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História Sempre Foi Você - Promise


Escrita por: Barbarideadi

Notas do Autor


Voltei, sorry pela demora
Mais um capitulo pra vocês
Boa leitura

Capítulo 30 - Promise


Era como se tudo no quarto explodisse em Tecnicolor, deixando-a sóbria mais rápido que um balde de água gelada. No momento em que os lábios de Lauren tocaram nos dela, Camila sabia que chegara àquele ponto sem volta. Ela era o sol e Camila estava em órbita, girando ao seu redor, atraída por ela. Tudo em Lauren a fazia queimar. 

O colchão afundou quando Lauren se alinhou sobre ela, e Camila girou os quadris, sentindo a ereção dela em sua barriga. Ela passou os dedos de leve pelo lado do seu corpo, com toques suaves e gentis, fazendo os mamilos de Camila endurecerem e suas coxas ficarem úmidas. 

– Camila… – Lauren exalou contra a bochecha dela. Ela mordeu o lábio e tentou não responder. 

Tentou distraí-la mexendo os quadris outra vez.

 Pareceu funcionar. 

– Me deixe… – Lauren não esperou a permissão dela, erguendo a blusa até o pescoço, revelando seus seios. Enquanto ela a olhava, umedecendo a boca com a língua, Camila sentiu a ereção dela tremendo contra ela outra vez. Os dedos de Lauren encontraram seus mamilos, e ela sentiu o prazer indo direto para sua virilha. 

Seu monólogo interior começou a distraí-la. O medo de que elas fossem de fato fazer aquilo foi rapidamente substituído pelo medo de que não fossem. No fundo, ela sabia que era errado, mas reprimiu o pensamento, enterrando-o sobre a necessidade intensa que ardia em seus nervos. 

Era difícil olhar para ela. Camila não sabia o que veria lá, nem tinha certeza do que gostaria de ver. Desespero, talvez. Ou uma necessidade refletindo a dela? O que ela temia era arrependimento, tristeza ou pena, e sabia que se visse qualquer uma dessas coisas, choraria. 

Ela não queria chorar. Sentia-se bem demais para lágrimas ou arrependimento. Ela tinha esperado tanto tempo para sentir a boca de Lauren chupando seus mamilos, umedecendo-os gentilmente antes de raspar os dentes na pele dela… 

Ela precisava mandar sua mente calar a boca. 

Sentindo os medos dela, Lauren pôs uma mão em seu queixo, erguendo seu rosto até que ela a encarasse. Quando seus olhos cor de chocolate encontraram os olhos verdes dela, Camila soube que estava completamente errada. 

Eles brilhavam ferozmente, estreitos e escuros, e o modo como ela a olhava deixou-a sem fôlego. 

– Eu preciso… – assim como Lauren, ela não conseguiu terminar a frase. Mas não precisou. As mãos de Lauren foram para trás dela, puxando seus shorts para baixo até que descessem pelas pernas, deixando-a exposta e desesperada. O ar frio encontrou sua pele úmida, fazendo-a se erguer um pouco da cama, criando fricção em um vácuo. Suas coxas estavam sensíveis quando ela as tocou, separando-as delicadamente.  

Aquilo era bom demais. 

Os dedos dela acariciaram a pele úmida do interior das coxas de Camila. E então Lauren a tocou até ela estar mais exposta do que nunca, deslizando contra ela, e então, empurrou até que o corpo dela se rendeu, convidando-a. Ela gemeu, um suspiro baixo e suplicante, flexionando os quadris até que os dedos dela estivessem estivessem em seu interior. 

Lauren desceu por seu corpo, os lábios encontrando seu centro, a língua forte sobre ela, fazendo-a se mexer no ritmo dos seus movimentos. A tontura na cabeça dela não tinha nada a ver com o vinho, mas tudo a ver com as sensações que estava criando. Camila queria tocá-la e deixou as mãos caírem na cabeça dela, enfiando os dedos em seus cabelos, puxando até ouvi-la gemer. 

Os olhos de Camila se arregalaram e sua boca se abriu, e ela soltou um som que ficava entre um grito e um soluço. Lauren colocou um terceiro dedo dentro dela quando ela começou a se contrair, intensificando a sensação de prazer até que seus joelhos começaram a tremer. 

Ela estava tão perto. 

Assim que Lauren retirou os dedos, ela se sentiu vazia. A perna dela deslizou sobre a de Camila, o joelho dela tocando sua panturrilha. Camila começou a mexer com os botões dela, os dedos escorregando como os de uma criança animada abrindo um presente de aniversário.

