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História Sempre Foi Você - Need you


Escrita por: Barbarideadi

Notas do Autor


VOLTEI

Capítulo 22 - Need you


9 de fevereiro de 2005

As paredes bege eram iluminadas pelo sol da tarde, cortado pelos galhos de uma árvore no jardim; a luz atravessava a janela e entrava no quarto de Sinuhe. Camila estava sentada em uma poltrona ao lado da cama da mãe, observando o corpo magro dela e seu peito subindo e descendo com o ritmo do sono. Seus lábios secos soltavam um chiado a cada dez segundos quando ela exalava. 

O ano anterior fora um declínio lento; às vezes, o gradiente estivera tão baixo que Camila pensara que ela estava realmente melhorando. O diagnóstico de câncer de mama em estágio avançado não a desesperara no início. Então, o tratamento se complicara por causa da metástase, e quando o câncer se espalhou, elas começaram a ouvir palavras como controle de dor, meses, talvez semanas e, finalmente, dignidade. Qualquer esperança que Camila tivera foi completamente esvaziada, como uma bexiga de aniversário deixada fora de casa no frio.

Eles tinham concordado em transferir Sinuhe para uma casa de repouso na semana anterior, quando ficou claro que era só uma questão de tempo. Nem Camila nem Sinuhe queriam passar aqueles últimos dias num ambiente estéril de hospital, e a casa St Luke’s – uma mansão georgiana elegante com jardins – oferecia um tipo diferente de morte. Camila poderia ficar com Sinuhe por quanto tempo quisesse, e elas poderiam caminhar pelos jardins e ver as primeiras flores da primavera nascendo entre a grama. Sinuhe poderia morrer sem alarde e sem o barulho constante de monitores de hospital. 

– Ela está dormindo? – Camila ergueu os olhos para Clara Jauregui, parada na porta. Surgiram linhas ao redor dos seus olhos quando ela sorriu, vendo Camila toda desgrenhada.

– Por um bom tempo, talvez acorde em breve – Camila levantou-se, percebendo que as pernas tinham adormecido devido ao jeito como ela estivera sentada. Suas costas doíam também. Ela alongou-se e tentou despertar o corpo. 

– Como ela está? – Clara entrou no quarto, carregando uma bolsa Hermes em uma mão e um gravador na outra. Era uma combinação estranha. 

– Ela dormiu a maior parte do dia, mas ontem estava lúcida. Tivemos uma conversa ótima. O que é isso? – Camila apontou para o pequeno aparelho de gravação na mão de Clara.

– Nada – Clara escondeu a mão atrás das costas.

Camila olhou-a com curiosidade.

– O que vocês duas estão aprontando? Clara deu uma risada baixa e discreta que pareceu ecoar pelas paredes. Sinuhe nem se mexeu em resposta ao som.

– Quando fala assim, parece que somos hooligans adolescentes, Camila. É segredo. Prometi não contar. 

– Pode contar pra mim. Eu não vou dizer nada.

– Se contar pra você, terei que te matar, querida. Pare de fazer perguntas. 

– Tudo bem, ela tem compartilhado suas palavras de sabedoria comigo também. Ontem ela passou horas me contando sobre sua vida, e como tem pouquíssimos arrependimentos – Camila franziu a testa ao se lembrar da conversa.

Elas estavam sentadas no jardim de inverno aquecido, com vista para o gramado. 

– Você foi a melhor coisa que aconteceu comigo, minha querida – a voz de Sinuhe era fraca, cada palavra pontuada pela respiração dificultosa. – Eu fui muita sortuda de ter você na minha vida. Sou grata por ter criado você para este mundo. Você é minha obra-prima.

Camila sorriu, constrangida com o exagero da mãe.

– Soou um pouco exagerado, mas eu captei – voltando o olhar, ela viu uma enfermeira trazer uma bandeja com chá e água, que deixou na mesa perto delas. 

Sinuhe continuou, envolvida em suas memórias. – Quando me casei com Alejandro, estava tão apaixonada que mal conseguia pensar direito – ela apontou o copo d’água, e Camila segurou para que ela tomasse um gole de canudinho. – Eu tinha certeza de que o amor podia conquistar o mundo – Sinuhe fechou os olhos como se estivesse recordando sua história em Nova York.

Camila, aflita por mais informações, cobrou: – Mas não podia?

– Não, não podia. Eu não devia ter me casado com ele, querida. Eu sabia que não queria viver em Nova York, e sabia que odiaria ser esposa de um banqueiro. Mas realmente pensei que ter muito amor seria suficiente. 

Camila piscou, sentindo lágrimas sob as pálpebras. A mãe nunca falou sobre seu relacionamento com Alejandro; na verdade, ela raramente falava do ex-marido. Camila não tinha certeza se a mãe fazia isso para poupá-la dos fatos, ou se era porque as feridas do passado doíam – Camila passou a deduzir melhor a presença dessa dor. 

Sinuhe conseguiu respirar controladamente. – Eu queria ter sido capaz de fazer tudo para o seu bem, porque eu nunca, nunca, me arrependi de ter você. Eu sei que o seu relacionamento com seu pai nunca foi fácil. Eu assumo a culpa por isso. 

– Não! – Camila protestou segurando a mão da mãe. Sua pele estava fria, parecendo papel. 

– Teria sido pior se eu tivesse continuado ali, sofrendo tudo o que você sofreu. 

Ela olhou para a mãe, que observava através da janela os pássaros pousando nos galhos nus da árvore. Eles mergulhavam e pousavam em duplas antes de alçar voo novamente para outro galho mais alto. As pequenas asas agitavam-se enquanto voavam. 

