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História Sempre Foi Você - Novelty


Escrita por: Barbarideadi

Notas do Autor


Voltei mores

Capítulo 31 - Novelty


15 de junho de 2010 

Era um pouco constrangedor – e um tanto preocupante – Camila não ter notado que havia alguma coisa errada, até dois dias antes. Ela estava sentada no jardim de Shawn, assistindo-o perder a batalha contra uma churrasqueira a gás e tentando não rir, quando sentiu o primeiro chute. Natalie viu como Camila cobriu a barriga com mãos protetoras e pronunciou na hora: 

– Você está grávida. 

Elas tiveram uma longa discussão sobre a possibilidade de menstruar estando grávida, seguida por uma corrida enlouquecida para encontrar uma farmácia aberta num domingo. Natalie por fim voltou com três testes – cada um de uma marca –, uma sacola cheia de vitaminas pré-natais e uma caixa de lenços para as lágrimas que ela sabia que viriam.  

Agora elas estavam no carro de Shanw, indo ao prestigioso Portland Hospital, no qual ele tinha marcado um ultrassom para ela. Apesar dos protestos de Camila, ele dissera-lhe que ela merecia os melhores cuidados, e tinha pagado pela primeira consulta.  

– Já contou pra ela? – Shawn perguntou enquanto o carro passava ao lado do Regent’s Park. A grama estava coberta de corpos meio nus, desesperados para aproveitar a breve onda de calor em Londres. Camila se perguntou se o tempo em Nova York também estaria agradável.  

– Ainda não – ela admitiu, abanando o rosto com a mão. Apesar do ar-condicionado barulhento, ainda estava abafado no interior do carro, e ela não conseguia se refrescar de jeito nenhum. – Quero ter a prova antes de ligar pra ela.  

Ela estava temendo aquela conversa. Camila tinha visões de Lauren pulando no primeiro avião e girando-a no ar numa declaração de amor. E se não fosse assim? Fazia quatro meses desde que ela a vira pela última vez, e que ela a fizera prometer não contatá-la até que estivesse pronta. Ela sentia que estaria quebrando o acordo se forçasse as coisas. 

Ela não tinha ouvido nada de Lauren – nem uma palavra – e estava evitando os Jaureguis por medo de que Lauren fosse ficar com Meredith de vez. Esperar já era difícil; uma rejeição seria cem vezes mais dolorosa.  

– Três testes de gravidez não são prova suficiente? – Shawn perguntou. Camila viu a covinha sobre o queixo dele tremer. – Você já devia ter contado pra ela. 

– E se ela não quiser? – ela expressou seu maior medo. Dizer em voz alta não a fez se sentir melhor.  

– Não é escolha dela – Shawn respondeu. Ele pegou a mão dela e esfregou o dedão sobre sua palma. – E se ela não quiser, você sabe que sempre estarei aqui. 

Ela sentiu um aperto no coração. Shawn era bom demais com ela às vezes – e aquela definitivamente era uma daquelas ocasiões.

O carro entrou no estacionamento particular do hospital. Do lado de fora, alguns fotógrafos estavam encostados nas paredes, esperando a próxima celebridade emergir.  

– Tem certeza que quer entrar comigo? E se alguém te visse?  

Se os paparazzi o vissem, ambos acabariam nas páginas dos jornais. O Portland Hospital era o lugar preferido para partos de celebridades e os fotógrafos frequentemente ficavam do lado de fora, esperando conseguir uma exclusiva.  

– Ninguém vai me ver. Arranjei uma vaga perto da porta dos fundos, é só entrar e sair – ele tirou algo do bolso. – Enfim, trouxe meu gorro.  

Ela riu enquanto ele colocava o gorro preto de lã sobre os cachos loiros. Ele sempre sabia como dissipar a tensão, fosse pedindo-a em casamento quando descobrira que estava grávida – ao que ela respondeu não –, fosse colocando um gorro de inverno no meio do dia mais quente dos últimos cinquenta anos. Camila estava tão agradecida por tê-lo por perto.  

O dinheiro de Shawn falava – e tinha muito a dizer. A vaga deles era o melhor lugar no estacionamento, e assim que entraram pela porta dos fundos, ela foi levada direto para a sala de exames. Não houve espera ou formulários para preencher. Apenas algumas assinaturas e ela já estava deitada na maca, com a blusa erguida e os jeans abaixados, enquanto um gel frio era espalhado sobre a barriga.  

– Vocês devem estar tão animados – a médica disse. Camila sentiu-se corar com a inferência e olhou para Shawn. Ele não parecia nem um pouco perturbado.  

– Estamos – ele piscou para Camila, e ela tentou sorrir de volta.  

– Bem, vou dar uma olhada e ver se está tudo bem, e então viro o monitor e mostro pra você o que podemos ver – a voz da médica era calma e reconfortante, mas Camila ainda sentia medo. – Você acha que está de quatro meses, certo? 

– Acho que sim.  

– Bem, não vamos ver muita coisa, mas vou tentar mostrar o melhor pra vocês.  