Quando conseguiu, abriu o zíper e abaixou sua calça até que Lauren entendeu a mensagem e se movimentou para ajudá-la. 

Lauren terminou a tarefa, empurrando a calça para baixo, e ela acompanhou o movimento com as mãos. Acariciou a pele dela, sentindo os músculos duros das coxas alongados sobre a pele tesa. 

– Tire a blusa – Lauren se ajoelhou na cama, puxando a blusa dela. Camila tirou-a e jogou no chão em seu desespero para estar nua. Os joelhos dela estavam dos lados das pernas de Camila, mantendo-a presa, tornando difícil não encarar o contorno da ereção dela através da cueca. 

Camila traçou uma linha até os testículos dela. Lauren ficou ainda mais dura, a ereção emergindo, e Camila viu uma pequena gota se formar lá. Ela se inclinou para chupá-la, e um gemido abafado escapou dos lábios de Lauren. Ela repetiu o movimento, passando a parte plana da língua contra ela e então torcendo-a, beijando e chupando-a, usando as mãos para abaixar a cueca dela. 

Lauren pôs as mãos atrás da cabeça dela, encorajando seus lábios num ritmo estável. Arrastando a língua na base dela, ela subiu, chupando, beijando, sentindo o gosto. 

– Pare – Lauren segurou a cabeça dela, e, pela primeira vez, Camila ergueu os olhos e encontrou os dela. Seus lábios ainda estavam ao seu redor. A boca de Lauren estava inchada, brilhando, aberta enquanto respirava por ela. – Quero estar dentro de você. 

As palavras atingiram-na como uma dose de heroína. Camila jogou a cabeça para trás, vendo a ereção dela saltar contra os músculos definidos da barriga, então agarrou a cueca, desesperada para tirá-la de vez. 

– Deite – ela pôs uma palma no ombro de Camila, empurrando-a de costas sobre o colchão, os lençóis macios sob suas costas. Jogando a cueca para longe, Lauren acomodou-se sobre ela, colocou as mãos do lado de sua cabeça para que ela não pudesse se mover, encurralada como um animal. 

Camila estava molhada demais. Os quadris de Lauren empurraram suas coxas enquanto ela se alinhava, parando por um longo momento antes de penetrá-la. 

– Lauren… – as palavras eram pouco mais do que um suspiro. 

Então Lauren beijou-a de novo, e ela podia sentir o próprio gosto nos lábios dela. Os quadris dela se mexeram e ela recuou, esfregando-se em Camila como um arco contra um violino. Ela apertou os olhos e tentou manter sua resposta sob controle. 

– Abra os olhos. Quero te ver – os movimentos de Lauren eram firmes, mas as palavras não. Era perfeito tê-la entre as coxas, e Camila envolveu as pernas ao redor dela com mais força, apertando os calcanhares nas suas costas e puxando-a para mais perto.  

Ela estava se afogando. Não sabia se Lauren a salvaria ou a empurraria para baixo. 

– Você está perto? – a respiração de Lauren estava ficando mais superficial, seus movimentos erráticos, e Camila sabia que ela estava próxima. Camila abriu a boca, mas as palavras foram abafadas pela sensação de um dedo esfregando-a, fazendo círculos pequenos e deliciosos, extraindo seu prazer como um artista. 

Camila deu um grito, enterrando a cabeça no pescoço de Lauren, sentindo o suor dela nos lábios. Os quadris dele batiam contra ela, os gemidos dela abafados na pele de sua amante, o corpo se contraindo. 

Os gemidos de Lauren aumentaram enquanto ela ofegava na sua orelha, e mesmo se não conseguisse senti-la pulsando dentro dela, Camila saberia que ela estava gozando pela mudança em sua respiração. Lauren xingou baixinho quando teve o orgasmo, e ela sentiu outro espasmo, esfregando-se nela enquanto se agarravam uma a outra, escravas da sensação. 

E por fim, acabou. 

Ela apertou as coxas úmidas ao redor dos quadris de Lauren enquanto o corpo pesado caía sobre ela. A respiração ofegante de Lauren tornou-se mais longa e superficial. Ambas retomavam a consciência. A realidade atingiu-as como uma bomba. 

Deitada nua sob a mulher pela qual ela ainda era apaixonada, ainda dura dentro dela, Camila sabia que devia estar horrível. Seu cabelo estava desgrenhado contra o branco do travesseiro, sua maquiagem manchada depois de um dia de choro e uma noite de bebedeira. 

