História Sempre Foi Você - Plans

Depois de deixar Camila no apartamento do pai, Lauren decidiu dormir em casa, na cidade, em vez de ir até seu dormitório. As luzes ainda estavam acesas na casa dos Maxwell; tanto Leon como Caroline eram notívagos e raramente iam para a cama antes das primeiras horas da madrugada. Sua mãe podia se dar ao luxo de ficar na cama até tarde, e Leon dormia pouco. 

– Lauren, querida! Que ótima surpresa! – sua mãe pôs a taça de cristal em uma mesa de canto. Erguendo-se da cadeira, foi até ela e ofereceu o rosto. Ela inclinou a cabeça para beijála.

– Não estava esperando você. 

– Eu estava na região. Pensei que podia dormir em casa. 

Quando o soltou do abraço, Caroline encarou-a com mais atenção. 

– O que é que você está usando, querida? Onde estava? 

– Estava vendo uma banda num bar, no Lower East Side. 

– Por quê? Com quem? 

– Camila Cabello. 

– Eu conheço os pais dela? – sempre a mesma questão. 

– Ela é filha de Alejandro Cabello. 

Caroline olhou-a com confusão, a testa franzida. 

– Mas as filhas dele têm nove ou dez anos, querida. 

Lauren riu alto quando se imaginou levando as irmãs de Camila ao Mercury Lounge. 

– A outra filha dele, do primeiro casamento – Lauren foi até o armário de bebidas e se serviu de whisky. Tinha a sensação de que seria uma longa noite.

– Aí está uma mulher que não soube como se comportar. Pobre Alejandro, ela foi um constrangimento para ele – o tom da voz de Caroline estava cheio de desprezo, deixando seus sentimentos em relação à mãe de Camila perfeitamente claros. 

– Você a conhecia bem? – Lauren perguntou, cética. Sua mãe parecia “conhecer” todo mundo. 

– Fazíamos parte de alguns comitês juntas. Ela sempre chegava atrasada, ou nem aparecia. E as roupas que usava, meu Deus, eram tão impróprias. 

Lauren tomou outro gole de whisky, sem saber exatamente o que dizer à mãe. Agora ela tinha se empolgado no discurso e ela se deixou cair no sofá, decidindo que, se tinha que ouvir uma ladainha daquelas, pelo menos ficaria confortável.

– Então, como é a filha? Parece mais com Alejandro ou Sinuhe? – ela perguntou. 

Não havia o que fazer a não ser engolir todo o whisky restante. Lauren virou a cabeça para trás e deixou o fluido âmbar queimar enquanto descia pela garganta.

– Não sei se parece com qualquer um dos dois. Ela é original – ela quebrou a cabeça pensando em um jeito sutil de distrair a mãe. Não estava gostando do rumo da conversa. – Onde está Leon? 

– Ele e Daniel saíram para jantar. Leon queria um momento com o filho. Daniel está tendo problemas na escola. 

– Problemas? – Lauren aproveitou a tangente que a mãe tinha lhe dado. 

– Ele anda matando aulas. Suas notas nunca estiveram tão baixas. Será preciso muito investimento para ele entrar em Columbia. 

Investimento significava suborno. Leon Maxwell geralmente conseguia o que desejava, mesmo se tivesse que molhar algumas mãos primeiro. Lauren só ficava aliviada por sua entrada em Columbia não ter exigido tal serviço do padrasto. 

Não que ela estivesse surpresa de ouvir sobre os problemas de Daniel; o garoto era um desastre ambulante. Tinha um considerável problema com drogas e um saldo bancário gigantesco. Com acesso ilimitado a tanto dinheiro, a única intervenção que Lauren podia ver funcionando seria privá-lo totalmente dos fundos do pai. 

– Henry Jones nos convidou para seu casamento em outubro. Você vai estar por aqui? Lauren suspirou. Elas já haviam tido aquela conversa dezenas de vezes, mas cada vez que ela tentava explicar a situação para Caroline, ela o interrompia, dizendo que não queria ouvir. 

– Planejo já estar morando em São Francisco em outubro. 

O modo como ela apertou os lábios a fez querer revirar os olhos. 

– Leon realmente gostaria que você se juntasse a ele na Maxwell Enterprises. Você tem um emprego garantido lá, e talvez possa assumir o comando um dia – a voz dela era ríspida, seu tom desaprovador. 

– A Maxwell Enterprises é toda de Daniel. Você sabe que eu não tenho interesse nenhum em trabalhar lá – Lauren lutou contra a vontade de sacudir a mãe até que ela entendesse. – John e eu temos tudo combinado. Vamos nos mudar em setembro.