Camila olhou para a barriga brilhante por causa do gel, e se perguntou como não tinha suspeitado de nada. A protuberância parecia óbvia agora, com sua barriga se erguendo da pélvis num pequeno arco. 

Shawn inclinou-se e pegou a mão dela. Ele parecia mais nervoso que Camila, enquanto a médica silenciosamente passava o aparelho pela sua pele. Camila apertou a mão dele de volta, dando-lhe um sorriso reconfortante para tentar acalmá-lo. 

A médica virou-se e sorriu para ambos. 

– Certo, parece que está tudo bem.

Deus, aquelas palavras eram perfeitas. Camila não sabia que o bebê existia até dois dias atrás, mas de repente seu mundo girava em torno de um ser menor que um abacate.  

E, então, ela viu o monitor.  

Seu queixo caiu ao mirar a imagem verde e preta. Lágrimas arderam em seus olhos enquanto olhava a tela, e via o contorno minúsculo de um bebê. Ela não tinha esperado ver muito mais que uma mancha, mas podia identificar uma cabeça, pernas e pequenos bracinhos se mexendo à medida que a médica movia o aparelho pela sua barriga.  

– Jesus – Shawn sussurrou. Camila virou-se e viu lágrimas escorrendo do rosto dele. A garganta dela estava seca, e embora estivesse com a boca aberta, não conseguia falar.  

Era um bebê. O bebê dela – dela e de Lauren, e era tudo que ela queria. Nada no mundo importava mais do que o pequeno ser crescendo dentro dela.   

– O bebê parece estar perfeitamente saudável, e tem cerca de dez centímetros. Coloquei sua data provável de parto como três de novembro, mas como você não sabe a data da última menstruação, é só uma estimativa.  

– Você vai ter um bebê antes do Natal! – a animação de Shawn era contagiante e Camila estava sorrindo loucamente. Já podia imaginar uma criancinha numa fantasia de Papai Noel, fofa, quentinha e cercada de amor.  

– Vou tirar algumas fotos pra vocês agora – a médica segurou o aparelho e apertou um botão no teclado, os lábios virados para baixo em concentração. – Parece que o bebê não quer posar. Ele ou ela é um pouco rebelde. 

Uma pontada de orgulho aqueceu o coração de Camila, e ela queria se abraçar de felicidade. Estava grávida de um bebê saudável, lindo e rebelde, e em cinco meses seria mãe. Mãe.  

– Ele é tão lindo – Shawn aproximou-se de modo que sua cabeça ficou ao lado da de Camila, e ambos encararam o monitor. O bebê moveu o braço outra vez, como se estivesse acenando. 

– Ela – Camila corrigiu, incapaz de desviar os olhos. Cinco meses parecia tanto tempo. Ela começou a fazer uma lista mental de tarefas: mudar de casa, construir um quarto de bebê e comprar um monte de equipamentos inúteis que ela nunca usaria.  

– Certo, vou encaminhá-la para outra consulta. O obstetra vai querer vê-la semana que vem, e eu farei mais alguns exames na vigésima semana – ela limpou a barriga de Camila. Quando se sentou e arrumou as roupas, a médica entregou as fotos para Shawn, que as aceitou avidamente.  

– Aí estão, papais. As primeiras da sua coleção.

Shawn riu e não se deu ao trabalho de corrigi-la, fazendo Camila se perguntar se ele já estava se sentindo um tanto possessivo em relação ao filho dela. Ela não tinha certeza se isso era bom ou não, e não queria complicar as coisas com Lauren mais do que já eram difíceis.  

Em seguida, pensou melhor. Se Lauren se recusasse a ajudá-la, talvez fosse uma boa ideia ter Shawn ao seu lado. Ela não queria enfrentar aquilo sozinha, e ele parecia encantado com o fato de ela estar grávida. Não era algo romântico entre eles; eles eram apenas amigos. 

– Shawn, você não pode dizer nada a Taylor até eu falar com Lauren, tudo bem? – a última coisa que ela queria era que os Jaureguis descobrissem antes que ela contasse para a outra mãe.  

– Minha boca é um túmulo. Mas você sabe que vou encomendar uma minicamiseta do Fatal Limits pro seu filho, não é?  

Ela riu. 

– Esse bebê vai ser a criança mais descolada da rua com você como padrinho.  

– Sério? Vou ser pai? O entusiasmo dele a fez perder o fôlego. Eram as palavras certas, mas vindas da boca errada. 

– Padrinho – ela corrigiu, mas as palavras não pareceram reduzir o entusiasmo dele. – Você pode mimar a criança e levar ele ou ela para tomar a primeira bebida.  

– Posso fazer isso em breve? 

– Só se for uma garrafa de leite – Camila deixou que ele pegasse a mão dela enquanto saíam da sala. – Enquanto isso, aceito massagens e refeições caseiras.  

– Combinado – ele piscou e ela se permitiu sentir uma centelha de esperança. Se Shawn estava animado desse jeito, talvez Lauren também ficasse. 