Lauren ergueu os quadris e saiu dela, e Camila deixou a cabeça cair contra o colchão enquanto encarava o lustre de prata e vidro sobre a cama, deixando a luz das lâmpadas queimar suas retinas. Mesmo com os olhos fechados ela podia vê-las, como um fantasma do que podia ter sido. 

– Camila, eu… – Lauren soava tão desconfortável quanto ela se sentia, gaguejando as consoantes e alongando as vogais. 

Camila piscou algumas vezes, as imagens gravadas em seus olhos, indo do preto ao branco, fazendo seus olhos arderem. Lauren caiu ao lado dela. Ela a viu erguer uma mão e então parar no meio do gesto.  

– Não – a voz dela estava baixa e rouca. Ela engoliu com força, sentindo como a garganta estava seca. Queria trazê-la para seus braços. 

– Desculpe. Eu não tinha o direito de tirar proveito de você. 

– Não tirou, eu também queria – ela mordeu o lábio com força. A dor era boa. 

Lauren deitou de costas, jogando um braço sobre o rosto e cobrindo os olhos. Camila se permitiu olhar o corpo dela, os olhos percorrendo do pescoço até a pele tesa e delineada do abdômen. Apenas alguns segundos atrás, aquele corpo estivera pressionado contra o ela, criando um fogo enquanto pele se esfregava contra pele. 

Agora ela estava tremendo. 

– Vem cá – Lauren puxou-a para perto e ela fechou os olhos. Queria que ela fosse embora, mas estava desesperada para que ficasse. Saber que ela estava tão perto e tão longe ao mesmo tempo doía demais, uma sensação só amortecida pela rendição doce do sono. 

Em vez de pensar, ela se submeteu ao chamado da sereia. A necessidade de esquecimento mais forte do que nunca.

 

Quando acordou na manhã seguinte, Camila tentou fingir que tinha sido apenas um sonho induzido pelo álcool. Mas a dor entre as pernas era real, e ela não tinha que se tocar para encontrar evidências das atividades da noite anterior. Bastava inalar o aroma de Lauren para se lembrar do que acontecera em detalhes nítidos. 

Ela ergueu a mão e passou os dedos no cabelo, seu progresso interrompido pelos nós criados pelo sexo e pelos sonhos inquietos. A luz do dia atravessou as cortinas grossas, deslizando sobre o batente. 

– Não queria acordá-la – a voz de Lauren era suave e seu toque era firme, quando ela se sentou na cama ao lado dela. Ela estava vestida, usando apenas a calça e a camisa branca da noite anterior. 

– Está de saída? 

– Tenho uma reunião às sete que não posso cancelar – havia uma nota de arrependimento nas palavras. Então ela se inclinou e encostou os lábios na testa dela, deixando uma trilha gelada na sua pele. 

– Ah – ela franziu a testa, tentando pensar em uma resposta adequada. Era como se seu cérebro ainda não tivesse percebido que ela já estava acordada. 

– Podemos nos encontrar hoje à noite? – a boca dela roçava sua pele. – Precisamos conversar. 

Camila mordeu o lábio inferior, a realidade da situação pegando-a de surpresa. Havia tanta coisa a dizer. Ela não sabia por onde começar. 

– Tenho entrevistas o dia todo. Estarei livre às seis. 

– Entrevistas? – Lauren franziu as sobrancelhas. Ela estendeu um dedo para alisá-las. Só esse toque foi suficiente para excitá-la. 

– Para o meu substituto… hora errada, não é? 

A história da vida delas. 

– Eu te pego às seis. Não tome nenhuma decisão precipitada. 

– Por que não? – as palavras não ditas eram como uma ferida que ela queria cutucar e fazer sangrar. 

– Porque quero você aqui comigo. 

– Não costumo trair, Lauren, e você também não – mas elas mentiam. Ambas traíram na noite anterior. 

Os músculos faciais dela contraíram-se quando ela a olhou. Na meia-luz da manhã, a pele dela parecia morna e bronzeada. Camila queria beijar todo o seu corpo. 

– Quando Meredith voltar semana que vem, vou terminar com ela. 

E assim, foi como se o coração dela tivesse ganhado asas e saído do seu peito. Embora bem-vindas, as palavras de Lauren foram uma surpresa. Em somente um dia, ela tinha passado de não ter nada a possivelmente ter tudo. 

Elas estavam tão perto. 

– Ok – ela sussurrou e sentou-se, os lençóis caindo do corpo para revelar seu peito nu. A tensão no rosto de Lauren ficou mais forte, e ela rapidamente agarrou os lençóis e puxou-os até os ombros. 

