9 de janeiro 2003
Lauren foi até a parede de vidro que se estendia por todo o lado sul do seu escritório. O quinquagésimo andar oferecia uma vista impressionante de Manhattan, e ela podia enxergar a cidade até o porto. O panorama dos prédios contrastando com a beleza natural da água era de tirar o fôlego. Tinha sido a vista que o atraíra ao escritório em primeiro lugar.
Desde que tinha tomado o controle da Maxwell Enterprises, sua vida tinha se transformado numa repetição sem fim: acordar às cinco, correr no Central Park, tomar banho e ser levada ao trabalho antes das sete. Ela tinha reuniões, conferências, almoços e apresentações até a noite, e então respondia a e-mails, escrevia relatórios e lia as correspondências até tarde, chegando em casa um pouco antes da meia-noite.
Mas, apesar do trabalho duro e da falta de sono, havia uma parte de Lauren Jauregui que adorava sua nova vida – a emoção da caça e o júbilo de fechar um negócio. Isso, aliado à certeza de que estava reconstruindo a Maxwell Enterprises, levavam-na a suportar os dias infinitos e as noites inquietas.
O telefone tocou e ela foi até a escrivaninha, apertando o botão.
– O que é, Lisa?
– Sua mãe está no telefone. Gostaria de falar com ela?
Lauren fez uma careta antes de responder.
– Claro, pode colocá-la na linha.
Alguns cliques depois, a voz suave de Caroline atravessou o fio e saiu pelo receptor.
– Lauren, como você está?
– Estou bem, ocupada como sempre. Como vão as coisas com você?
– Acabei de visitar Daniel. Ele parece muito melhor. O que quer que estejam fazendo com ele nessa nova clínica parece estar funcionando. Ele perguntou por você algumas vezes, e eu disse que você talvez o visitasse no fim de semana.
– Tenho algum tempo livre no domingo. Acho que consigo passar lá.
– Você está livre para jantar hoje? Uma das minhas velhas amigas de Radcliffe vem nos visitar. A filha dela está no terceiro ano de Columbia.
Lauren não conseguiu deter um suspiro. O ano inteiro, a mãe o tentara convencer a jantar com garotas diversas. Elas sempre eram filhas de suas amigas e sempre ótimos partidos. Mas ela não tinha tempo nem vontade de jogar conversa fora com mais uma garota da sociedade.
– Hoje não, infelizmente. Tenho que trabalhar até tarde.
– Você sempre trabalha até tarde, querida. Por que não se dá uma folga?
– Não posso, estamos no meio de um negócio grande. Talvez semana que vem. Peço para Lisa verificar minha agenda.
Quando desligou, o interfone tocou outra vez. Ela apertou o botão, perguntando-se se alguns minutos em paz era pedir demais.
– Sim?
– Lauren, tem uma jovem aqui dizendo ser sua irmã.
Ela franziu a testa, imaginando o que Taylor estaria fazendo em Nova York. Então se lembrou de que era o aniversário de noventa anos da mãe de Clara naquele fim de semana, e que a família toda tinha vindo para as comemorações. Como podia ter esquecido?
– Deixe-a entrar.
A porta abriu e Taylor entrou com um enorme sorriso no rosto. Ela crescera tanto desde que Lauren a vira pela última vez, e ela balançou a cabeça quando percebeu que sua irmãzinha era uma adolescente. Como o tempo tinha passado tão rápido?
– Lauren! – ela lançou-se sobre ela, jogando os braços ao redor da sua cintura e enfiando o rosto no seu peito. – Não acredito que faz tanto tempo desde que a gente se viu. Você me abandonou – tudo isso foi dito com um rosto inexpressivo, mas ela não pôde deixar de curvar os lábios em resposta.
– Oi, tampinha – Lauren hesitou, examinando a expressão dela. – Ou não posso mais te chamar assim?
– Não em público – o rosto dela ficou enrubescido, e sua voz transformou-se num sussurro. – Mas não me importo que me chame assim quando estamos a sós. Na verdade, ainda meio que gosto. Enfim, fui enviada aqui com uma missão importante – o tom de Taylor ficou sério. – Estou aqui para chamá-la para o almoço, e então preciso fazer biquinho até que diga sim, porque mamãe diz que sou irresistível quando imploro.
– Onde eles estão, afinal? – agora que sabia que estavam aqui, na sua cidade natal, ela percebeu que estava desesperada para ver a família.
– Papai tem uma reunião no banco e vai nos encontrar no restaurante, e mamãe e Camila estão fazendo compras.
– Camila está aqui?
– Sim, mamãe deu o voo pra ela como presente de Natal. Ela tem que voltar pra universidade na semana que vem, então é a última chance dela de se divertir.
– Como ela está? – elas tinham trocado e-mails, mas desde que ela terminara com Josh, Lauren não conseguia encontrar o tom certo para usar com ela.
– Parece estar bem melhor agora. Ela passou a maior parte do verão chorando, e até eu reparei que perdeu peso, e eu nunca presto atenção nessas coisas. Mas desde que veio passar o Natal em casa parece estar bem mais feliz.
Por algum motivo, aquilo a fez sorrir.
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