– Eu quebrei o coração do seu pai, transformei ele em um cínico amargo. Tudo culpa minha. Eu devia ter usado meu amor para deixá-lo ir antes que as coisas tivessem piorado – uma lágrima escorreu pelo rosto da mãe, deixando um rastro brilhante na sua pele castigada. Camila simplesmente sentou-se e segurou a mão de Sinuhe, querendo que as próprias lágrimas secassem. 

Limpando o nariz com um lenço, Camila tentou controlar suas emoções. Havia tanta coisa que elas precisavam dizer uma à outra ao longo dos próximos dias. Elas tinham tão pouco tempo. Cada segundo que passava era um lembrete de que logo ela estaria sozinha, e Sinuhe seria apenas uma memória. Ela decidiu guardar as palavras da mãe e refletir sobre elas depois – pensar nisso agora a levaria às lágrimas, e ela não estava pronta para isso. 

 

Sono era um conforto raro naqueles dias. Camila passava a maior parte da noite perseguindo-o e a maior parte do dia desejando-o. Naquela noite, conseguiu adormecer um pouco depois das quatro. Algumas horas depois, foi acordada por um movimento no colchão. Estava tão sonolenta que levou alguns segundos para perceber que Lauren estava deitada ao seu lado, ainda usando terno e gravata, a cabeça apoiada no travesseiro enquanto a olhava.

– Oi – a voz dela era um sussurro. Camila abriu os olhos e encarou-a. 

– Desculpe por não encontrar você no aeroporto…

– Não diga nada, você precisa dormir – Lauren pousou um dedo de leve sobre os lábios dela. Camila beijou-a, encarando seu rosto enquanto ela devolvia o olhar, sem conseguir disfarçar a preocupação quando viu a figura magra e a expressão tensa dela. – Meu pai me pegou, até conseguimos tomar café da manhã antes de ela me deixar. 

– Que gostoso.

– Ele te mandou um abraço. Querem que a gente vá jantar com eles amanhã, se você estiver a fim. 

– Não sei, talvez tenha que ficar com minha mãe.

Lauren puxou-a para perto até que o corpo de Camila estivesse sobre o dela. Camila passou uma perna por cima da coxa, e estendeu o braço sobre o peito dela. Fechou os olhos e acomodou-se no tecido do terno, sentindo o aroma de lã misturado com sândalo da colônia dela. 

– A gente resolve depois, ok? – as palavras eram reconfortantes. Ela fechou os olhos e submeteu-se à sua cadência suave. – A gente faz o que você quiser, e eu os aviso depois. Não importa, nada disso importas.

Camila podia sentir a respiração de Lauren, seu peito suavemente subindo e descendo, fazendo a cabeça dela se mover para cima e para baixo. Sem pensar, abriu os botões do terno e apoiou a orelha contra o tecido fino da camisa até ouvir o coração dela martelando contra o peito. O calor do seu corpo atravessou o algodão, aquecendo o rosto dela e despertando sentimentos que ela vinha suprimindo havia semanas.  

Erguendo a cabeça, ela moveu-se até que o rosto estivesse ao lado do dela, os olhos tão próximos que era impossível olhá-la diretamente sem que tudo ficasse desfocado. O peito dela estava pressionado contra Lauren. A necessidade de sentir mais atingiu o corpo dela como uma bola de canhão. 

De repente, aquilo não era mais o bastante.

O beijo não foi suave. Foi duro e intenso, e pegou-a de surpresa. Ela sentiu as pálpebras de Lauren no seu rosto quando ela abriu os olhos e a encarou, tentando entender o que ela estava fazendo. Nos últimos meses, sempre que estavam juntas, ela não conseguira fazer nada além de segurá-la, dar beijos suaves e abraços carinhosos. Sexo estivera fora de questão. 

Mas agora, ela podia sentir o corpo inteiro formigando enquanto empurrava a língua contra os lábios dela, dançando sobre sua pele, até que Lauren abriu a boca e deslizou a língua contra a dela. Ela beijou-a de volta e ambas ficaram sem fôlego. Ela não se afastou. Em vez disso, pôs as mãos ao redor da cabeça de Lauren e puxou-a para perto até sentir os pulmões começarem a queimar. 

Foi Lauren quem interrompeu o beijo, sem fôlego para falar. Ela ficou corada de vergonha quando olhou para baixo e viu sua ereção encostada no quadril dela. 

– Desculpe – Lauren mal conseguia encará-la nos olhos enquanto falava, fixando-os num ponto do papel de parede azul acima do ombro dela.

Camila silenciosamente pôs uma mão sob o queixo dela, ajeitando a posição do seu rosto até que os olhos delas se encontrassem. Ela  viu Lauren morder o lábio, com uma expressão confusa no rosto. Quando teve certeza de que estava olhando para ela, inclinou-se outra vez, passando os lábios de leve sobre os dela, aumentando a pressão até sentir o desespero saindo de cada poro. 

Suas mãos foram para a camisa dela, puxando-a para fora da calça. Camila pousou uma mão sobre sua barriga. O toque gentil contra o abdômen não ajudou a reduzir a reação de Lauren, e ela estava quase dolorosamente dura.

Ela abriu a camisa dela e puxou sua calça para baixo, tirando o próprio pijama, com as mãos tremendo. Seu coração bateu acelerado quando sentiu a pele contra a dela, a resposta ao corpo nu dela era visceral e intensa.  

– Tem certeza? Sinto que estou forçando você – Lauren sussurrou.

Camila puxou-a para cima dela, colocando as mãos ao redor dela enquanto tentava alinhar seus corpos. 

– É o contrário – ela fechou os olhos quando sentiu Lauren penetrá-la, deslizando até estar inteiramente dentro dela. – Preciso disso, Lauren. Preciso de você, não pare, por favor.


Notas Finais


Boa noite, até amanhã


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