– Quero muito tocar você – Lauren confessou, as mãos fechadas em punhos como se estivesse se reprimindo. – Mas fiz tudo errado até agora. 

– Lauren… 

– Não, deixe-me falar. Você sabe que eu te amo, sempre te amei, e você merece ser a primeira na minha vida. Eu não devia ter dormido com você enquanto ainda estou com ela. 

– Você estava bêbada. Nós duas estávamos. 

– Isso não é desculpa – Lauren estava agitada agora, passando os dedos longos pelos cabelos. – Quero tentar consertar tudo isso, fazer as coisas direito. Podemos ser só amigas até semana que vem? 

Camila suspirou, um alívio inundando seu peito. 

– Parece ótimo.

 

Levou o dia todo, mas Camila encontrou o homem certo para o trabalho. Como ela, Paul Spence tinha uma carreira no jornalismo cultural, e seu conhecimento da cena musical de Nova York rivalizava com o dela com sua natureza enciclopédica. Ela ficou até um pouco
triste porque não trabalharia ao lado dele em Nova York. Eles se deram bem desde o início, e ela passou metade da entrevista fazendo perguntas sobre shows que ele vira há pouco e discutindo amigavelmente sobre os méritos de bandas diversas. 

– Foi um prazer conhecer você, Paul – ela disse, quando o elevador chegou. – Entro em contato em breve. 

Assim que ele entrou no elevador, ela voltou para o escritório e colocou o casaco, animada por faltar apenas meia hora para ver Lauren outra vez.  

Como ela aguentou ficar longe dela por tanto tempo? Como uma escultora, Lauren tinha transformado a argila cinza da vida dela em algo lindo. Ela se sentia tão viva. 

Eram seis e cinco quando o celular dela tocou, e ela tentou não sorrir quando ouviu os acordes dissonantes de “Last Nite”, dos Strokes, tocando na sua bolsa. Lauren tinha  reprogramado o celular dela enquanto ela dormia. Ela apreciou o toque de humor em meio à
seriedade da situação. 

– Alô? 

– Camila? – Lauren parecia ofegante. Sob o timbre da sua voz, ela podia ouvir os sons familiares da cidade: o ronco dos motores, as buzinas e o barulho constante das sirenes de polícia. 

– Você está na rua? – ela não se deu ao trabalho de disfarçar seu entusiasmo. Estava feliz demais. 

– Querida, houve uma mudança de planos. 

– Ah, é? – a animação vazou dela como a areia de uma ampulheta quebrada. – Você ainda vem me pegar? 

– Meredith sofreu um acidente – a voz dela era monótona. Camila franziu a testa por um momento, tentando pensar em algo para dizer, uma palavra reconfortante, uma frase tranquilizadora. Mas a única coisa em sua mente era pânico, puro e cego. 

– Vou encontrá-la agora. Parece que foi feio – a voz dela falhou e Camila quis poder tocá-la. Suas mãos fecharam-se ao redor do ar da sua decepção, um substituto pobre para o corpo dela. 

– Não sei o que dizer. Sinto muito. 

– Ligo pra você quando souber mais. Me dê um pouco de tempo, ok? 

Ela respirou fundo, deixando o oxigênio encher seus pulmões, segurando-o no peito até que a necessidade ardente de exalar controlou sua mente. Soltando o ar de uma vez, ela, por fim, se acalmou o bastante para responder. 

– Concentre-se em Meredith. Depois me avise como ela está. 

– Amo você – as palavras foram ditas com desespero. Camila tentou se agarrar a elas, como uma criança apanhando uma bolha que dançava pelo ar. Ela temia que, quando abrisse a mão, a perderia. 

– Também te amo – não havia mais nada a dizer. A mente dela estava explodindo com as coisas que queria confessar a ela, mas elas teriam que esperar. Por ora, ela tinha que deixá-la ir. Ela ainda pertencia a Meredith. Até que rompesse esse laço, era ela, Camila, a intrusa. 

A culpa que ela tinha suprimido o dia todo estava crescendo em sua mente, e ela se perguntou se o acidente seria um julgamento divino ou só azar. 

Camila começou a suspeitar que era um pouco de ambos.

 

Na semana seguinte, Camila estava saindo do escritório, apertando o casaco para bloquear o vento. Já estava ficando escuro; o céu estava nublado e cinza, e embora o tempo estivesse seco, o ar cheirava a neve. Ela sentiria saudades dos extremos altos e baixos de morar ali – o calor abafado do verão e os laranjas brilhantes do outono. Londres era uma cidade linda – e a que ela mais adorava –, mas Manhattan tinha sido um caso de amor alucinado. 

