Ali, ela se sentia mais como uma garotinha sendo levada para a sala do diretor porque fizera algo errado.

– Chegamos, srta. Cabelo – a voz do motorista trouxe-a de volta ao presente. Ele estacionou na frente do escritório do pai dela, perto de Wall Street. Ela franziu a testa, surpresa. Fazia muito tempo desde que viera visitar o pai em Nova York, pelo menos cinco anos. Em apenas uma ocasião ele a levara para seu escritório.

– Meu pai quer que eu fique aqui? – ela podia ouvir a confusão em sua própria voz. Só Deus sabia o que motorista estaria pensando.

– Sim, enquanto eu levo suas malas para casa. Dê seu nome na recepção, e eles avisarão seu pai que você está aqui.

Camila assentiu, movendo-se para a porta e abrindo a maçaneta. Ela não queria esperar o motorista sair do carro e abrir a porta para ela.

– Bem, obrigada.

– Sem problemas, srta. Cabello. Bem-vinda à Nova York.

Bem-vinda mesmo. Assim que abriu a porta do carro, as orelhas de Camila foram atacadas pelo barulho das ruas. O ronco dos motores pontuava o ar junto do gritar das buzinas. O som de um compactador de asfalto a alguns quarteirões de distância fazia coro ao zumbido constante de vozes, quando ela se viu subitamente cercada por pessoas caminhando pela calçada. As paisagens e os sons de Londres pareciam meros sussurros comparados com aquilo. A altura dos prédios e a sensação de claustrofobia que eles lhe davam enquanto caminhava tiraram seu fôlego.

À sua esquerda, as torres gêmeas do World Trade Center erguiam-se sobre o distrito financeiro, como duas sentinelas de guarda sobre o porto de Nova York. Camila não conseguia evitar ficar impressionada pela sua estatura. Ela decidiu, naquele instante, que faria uma visita ao mirante em algum momento durante a viagem. A vista do oceano Atlântico de um lado e de Manhattan do outro devia ser impressionante dali de cima.

Desviando o olhar, ela andou cinco metros até o prédio de escritórios da empresa de que seu pai era sócio. Quando chegou à recepção, deu ao segurança seu nome e esperou que alguém viesse buscá-la. O saguão gritava dinheiro, o chão de mármore brilhava, como se fosse constantemente polido por um exército invisível, e todos os móveis eram de alta qualidade.

– Camila?

Ela ficou chocada ao ver que seu pai tinha vindo encontrá-la pessoalmente. Tinha certeza que enviaria um dos seus empregados, talvez um estagiário ou algo assim.

– Oi, pai – ela deixou-se ser abraçada. O cabelo cinza escuro dele estava perfeitamente penteado, como sempre, e ele usava um terno feito sob medida.

– Como foi a viagem? Você está bem?

Eles passaram pela catraca de segurança e foram até a área dos elevadores. Quando o elevador chegou, Alejandro apertou o botão do quarto andar. A Cabello’s preenchia todo o andar, com os melhores escritórios ocupados pelo pai e seu parceiro.

– Foi tudo bem. Foi bom viajar de primeira classe. Obrigada pela passagem.

– De nada. Só preciso fazer algumas ligações, e então podemos comer alguma coisa.

Eles alcançaram a mesa da secretária. A loira lá sentada olhou para Camila com interesse.

Camila imaginou que ela provavelmente estava tentando entender como aquela garota de dezoito anos, usando jeans rasgados, camiseta de banda e uma jaqueta preta amassada podia ter alguma relação com Alejandro Cabello.

Era algo que Camila se perguntava com frequência.

– Quer alguma coisa, srta. Cabello? Café ou algo para comer?

– Não, obrigada. Só vou esperar meu pai.

Dez minutos depois, ele saiu do escritório, jogando um elegante casaco de lã preto sobre os ombros.

– Não volto mais hoje, Grace – ele disse à secretária quando passou pela mesa. – Se surgir algo urgente, me ligue no celular. Senão, vejo os e-mails à noite.

– Claro, sr. Cabello. Tenha uma boa-noite. Boa noite, srta. Cabello – Grace deu um pequeno

aceno quando Camila se levantou para sair com o pai.

Tudo aquilo estava ficando um tanto surreal. Para começar, ele tinha convidado Camila para ficar em sua casa em Nova York, o que não fazia havia anos. E saíra mais cedo do trabalho só

para passar um tempo com ela. Ela tinha certeza que ele nunca fizera aquilo antes.

Qualquer um podia imaginar que ele estava se sentindo culpado.

– Pensei que podíamos jantar cedo, depois te levo pra casa e você pode pôr a conversa em dia com Olivia e suas irmãs.

Ah, que alegria.

– Boa ideia – Camila sorriu para o pai pela primeira vez em dois anos. – Mas não estou vestida para o jantar.

– Vamos a uma lanchonete.

– Nesse caso, você não está vestido para o jantar – talvez aquela paz pudesse durar mais que cinco minutos. Camila ainda duvidava.

– Não se preocupe. Metade de Wall Street vai estar lá.

– Ok – ela mordeu a língua para não perguntar quem era ele e o que tinha feito com seu pai.

Não queria fazer nada que estragasse o momento.

Quando se sentaram, Alejandro pediu um sanduíche Reuben e Camila optou por um hambúrguer.

Enquanto experimentavam as bebidas, ela tentou ardorosamente encontrar algum assunto neutro sobre o que conversar com o pai. Por sorte, ele fez isso primeiro.

– Esse lugar é meu segredinho. Olivia me mataria se me visse aqui. Ela acha que “lanchonete” é um código para “jantar de colesterol” – Alejandro engoliu uma mordida do sanduíche, bebendo um gole de cerveja por cima.

– Bem, acho que você vai ter que me subornar pra eu ficar em silêncio, então – ela ainda se sentia estranha, sentada com o pai, tendo uma conversa adulta. Sua boca estava quase doendo de vontade de perguntar por que ele estava fazendo aquilo.

– Te dou meu cartão de crédito da Saks da Quinta Avenida. Funciona com todas as outras mulheres da minha vida.

– Não tem problema. Não acho que a Saks vai ter o tipo de roupa que eu uso, de qualquer jeito – ela resmungou, começando a rasgar o guardanapo que tinha posto no colo.

Os olhos de Alejandro se suavizaram quando viram sua expressão triste.

– Nunca te disse como sinto muito sobre o que aconteceu ano passado. Sei que Olivia e eu não te tratamos como deveríamos, e sei que negligencio você às vezes. Não vou falar sobre todos os motivos pelos quais isso é complicado pra mim, e com certeza não vou falar sobre como as coisas têm sido difíceis entre mim e sua mãe. Mas vou tentar, certo? Vou fazer o máximo para ser um pai melhor.

Camila não conseguia encará-lo diretamente.

– Certo.

Ela olhou para o hambúrguer, levou-o à boca e deu uma grande mordida, feliz por ter uma distração. Não importava o que seu pai dissesse ou tentasse fazer – sempre haveria uma parte dela que duvidaria dele. Camila não sabia se aquilo um dia poderia mudar.


Notas Finais


Ultimo por agora. Depois que eu chegar da faculdade, tentarei postar mais.
Beijinhos


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...