 

Camila não retornou ao escritório após a consulta. Ela precisava se acalmar, considerar as implicações e se preparar para fazer a ligação. Pretendia ligar no fim da tarde, horário de almoço em Nova York, quando teria uma chance de encontrar Lauren livre. 

Andou de um lado para o outro no flat, incapaz de se concentrar em alguma coisa, ou se sentar tempo o suficiente para deixar o medo tomar conta. Na cozinha, limpou o fogão, embora ele já estivesse brilhando, foi para o quarto e organizou suas blusas por ordem de cor. 

Qualquer coisa para não ter que pensar. 

Às cinco da tarde vieram e passaram. Ela estava protelando, dizendo a si mesma que ligar para Lauren às cinco em ponto era cedo demais e que ela provavelmente estaria em reunião. Quando os ponteiros do relógio da cozinha apontaram cinco e dez, ela engoliu com força e quis ter pedido a Shawn para ficar com ela. Aquilo era a coisa mais difícil que ela já tivera que fazer na vida. 

Às cinco e quinze, sentiu um pequeno chute ao barriga. Até o bebê estava ficando cansado daquela enrolação, e Camila esfregou a barriga, sem saber se estava tentando tranquilizar o filho não nascido ou ela mesma. Ela devia a verdade ao bebê. E também a Lauren.

Desbloqueou o celular e abriu os contatos. Pressionando o nome de Lauren, apertou o botão verde de chamada e viu a ligação completar antes de colocar o celular na orelha.

Um toque, dois, três. Cada segundo era uma eternidade, e a náusea no estômago de Camila subiu até fechar sua garganta. 

– Alô? – era uma voz feminina. Não era o que ela estava esperando. 

Respirou fundo.  

– Posso falar com Lauren, por favor? 

– Quem está ligando? 

– Camila Cabello. 

Houve uma longa pausa. Ela estava prestes a repetir quando a voz do outro lado da linha respondeu.  

– Camila, aqui é a mãe de Lauren, não sei se você se lembra de mim. 

– Sim, me lembro, sra. Maxwell – como ela poderia esquecer? 

– Ela não está disponível agora. Está com a noiva.  

– Realmente preciso falar com ela, é importante – Camila surpreendeu-se com sua veemência.  

– Não acho que qualquer coisa seja tão importante quanto a saúde de Meredith – Caroline respondeu, ríspida. – Disseram que ela vai ficar numa cadeira de rodas para o resto da vida. A garota está paralisada, Camila. Seja o que for dizer, não se incomode, só vai causar mais dor a Lauren – ela hesitou por um tempo, como que para permitir que suas palavras fossem absorvidas, e então acrescentou: – Não ligue de novo.  

Camila congelou. Por um momento, não respirou, não conseguia nem ouvir as batidas do seu coração. A realidade desabou sobre ela como um muro, e a certeza que ela sentia antes a abandonou. Não podia ser verdade, podia? Quando viu Lauren pela última vez, ela estava esperançosa de que Meredith fosse andar outra vez. Como ela deveria ter sofrido ao saber que a noiva não poderia e que ela precisaria ficar ao seu lado.  

Ela queria ver as notícias por si própria, então abriu o laptop e digitou o nome de Meredith num site de busca. Os detalhes do acidente surgiram na tela. Não havia nada além do relatório inicial em fevereiro. Camila sentiu o coração quebrar quando se lembrou da loira vibrante e alegre e depois imaginou-a confinada a uma cadeira de rodas pelo resto da vida.  

Como ela podia contar a Lauren que estava tendo um bebê, quando ela era tão necessário a Meredith? Se contasse agora, será que ela abandonaria a noiva e viria ajudá-la? Será que ela poderia olhá-lo nos olhos e respeitá-la se Lauren fizesse isso? Poderia colocá-la na posição de ter que escolher entre a saúde da noiva e estar com o filho? 

Ela sabia que não.  

Uma hora Lauren a odiaria – e talvez o bebê – por fazê-la escolher. Ela era uma boa mulher, talvez generosa demais, e Camila sabia que seus instintos lhe diriam para ficar com Meredith. Tudo que ela tinha que fazer era lembrar de como Lauren havia abandonado os próprios sonhos para cuidar da Maxwell Enterprises depois da morte de Leon.  

Ela desligou sem uma palavra, colocando a mão sobre o coração e sentindo as batidas contra a palma. Seu corpo inteiro tremia enquanto ela pressionava outros botões no telefone e o erguia outra vez, imediatamente se acalmando ao ouvir a voz de Shawn. 

– Preciso sair de Londres até o nascimento do bebê. 

Dessa vez ela não estava fugindo. Estava se afastando, pondo os outros em primeiro lugar. Embora partisse seu coração saber que teria que se afastar da sua família adotiva, ela também sabia que não poderia ver os Jaureguis. Se eles contassem a Lauren a verdade sobre o bebê, o coração dela ficaria em pedaços. 


Notas Finais


Boa noite, até o proximo capitulo


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