O vento estava batendo forte na Second Avenue e ela virou a gola do casaco para cima, arrependendo-se de ter deixado o cachecol no escritório. Havia um sedan preto estacionado e um vapor cinza saindo do escapamento. Ela olhou com interesse quando a porta traseira se abriu. 

– Camila. 

Lauren saiu do carro, pondo os pés na calçada, e ela moveu-se em sua direção. Ela parecia tão exausta; sua pele estava pálida, seu cabelo desgrenhado, e ela queria jogar os braços ao seu redor e puxá-la para perto dela. 

– Achei que ainda estaria com Meredith. 

Na semana desde que Camila a vira pela última vez, elas só tinham falado ao telefone algumas vezes. A maior parte dos dias de Lauren consistia em sentar com a noiva, resolver questões do seguro dela, e tomar as providências para que fosse transferida para Nova York. 

Talvez fosse por esse motivo que ela estava ali.

– Estou entrevistando enfermeiras – a voz de Lauren tinha o mesmo tom monótono que ela vinha ouvindo a semana inteira. Era como se ela estivesse tentando não sentir nada. – Meredith vem de helicóptero amanhã. 

– Como ela está? – era uma questão estúpida. Estavam ambas paradas lá, contendo-se para não se tocarem. A única coisa que as impedia era a saúde de Meredith. 

– Ainda não consegue se movimentar muito bem, mas os médicos dizem para termos calma. Disseram que, com terapia intensiva, há esperança de que ela possa andar em pouco tempo. 

– Que bom – o vento batia no rosto dela, fazendo-a corar. Um floco de neve solitário caiu na frente dos olhos dela. O grosso torrão dançou no ar sem pressa de atingir o chão. 

– Espero que sim – Lauren parecia tão desconfortável quanto ela. A neve começou a cair pesadamente. Ela limpou a garganta, dando uma olhada no teto do prédio dela, e Camila se lembrou de que ela era a dona do imóvel. Era tão estranho como tudo na sua vida levava a ela. 

– Vou embora semana que vem – não poder tocá-la era uma agonia na alma dela. – Mas não quero ir. 

Lauren estava agitada, e Camila podia ver seus olhos brilhando enquanto ela tentava calcular algo em sua mente. 

– Por que você não vem pra cá logo? 

Camila estava nos braços dela antes que ela terminasse a frase. Não parecia suficiente só abraçá-la; ela queria entrar dentro dela até que fossem uma única pessoa. 

– Tudo isso é uma merda – Camila olhou para ela, e os olhos de Lauren estavam úmidos também. 

– Tenho que ajudar Meredith a se recuperar. Ela não pode morar sozinha ainda, precisa de supervisão constante – ela passou os dedos pelo cabelo de Camila. – Mas quando ela estiver melhor, vou contar tudo. Então vou pegar o primeiro voo para Londres. 

Camila abaixou a cabeça e encostou no peito dela. O casaco de Lauren estava levemente úmido da neve e ela podia ver gotas se agarrando às fibras de lã. Aquelas palavras eram mais do que ela tinha esperado; eram quase uma promessa de um futuro que podia ser delas. Mas a ideia de enfrentar meses de dor e dúvidas era demais para suportar. 

– Amo você – ela correu os dedos pela pele fria do rosto de Lauren. Então parou por alguns segundos, tentando encontrar as palavras certas. – Mas não podemos continuar um caso emocional enquanto você está noiva de outra mulher. Já estive do outro lado dessa história e me sentiria terrível se machucasse outra pessoa desse jeito. 

Lauren soltou-a um pouco. 

– Eu sei, eu sou uma bosta. 

Ela tentou sorrir. 

– Não é! As circunstâncias podiam ser melhores. Pelo menos não vamos ficar tentadas a nos ver. 

– Eles inventaram um negócio chamado avião… 

– Você sabe o que eu quero dizer. Enquanto ainda estiver com Meredith, precisamos parar com isso. Me encontre quando as coisas estiverem melhores pra você. Ainda moro no mesmo lugar, e sei que você tem meu celular. 

– Pode levar meses. 

– Eu estarei lá. 

Em pé, na frente dela, Lauren ergueu seu queixo com um dedo e abaixou a cabeça até encostar a testa na dela. 

– Promete? – ela estava tão perto, e Camila estava se perdendo no verde dos seus olhos. 

Precisou de toda sua força de vontade para não beijá-la. 

– Prometo. 


Notas Finais


Boa noite, beijinhos


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